No começo estava nervosa mas depois de saber como essas pessoas eram, me enchi de uma coragem de rebatê-las. De repente, uma vontade inesperada brotou em mim, como se eu tivesse algo a provar, não para elas, mas para mim mesma. A ideia de recuar, de deixar que me intimidassem, se tornou inaceitável. E naquele momento, eu decidi: se era para estar naquele jogo, então eu jogaria – e jogaria bem. E a minha primeira prova já estava a caminho, avançando em minha direção como uma tempestade anunciada. Penélope, aproveitando a oportunidade de Gabriel ter me deixado sozinha, vinha acompanhada de duas madames tão altivas quanto ela. Sem a menor cerimônia, Penélope se acomodou na cadeira à minha frente, ocupando o espaço com a confiança de quem estava em seu território. Suas seguidoras se sentaram logo depois, como se cumprissem um ritual ensaiado. Levantei o olhar e percebi Gabriel a certa distância. Ele tinha interrompido a conversa para nos observar, seu olhar fixo
Não tive tempo de responder. Ele se levantou de repente, puxando-me para perto antes de me guiar até a pista de dança, onde apenas alguns casais se moviam suavemente ao ritmo da música. A melodia era suave, romântica, algo clássico e envolvente, mas, por mais que tentasse, eu não conseguia me concentrar na canção. Tudo o que eu sentia era a proximidade de Gabriel, a força gentil de sua mão segurando a minha e a outra repousando firme, mas delicada em minha cintura. Nossos passos se sincronizaram com facilidade, e foi como se o mundo ao nosso redor tivesse desaparecido. Apenas o som da música e a intensidade do olhar dele pareciam existir. Eu podia sentir o calor que emanava de seu corpo, e cada movimento que ele guiava fazia meu coração bater mais rápido. — Está nervosa? — ele perguntou, a voz baixa, quase um sussurro, enquanto inclinava levemente a cabeça para me olhar nos olhos. — Talvez um pouco — admiti, sorrindo. — Não precisa ficar. É só uma dan
Olhei ao redor, tentando apenas respirar, como se o ar tivesse ficado mais denso de repente. Aquele homem estava à minha frente, falando comigo, e eu me sentia... desconectada do que era real. Era como se o tempo tivesse desacelerado, e eu estivesse presa em um momento que eu não sabia como processar. Cada palavra que ele dizia parecia ressoar dentro de mim, como se estivesse tocando algo que eu mesma nem sabia que existia. — Você é um mistério. Sei que há algo que não me conta. — V-você sabe? — A Celina da entrevista não me disse tudo. Sei que há mais versões de você. Eu a observo. — Me observa? — Sinto que tenta esconder quem é. Eu consigo ver a sua essência, eu consigo ver do que você é feita, independente dos seus segredos. E eu gosto do que vejo. — Você é o primeiro a dizer isso... e o primeiro a me fazer querer acreditar. — Então acredite. Porque eu reafirmo: você não deveria se diminuir. Só precisa de alguém que te entenda. Um
Os braços fortes de Gabriel me enlaçaram com uma intensidade arrebatadora, e sua mão firme na minha nuca me puxou para mais perto, como se temesse que eu escapasse. Quando os lábios dele tocaram os meus, foi como se o mundo ao redor desaparecesse em um único suspiro. O calor de sua boca se espalhou pela minha, fazendo meu corpo se arquear involuntariamente em resposta. A pressão era firme, quase possessiva, mas ao mesmo tempo, havia uma suavidade em cada movimento, como se ele estivesse descobrindo algo precioso em mim. O gosto dele era inebriante – uma mistura única de frescor e intensidade que me fez esquecer de tudo, até mesmo de mim mesma. O toque de sua língua provocava uma sensação quente e úmida, deslizando com calma por dentro da minha boca, criando um vínculo que parecia elétrico. Seu beijo se tornou exigente, profundo, e despertava cada centímetro da minha pele. O mundo ao nosso redor se dissolveu, reduzido ao calor do seu corpo e ao frenesi do desejo que incendiava minha p
— Meu Deus, o que eu fiz? — ela repetia sem parar, como se estivesse em transe. — Celina… eu.. Eu a chamei em um sussurro, tentando acalmá-la, mas a verdade é que eu também não estava preparado para o que acabara de acontecer. Estava tão confuso quanto ela parecia. — Meu Deus, o que eu fiz? O que eu fiz? — Celina repetia sem parar, puxando o lençol para se cobrir, seu olhar vagava pelo quarto evitando encontrar o meu. Ela se afastou de mim tão rápido e se sentou no chão da cama. — Isso não podia ter acontecido. — A voz dela saiu quase inaudível, como se tivesse medo de dar forma ao que estava sentindo. — Eu não estou aqui para isso. A última frase dela me faz refletir. Celina não estava errada. Ela era a babá da Sofia, a babá da minha filha. Já era muito errado eu ficar com qualquer pessoa que trabalhasse para mim, mas ficar com Celina era a coisa mais estúpida que eu poderia fazer. Meu corpo ainda carregava a lembrança do toque dela, o
Eu tinha cometido o erro mais terrível da minha vida. Liguei para Joana e pedi para que me encontrasse no mesmo lugar de antes. Eu não podia lidar com tudo aquilo sozinha. Meu coração ainda pulsava rápido, como se o toque dele ainda estivesse em mim, como se cada parte da noite passada estivesse gravada em minha pele. Passei a mão pelo rosto, tentando apagar a lembrança, mas era impossível. Fechei os olhos e respirei fundo, mas tudo o que consegui foi reviver a noite, o calor dos lábios dele nos meus, o modo como ele segurava meu rosto como se eu fosse algo precioso. A culpa veio com força, atravessando cada fibra do meu corpo. Eu devia ter colocado um limite, mantido uma distância segura. Mas não consegui. A forma como ele olhava para Sofia, a maneira como a dor dele transparecia em pequenos momentos de distração, como se estivesse sempre lutando para não se quebrar… Tudo isso me puxava cada vez mais para ele. E agora eu estava apaixonada.
O som da voz dele me congelou no lugar. Algo dentro de mim queria correr para o meu quarto, fechar a porta e me esconder, fingir que nada existiu, mas minhas pernas não me obedeceram. Eu não queria vê-lo agora, não queria enfrentá-lo depois de tudo o que aconteceu. Mas eu sabia que não poderia fugir. Engoli seco, tentando juntar as palavras em minha garganta. Elas estavam lá, mas parecia que estavam presas, como se a culpa e o arrependimento as tivessem amarrado. Eu o ouvi se levantar do seu lugar. O som de seus passos era firme, determinado. E eu, ali no corredor, completamente vulnerável, não sabia o que esperar dele. Gabriel caminhou lentamente até a porta aberta e parou diante de mim. O olhar dele encontrou o meu. Não havia mais distância entre nós, nenhuma barreira, apenas um silêncio pesado. Ele não disse nada imediatamente, mas seus olhos estavam carregados de algo que eu não conseguia decifrar. Expectativa? Preocupação? Ou ele também estava tão perdi
Depois daquela conversa, voltei a fazer o que sempre fiz — e o que sabia fazer de melhor: estabelecer limites. Mas dessa vez, não para ela — para mim. Eu precisava me lembrar de que, por mais que Celina tivesse o poder de me desestabilizar, eu ainda era o homem que sustentava um império com base em disciplina, ordem e controle. Era um alívio perceber que podíamos fazer isso: deixar aquela noite para trás. Seguimos em frente com uma facilidade quase desconcertante. Celina continuava a desempenhar seu trabalho com a mesma competência de sempre — e eu… eu comecei a chegar mais cedo em casa. Depois que me dei conta de que podia comandar a empresa do meu escritório sem grandes prejuízos, passei a estar mais presente, atendendo ao pedido de Sofia. Mas, naquela semana, eu tinha exagerado. Trabalhei de home office por três dias e, nos outros dois, já estava em casa às duas da tarde. Eu repetia para todos — e para mim mesmo — que, agora que a etapa era programar o soft