Thomas
— Estou dizendo isso porque é a mais pura verdade. Você sempre demonstrou o quanto é mesquinha, egoísta e fria… exceto na cama, claro. E era apenas isso que eu gostava em você. O sexo, o seu fogo. Mas agora, eu não preciso mais dele.
— Você é um grande…
— Quero que arrume as suas coisas e que saia da minha empresa ainda hoje, François. — A corto bruscamente, me afastando da cadeira.
Em resposta, ela faz outro O, dessa vez acompanhado de um belo par de olhos arregalados para mim.
— Está me demitindo?!
— Exatamente. Não preciso de alguém como você na minha equipe.
— Você está misturando a sua vida pessoal com a profissional, Thomas. Não pode…
— Eu não estou misturando nada! — rebato sem paciência. — Você o fez, quando p
Judith— O que significa isso, Judith?O olhar de Thomas está fixo na foto que deixei largada em cima da cama de casal e juro que o fato de o ver tão apreensivo me deixa desestabilizada. Eu não devia me incomodar com seus sentimentos, mas desejei que de alguma forma ele não se importasse com isso… com ela… com esse passado. É tão eloquente e tão absurdo. Eu mergulhei de cabeça em um relacionamento de mentira e agora estou com ciúmes de uma defunta.Patético, Judith Evans.— Eu falei com o Adam — digo, sem tirar os meus olhos dos seus.— Eu sei.— Imaginei que sim. É por isso que está aqui, agindo feito um pavão com sua calda exuberante aberta para mim.— O que?— Parece que você toma conta do cômodo inteiro quando se acha o dono da verdade.Suspiro cansada.
— Ela estava morta, Judy — confessa entre soluços. Então ele respira fundo e se recompõe, afastando-se um pouco para olhar nos meus olhos. — Eu levei um tempo para absorver a minha dor e entender o que havia acontecido. E quando os policiais chegaram informaram que ela havia escorregado e que bateu com a cabeça. Mas… não foi a pancada que a matou.— O que então?— Ela ficou desacordada por tempo demais na água. Então ela…— Merda! Me desculpa, Thomas! Eu não devia…— Eu dormia tranquilamente, enquanto o amor da minha vida morria. Então importa o quanto eu diga que não a matei. Porque sim, eu fui o culpado.— Foi um acidente.— Não importa. Eu deveria estar cuidando dela. Mas me deixei levar pelo cansaço e ela se foi. — Mais lágrimas se derramam e ele me lança
Thomas— Thomas, querido! — Sua voz parece ter espinhos, que penetram os meus ouvidos e rasgam os meus tímpanos, trazendo um incomodo sufocante a minha garganta.Não é possível! Penso ainda sem acreditar na sua visão completamente exuberante e intacta. O seu perfume ainda é o mesmo. Constato. O seu toque suave, não mudou. O seu olhar ainda é meigo e cheio de brilho. E o seu sorriso? É como se o tempo tivesse voltado. Um retroceder agonizante que me prende contra a minha própria vontade. Logo a minha mente fica nublada e a visão de um corpo boiando dentro de uma piscina preenche a minha visão. Lembro-me da dor que rasgou ao meio naquela manhã. Dos meus gritos ecoando dentro dos meus ouvidos pedindo ajuda. Suplicando que a salvasse, que a trouxesse de volta para mim. O medo e a escuridão se desprendiam, abraçava-me tão forte, a ponto de roubar o meu
— Quando exatamente vocês trocaram?— Um mês depois do nosso casamento.Impactado, algo se passa pela minha cabeça. Eu havia me apaixonado pela garota estranha que não era a minha esposa. Por isso uma mudança tão brusca. Da noite para o dia Rebecca tornou-se de uma mulher arrogante em um ser de plena doçura.— Que porra, ela estava grávida! — lamento, soltando uma respiração audível pela boca.— Não se preocupe. O bebê não era seu. Rebecca Swan estava prestes a se casar. Ela descobriu a gravidez e estava se preparando para contar tudo para o… como devo dizer? Futuro noivo? Futuro marido?— O que você disse? — A voz de Adam preenche o cômodo em um rompante nos fazendo olhar na direção da entrada.O olhar perplexo do rapaz a fitava em um misto de raiva e de incredulidade.
Thomas— Soube que o Barão Collin Hill vai se casar. — Flora, minha jovem e animada governanta comenta de repente, enquanto ela abre as cortinas do meu quarto para deixar a luz do dia entrar.— Bom para ele! — resmungo um tanto seco, ajeitando a minha gravata e suplicando aos céus que ela não continue com essa conversa.— Sabe o que eu penso?Não e não quero saber!— Que o Senho deveria ir, sua graça. A final, o Senhor é um grande amigo do Barão, certo? — Reviro os olhos para essa sugestão.A verdade, é que desde que perdi a Rebecca, minha esposa e o meu filho tudo ao meu redor perdeu o seu significado para mim. A morte é mesmo uma víbora traiçoeira, que roubou a dona do meu coração e pior, ela o levou consigo. Portanto, amar outra vez nunca será uma possibilidade para mim. Embora eu saiba muito bem que preciso de uma mulher aqui dentro para me ajudar a pôr a ordem nessa casa e cuidar de minhas cinco irmãs.Não é catastrófico que a morte insista em me rondar? Primeiro os meus pais e a
ThomasDevo dizer que ando cansado de tudo isso. Quer dizer, eu gostaria de ter uma vida normal. Ou pelo menos um dia comum como uma pessoa normal. Sem excesso de empregados o tempo todo me rodeando. Sem tamanhas responsabilidades e sem tantas cobranças. Respirar ar puro sem pressa para começar. Era assim que eu me sentia com a Rebecca. Ela sabia me fazer sorrir, me dava a liberdade de me livrar das minhas armaduras e de mostrar quem realmente sou por dentro e por fora. Dentro de quatro paredes era mais fácil sorrir e sentir a leveza de não ter que carregar o mundo em minhas costas.— Chegamos, Senhor! — Alfred avisa, interrompendo os meus pensamentos e mostrando-me que estou longe de viver o meu grande sonho.Vossa graça isso! Vossa graça aquilo! Como Collin Hill consegue conviver com isso?— Olha você, aí! — E falando no Barão… — Como vai, sua graça?Reviro os olhos para esse seu cumprimento.— Ah vamos, pare com isso, Collin! Não estamos dentro do castelo e não tem ninguém aqui q
Judith— Boa noite, linda dama! — Uma voz firme e forte, porém, galanteadora diz atraindo a minha atenção para o homem extremamente alto e… eu devo dizer que ele é muito, muito bonito, embora a sua face séria demais e rígida demais me deixe um tanto curiosa. — Será que a Senhorita aceita dançar comigo?Céus, ele é um duque. Eu sei por que as pessoas ao meu redor não param de murmurar sobre ele desde que entrou nesse salão de festas. E ele está me convidando para dançar em plena festa de casamento dos meus melhores amigos. Penso em dizer que não, porém, me vejo segurando a sua mão estendida e logo sou guiada por para o centro da pista de dança, onde alguns casais já se aventuravam. Eu não faço ideia, mas sinto que de alguma forma esse pedido em algum momento mudará completamente o meu destino. E o fato de dizer sim para esse lindo e elegante estranho cavalheiro me deixou incomodada. Contudo, ao sentir a sua pegada forte na base da minha coluna, unindo o meu corpo ao seu me fez sentir e
Judith— Hu, com o tanto de dinheiro que esse homem tem, eu passaria meses viajando pelo mundo. Como pode um Barão usar apenas vinte dias para a sua lua de mel? — Lanço lhe um olhar atravessado em resposta.— Acredito que isso não seja da sua conta, Darly! — retruco mal-humorada, fazendo-a balbuciar.— É claro que não, Senhorita Evans. Eu só…— Que tal ir olhar como andam os detalhes da decoração da sala da sua chefe, enquanto eu cuido de toda a burocracia desses registros? — A garota resmunga algo que eu não consigo entender. — O que disse, Darly?— Ah, nada, Senhorita Evans. Na verdade, eu disse que já estou indo.— Ótimo! — Ela sai apressada e sorrio, enquanto a observo se afastar.Darly Between é uma jovem universitária que está cursando literatura inglesa. Ela ainda tem muito o que aprender nesse ramo, mas acredite, eu tenho a paciência e a experiência de que ela precisa para crescer dentro desse universo.— Senhorita Evans, a sala de reuniões já está pronta para as entrevistas.