BRUNOEstava parado na porta da sala de Ester, estava prestes a dar meia-volta na direção de sua mesa mas aí ficaria parecendo um covarde. Respirei fundo, criando coragem e entrei.— Mandou me chamar? — falei chamando sua atenção.— Achei que não viria.— Você ainda é a minha patroa, Ester... Apesar de ser só um estagiário, não posso correr o risco de perder esse emprego.Tentei soar frio e distante porque como ela mesmo tinha feito questão de me lembrar, estávamos no ambiente de trabalho. Ela não falou nada, mas percebi quando mordeu o lábio inferior então tomei a frente e perguntei:— Sobre o que queria falar comigo?— Sobre o que aconteceu no almoço, eu...— Desculpa, Ester, mas não vou conversar sobre assuntos pessoais aqui na empresa.— Eu entendo. Só quero que você saiba que eu nao quis te magoar hoje mais cedo quando estávamos no elevador.— Tudo bem. Agora, se não tem mais nada para falar, vou voltar para a minha mesa.Já estava caminhando em direção à porta para sair de sua s
ESTERDepois que Bruno se recusou a me deixar explicar o meu lado e saiu da minha sala feito um boi bravo, preferi passar o restante do dia em minha sala, começando a elaborar uma animação que tinha planejado já fazia um tempo.Quando cheguei em casa, estava me sentindo exausta e com o início de uma dor de cabeça, mas assim que cruzei a porta, fui recepcionada pelo meu pequeno, que veio correndo e se jogou em meus braços e me deu um beijo, capaz de me fazer esquecer qualquer preocupação e espantar o cansaço.— Mamãe!— Oi, meu pequeno.— Tava com saudades.— Como foi o seu dia? — perguntei enquanto sentava no sofá com ele.— Foi bom, a Maria até brincou de dominó comigo depois que ela terminou de arrumar a casa.— É mesmo?Fiquei conversando com ele por alguns minutos e depois falei que precisava tomar um banho e ele voltou a assistir o desenho que passava na televisão. Depois que me despi, abri o chuveiro e deixei que a água quente escorresse pelo meu corpo e, foi inevitável, não me
BRUNOPela manhã, quando cheguei à empresa, notei que as pessoas, que eu achava que eram meus colegas de trabalho, me olhavam meio atravessado e cochichando entre si. Tinha algo de errado e eu não fazia ideia do que poderia ser. Assim que me sentei na minha estação de trabalho, cutuquei o braço de Kaori.— Você sabe por que estão todos me olhando com cara de poucos amigos?— Ainda não está sabendo?— Sabendo do que?Ela então pegou o seu celular e abriu um grupo, do qual eu não fazia parte. A imagem que estava na tela, me deixou petrificado. Não era possível. A maldita foto do casamento onde todos os padrinhos se beijavam estava circulando no celular de todos da empresa.— Você está mesmo junto com a Ester? — Ela perguntou num cochicho.— Pode me passar essa foto?— Claro.Um apito do meu celular indicou o recebimento da mensagem de Kaori, agradeci a ela e, rapidamente fiquei de pé e comecei a me afastar.— Aonde você vai?— Vou resolver esse problema agora mesmo.Fui até a sala de Es
ESTERDepois de acertar todos os detalhes sobre a contratação do meu irmão como meu assistente e representante, ele ficou de pé e disse que precisava ir embora. Quando alcancei a porta, vi meu irmão cumprimentando Bruno— Bruno. Que surpresa vê-lo por aqui.— Será que posso trocar duas palavras com você?— Claro. Entre, por favor.Confesso que fui pega de surpresa por vê-lo ali, ainda mais querendo falar comigo. Assim que entramos, fechei a porta e indiquei a cadeira para ele enquanto me sentei na cadeira atrás de minha mesa.— Sobre o que quer falar?— Sobre isso aqui.Peguei o celular de sua mão e quase não acreditei quando vi a foto que ele estava me mostrando. Era a foto do casamento do meu irmão onde nos beijamos.— Você me garantiu que não havia ninguém da empresa lá no casamento do seu irmão. — Ele vociferou irritado.— E não havia mesmo... Você viu que foram poucos convidados.— Então como essa foto está circulando entre os funcionários?— Eu... Eu não sei, Bruno.— Só que por
BRUNODepois que saí da empresa com Caetano, fomos até a sorveteria mais perto dali. Ele quis sorvete de chocolate com menta e calda de chocolate e, aproveitei para pedir o de pistache para mim. Eu não devia ter aceitado ficar com o pequeno, mas ele era só uma criança e não tinha culpa de nada do que aconteceu entre eu e a mãe dele.— Tio Bruno.— O que foi, pequeno?— Você não tem namorada, não é?— Isso mesmo.— Então por que você não namora a minha mãe?— Por que está falando isso?— Porque eu escutei a vovó e o tio Caio conversando e ela falou que a mamãe precisava arrumar um namorado para ser feliz.— Eles falaram isso?— Sim, mas eu acho que a mamãe é feliz comigo. — Ele comeu uma colherada de sorvete. — Você não acha?— Tenho certeza que sim, mas acho que a sua avó estava falando sobre outro tipo de felicidade.— Só por que o meu papai virou estrelinha?— Acho que sim.— Então se você namorar ela e virar meu papai, ela vai ficar mais feliz?— Não sei.Caetano pareceu se conten
ESTERDepois que Bruno saiu com meu filho, fiz questão de acompanhar a saída do fofoqueiro do prédio da empresa. Quando voltei para minha sala, fiz uma transferência bancária para a conta de Bruno, para custear os gastos com o meu menino.Passei a tarde toda no estúdio da empresa, precisava avaliar as pessoas pré-selecionadas que dublariam os meus próximos personagens. Quando voltei à minha sala, o pôr do sol já começava a pintar o céu com tons de amarelo, laranja e dourado.Dei uma olhada no meu celular, mas não havia nenhuma mensagem ou ligação, decidi ligar para casa e Maria me informou que Bruno tinha levado Caetano para a aula de surfe. Eu tinha me esquecido completamente das aulas.Juntei minhas coisas e saí da empresa, decidindo passar na praia para verificar se eles ainda estavam por lá e, por sorte, consegui encontrar uma vaga para estacionar o carro. Caminhando pelo calçadão, acabei avistando meu pequeno, mas Bruno não estava com ele.— Filho!— Mamãe. — Ele saiu correndo em
BRUNODiante do comportamento de Ester, achei melhor ficar quieto no meu canto, se ela achava que eu tinha sido descuidado e irresponsável com o filho dela, era porque não confiava plenamente em mim e isso dizia mais sobre ela do que de mim.Logo depois que Ester foi embora da praia, juntei minhas coisas na mochila e Kai se ofereceu para me dar uma carona até em casa. Depois de um banho gelado, preparei uma comida rápida, pois estava morrendo de fome, e fiquei jogado no sofá com a companhia da gatinha.Quando ouvi batidas na porta, levantei rapidamente, tinha esperanças de que fosse Ester, mas assim que abri, me deparei com a vizinha veterinária. Já nem me lembrava do nome dela, mas aqui estava ela, parada na minha porta e segurando algumas sacolas nas mãos.— Oi, vizinha.— Bruno, ainda bem que está em casa.— Está precisando de alguma coisa?— Como você não apareceu no meu consultório, tomei a liberdade de trazer algumas coisas que a gatinha vai precisar. — Ela ergueu as sacolas.—
ESTER Eu já estava quase chegando à empresa quando meu celular começou a tocar, vi que era Bruno, mas não podia atender. Ele devia estar querendo perguntar se era para ficar com meu filho. Uma segunda ligação apareceu na tela, mas dessa vez era de Maria. Tive que estacionar o carro e atender. — Ester, que bom que consegui falar com a senhora. — Aconteceu alguma coisa? — O Caetano... Eu já procurei ele na casa toda, mas não o encontrei. — Como assim, Maria? — Ele tinha terminado de tomar o leite dele e estava jogando videogame na sala, daí aproveitei para estender algumas roupas no varal e quando voltei, ele já não estava lá. — Já perguntou se ele está na casa da vizinha? — Sim, mas ela falou que não o viu hoje. — Ele é só uma criança de seis anos, não deve ter ido muito longe, dê uma volta no quarteirão, já vou voltar para casa. Estava fazendo o retorno para pegar o caminho de volta para casa quando o nome de Bruno apareceu de novo na tela, tive que atender. — Ester. — Bru