Thomas
— Sua graça, conseguimos o contato com os brasileiros como me pediu. — Doris, minha assistente avisa, largando alguns papéis sobre a minha mesa.
— Eles disseram quando poderão vir avaliar o nosso projeto? — inquiro, analisando os documentos que acabara de trazer.
— Disseram que precisam de mais detalhes, mas que ficariam felizes em vir a Londres, Senhor.
— Ótimo! Posso ver isso com alguns sócios e com a rainha em breve. Retorne para eles e avise que darei uma resposta assim que puder.
— Certo, sua graça.
— Está falando sobre o projeto do hospital? — François pergunta, invadindo o meu escritório antes que Doris consiga fechar a porta. E sem ser convidada, ela se senta na cadeira que fica de frente para a minha mesa, cruzando as suas pernas em seguida de modo que o seu decote dê ênfase a pele clara da sua coxa.
— Estamos empolgados com esse projeto, François. Ele irá ajudar muitas pessoas carentes.
— Eu acho isso uma perda
ThomasTrês dias depois…— E então, como foi o final de semana? — Josephine pergunta enquanto aguardamos Lydia e Judith descer a escadaria.A verdade, é que desde que voltamos para a nossa vida real, tenho protelado ficar sozinho com a minha irmã e falar-lhe sobre os meus sentimentos. Apesar de ainda ser muito jovem, Josephine tem uma visão clara e adulta de como fazer as coisas. Sem falar nessa mania de que ela tem de perceber as minhas angústias e frustrações, mesmo eu tentando escondê-las a todo custo. Como na noite que levei a minha esposa para jantar com o intuito de agradá-la. Contudo, o meu comportamento rude pôs tudo a perder. Não importava o que eu fizesse, Judith sempre extraia o pior de mim.— Foi… apaixonante — confesso tentando não me aprofundar nessa conversa. Ela sorrir.— O que mais?Rol
Thomas— Estou dizendo isso porque é a mais pura verdade. Você sempre demonstrou o quanto é mesquinha, egoísta e fria… exceto na cama, claro. E era apenas isso que eu gostava em você. O sexo, o seu fogo. Mas agora, eu não preciso mais dele.— Você é um grande…— Quero que arrume as suas coisas e que saia da minha empresa ainda hoje, François. — A corto bruscamente, me afastando da cadeira.Em resposta, ela faz outro O, dessa vez acompanhado de um belo par de olhos arregalados para mim.— Está me demitindo?!— Exatamente. Não preciso de alguém como você na minha equipe.— Você está misturando a sua vida pessoal com a profissional, Thomas. Não pode…— Eu não estou misturando nada! — rebato sem paciência. — Você o fez, quando p
Judith— O que significa isso, Judith?O olhar de Thomas está fixo na foto que deixei largada em cima da cama de casal e juro que o fato de o ver tão apreensivo me deixa desestabilizada. Eu não devia me incomodar com seus sentimentos, mas desejei que de alguma forma ele não se importasse com isso… com ela… com esse passado. É tão eloquente e tão absurdo. Eu mergulhei de cabeça em um relacionamento de mentira e agora estou com ciúmes de uma defunta.Patético, Judith Evans.— Eu falei com o Adam — digo, sem tirar os meus olhos dos seus.— Eu sei.— Imaginei que sim. É por isso que está aqui, agindo feito um pavão com sua calda exuberante aberta para mim.— O que?— Parece que você toma conta do cômodo inteiro quando se acha o dono da verdade.Suspiro cansada.
— Ela estava morta, Judy — confessa entre soluços. Então ele respira fundo e se recompõe, afastando-se um pouco para olhar nos meus olhos. — Eu levei um tempo para absorver a minha dor e entender o que havia acontecido. E quando os policiais chegaram informaram que ela havia escorregado e que bateu com a cabeça. Mas… não foi a pancada que a matou.— O que então?— Ela ficou desacordada por tempo demais na água. Então ela…— Merda! Me desculpa, Thomas! Eu não devia…— Eu dormia tranquilamente, enquanto o amor da minha vida morria. Então importa o quanto eu diga que não a matei. Porque sim, eu fui o culpado.— Foi um acidente.— Não importa. Eu deveria estar cuidando dela. Mas me deixei levar pelo cansaço e ela se foi. — Mais lágrimas se derramam e ele me lança
Thomas— Thomas, querido! — Sua voz parece ter espinhos, que penetram os meus ouvidos e rasgam os meus tímpanos, trazendo um incomodo sufocante a minha garganta.Não é possível! Penso ainda sem acreditar na sua visão completamente exuberante e intacta. O seu perfume ainda é o mesmo. Constato. O seu toque suave, não mudou. O seu olhar ainda é meigo e cheio de brilho. E o seu sorriso? É como se o tempo tivesse voltado. Um retroceder agonizante que me prende contra a minha própria vontade. Logo a minha mente fica nublada e a visão de um corpo boiando dentro de uma piscina preenche a minha visão. Lembro-me da dor que rasgou ao meio naquela manhã. Dos meus gritos ecoando dentro dos meus ouvidos pedindo ajuda. Suplicando que a salvasse, que a trouxesse de volta para mim. O medo e a escuridão se desprendiam, abraçava-me tão forte, a ponto de roubar o meu
— Quando exatamente vocês trocaram?— Um mês depois do nosso casamento.Impactado, algo se passa pela minha cabeça. Eu havia me apaixonado pela garota estranha que não era a minha esposa. Por isso uma mudança tão brusca. Da noite para o dia Rebecca tornou-se de uma mulher arrogante em um ser de plena doçura.— Que porra, ela estava grávida! — lamento, soltando uma respiração audível pela boca.— Não se preocupe. O bebê não era seu. Rebecca Swan estava prestes a se casar. Ela descobriu a gravidez e estava se preparando para contar tudo para o… como devo dizer? Futuro noivo? Futuro marido?— O que você disse? — A voz de Adam preenche o cômodo em um rompante nos fazendo olhar na direção da entrada.O olhar perplexo do rapaz a fitava em um misto de raiva e de incredulidade.
Thomas— Judith? — A chamo ofegante, assim que adentro o nosso quarto, mas para a minha decepção o encontro vazio. — Judith? — Volto a chamá-la quando abro a porta do banheiro, mas ela também não está lá.Perturbado, volto para o quarto e ligo para ela. Nada. A ligação persiste até cair na caixa postal.— Merda! — xingo esperado e apresso os meus passos direto para a sala. — Vocês viram a Judith? — pergunto para as minhas irmãs, que ainda parecem confusas com toda essa situação.— Pensei que ela estivesse no quarto. — Josephine responde, enquanto as outras meneiam a cabeça em um não.Apavorado, tento mais uma ligação.— Merda, Judith! Atende essa droga.— Até que a garota não é tão burra. — Escuto a voz &aac
Thomas— Rebecca pode criar uma história para a mídia e transformá-lo em um vilão. Papéis, sepultamento. Você nunca contou para a mídia o que realmente aconteceu. A morte de Rebecca sempre foi uma pauta de curiosidades para aqueles abutres. E de repente essa mulher ressurge transbordando vida para todos os olhos curioso da Inglaterra. Entende o que eu quero dizer?Um calafrio se apossa do meu corpo e trêmulo, passo as mãos pelos meus cabelos.— Judith seria uma das pessoas mais atingidas nessa guerra.Engulo em seco.— Não posso aceitá-la de volta, Margareth — sussurro sôfrego. — Pensar em perder Judith é... como sucumbir ao inferno.— Então não a perca, querido. — A rainha diz com voz doce. — Descubra onde ela esteve. Vá até lá e faça a sua lição de ca