— Muito bem, então pense nisso enquanto cumpre outra tarefa — sentenciou o Subdiretor. — Tenho problemas com a divisão que está no México. Preciso que você vá ajudar durante algumas semanas. Arrume tudo que você vai agora mesmo.John segurou o palavrão, porque sabia que não havia escapatória, então se limitou a assentir e saiu do escritório. O irritava ir embora sem se despedir de Chiara, cinco minutos antes estava trabalhando como sempre tinha feito e agora estava sendo enviado para outro continente sem ter a oportunidade de se despedir de sua mulher. Estava furioso por ter que ir sem dizer nada, mas não podia se dar ao luxo de comentar por telefone o que estava acontecendo.Pelo menos esperava poder ganhar algum tempo para colocar as coisas em ordem.Enquanto pegava sua mala de emergência, tentava pensar em um modo de proteger Chiara do perigo em que poderia estar metida por receber o dinheiro de Franco Garibaldi. No entanto, assim que aterrissaram do outro lado do oceano, sua preocu
John sentia que o peito apertava enquanto Chiara chorava em seus braços.— Calma, não aconteceu nada... está tudo bem, eu prometo, amor, está tudo bem, confie em mim — garantiu.Chiara continuava tremendo, estava aterrorizada que algo pior pudesse ter acontecido com ele.— Foi só um arranhão no quadril. Não aconteceu nada sério...John tentava acalmá-la com suas palavras, mas Chiara ainda estava em choque. Ele a abraçou com força enquanto ela continuava chorando desconsoladamente, e de soslaio observou o subdiretor, que continuava de pé na porta.Passou pelo menos uma hora até que Chiara se acalmou por completo e saiu para pegar um café, então seu chefe entrou para ter a conversa que ele estava esperando.— Você fez isso? Você nos delatou para que caíssemos em uma emboscada e assim poder trazer Chiara aqui? — disparou com raiva e o viu assentir com a cabeça.— Esta é uma profissão com muitos riscos, e eu sei aproveitar os riscos — disse o subdiretor. — Se você se comprometer a seguir m
— Muito bem, John, é evidente que você precisa de um tempo livre — disse com um sorriso mecânico. — Mandarei preparar o avião para vocês e, claro, vou colocar agentes ao seu redor o tempo todo. Não se preocupe, senhora! — advertiu virando-se para Chiara. — Você nem vai notá-los, é só para nos certificarmos de que John estará seguro, ele é um ativo muito importante para nós, você deve imaginar.Chiara assentiu, mas a expressão de John continuava impenetrável e severa.Naquela mesma noite partiram em um voo para Paris, e várias horas depois entravam em seu apartamento. Chiara levou John ao banheiro e o mimou enquanto ficavam juntos na banheira por um longo tempo. Queria saber tudo que tinha acontecido, mas ele ainda estava tenso e ela preferiu não incomodá-lo.— Quer um comprimido para conseguir dormir? — perguntou Chiara mais tarde porque era evidente que os dois ainda estavam com os nervos à flor da pele.— Não, amor, mas você deveria tomar um, o fuso horário e a falta de sono podem te
Chiara caminhava desesperada de um lado para outro do quarto.— Não pode ser... Meu Deus, não pode ser! — exclamou enquanto a angústia se apoderava de seu coração.Do outro lado da escrivaninha estava Noémi, tão consternada e assustada quanto ela.— Não entendo como isso pôde vazar. Quer dizer... Só nós temos acesso a essas contas! Nem mesmo os gerentes regionais... ninguém além de nós, Chiara!— Então como aconteceu?! Nos hackearam?! — disparou sua gêmea. — É que não pode ser, meu Deus! Temos que descobrir como entraram em nossos servidores. O resto dos nossos clientes também pode estar comprometido. Droga!Chiara sentia que sua cabeça ia explodir, ficou tonta e se apoiou na escrivaninha com a cabeça baixa para suportar. Noémi saiu para fazer uma diligência após outra, mas finalmente não teve escolha a não ser pegar o celular e fazer aquela ligação.Infelizmente, muito logo percebeu que o problema era maior do que imaginava. Franco Garibaldi, o Conte da 'Ndrangheta, havia sido detido
Chiara engoliu em seco e desviou o olhar, em sua mente só vinha John, não porque acreditasse que ele tinha algo a ver com aquilo, mas porque seu primeiro pensamento era pedir ajuda para resolver aquela situação.—Serão apenas alguns dias, senhor Garibaldi. Garanto que vou tirá-lo daqui.E essa era uma promessa que ela precisava cumprir a qualquer custo.Saiu do tribunal de justiça e deixou os advogados instalados na cidade enquanto ela seguia para Paris naquele avião. Enquanto subia as escadas até sua cobertura, seu coração batia desesperadamente, e no momento em que apareceu na porta, John teve que se lançar para segurá-la, porque parecia que ela ia desmaiar a qualquer momento.—Chiara! Querida, o que está acontecendo...? —"Maldição!", ele sabia muito bem o que estava acontecendo.Mas ela apenas se dirigiu à cozinha e lavou o rosto com água da torneira, esperando que aquela tontura passasse.—Preciso da sua ajuda —murmurou ela—. Preciso da sua ajuda, John, por favor! Está tudo um desa
Chiara sentia que não conseguia respirar, seu peito estava apertado e as lágrimas subiam aos seus olhos sem que pudesse evitar.—Como você pôde...? —soluçou tentando se afastar dele—. Como você pôde fazer isso comigo? Você... você me traiu!—Claro que não, só estou tentando te tirar do problema!—Me tirar?! —gritou Chiara desesperada enquanto levava as duas mãos à cabeça—. Me tirar de um problema em que você mesmo me meteu? Ninguém sabia sobre Franco Garibaldi! Ninguém podia ter acesso à conta dele além de mim até que...!Chiara se afastou cambaleando e se apoiou no balcão da cozinha por um momento antes de abrir apressadamente a lixeira e devolver dentro o pouco que havia comido naquele dia.John puxou os cabelos com impotência, mas assim que tentou ajudá-la, ela se afastou instintivamente. Chiara tentou lavar o rosto na torneira da cozinha, mas sabia que aquelas lágrimas não parariam de cair. Como ela pôde se enganar tanto com ele? Como ele foi capaz de machucá-la tanto depois de tud
Há uma semana estava chorando desesperada rezando para que John não morresse, e agora só podia pensar em todo o mal que ele lhe fazia apenas por respirar.Encolheu-se em um assento e chorou durante todo o voo, não pôde evitar. No entanto, quando aterrissou em Haia, já havia tomado uma decisão. Dirigiu-se ao hotel onde estava a equipe de advogados e se reuniu com eles. Mas embora todos a desaconselhassem sobre a estratégia que queria seguir, Chiara sabia que era a única maneira.Naquela mesma tarde, Noémi chegou a Haia. Protestou, gritou, ameaçou massacrar John e todos os seus ancestrais, mas não conseguiu fazer sua irmã mudar de ideia. Voltaram para Zurique no dia seguinte e Chiara começou a liquidar todos os ativos de sua fortuna pessoal. Não era simples reunir todo o dinheiro que precisava, mas sabia que tirar o italiano da cadeia não era suficiente.—Isso não pode estar acontecendo, Deus! É tão injusto! —rosnou Noémi ao ver que Chiara reunia para devolver até o último centavo a Fran
"Ela pagará por ele...""Ela pagará por ele...""Ela pagará por ele...""Ela pagará por ele...""Ela pagará por ele..."Aquelas palavras ecoaram no cérebro de John como se fosse um poço sem fundo. Pegou os documentos e começou a ler imediatamente a declaração de Chiara. Ela tinha se apresentado voluntariamente, declarando-se culpada de tudo que aconteceu, inclusive de cometer fraude contra o senhor Garibaldi, usando seu nome para encobrir o dinheiro que ela mesma estava escondendo do fisco.—Não pode ser... —murmurou com desespero.—Pois ela fez! —rosnou o Subdiretor Adjunto—. E agora Garibaldi está livre e desapareceu de novo!John se levantou de sua mesa e pegou seu paletó para sair, mas seu chefe o segurou pelo braço.—Aonde vai?—Aonde você acha?! —rosnou John se soltando bruscamente—. A Haia. Preciso ver Chiara.John abriu a porta e foi embora sem dizer mais nada. Tudo que importava naquele momento era encontrar Chiara. Subiu no primeiro avião que encontrou rumo aos Países Baixos