Há uma semana estava chorando desesperada rezando para que John não morresse, e agora só podia pensar em todo o mal que ele lhe fazia apenas por respirar.Encolheu-se em um assento e chorou durante todo o voo, não pôde evitar. No entanto, quando aterrissou em Haia, já havia tomado uma decisão. Dirigiu-se ao hotel onde estava a equipe de advogados e se reuniu com eles. Mas embora todos a desaconselhassem sobre a estratégia que queria seguir, Chiara sabia que era a única maneira.Naquela mesma tarde, Noémi chegou a Haia. Protestou, gritou, ameaçou massacrar John e todos os seus ancestrais, mas não conseguiu fazer sua irmã mudar de ideia. Voltaram para Zurique no dia seguinte e Chiara começou a liquidar todos os ativos de sua fortuna pessoal. Não era simples reunir todo o dinheiro que precisava, mas sabia que tirar o italiano da cadeia não era suficiente.—Isso não pode estar acontecendo, Deus! É tão injusto! —rosnou Noémi ao ver que Chiara reunia para devolver até o último centavo a Fran
"Ela pagará por ele...""Ela pagará por ele...""Ela pagará por ele...""Ela pagará por ele...""Ela pagará por ele..."Aquelas palavras ecoaram no cérebro de John como se fosse um poço sem fundo. Pegou os documentos e começou a ler imediatamente a declaração de Chiara. Ela tinha se apresentado voluntariamente, declarando-se culpada de tudo que aconteceu, inclusive de cometer fraude contra o senhor Garibaldi, usando seu nome para encobrir o dinheiro que ela mesma estava escondendo do fisco.—Não pode ser... —murmurou com desespero.—Pois ela fez! —rosnou o Subdiretor Adjunto—. E agora Garibaldi está livre e desapareceu de novo!John se levantou de sua mesa e pegou seu paletó para sair, mas seu chefe o segurou pelo braço.—Aonde vai?—Aonde você acha?! —rosnou John se soltando bruscamente—. A Haia. Preciso ver Chiara.John abriu a porta e foi embora sem dizer mais nada. Tudo que importava naquele momento era encontrar Chiara. Subiu no primeiro avião que encontrou rumo aos Países Baixos
Ela olhou para um ponto fixo em sua camisa branca e assentiu por alguns segundos antes de abrir os lábios.—Eu, Chiara Keller, usei o nome de Franco Garibaldi para abrir uma conta fictícia de cento e trinta milhões de euros com o objetivo de evadir...—Chiara!—Eu já tomei minha decisão.—Uma decisão errada! Por favor, Chiara! —suplicou olhando-a com os olhos inundados em lágrimas—. Não me importa o que aconteceu, não vou deixar que te condenem por algo que você não fez. Olhe para mim... Olhe para mim!Chiara levantou o olhar para ele, mas quando seus olhos se cravaram nos dele, John só viu um grande vazio neles.—Eu, Chiara Keller, usei o nome de Franco Garibaldi para abrir uma conta fictícia de cento e trinta milhões de euros com o objetivo de evadir a instituição fiscal do meu país...John rosnou com uma mistura de raiva e impotência enquanto a soltava, porque entendia que não obteria nada dela. Desesperado era pouco. Não podia acreditar que Chiara estivesse naquele lugar, naquela s
John não sabia o que aquilo significava, mas entendia o conceito de "inferno". Os dias que se seguiram foram de absoluta desesperação para ele. A polícia judicial de Haia investigava não se deviam julgar ou não Chiara, mas simplesmente onde deviam julgá-la. John estava mais que certo de que Chiara não andava em nada parecido com lavagem de dinheiro, simplesmente tinha guardado dinheiro da pessoa errada, só isso.—Você tem que fazer ela se retratar! —gritou o subdiretor adjunto, furioso porque o maior caso de toda sua carreira tinha escapado de suas mãos—. Tem que fazer ela culpar Franco Garibaldi!John apertou os punhos enquanto observava um ponto fixo sobre sua mesa.—Você saboreou? —perguntou de repente e seu chefe ficou atônito—. Já entendi. Você saboreou mas foi por muito pouco tempo.O Subdiretor Adjunto estava há dias fora de si, porque já que tinha cedido o caso às autoridades internacionais, não podia recuperá-lo novamente.—Do que você está falando...? —o repreendeu irritado.
—Sabemos algo? —perguntou a um de seus agentes, que tinha deixado ali para que o avisasse de qualquer mudança.—Nada novo, ouvi os investigadores dizerem que o caso ainda não é conclusivo, mas que tudo dependerá de... você sabe, nosso chefe. Dizem que nem existiria este caso se não fosse por sua insistência, então se ele decidir acusá-la de algo mais grave, eles o apoiarão.John puxou os cabelos com gesto desesperado. Não havia nada que quisesse mais do que tirar Chiara dali, mas não podia, o melhor que se podia esperar era que a devolvessem à Suíça para um simples julgamento por fraude.Não conseguiu falar com Chiara nesse dia, pensava que era porque ela não queria vê-lo, mas quando um dos guardas lhe deu uma resposta diferente, ele sentiu que morria.—Na enfermaria?... Como assim na enfermaria, por quê? Aconteceu algo com ela?! —perguntou desesperado.—Não... bem sim, parece que a senhorita Keller se descompensou. Mas já está acordada.John fechou os olhos para que as lágrimas não ca
Chiara respirou fundo enquanto lhe davam aquela notícia.—Vamos voltar para a Suíça —disse-lhe Noémi abraçando-a—. Os advogados acabaram de me dizer e vim correndo, Ara, queria que você soubesse o mais rápido possível. O caso vai passar para as autoridades Suíças e lá tudo será mais fácil.Durante um longo momento Chiara ficou muda. Sentia-se mal, estava exausta e sua cabeça rodava, tinha desmaiado algumas vezes mas isso era bastante normal dado seu estado.Baixou a cabeça e olhou para seu ventre. Sabia há poucos dias, estava grávida, estava grávida de John, e o pior de tudo era que não podia fazer nada com isso porque não estava disposta a perder nada mais naquele momento, muito menos seu filho.—Isso é bom, mas eles têm adiado a deliberação por um tempo já. O que aconteceu? Por que de repente disseram que sim? —perguntou porque não acreditava que tivesse tanta sorte.Noémi pensou algumas vezes antes de contar, mas não podia continuar evadindo o assunto, porque sua irmã cedo ou tarde
Chiara sabia, sempre soubera que desde que dera o primeiro passo, a cadeia de acontecimentos não tinha volta.—Então qual é a sua proposta?O promotor entregou os documentos e seus advogados começaram a revisá-los.—Posso garantir total anonimato —disse ele—. Não vamos envolver a mídia, ninguém saberá nada do que está acontecendo. Além disso, você ficará confortável, bem cuidada, com toda a atenção que precisar e toda a liberdade que pudermos dar.Chiara sorriu com tristeza.—Serei uma prisioneira VIP?—Sim, algo assim —disse o promotor com gentileza—. Acredite, lamento muito que esteja passando por isso, e eu mesmo vou garantir que todas as condições sejam cumpridas à risca.Chiara respirou fundo e pediu um momento com seus advogados.—Se formos a julgamento, provavelmente vamos demorar mais que isso para conseguir um veredicto que não sabemos se será favorável —disseram-lhe, mas ela já tinha tomado uma decisão.Quando o promotor voltou a entrar na sala, Chiara já havia assinado o aco
Chiara sentiu algo em seu peito se despedaçar enquanto via John chorar na sua frente.—Você não pode me dizer isso... eu jamais quis... você... —John apertava os punhos com impotência enquanto as lágrimas se acumulavam em seus olhos e tentava se aproximar dela—. Você é a pessoa mais importante da minha vida, Chiara, a única...—Pois você esqueceu disso no momento mais importante, John —murmurou ela—. E agora é muito tarde.—Eu realmente acreditei que ele machucaria você! —exclamou ele desesperado e Chiara o envolveu num abraço que não tinha nada de afeto, apenas proximidade suficiente para sussurrar em seu ouvido:—Se realmente tivesse acreditado, teria matado ele antes. —Soltou-o bruscamente e bateu na porta para que abrissem—. O agente Hopkins já está indo embora.John negou com força e tentou se aproximar dela novamente, mas não havia como consertar aquilo.Os policiais do tribunal o retiraram e ali ficou, vagando pelos corredores enquanto esperava que acontecesse um milagre e tudo