PROMESSA VERMELHA.Capítulo 5. Uma profissionalAinara estava atordoada. Talvez fosse um sonho bonito provocado pela anestesia. Talvez aquela forma como Mauro segurava sua mão fosse apenas um desses universos alternativos em que ele não tinha se revelado o completo idiota que a tinha traído e a chamado de "profissional" sem nem ao menos dar espaço para uma explicação.Porque infelizmente, se algo estava gravado a fogo em sua cabeça mesmo depois de dez anos, era aquela imagem de Charmaine nua sobre sua cama.— Você não está morto — disse num sussurro e Mauro se inclinou em sua direção com preocupação, porque parecia que estava delirando. — Você não está morto, eu seria seu maldito paraíso e você não tem direito a isso.E nesse mesmo instante toda a ilusão romântica se quebrou. O sorriso de Mauro voltou a ser sarcástico e perigoso, e Ainara respirou tão profundamente quanto podia, sabendo que estava dando o passo para sua nova realidade como escrava daquele homem.— Fico feliz em saber q
PROMESSA VERMELHACapítulo 6. Uma mulher difícilEle a conheceu na rua, em uma daquelas ruas de Zurique onde os jovens ricos iam correr com seus carros caros, porque o trânsito era mínimo e os policiais que patrulhavam nas áreas mais problemáticas da cidade eram facilmente subornáveis.Mauro a tinha visto desconfortável, nervosa e até ríspida. Não deixava que os rapazes da sua idade se aproximassem, e embora fosse realmente muito bonita, tinha um jeito áspero e desafiador que demonstrava muita desconfiança ou pouca instrução.Depois ele descobriu, quando a seguiu até um prédio não muito longe dali. Ainara Jáuregui era descendente de imigrantes, pelo menos por parte de mãe. Não tinha conhecido seu pai e frequentava uma escola pública onde quase precisavam revistar os alunos para garantir que não levassem armas.Arredia, desconfiada, sempre pronta para brigar. Mas mesmo assim tinha o coração mais terno do mundo, e isso fez com que Mauro se apaixonasse perdidamente por ela. Seis meses e t
PROMESSA VERMELHACapítulo 7. O mesmo cenárioMauro cerrou os dentes com raiva enquanto olhava nos olhos profundos e escuros daquela mulher. Vinte e seis anos, os olhos de uma general e o temperamento de uma mercenária. Sempre tinha sido uma garota durona, mas parecia que na última década tinha se tornado menos emocional, mais fria, como se nada pudesse tirá-la do equilíbrio.—Você também exigia exames do Senador Rosso?— perguntou com escárnio porque estava certo de que aquela relação que tinha começado quando ela era apenas uma menina, tinha continuado por anos.—Não, dele eu não precisava exigir,— sentenciou Ainara se soltando das mãos dele e sorrindo com sarcasmo. —Mas você já sabe minhas condições. Agora, mestre, posso ir descansar ou precisa de mais alguma coisa?O novo magnata da medicina esportiva emitiu um grunhido baixo e cheio de raiva e se dirigiu à porta, mas antes que alcançasse a maçaneta, a voz suave da mulher atrás dele o deteve.—Mauro!— chamou ela da enorme janela de
PROMESSA VERMELHA.Capítulo 8. Um serviço de alto padrãoDizer que seu fôlego se foi em um único suspiro era pouco. O corpo de Ainara tinha mudado muito em dez anos, definitivamente tinha ganhado peso em curvas, sua pele parecia firme e quente sobre músculos suaves. Era robusta, mulher, Mauro não sabia como definir, mas talvez essa fosse a palavra: tinha se tornado uma mulher, e em seus olhos já não restava nem vestígio da inocência pela qual ele acreditava ter se apaixonado.Ela usava uma pequena camisola vermelha que não tentava seduzir, mas mesmo assim o homem não pôde evitar que aquela maldita foto voltasse à sua cabeça, a da mulher vestida de vermelho no site...—Maldição! —rosnou caminhando em direção a ela com passos lentos e uma negativa silenciosa, e um segundo depois sua boca se chocava contra a de Ainara, rasgando aquela camisola sem contemplações.Era doce e amarga ao mesmo tempo. As lembranças doíam e mesmo assim o desejo era mais forte que ele. A pele de Ainara era fogo c
PROMESSA VERMELHA.Capítulo 9. CuriosidadeAinara prendeu a respiração, mas nem por um instante se deixou intimidar. Mauro podia saber onde ela tinha ido, mas não o que tinha feito, porque em mais de dez anos nem os melhores investigadores tinham conseguido descobrir o que exatamente ela fazia quando ia àquele lugar.Então respirou fundo, passou por ele dando um tapinha em seu ombro como se não se importasse, e arrumou uma mala pequena. Estava pronta em menos de dez minutos e embora ele estivesse infinitamente irritado, ainda assim foi um cavalheiro para ajudá-la a subir na caminhonete.Ainara podia ver em seu olhar, ele queria sufocá-la com as próprias mãos, mas era bem educado o suficiente para fazê-lo nos momentos mais íntimos e perigosos.Então quase três horas depois a deixava em um hotel de luxo no mesmo centro da cidade capital e partia para falar com quem estava responsável pelo projeto de construção do novo hospital.Ainara não demorou para se acomodar e dormir, e no dia segui
PROMESSA VERMELHA.Capítulo 10. Vai tomando notaMauro jamais teria se achado capaz daquela exigência até que no dia seguinte viu passar de novo uma cobrança enorme em seu cartão de crédito. Mais de cinco mil francos de uma vez, mas embora não doesse e não fosse fazer a estupidez de perguntar em que ela os gastava, o que o incomodava era que Ainara não estava se contendo nem um pouco, nem sequer para bancar a boazinha ou... ou pelo menos fazer menos evidente que aquilo era uma transação!Ligou para o número de telefone que ela tinha dado e a ouviu atender imediatamente."Mauro?..."—Ontem cheguei muito tarde e fui cavalheiro o suficiente para deixar você descansar —sibilou ele com irritação—. Mas como é evidente que já descansou, diga ao motorista para te trazer ao escritório, preciso que você cuide de mim.O silêncio que se fez do outro lado foi sepulcral, mas muito breve, até que só ouviu uma concordância que tentava não ser muito... risonha?"Estou indo."Mauro piscou devagar, teria
PROMESSA VERMELHA.Capítulo 11. Uma notícia dolorosaMauro olhou para aquele lugar com expressão curiosa, e se aproximou só para ver Ainara distribuindo brinquedos entre as crianças e entregando aquela caixa de material escolar às professoras. Parecia que havia uma festa na escolinha, e a moça tentava não ser o centro dela apesar de tudo.Mauro a observou durante um tempo e depois quando o motorista voltou com outra carga, até ajudou a carregar metade das caixas.Ainara não disse nada quando o viu ali, nem sequer se surpreendeu ou se sobressaltou, e quando terminaram se despediu educadamente e caminhou junto a ele pela longa rua que margeava a instalação.—Interessante em que você está gastando meu dinheiro —murmurou Mauro e ela sorriu com uma negativa condescendente.—Bem, como você mesmo diz, você tem muito dinheiro, considere que só estou te ajudando, a partir de agora eu vou me encarregar de que você faça caridade como um menino bonito bonzinho —suspirou.—Minha empresa já tem uma
PROMESSA VERMELHA.Capítulo 12. Verdades—Quem te disse?! —sibilou ela—. A mesma que se meteu na sua cama na primeira oportunidade?!Mauro passou as mãos pelos cabelos e negou com raiva.—Eu vi você, Ainara! Vi com meus próprios olhos! Vi você com Rosso! Vai negar?! —disparou—. E não sou imbecil, sei as condições em que você vivia, e se sua mãe estava doente nem posso imaginar, mas também me lembro que você nunca quis aceitar um franco meu! E em vez disso aceitava do Rosso, aceitava do Lugh e do Cassiel...!Ainara recuou vivamente, como se tivesse levado um tapa.—Como é?! Está dizendo que eu também dormia com Lugh e com Cassiel?... Seus amigos?! —gritou exasperada.—Não, com eles não, mas sei que eles te pagaram para que você dormisse comigo! —replicou Mauro—. Sei que te pagaram para que você me tirasse o "bom" e o "virgem"! E caramba, devem ter te pago muito porque sei que eu também tirei sua virgindade! —rosnou ele e Ainara o olhou nos olhos como se não pudesse acreditar.Finalmente