PROMESSA VERMELHACapítulo 6. Uma mulher difícilEle a conheceu na rua, em uma daquelas ruas de Zurique onde os jovens ricos iam correr com seus carros caros, porque o trânsito era mínimo e os policiais que patrulhavam nas áreas mais problemáticas da cidade eram facilmente subornáveis.Mauro a tinha visto desconfortável, nervosa e até ríspida. Não deixava que os rapazes da sua idade se aproximassem, e embora fosse realmente muito bonita, tinha um jeito áspero e desafiador que demonstrava muita desconfiança ou pouca instrução.Depois ele descobriu, quando a seguiu até um prédio não muito longe dali. Ainara Jáuregui era descendente de imigrantes, pelo menos por parte de mãe. Não tinha conhecido seu pai e frequentava uma escola pública onde quase precisavam revistar os alunos para garantir que não levassem armas.Arredia, desconfiada, sempre pronta para brigar. Mas mesmo assim tinha o coração mais terno do mundo, e isso fez com que Mauro se apaixonasse perdidamente por ela. Seis meses e t
PROMESSA VERMELHACapítulo 7. O mesmo cenárioMauro cerrou os dentes com raiva enquanto olhava nos olhos profundos e escuros daquela mulher. Vinte e seis anos, os olhos de uma general e o temperamento de uma mercenária. Sempre tinha sido uma garota durona, mas parecia que na última década tinha se tornado menos emocional, mais fria, como se nada pudesse tirá-la do equilíbrio.—Você também exigia exames do Senador Rosso?— perguntou com escárnio porque estava certo de que aquela relação que tinha começado quando ela era apenas uma menina, tinha continuado por anos.—Não, dele eu não precisava exigir,— sentenciou Ainara se soltando das mãos dele e sorrindo com sarcasmo. —Mas você já sabe minhas condições. Agora, mestre, posso ir descansar ou precisa de mais alguma coisa?O novo magnata da medicina esportiva emitiu um grunhido baixo e cheio de raiva e se dirigiu à porta, mas antes que alcançasse a maçaneta, a voz suave da mulher atrás dele o deteve.—Mauro!— chamou ela da enorme janela de
JANEIROSEATTLE— Como você foi capaz de fazer isso?! — O rugido furioso de Zack Keller deteve sua namorada na porta de casa assim que a viu chegar.Giselle viu um papel em sua mão e nem sabia do que ele estava falando, mas nunca o tinha visto tão alterado como naquele momento.— Não sei do que você está falando...— Claro que sabe! Você abortou meu filho! Você o perdeu de propósito! — ele a acusou com raiva. — Você ao menos tinha a maldita intenção de me contar alguma coisa?!A mulher à sua frente ficou pálida.— Como... como você sabe...?Zack jogou aquele papel na direção dela e a olhou com decepção.— Você esquece que está no plano de saúde da minha empresa? — ele cuspiu, aproximando-se dela. — Assim que seu sobrenome apareceu nos registros de pagamento, me avisaram. Imagine minha alegria quando soube que o seguro tinha pago por um teste de gravidez e depois por uma ultrassonografia!Giselle se afastou dele com o rosto vermelho de vergonha, mas Zack não era do tipo que da
NOVEMBROVANCOUVER— Andrea! Na minha sala! Agora!O grito de seu chefe, um gerente médio na empresa SportUnike, a fez pular na cadeira, angustiada, porque sabia que ele estava de muito mau-humor naquele dia.— Isso é uma maldita piada? — rosnou, jogando uma pasta de documentos em seu rosto. — Eu disse claramente que precisava dos relatórios de orçamento da divisão de esportes aquáticos do mês passado!Andrea arregalou os olhos.— Mas... senhor Trembley... tenho certeza de que o senhor me disse que queria os deste mês...— Não discuta comigo, sua inútil! — vociferou o chefe. Aos cinquenta anos, Peter Trembley era tão desagradável quanto sua barriga inchada, mas Andrea tinha que suportá-lo porque mal tinha conseguido um emprego como sua assistente e disso dependiam ela e sua filha para viver. — Você não percebe o que está acontecendo? A SportUnike desapareceu! Um suíço filho da mãe a comprou e agora seremos apenas uma filial da empresa dele! Sabe o que isso significa?Andrea sab
Mas se Zack achava que algo naquela empresa estava errado, seu instinto disparou quando desceu ao estacionamento e viu Andrea encostada em uma das paredes. Ela tentava trocar os sapatos de salto por tênis baixos, mas suas mãos tremiam.Ele ficou tentado a ir falar com ela, mas algo nele ainda resistia a se envolver nos problemas alheios. Tinha uma nova empresa para dirigir, e se queria que Andrea se sentisse melhor, só precisava consertar sua empresa, não a vida pessoal dela.Por fim, viu ela ajustar o casaco e sair para o frio da rua.Observou-a de longe e percebeu que ela não pegava um táxi nem um ônibus, então provavelmente morava perto. Mas Zack não fazia ideia de quão errado estava, porque Andrea não morava nem remotamente perto; simplesmente não podia se dar ao luxo de pagar nenhum tipo de transporte.Durante quarenta minutos, a moça caminhou no frio de um inverno canadense, e quando finalmente chegou ao seu prédio, já estava quase escurecendo.— Boa tarde, senhora Wilson —
O rosto de Trembley ficou visivelmente vermelho e a dureza em seus olhos permaneceu.— Esperando Andrea? — rosnou. — Você está brincando ou acabou de chegar e não sabe que relacionamentos interpessoais são proibidos nesta empresa?— Bom, sou de aprendizado lento, mas tendo a imitar — replicou Zack com sarcasmo. — Talvez eu tenha me confundido quando vi o senhor se agarrando a ela como uma iguana com falta de sol.O velho cerrou os dentes e soltou Andrea bruscamente antes de caminhar até ele.— Não se meta no meu caminho, moleque. Você é só um recém-chegado e eu posso...— O quê? Me demitir? — interrompeu Zack com voz gélida. — Bem... pode tentar, mas verá que meu trabalho aqui não depende do senhor. Faço parte da equipe dos sonhos desta companhia e só ele pode me demitir. Tenho certeza de que não veria com bons olhos o gerente de plantão tentando me demitir sem justa causa.Trembley cerrou os punhos e o encarou com uma expressão maldosa e desafiadora.— Talvez seu emprego esteja
Furioso... não, mas frustrado e muito. Ele não conseguia entender como Andrea podia ser tão submissa com um sujeito tão desprezível. Sabia que ele era o chefe, mas que um raio caísse direto na cabeça dele se algum dia tratasse seus funcionários daquela maneira!Andrea não só se esforçava ao máximo, como fazia um bom trabalho. Era preciso ser cego para não ver que o idiota do Trembley só a diminuía daquela forma para mantê-la sob controle. E Zack não sabia por que ficava irritado com ela por permitir isso, mas o incomodava vê-la tão dócil com o chefe.Assim que a viu menos vigiada, ele a seguiu até a sala de cópias e fechou a porta atrás de si.— Ei, você nasceu com algum problema no pescoço? — perguntou, fazendo-a parar. Andrea o olhou confusa.— Como? — murmurou sem entender.— É que sua cabeça só se move pra frente e pra trás, dizendo sim. Não vi você balançar nem uma vez para os lados pra dizer não! —sibilou Zack. A moça apertou os lábios, com as bochechas coradas.— Porque nã
Dizer que Andrea tinha trabalhado duro para se preparar e conseguir uma promoção como aprendiz de representante era pouco.Trembley estava mais do que irritado por vê-la com Zack tanto tempo, mas sua primeira tentativa de demiti-lo também tinha sido a última.— Mas ele está se envolvendo com uma de suas colegas! Isso não é permitido nesta empresa! —ele gritou para o responsável de Recursos Humanos.— Pois já enviei sua carta de demissão para o corporativo e me devolveram com um aviso de NEGADO —disse o homem. — Você não pode demiti-lo.Trembley saiu dali mais do que furioso, porque em quatro meses Andrea só tinha escapado dele, mas agora parecia que tinha alguém para ajudá-la a fazê-lo. E aquele idiota parecia intocável.Andrea, por sua vez, continuava evitando-o tanto quanto podia e, embora Trembley não lhe desse trégua com o trabalho, aproveitava cada segundo para estudar os materiais que Zack lhe entregava.Ela tinha deixado todo o resto em segundo plano para estudar. Assim qu