Milo abriu os olhos lentamente, atordoado pela explosão e o caos ao seu redor. Sua cabeça doía horrivelmente e não sentia o corpo, e para ser honesto, tinha até medo de se examinar. Percebeu que John tinha o derrubado bem a tempo de evitar que a explosão da escotilha o atingisse. Olhou para o lado e o viu caído junto dele."Jhon... Jhon!" até achou que estava gritando, mas de sua boca não saía som nenhum.—Jhon! Milo! —As vozes dos seus companheiros chegaram nesse momento e a equipe entrou correndo sem se importar com o perigo.Um dos rapazes se inclinou sobre ele para examiná-lo enquanto Martinez checava Jhon, que abriu os olhos poucos segundos depois, também atordoado.Aos poucos Milo foi recuperando o controle sobre seu corpo e sua mente foi clareando.—Você precisa me dizer se está sentindo dor em algum lugar. Consegue mexer a mão? —perguntaram e Milo assentiu.O ajudaram a sentar no meio de um gemido incomodado e dois minutos depois ele e Jhon já conseguiam ficar de pé.—Pelo baru
Milo assentiu com um suspiro e forçou um sorriso para tranquilizar sua mãe. Saiu dali direto para casa e tomou um banho e se trocou antes de ir ver Niko, a última coisa que queria era assustá-lo. Depois se dirigiu ao apartamento de Chiara e quando chegou, encontrou o pequeno sentado numa cadeira com o olhar perdido e os braços cruzados sobre o peito.No entanto, aquela postura desapareceu imediatamente quando viu Milo aparecer.—Papai! —gritou correndo em direção a ele e Milo estendeu seus braços para alcançá-lo, segurando-o até que o susto diminuísse.Milo sabia que bem no fundo do subconsciente de Niko estava a possibilidade de ser abandonado, então não ter notícias do seu pai por tantas horas o tinha deixado muito sensível.Milo o abraçou com força e sentiu como o pequeno se agarrava aos seus braços. Ficaram assim por um bom tempo até que finalmente Milo se separou para olhá-lo nos olhos.—Ei, campeão —disse—. Você não precisa ficar assustado se o papai não estiver aqui. Não se preo
Milo se ajoelhou ao lado da cama do hospital e, com a mão trêmula, acariciou suavemente o rosto pálido de Anja. A tristeza e a preocupação se refletiam em seus olhos enquanto observava inconsciente aquela mulher que havia roubado seu coração. Sua voz, entrecortada pelo medo, se elevou num sussurro triste.—Querida, por favor, você precisa acordar —ele disse—. Niko e eu precisamos de você. Por favor, acorde. —Suas palavras pairavam no ar carregadas de angústia, ansiando desesperadamente por uma resposta—. Sei que agora é mais fácil desistir, mas você não é assim, não é? Você não é do tipo que desiste, querida, então você precisa acordar, por favor...Seus olhos cheios de lágrimas refletiam o medo e a confusão. Com um gesto silencioso, Niko se deitou ao lado de sua mãe, abraçando-a com ternura.—Bom dia! —exclamou como se isso fosse o sinal para ela abrir os olhos, e Milo sentiu que sua alma estava por um fio porque não suportava que seu filho perdesse mais alguém.—Niko, campeão, a mamã
Anja sentia que o coração sairia do peito ao perceber que mal conseguia se mexer. Seus membros pareciam pesados e sua fraqueza era evidente.—Doutor, o que está acontecendo? —perguntou Milo ao ver a cara de preocupação do médico.—Me desculpe, Anja, mas preciso fazer um novo teste de sensibilidade para termos mais certeza. Posso? —disse o médico tirando sua caneta do bolso do jaleco.—Sim... claro...O médico pegou a caneta e com delicadeza, começou a passar a ponta sobre as mãos e os pés de Anja.—Preciso que você me diga em que direção sente o toque.Anja tentou responder apesar de estar nervosa. Ela sentia cada toque, mas sua resposta era fraca, como se seus sentidos estivessem diminuídos.—Anja —disse o médico suavemente—, parece que seus nervos estão funcionando corretamente, mas você está apresentando uma fraqueza notável. Precisamos realizar mais exames para determinar o quão sério é, tudo bem? Os médicos vão levá-la e eu estarei com você em um minuto.Anja, incapaz de conter as
Momentos depois, o médico entrou com uma folha de resultados nas mãos e expressão tranquila.—Tenho boas notícias, todas boas, Anja, então por favor preciso que você fique calma —explicou—. Você ficou um tempo em hipóxia quando aconteceu o... acidente. Então é normal que fiquem algumas sequelas, mas acredite, não são tão graves. A fraqueza muscular que você tem pode ser reversível. Em alguns dias, se você evoluir bem, vamos dar alta e imediatamente começaremos com o tratamento. A melhor notícia de todas é que sua recuperação, absolutamente toda ela, dependerá de você, e já sabemos que você é uma guerreira, então com força de vontade em seis meses tudo isso terá ficado para trás.Anja assentiu enquanto um soluço escapava de seu peito.—Posso aguentar seis meses —garantiu entre lágrimas—. Eu posso aguentar seis meses.—Você pode com tudo —garantiu Milo beijando sua testa.—Então vamos nos acalmar e celebrar que você está viva e que muito em breve estará totalmente recuperada —animou o do
Milo pegou Anja no colo para levá-la até o carro, acomodou-a no banco do passageiro e depois sentou-se ao volante pronto para levá-la para casa. Pegaram o trânsito em silêncio, mas ele notou como um dos dedos de Anja se mexia sobre o botão da janela. Ele abaixou o vidro para ela do seu lado e a moça suspirou com a brisa suave da manhã.—Obrigada —murmurou ela fechando o punho—. Já tenho bastante controle das minhas mãos, mas ainda não tenho muita força.—Logo você terá, fica tranquila. Enquanto isso, vamos para casa tirar esse cheiro horrível de hospital —sorriu Milo, mas não pôde evitar notar a expressão triste e preocupada de Anja, como se algo a estivesse perturbando profundamente. Enquanto dirigia, decidiu criar coragem e abordar o assunto.—Anja, querida, como você está se sentindo, no que está pensando? —perguntou Milo com suavidade.Anja olhou pela janela por um momento antes de responder com voz trêmula:—Não consigo parar de pensar nas palavras daquela enfermeira. E se for ver
E talvez naquele momento Anja soube que algo em sua vida tinha mudado para sempre, e não tinha nada a ver com sua doença.No dia seguinte, Milo a acordou cedo para sua primeira sessão de fisioterapia, e Anja nem pensou em reclamar de começar o dia na banheira com ele.—Querida, você está me mordendo? —perguntou Milo de repente e a viu fazer uma careta de criança pega no flagra.—Mmmm... não, estava te beijando.—O pescoço? Agora você é vampira?—Não, mas pensei que talvez uma marquinha manteria longe a próxima assanhada —suspirou ela—. Como ainda não sei quem vai ser meu fisioterapeuta...—Bom, então estamos ferrados, porque se for mulher você tem um treco, e se for homem eu tenho. Espera aí, deixa eu te marcar também, só por precaução.Anja caiu na gargalhada e aquele era o melhor som do mundo para Milo, embora sendo honesto quando viu que o fisioterapeuta de Anja era uma cópia sarada do Pé Grande, quase teve um treco de verdade.Por sorte ele também era um tirano, ranzinza, rabugento
Anja estava totalmente comprometida com seu processo de recuperação física. Dedicava horas incansáveis às sessões de fisioterapia, trabalhando arduamente para fortalecer seu corpo e superar os desafios que surgiam. À medida que os dias passavam, ela notava melhoras significativas em sua força muscular e em sua capacidade de se mover com mais facilidade.Mas Pé Grande estava certo, toda a sua vida não podia girar em torno disso, então o trabalho na instituição a absorvia com a mesma intensidade. Sem contar, é claro, que Niko ocupava toda a sua atenção quando chegava da escolinha, e era o melhor terapeuta do mundo porque acompanhar o ritmo dele era difícil até para Milo.Três semanas depois, a instituição recebeu seu primeiro bebê. Era um pequeno de quase um ano, vítima de tráfico de crianças. A equipe de especialistas imediatamente se encarregou de cuidar dele e lhe dar todo o amor e atenção necessários até que pudessem reuni-lo com seus pais novamente, e ao final daquele dia Anja soube