PROMESSA VERMELHA.Capítulo 4. Um estranho pesadeloEntre o olhar decidido de Mauro Keller e o atordoado do Senador Russo, era evidente quem levava a melhor, e por mais que Loan tentasse levar aquilo a um ponto razoável, era claro que seu filho não cederia e que o senador estava realmente interessado em que Ainara sobrevivesse.— Por que você está fazendo isso? — perguntou e antes que Mauro respondesse com um cortante "Não é problema seu", Loan abriu seus olhos o suficiente para que se controlasse ao menos um pouco.— Eu a conheço há muitos anos. Ela é uma mulher inteligente, sabe o que é melhor para ela. Então pode ficar tranquilo que ela estará bem — sentenciou.Ninguém se atreveu a dizer mais nada, e a única coisa que viram foi um gesto de assentimento do senador enquanto saía dali.— Quer que ele nos faça a vida impossível? — escandalizou-se Loan assim que ficaram sozinhos. — O que você está fazendo, Mauro?! Vai mesmo doar metade do seu fígado?! Assim, do nada?! Quer que sua mãe me
PROMESSA VERMELHA.Capítulo 5. Uma profissionalAinara estava atordoada. Talvez fosse um sonho bonito provocado pela anestesia. Talvez aquela forma como Mauro segurava sua mão fosse apenas um desses universos alternativos em que ele não tinha se revelado o completo idiota que a tinha traído e a chamado de "profissional" sem nem ao menos dar espaço para uma explicação.Porque infelizmente, se algo estava gravado a fogo em sua cabeça mesmo depois de dez anos, era aquela imagem de Charmaine nua sobre sua cama.— Você não está morto — disse num sussurro e Mauro se inclinou em sua direção com preocupação, porque parecia que estava delirando. — Você não está morto, eu seria seu maldito paraíso e você não tem direito a isso.E nesse mesmo instante toda a ilusão romântica se quebrou. O sorriso de Mauro voltou a ser sarcástico e perigoso, e Ainara respirou tão profundamente quanto podia, sabendo que estava dando o passo para sua nova realidade como escrava daquele homem.— Fico feliz em saber q
PROMESSA VERMELHACapítulo 6. Uma mulher difícilEle a conheceu na rua, em uma daquelas ruas de Zurique onde os jovens ricos iam correr com seus carros caros, porque o trânsito era mínimo e os policiais que patrulhavam nas áreas mais problemáticas da cidade eram facilmente subornáveis.Mauro a tinha visto desconfortável, nervosa e até ríspida. Não deixava que os rapazes da sua idade se aproximassem, e embora fosse realmente muito bonita, tinha um jeito áspero e desafiador que demonstrava muita desconfiança ou pouca instrução.Depois ele descobriu, quando a seguiu até um prédio não muito longe dali. Ainara Jáuregui era descendente de imigrantes, pelo menos por parte de mãe. Não tinha conhecido seu pai e frequentava uma escola pública onde quase precisavam revistar os alunos para garantir que não levassem armas.Arredia, desconfiada, sempre pronta para brigar. Mas mesmo assim tinha o coração mais terno do mundo, e isso fez com que Mauro se apaixonasse perdidamente por ela. Seis meses e t
PROMESSA VERMELHACapítulo 7. O mesmo cenárioMauro cerrou os dentes com raiva enquanto olhava nos olhos profundos e escuros daquela mulher. Vinte e seis anos, os olhos de uma general e o temperamento de uma mercenária. Sempre tinha sido uma garota durona, mas parecia que na última década tinha se tornado menos emocional, mais fria, como se nada pudesse tirá-la do equilíbrio.—Você também exigia exames do Senador Rosso?— perguntou com escárnio porque estava certo de que aquela relação que tinha começado quando ela era apenas uma menina, tinha continuado por anos.—Não, dele eu não precisava exigir,— sentenciou Ainara se soltando das mãos dele e sorrindo com sarcasmo. —Mas você já sabe minhas condições. Agora, mestre, posso ir descansar ou precisa de mais alguma coisa?O novo magnata da medicina esportiva emitiu um grunhido baixo e cheio de raiva e se dirigiu à porta, mas antes que alcançasse a maçaneta, a voz suave da mulher atrás dele o deteve.—Mauro!— chamou ela da enorme janela de
JANEIROSEATTLE— Como você foi capaz de fazer isso?! — O rugido furioso de Zack Keller deteve sua namorada na porta de casa assim que a viu chegar.Giselle viu um papel em sua mão e nem sabia do que ele estava falando, mas nunca o tinha visto tão alterado como naquele momento.— Não sei do que você está falando...— Claro que sabe! Você abortou meu filho! Você o perdeu de propósito! — ele a acusou com raiva. — Você ao menos tinha a maldita intenção de me contar alguma coisa?!A mulher à sua frente ficou pálida.— Como... como você sabe...?Zack jogou aquele papel na direção dela e a olhou com decepção.— Você esquece que está no plano de saúde da minha empresa? — ele cuspiu, aproximando-se dela. — Assim que seu sobrenome apareceu nos registros de pagamento, me avisaram. Imagine minha alegria quando soube que o seguro tinha pago por um teste de gravidez e depois por uma ultrassonografia!Giselle se afastou dele com o rosto vermelho de vergonha, mas Zack não era do tipo que da
NOVEMBROVANCOUVER— Andrea! Na minha sala! Agora!O grito de seu chefe, um gerente médio na empresa SportUnike, a fez pular na cadeira, angustiada, porque sabia que ele estava de muito mau-humor naquele dia.— Isso é uma maldita piada? — rosnou, jogando uma pasta de documentos em seu rosto. — Eu disse claramente que precisava dos relatórios de orçamento da divisão de esportes aquáticos do mês passado!Andrea arregalou os olhos.— Mas... senhor Trembley... tenho certeza de que o senhor me disse que queria os deste mês...— Não discuta comigo, sua inútil! — vociferou o chefe. Aos cinquenta anos, Peter Trembley era tão desagradável quanto sua barriga inchada, mas Andrea tinha que suportá-lo porque mal tinha conseguido um emprego como sua assistente e disso dependiam ela e sua filha para viver. — Você não percebe o que está acontecendo? A SportUnike desapareceu! Um suíço filho da mãe a comprou e agora seremos apenas uma filial da empresa dele! Sabe o que isso significa?Andrea sab
Mas se Zack achava que algo naquela empresa estava errado, seu instinto disparou quando desceu ao estacionamento e viu Andrea encostada em uma das paredes. Ela tentava trocar os sapatos de salto por tênis baixos, mas suas mãos tremiam.Ele ficou tentado a ir falar com ela, mas algo nele ainda resistia a se envolver nos problemas alheios. Tinha uma nova empresa para dirigir, e se queria que Andrea se sentisse melhor, só precisava consertar sua empresa, não a vida pessoal dela.Por fim, viu ela ajustar o casaco e sair para o frio da rua.Observou-a de longe e percebeu que ela não pegava um táxi nem um ônibus, então provavelmente morava perto. Mas Zack não fazia ideia de quão errado estava, porque Andrea não morava nem remotamente perto; simplesmente não podia se dar ao luxo de pagar nenhum tipo de transporte.Durante quarenta minutos, a moça caminhou no frio de um inverno canadense, e quando finalmente chegou ao seu prédio, já estava quase escurecendo.— Boa tarde, senhora Wilson —
O rosto de Trembley ficou visivelmente vermelho e a dureza em seus olhos permaneceu.— Esperando Andrea? — rosnou. — Você está brincando ou acabou de chegar e não sabe que relacionamentos interpessoais são proibidos nesta empresa?— Bom, sou de aprendizado lento, mas tendo a imitar — replicou Zack com sarcasmo. — Talvez eu tenha me confundido quando vi o senhor se agarrando a ela como uma iguana com falta de sol.O velho cerrou os dentes e soltou Andrea bruscamente antes de caminhar até ele.— Não se meta no meu caminho, moleque. Você é só um recém-chegado e eu posso...— O quê? Me demitir? — interrompeu Zack com voz gélida. — Bem... pode tentar, mas verá que meu trabalho aqui não depende do senhor. Faço parte da equipe dos sonhos desta companhia e só ele pode me demitir. Tenho certeza de que não veria com bons olhos o gerente de plantão tentando me demitir sem justa causa.Trembley cerrou os punhos e o encarou com uma expressão maldosa e desafiadora.— Talvez seu emprego esteja