O movimento de John foi preciso e habilidoso. Seu taco de golfe foi golpear a parte de trás do joelho de Heston, que caiu no chão com um grito de dor.Ele parecia relaxado, como se estivesse dirigindo uma peça teatral em que conhecia perfeitamente o desfecho.—Chiara, vá para o quarto, amor. Por favor? —Em contraste com o que estava fazendo, seu tom foi muito doce e Chiara obedeceu sem hesitar, mas não se preocupou em se trancar, porque enquanto John estivesse ali, ela não tinha nada a temer.Assim que ela desapareceu pela porta, ele chutou Heston para que ficasse de barriga para cima.—Você não sabe a sorte que tem, infeliz, eu tenho permissão para disparar armas no mundo todo e você está invadindo propriedade privada —sibilou—. Não faz ideia de quanto estou me controlando para usar só um maldito taco de golfe.Descarregou-o sobre um lado de Heston e o viu tentar recuar.—Já te dei uma chance de fugir —disse com voz baixa—. E mesmo assim voltou para machucar a Chiara. Então não vou te
—John, somos o maior banco em um país que é um paraíso fiscal —respondeu—. Guardamos o dinheiro de presidentes, senadores, ministros, magnatas da tecnologia e sim, de empresários de moral duvidosa. Mas meu trabalho é aceitar a comprovação da procedência do dinheiro deles, não investigá-la.John ficou um pouco atordoado.—Como assim não tem que investigar? Você poderia estar guardando dinheiro de organizações terroristas...—Olha, também não exagera, temos filtros fortes nesse sentido, mas você precisa entender que o banco movimenta mais de quatrocentos milhões de francos por dia, é impossível conhecer a intenção por trás de cada transferência. Se um presidente rouba dinheiro do seu partido ou da sua campanha, como vou saber? Se alguém recebe para matar outra pessoa, como vou saber? Nós só vemos números mudando de lugar. Ou você acha que alguém vai colocar na sua declaração: "ganhos com drogas em março"?John respirou profundamente. Não, ele não sabia como os bancos funcionavam, para is
Chiara piscou, atordoada. Sempre soubera que ele não era um príncipe encantado, afinal, tinha permitido que o inimigo de seu irmão se afogasse em cimento sem mover um dedo para salvá-lo. Mas era verdade, não estava falando com um homem comum, ele era o Diretor de Crime Organizado da maior agência de espionagem do mundo, era impossível que se comportasse de outra forma.Então realmente só tinha duas opções, aceitá-lo ou se afastar, e se afastar estava cada vez mais difícil. Caminhou até ele devagar e não precisou dizer nada. John puxou sua mão e a envolveu num abraço intenso.—A rainha está segura —murmurou—. Enquanto a rainha estiver segura, todo o resto pode ser sacrificado.Chiara retribuiu o abraço e ficou na ponta dos pés para beijá-lo.—Não sei onde estou me metendo —reconheceu com sinceridade—. Só espero que possamos ficar bem.Ficou na ponta dos pés para beijá-lo e John se entregou àquele momento. A amava, e estava certo de que dali para frente aquele sentimento só ficaria mais
— Você e eu? — John riu como se fosse óbvio. — Querida, o Serviço Secreto da Casa Branca é menos sério que nós!Chiara o envolveu com seus braços e o beijou com pura sedução antes de puxá-lo e subir as escadas daquele ático boêmio no coração da cidade.— Comprei para nós! — disse abrindo os braços e apontando ao redor.John ficou pasmo.— É sério?— Bem... está no meio do caminho entre você e eu. Se nos organizarmos, poderemos nos ver quase todos os dias — sorriu ela, e John a levantou pela cintura, dando uma volta no ar.Mais tarde ele ficaria todo homem das cavernas querendo ajudar a pagar parte do apartamento, mas no momento não ia estragar tudo com protestos, só queria comemorar.— Isso é a melhor coisa ruim que você já fez na vida! — exclamou. — Eu adorei! Você não sabe a falta que me faz todos os dias. Só consigo pensar em estar com você... Vou te amar todos os dias! Forte contra a mesa, a parede, o chão, a cama, a cadeira...!Chiara ria feliz, emocionada com aquela nova vida que
John queria que a terra o engolisse. Chiara estava naquela foto cumprimentando o maior chefão da máfia que a Itália tinha tido nas últimas décadas, porque ele tinha sido esperto o suficiente para ir transferindo seus negócios para uma assustadora legalidade.— Eu o quero atrás das grades, John — sentenciou o subdiretor. — Se não podemos relacioná-lo diretamente com um carregamento de drogas, tudo bem, mas já sabemos que ele está colocando dinheiro em um banco em Zurique. Nós temos monitorado muito de perto suas finanças, e essa quantidade de maletas... deve ter mais de cem milhões de euros aí, John. Então preciso de evidência. Não posso me aposentar sem ganhar pelo menos um caso como este!John assentiu, mas antes que pudesse inventar alguma desculpa, o Subdiretor o confrontou.— É só evidência, nada mais, e tenho certeza que você pode consegui-la — disse com um tom que o deixou alerta em um segundo.— Desculpe? — murmurou. — O que o faz acreditar que eu poderia...?— Por favor, John!
— Muito bem, então pense nisso enquanto cumpre outra tarefa — sentenciou o Subdiretor. — Tenho problemas com a divisão que está no México. Preciso que você vá ajudar durante algumas semanas. Arrume tudo que você vai agora mesmo.John segurou o palavrão, porque sabia que não havia escapatória, então se limitou a assentir e saiu do escritório. O irritava ir embora sem se despedir de Chiara, cinco minutos antes estava trabalhando como sempre tinha feito e agora estava sendo enviado para outro continente sem ter a oportunidade de se despedir de sua mulher. Estava furioso por ter que ir sem dizer nada, mas não podia se dar ao luxo de comentar por telefone o que estava acontecendo.Pelo menos esperava poder ganhar algum tempo para colocar as coisas em ordem.Enquanto pegava sua mala de emergência, tentava pensar em um modo de proteger Chiara do perigo em que poderia estar metida por receber o dinheiro de Franco Garibaldi. No entanto, assim que aterrissaram do outro lado do oceano, sua preocu
John sentia que o peito apertava enquanto Chiara chorava em seus braços.— Calma, não aconteceu nada... está tudo bem, eu prometo, amor, está tudo bem, confie em mim — garantiu.Chiara continuava tremendo, estava aterrorizada que algo pior pudesse ter acontecido com ele.— Foi só um arranhão no quadril. Não aconteceu nada sério...John tentava acalmá-la com suas palavras, mas Chiara ainda estava em choque. Ele a abraçou com força enquanto ela continuava chorando desconsoladamente, e de soslaio observou o subdiretor, que continuava de pé na porta.Passou pelo menos uma hora até que Chiara se acalmou por completo e saiu para pegar um café, então seu chefe entrou para ter a conversa que ele estava esperando.— Você fez isso? Você nos delatou para que caíssemos em uma emboscada e assim poder trazer Chiara aqui? — disparou com raiva e o viu assentir com a cabeça.— Esta é uma profissão com muitos riscos, e eu sei aproveitar os riscos — disse o subdiretor. — Se você se comprometer a seguir m
— Muito bem, John, é evidente que você precisa de um tempo livre — disse com um sorriso mecânico. — Mandarei preparar o avião para vocês e, claro, vou colocar agentes ao seu redor o tempo todo. Não se preocupe, senhora! — advertiu virando-se para Chiara. — Você nem vai notá-los, é só para nos certificarmos de que John estará seguro, ele é um ativo muito importante para nós, você deve imaginar.Chiara assentiu, mas a expressão de John continuava impenetrável e severa.Naquela mesma noite partiram em um voo para Paris, e várias horas depois entravam em seu apartamento. Chiara levou John ao banheiro e o mimou enquanto ficavam juntos na banheira por um longo tempo. Queria saber tudo que tinha acontecido, mas ele ainda estava tenso e ela preferiu não incomodá-lo.— Quer um comprimido para conseguir dormir? — perguntou Chiara mais tarde porque era evidente que os dois ainda estavam com os nervos à flor da pele.— Não, amor, mas você deveria tomar um, o fuso horário e a falta de sono podem te