Sarah
Paraliso, um riso histérico querendo brotar bem no meio de minha garganta, inibindo temporariamente o fato de que estou muito irritada com ele.
Samuel continua lá me encarando, como se ele não tivesse acabado de dizer, que quer um casamento em troca de cuidar do caso da minha mãe.
Ele enlouqueceu?
— Me diz que isso é alguma piada interna sua. — Peço, minha irritação voltando com rapidez.
Samuel se levanta, toda sua altura e corpo forte me distraindo momentaneamente. Ele da a volta na mesa, se sentando nela e parando bem a minha frente, me obrigando a levantar o pescoço para encará-lo.
— Eu não brincaria com um assunto desse, Sarah. — Ele me diz, a voz grave me despertando, para o fato de que ele realmente fala sério.
— Você enlouqueceu? — esbravejo, me levantando e nivelando um pouco nosso olhar.
— Não. — Ele responde, sucinto.
— Samuel, nos estamos no século vinte e um, pelo amor de Deus! — Levanto minhas mãos, gesticulando o quanto isso tudo é loucura.
— Arranjos assim são feitos o tempo inteiro Sarah, não seja irracional com isso. — Ele alfineta e só então percebo o quanto eu me aproximei dele.
Nossos corpos estão próximos, meu peito subindo e descendo com força e ele lá estável e me encarando como se eu não passasse de uma histérica.
Nossa amizade sempre fora marcada por temperamentos difíceis, os dois arranjando as piores confusões e deixando Silas louco, mas eu me lembro bem que, entre nós dois era Samuel que tinha o pavio mais curto.
Olhando para ele agora, me observando com a tranquilidade de um cientista mirando o rato de um laboratório, eu me pergunto novamente o que aconteceu com esse homem.
— Está tão desesperado assim para me ter, que está se sujeitando a isso? — Estalo, minha voz tão raivosa que eu fecho meus punhos.
É um momento muito fugaz, mas eu vejo, o exato momento que o temperamento dele ameaça subir, a essa falsa superfície calma que ele criou.
Ele pode fingir muito bem, mas não é tão centrado quanto quer parecer.
— Eu não diria desesperado. — Samuel se inclina em minha direção, seu rosto perigosamente próximo do meu — Eu preciso estar casado em menos de dois meses. Tenho um contrato importante com uma empresa comandada por um estúpido conservador e seu e-mail foi uma boa dica de como posso resolver isso. Veja bem, eu não estou pedindo que você me ame ou vice versa, a única coisa que quero é o seu corpo e sua assinatura.
Pestanejo, completamente estarrecida com as palavras dele. Então, ele quer um casamento para um possível contrato.
Será que ele não vê ou não liga para o quão insultante foi isso?
E porque diabos o meu corpo se acendeu quando ele disse que precisava de meu corpo?
Interpretando errado o meu silêncio, Samuel se aproxima ainda mais, seus lábios a centímetros dos meus. Algo em meu peito vibra de expectativa e curiosidade, de como seria provar os lábios dele.
Seus olhos, sempre uma beleza a parte em seu rosto, estão levemente cerrados, o azul cálido e o âmbar quente, ambos espreitando a minha reação com sua proximidade.
Ele está brincando comigo, testando o quanto consigo ser sensível a ele e merda... eu estou mostrando muito mais do que queria.
A vergonha e a raiva estalam em mim, em uma mistura perigosa que meu gênio se banqueteia. Minha mão vai em direção ao seu rosto, mas Samuel me surpreende novamente, ao parar o meu tapa, o pulso firme, segurando o meu, seu toque e seu olhar parecendo queimar em mim, de formas que sempre achei impossíveis.
— Eu não tentaria isso de novo se fosse você. — Ele ameaça, mas não me sinto amedrontada por qualquer retaliação, pois ele pode ter se tornado um babaca arrogante, mas nunca levantaria um dedo contra mim.
Afasto minha mão de seu toque com um safanão e me afasto um passo.
— Então, essa não é uma tentativa frustrada de me comer e sim um negócio? — pergunto, voltando ao ataque.
— Eu quero te foder, Sarah. — Ele diz com tranquilidade, me fazendo paralisar novamente — Sempre quis e não vou bancar o santo com relação a isso, mas acho que nós dois podemos ganhar com esse contrato.
Por algum motivo o meu cérebro desligou quando ele disse que quer me foder. Não é como se eu fosse uma inocente sem nunca ter desejado isso ou ido um pouco a frente, com a maioria dos namorados que arrumo, mas quando o quesito é realmente transar, eu meio que fico perdida.
Porque meu sexo está tão animado com a probabilidade dele me ter?
É o Samuel, pelo amor de Deus!
— Um contrato? — Indago, minha mente ainda um pouco confusa.
— Sim. Preciso de dois anos, seus. Você vai bancar a esposa fiel e dedicada por esse tempo, vamos a jantares, sorriremos o quanto for necessário e depois desse tempo você pode voltar a fazer o que estava fazendo antes, sem nunca mais olharmos um na cara do outro. — Samuel da de ombros e por algum motivo sua indiferença me machuca.
Como ele pode ter se desligado de nossa conexão tão friamente? É como se ele nunca tivesse sido meu amigo, como se nunca tivesse me acalentado, me animado, sorrido para mim...
— O que houve com você, Samuel? — pergunto, minha voz parecendo quebrada.
Vejo-o travar o maxilar, um lampejo de irritação em seus olhos.
— Estamos um pouco velhos para esse drama, Sarah. Eu posso te oferecer o melhor que o meu dinheiro pode dar. Não posso garantir que sua mãe será solta, mas garanto que com os advogados que tenho, ela poderá ter mais chances do que já teve um dia. Você pode ter uma casa dos sonhos, dinheiro, descanso, tudo pelo tempo que estivermos juntos e a única coisa que peço em troca, é que seja uma mulher receptiva e sorridente, quando eu precisar. — Samuel me diz, cada palavra soando como um tapa em meu orgulho.
— Receptiva? — Rosno para ele, minha paciência beirando o limite.
Há algo quente no olhar de Samuel, quando ele ouve meu tom e se eu não estivesse tão irritada agora, talvez eu achasse que ele gosta de me ouvir tão fora da linha.
— Sim. Digamos que eu terei muitos olhos em mim, no começo de nosso casamento e como não poderei transar do jeito que quero e quando eu quero, você terá que suprir isso. Não será um grande sacrifício, te garanto, sei bem como cuidar de uma mulher. — Ele garante, um sorriso sacana se esticando no canto de seus lábios.
Mais uma vez eu fecho meus punhos, ao ponto de eles doerem e por mais irritada que eu esteja, meu corpo despertou em curiosidade com a perversidade que Samuel me mostra.
— Eu não sei bem quais eram os seus planos hoje, Samuel, mas se você acha que eu vou me oferecer a você como a porra de uma mercadoria, você está muito enganado! — grito, controlando-me para não tentar esbofeteá-lo de novo.
Samuel me encara por alguns segundos, seu sorriso se ampliando, parecendo-se muito com meu antigo Samuel, aquele que gostava de me ver irritada, mas esse na minha frente tem uma aura mais dura, quase como uma armadura de crueldade que não deixa seu coração bom, tomar as rédeas.
— Você não está pensando com a razão. — Ele diz, balançando a cabeça em desgosto — Todos somos como mercadoria em algum ponto de nossas vidas, de um jeito ou de outro. Faça como quiser, mas eu realmente achei que você seria mais esperta que isso. Sua mãe merecia mais.
Engulo em seco, o golpe que ele queria me dar, acertando em cheio o meu peito. Ele parece perceber isso e eu quase posso ver um indício de arrependimento em seu olhar, mas ele logo o desvia para o seu relógio caro de pulso, como se eu não valesse tanto o seu tempo.
Eu o odeio. Nesse momento, eu o odeio.
Pisco as lágrimas dos meus olhos e levanto meu queixo. Penso em cada ano de minha vida desde que encerrei a faculdade, as horas extras, as noites mal dormidas, tudo para conseguir pagar os honorários do advogado e sempre ter as mesmas respostas negativas.
Samuel está a minha frente, me olhando como se eu fosse algum pedaço de carne que começa a ficar muito desinteressante com o passar dos minutos.
Eu nunca me senti tão insultada em toda a minha vida e olha que eu tive pessoas bem ruins em meu caminho.
— Quanto tempo tenho para lhe responder? — Pergunto, minha voz áspera, pois minha real vontade é o mandar enfiar essa proposta em um lugar muito especial.
Samuel me lança um olhar astuto, como que imaginando que eu estou mais próxima de aceitar do que ele achou.
— Uma semana. Preciso preparar o terreno para que não fique tão óbvio a nossa farsa. — Ele me diz, sua última palavra soando como ácido para mim.
Relanceio meu olhar pelo escritório, minha mente perdida em tantos sentimentos doloridos, que acho que as lágrimas teimam em queimar em minha visão novamente, mas não as deixo que caiam.
— Eu não entendo o que te tornou assim, Samuel. — Começo, pois eu sinto que devo algo a ele, mesmo ele tendo me magoado em níveis absurdos nessa conversa — Eu gostaria de entender, mas como não consigo eu só posso te pedir desculpas. Eu não quis te magoar naquela época e antes de eu entrar aqui, eu continuava não querendo. É provável que eu aceite sua proposta, pois em um ponto você estava certo: minha mãe merecia mais e é só por ela que talvez eu embarque nessa merda, mas acredita em mim que a partir daqui eu não serei a mesma. Queria me fazer sentir pequena, me magoar e conseguiu, mas não pense que terá mais de mim do que esse contrato te dará.
Finalmente, eu encontro o olhar dele e algo em meu peito insiste em se espremer, com a dor que vejo neles. Finalmente eu consigo acertar algo em Samuel e não sei se consigo ficar feliz com isso.
— Te darei a resposta em dois dias. — Digo e me viro para sair.
— Sarah. — Samuel me chama e há algo em sua voz que me faz virar.
Olho para seu rosto forte, o maxilar imponente, os olhos de cores diferentes, o cabelo da cor de um favo de trigo. Eu amei esse homem um dia como uma parte de mim e não como um homem. Sem saber o que estava fazendo, eu o magoei e agora eu já nem o reconheço mais.
Samuel me olha como que em guerra consigo mesmo. A confusão e a raiva parecem duelar como antigas rivais, mas por fim, a raiva tem o seu lugar de direito e ele desvia o olhar de mim.
— Dois dias, nada mais. Se não me responder arranjarei alguém mais razoável que queira negociar. — Samuel me diz, a voz voltando a ter a entonação seca.
Engulo a minha resposta e balanço a cabeça, antes de fechar a porta do escritório com tudo e me retirar dali.
Passo pela assistente bem vestida dele, que olha preocupada para minha expressão, mas nada diz.
Desço pelo elevador, meu olhar não encontrando o de ninguém ali dentro. Mantenho minha expressão e sentimentos em uma lousa em branco, como sempre faço quando estou no meu limite.
Passo pelas pessoas engravatadas, sem nem perceber como o faço e caminho para o estacionamento.
Acho o meu Mustang todo preto, no meio de conversíveis do ano e entro nele, respirando o cheiro de castanhas, que parece ter se impregnado no veículo e paro, olhando para o meu volante, como se ele pudesse me dar todas as respostas para meus problemas.
Com as janelas bem fechadas, eu deixo um grito enraivecido sair de meus lábios, meus punhos esmurrando meu volante com força.
Sinto meus olhos queimarem novamente com as lágrimas, mas elas não caem, pois eu prometi a mim mesma, nunca mais chorar por homens ou pessoas, como as que Samuel se tornou.
O que eu esperava achar aqui? Um antigo amigo? Uma solução para os meus problemas?
Samuel não é mais o garoto explosivo, protetor e parceiro que eu já tive como amigo.
Massageio meu pescoço, tentando desfazer os nós tensos e mais uma vez respiro bem fundo.
Bom... ele quer me usar, que seja, também farei isso com ele e depois vou garantir que esse homem nunca mais entre em minha vida de novo.
SarahO percurso até minha casa se torna um pouco mais árduo do que achei possível. Meu Mustang dá sinais de que a última manutenção foi muito efetiva, o motor roncando poderoso.Já pensei em vende-lo para algum colecionador diversas vezes, mas desde que o ganhei da herança do senhor Lins, eu me tornei um pouco apegada demais. Ele faleceu a dois anos atrás. Sem filhos e sem nenhum parente próximo, seu humilde testamento, foi divido em alguns amigos próximos de Lins. Eu sabia que Lins me tinha como uma antiga amiga, pois eu já treinava com ele a mais de oito anos, claro que depois que comecei a trabalhar efetivamente como assistente social, meus treinos foram seriamente reduzidos a poucas horas na semana, mas o que valia eram as conversas tranquilas que tínhamos antes de cada treino. Lins era um homem de quase sessenta anos, mas com um humor vivaz e muita perspicácia. Mesmo quando me mudei para uma cidade vizinha, eu ainda me deslocava sempre que podia para lá. Foi uma grata surpres
SamuelAntes....A mensagem de Sarah brilha uma última vez antes de eu bloquear a tela mais uma vez. Eu não sei o que fazer.A oportunidade que tenho nesse investimento é enorme, mas… ter que largar tudo assim…Minha moto, já um pouco gasta, percorre as estradas bem cuidadas do centro e quando percebo já estou em frente ao hospital de Lírio. Preciso encontrar meu pai. Ainda que eu nem tenha ideia de como abordar o assunto com ele. Vou entristecê-lo, sei que vou. Meu pai ama que estejamos todos a sua volta, debaixo de sua proteção.Caminho devagar, encolhendo um pouco os ombros a fim de não chamar tanto a atenção. Desde meu primeiro estirão de crescimento, eu tenho essa sensação interna de ter que curvar um pouco os ombros e não me destacar tanto.Ser alto não é só o problema, há também toda essa massa que ganho com os exercícios severos do esporte. Faz um certo sucesso com as garotas da minha idade, mas meio que não gosto muito da atenção exagerada. Quem gosta disso é Lucas.A única
SamuelReleio pela terceira vez o parágrafo do livro a minha frente, sem na verdade entender nada. Fecho o livro de economia com força e o repouso na mesa da minha cozinha. Exalo o ar com vigor, deixando que meus pensamentos vaguem para onde eles realmente querem estar: Sarah.Ela ainda está linda. Os cabelos, que na época em que éramos amigos, sempre ficavam curtos na altura das orelhas, agora estão longos, caindo em ondas escuras e brilhantes pelas costas dela. O corpo que sei que se exercita é tonificado na medida da perfeição em alguns pontos, macios em outros. A pele que parece sempre tocada pelo sol, um tom quente e macio. Os seios não são os maiores em que já pus meus olhos, mas são perfeitos.Como seriam a cor de seus mamilos? Ficariam rígidos com meu toque?A cintura estreita destaca os quadris largos, a curva perfeita que aquela bunda empinada faz, tomando minha atenção quando ela foi embora.Tudo nela parece ter sido feito só para o meu desespero, até o rosto.O queixo sua
SarahSinto meus passos soarem no corredor de pisos escuros, como se eu estivesse a por toda a minha vida nas mãos de Samuel. Eu ainda tenho alguns pontos a serem resolvidos com ele e sinceramente não sei qual será o resultado de hoje, mas prefiro não deixar que o nervosismo me leve mais do que já está levando.Empino meu queixo e digo a recepcionista onde quero ir e com quem quero falar.A mulher loira e com uma maquiagem impecável me fita, provavelmente achando engraçado o fato de uma mulher de sapatilhas confortáveis, calças jeans, a melhor que tenho e um suéter bem conservado, querendo falar com o Ceo da empresa.Dirijo-lhe o mesmo olhar que deixo reservado as pessoas arrogantes e ela desvia o olhar, logo depois me liberando a passagem com um rosto vermelho.Sorrio para ela, agora sem nenhum traço do meu gênio, pois eu não sou o tipo de pessoa que se prende a coisas tão bobas.Entro no elevador privativo e o vejo subir, meu olhar travado em meu reflexo.Olhando para os olhos verde
SarahObservo a expressão surpresa de Samuel, enquanto ele mira o meu Mustang preto, a lataria brilhando com o último retoque que meu mecânico de confiança deu.Admito que uma parte minha se envaidece com sua expressão parte confusa e parte admirada.— Sarah... é praticamente uma peça de colecionador. — Ele declara, desviando a atenção para mim, por um breve momento e depois voltando para o carro.— Eu sei. Foi Lins que me deu. Ele era apaixonado por esse carro. — Comento, um sorriso saudoso se pronunciando em mim.— Eu imagino... — Samuel me responde, ainda parecendo encantado.— Se você prometer não ser babaca nas próximas três horas, eu troco contigo e te deixo dirigir. — Digo, enquanto me encaminho para o carro.Abro a porta do motorista e me sento nos bancos de couro bege, aspirando o cheiro de castanhas nele.Samuel abre a porta do passageiro, seu corpo grande tomando o assento ao meu lado.— Você disse três horas? — um grunhido frustrado, sai de seus lábios enquanto ele se move
Sarah“Eu tinha acabado de completar dezesseis anos, o que já é uma idade complicada por si só, ainda mais ligado a um passado traumático, uma paixão não correspondida e umas três rodadas de vodka bem caprichadas.Eu estava uma bagunça, meus cabelos curtos e escuros um pouco revoltos sobre a minha cabeça, o vestido curto que havia comprado exclusivamente para a festa, estava subindo a todo momento e meu rímel já dava sinais de que me deixaria parecida com um panda no dia seguinte.— Você viu com quem Luck saiu meia hora atrás? — Uma das meninas da minha classe, Jen ou Jeny, eu não me lembrava muito bem, havia me perguntado.— Não. — Respondi, engolindo o caroço das lágrimas.— Ela parecia tão madura... desse jeito nunca vamos conseguir uma chance com ele... — Ela se lamuriou, seu tom me parecendo muito irritante.Eu odiava isso. Odiava ter que ouvir minhas colegas de classe dizerem o quanto Lucas era bonito, o quanto ele parecia pegar a todas ou as interesseiras que se aproximavam de
SarahFinalmente eu estaciono em frente à minha casa de fachada acinzentada, as janelas com detalhes em preto. Vejo Samuel observar cada detalhe do lado de fora e os arredores.A casa em si não tem nada de especial, mas o jeito como o imóvel é integrado a vegetação árida, lhe dá um aspecto quase exótico.— Pitoresca. — Samuel comenta e não consigo dizer pelo seu tom se isso foi realmente um elogio.— Fica melhor de dentro, vamos. — Chamo e retiro o cinto, já saindo do carro.Caminho pela trilha de pedras, que eu tanto gosto e abro a porta de uma madeira escura.Sinto o corpo de Samuel as minhas costas e lhe dou passagem para passar.Antes de fechar a porta, eu vejo a vizinha idosa da frente fechar a janela com pressa.Fofoqueira...Balançando a cabeça eu fecho a porta, vendo como Samuel olha cada detalhe da minha simples sala.— A sua casa é muito aconchegante Sarah, mas ainda não estou entendendo o motivo para as três horas naquele carro. — Ele me diz e se vira para me olhar.Um pouc
SamuelAbro o pequeno armário do banheiro, que Sarah me indicou e pego uma toalha branca. Sinto o cheiro delicado e floral que está no tecido e sorrio um pouco.Sarah é do tipo de mulher que se atenta aos mínimos detalhes, antes de chamar uma casa de lar realmente.Passo o tecido macio por minha pele, me secando e depois envolvo a toalha em meu pescoço, procurando no armário as roupas que ela deixa separadas para meu pai.Acho uma calça moletom que fica um pouco curta em minhas pernas, mas serve bem ao propósito de me aquecer durante a noite. Procuro uma camisa, mas o mais próximo disso que consigo, é um casaco longo e largo dele. O coloco e só fecho até a metade do corpo. Me olho no espelho e faço uma careta, percebendo que pareço mais um garoto propaganda de algum pornô de garagem.Retiro o casaco e decido ficar sem camisa mesmo.Se Sarah e eu vamos seguir com essa ideia de casamento ela terá que se habituar a ver um pouco de pele, pois em casa é muito difícil eu ficar de camisa.N