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Thomas

Devo dizer que ando cansado de tudo isso. Quer dizer, eu gostaria de ter uma vida normal. Ou pelo menos um dia comum como uma pessoa normal. Sem excesso de empregados o tempo todo me rodeando. Sem tamanhas responsabilidades e sem tantas cobranças. Respirar ar puro sem pressa para começar. Era assim que eu me sentia com a Rebecca. Ela sabia me fazer sorrir, me dava a liberdade de me livrar das minhas armaduras e de mostrar quem realmente sou por dentro e por fora. Dentro de quatro paredes era mais fácil sorrir e sentir a leveza de não ter que carregar o mundo em minhas costas.

— Chegamos, Senhor! — Alfred avisa, interrompendo os meus pensamentos e mostrando-me que estou longe de viver o meu grande sonho.

Vossa graça isso!

Vossa graça aquilo!

 Como Collin Hill consegue conviver com isso?

— Olha você, aí! — E falando no Barão… — Como vai, sua graça?

Reviro os olhos para esse seu cumprimento.

— Ah vamos, pare com isso, Collin! Não estamos dentro do castelo e não tem ninguém aqui que nos obrigue a usar os nossos títulos! — retruco com nítido mal humor para o meu amigo de infância, que rir da minha rabugice.

O fato é que tanto o Barão de Luxemburgo quanto o Duque de Birmingham nunca almejaram carregar tais títulos. Entretanto, o fim dos nossos pais nos obrigou a aceitá-los com todas as suas pompas, regras e responsabilidades.

— Soube que você vai se casar — comento à medida que entramos no palácio para uma conferência com alguns ministros. — E com uma brasileira? — Não escondo a minha surpresa.

 — Você quer dizer com a mulher da minha vida? — Ele retruca. — Sim!

— Cale-se! — ordeno baixo e cauteloso. — Temo que a morte não goste de casais estupidamente apaixonados e felizes. — Collin me lança um olhar torto.

— Do que você está falando, homem?

— Não consegue ver? — retruco. — Primeiro foram os nossos pais. Depois, a minha mulher e filho.

— Não está realmente acreditando nisso, não é? — Ele retruca de volta.

— E por que não? — Faço um gesto de desdém com os ombros. Em resposta, Collin Hill respira fundo, parando de andar no mesmo instante e isso me faz parar também.

— Como você está, meu amigo? — O Barão procura saber, dessa vez demonstrando a sua preocupação e no ato, ele segura nos meus ombros. Em resposta, apenas puxo uma respiração alta e cansada.

— O meu mundo se acabou, Collin — confesso com um lamento. —  Como você acha que eu estou? — sussurro com amargor. — Não existe mais a sua alegria dentro daquela casa e nem o seu brilho…

— Você precisa superar isso, Thomas — aconselha-me.

Como se eu não tivesse tentado fazer isso! Resmungo mentalmente rolo os olhos em frustração.

— Superar? — Arqueio as sobrancelhas de forma irônica. — É o que todos me dizem para fazer todos os dias e o tempo todo. Você precisa superar, Thomas. Precisa se casar outra vez e constituir uma nova família. Mas que droga, acha que não estou tentando?!

— Ok, eu sei que é difícil. Eu sofri muito quando perdi os meus pais e quando tive que encarar a minha realidade logo em seguida. E eu sofri ainda mais quando por um instante pensei que havia perdida a Ellen de vez. E todas as minhas esperanças se esvaíram, escaparam por entre os meus dedos sem que eu pudesse evitar.

Engulo em seco.

— Então, me diga, como conseguiu? Como saiu desse maldito inferno? — ranjo os dentes, lançando lhe um olhar cheio de esperança. Contudo, meu amigo apenas me olha nos olhos por alguns segundos.

— Eu lutei. Lutei com todas as minhas forças. E você precisa fazer o mesmo, Thomas.

Solto uma respiração alta.

— Estou cansado de tanto lutar, Collin — confesso com um lamento.

— Venha para o meu casamento, Thomas. — Penso em protestar, mas ele continua. — E leve as suas irmãs.

— A Violet, Lydia e Sophie ainda são muito crianças para participar desses eventos. Mas acredito de que a Josephine e a Abigail vão gostar de ir.  — Ele abre mais um sorriso.

— Perfeito! Leve-as então.

— Mas eu não prometo ficar muito tempo, Collin. — Deixo bem claro.

— Tudo bem. Só apareça lá e venha usufruir um pouco da minha felicidade. Quem sabe isso te dê forças para lutar?

— Quem sabe?

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