Chiara sabia, sempre soubera que desde que dera o primeiro passo, a cadeia de acontecimentos não tinha volta.—Então qual é a sua proposta?O promotor entregou os documentos e seus advogados começaram a revisá-los.—Posso garantir total anonimato —disse ele—. Não vamos envolver a mídia, ninguém saberá nada do que está acontecendo. Além disso, você ficará confortável, bem cuidada, com toda a atenção que precisar e toda a liberdade que pudermos dar.Chiara sorriu com tristeza.—Serei uma prisioneira VIP?—Sim, algo assim —disse o promotor com gentileza—. Acredite, lamento muito que esteja passando por isso, e eu mesmo vou garantir que todas as condições sejam cumpridas à risca.Chiara respirou fundo e pediu um momento com seus advogados.—Se formos a julgamento, provavelmente vamos demorar mais que isso para conseguir um veredicto que não sabemos se será favorável —disseram-lhe, mas ela já tinha tomado uma decisão.Quando o promotor voltou a entrar na sala, Chiara já havia assinado o aco
Chiara sentiu algo em seu peito se despedaçar enquanto via John chorar na sua frente.—Você não pode me dizer isso... eu jamais quis... você... —John apertava os punhos com impotência enquanto as lágrimas se acumulavam em seus olhos e tentava se aproximar dela—. Você é a pessoa mais importante da minha vida, Chiara, a única...—Pois você esqueceu disso no momento mais importante, John —murmurou ela—. E agora é muito tarde.—Eu realmente acreditei que ele machucaria você! —exclamou ele desesperado e Chiara o envolveu num abraço que não tinha nada de afeto, apenas proximidade suficiente para sussurrar em seu ouvido:—Se realmente tivesse acreditado, teria matado ele antes. —Soltou-o bruscamente e bateu na porta para que abrissem—. O agente Hopkins já está indo embora.John negou com força e tentou se aproximar dela novamente, mas não havia como consertar aquilo.Os policiais do tribunal o retiraram e ali ficou, vagando pelos corredores enquanto esperava que acontecesse um milagre e tudo
Chiara emudeceu e arregalou os olhos enquanto ele sacudia sua mão com um cumprimento delicado.—Hanover...? —Não era um sobrenome muito comum e ela conhecia um Hanover—. Por acaso você conhece... Oskar, Oskar Hanover?Oskar Hanover tinha sido por muitos anos um dos gerentes regionais mais importantes do Asterion Bank e seu pai o tinha em alta estima.—Sim, Oskar é meu pai —sorriu Viktor—. Nós nos vimos algumas vezes nos corredores do Asterion, quando éramos crianças, mas bem... você sempre estava com sua gêmea e eu era um moleque com óculos de míope.Chiara sorriu com nostalgia e assentiu, lembrando daqueles momentos tão bonitos de sua infância.—Não me trate por senhora, por favor. Literalmente não posso estar em pior posição para que me guardem tantas formalidades —murmurou.Como resposta, Viktor puxou uma cadeira para convidá-la a sentar, e em vez de ir para trás de sua escrivaninha, sentou-se em outra cadeira na frente dela com um gesto familiar.—Então sem formalidades, lamento mu
John chegou ao seu apartamento cansado e irritado depois de todo um dia ameaçando, implorando, e por fim invadindo à força o escritório de Noemi.—Você tem que me dizer onde ela está!Já havia passado uma semana e o que John sentia ia além da simples desesperação.—Saia daqui, John.—Eu preciso vê-la, Noemi! Preciso tirá-la de lá! Por favor, me ajude a vê-la, a encontrá-la...!—É que você ainda não entendeu, John! —replicou sua ex-cunhada—. Chiara não quer te ver! Você é a pessoa em quem ela mais confiou no mundo, e por sua culpa nossa família está à beira da falência, vamos perder o trabalho de toda a vida do meu pai e ela está presa. Por sua culpa! Se você não é capaz de ver tudo o que causou, então é pior do que eu pensava. Por favor, saia daqui. Não vou te dizer onde minha irmã está a menos que ela mesma me peça.John saiu dali com o coração batendo desenfreado. Sentia-se confuso e desorientado. Podia usar outros métodos, podia mandar seguir Noemi até que ela o levasse até Chiara,
—Bem... quando você sacrificar sua mulher e seu filho, me ligue e conversaremos.A notícia de que John Hopkins deixava a CIA correu como a fagulha que alimenta um incêndio. Em questão de minutos havia um tumulto fora de seu escritório e sua equipe mais próxima reclamava por ele abandoná-los. No entanto, John sabia que já não tinha mais lugar em um local como aquele. Havia jurado proteger seu país e nisso não tinha tido limites, mas não havia jurado condenar gente inocente para seu próprio benefício nem o de seus chefes.Recolheu o pouco que tinha no escritório e se despediu dos que realmente haviam servido ao seu lado com integridade. Saiu dali direto para esvaziar seu apartamento em Londres, mas não tinha passado nem meia hora quando bateram à sua porta e John viu Billy, Speedy, outros dois especialistas em tecnologia, quatro agentes de campo altamente treinados e um interrogador profissional.—Rapazes? O que estão fazendo aqui? —perguntou sem compreender. Cada um daqueles homens vinh
Chiara sentou-se na cama com um suspiro, tentando focar a vista. Mal tinha conseguido dormir na noite anterior e se sentia extremamente cansada. Esse primeiro trimestre da gravidez estava golpeando-a com muita força, e embora seu quarto fosse até aconchegante e não se parecesse em nada com uma cela, isso não a fazia esquecer tudo o que a tinha levado ali.Fez um chá e sentou-se no parapeito da janela, olhando para fora enquanto o clima começava a ficar frio.—Está se sentindo mal? Quer que eu chame a enfermeira? —perguntou Viktor se aproximando e Chiara limpou as lágrimas antes de se virar para ele.Não gostava de se mostrar vulnerável, mesmo que fosse na frente de um amigo como Viktor. Ele tinha sido a pessoa que a havia ajudado nos últimos dias e tinha feito com que tudo fosse melhor, mas isso não significava que pudesse voltar a confiar em alguém com tanta facilidade como tinha confiado em John.—Não é nada, só... os enjôos normais da gravidez —murmurou—. Obrigada por se preocupar.
—Diz o homem culpado por ela estar aqui —rosnou Viktor.—Também estou tentando tirá-la daqui.—Então é porque você ainda nem a escutou direito. Nem sequer a respeita.—Como é!?—Se respeitasse os motivos de Chiara para estar aqui, ela nem precisaria ter ido para a prisão em primeiro lugar! —sibilou Viktor enfrentando-o—. Mas sejamos honestos, você não se importa com a opinião de ninguém, nem mesmo a dela. Então não me importa o que você saiba sobre mim ou o que queira. Não vou deixar você ver Chiara porque ela não quer te ver.—Sou o pai do filho dela!—Pois parabéns pela doação de esperma! Mas a melhor coisa que um homem pode fazer por seu filho é amar a mãe dele e você não fez isso —sentenciou Viktor—. No momento em que Chiara me disser que quer te ver, eu pessoalmente mandarei te buscar, mas enquanto isso, suma da minha m**** de prisão antes que eu te acuse da primeira coisa que me vier à cabeça.John estava prestes a responder quando um dos guardas chegou correndo e o interrompeu.
Chiara estava exausta. Estava sentada em sua cama, com a cabeça entre as mãos; sentindo a gravidez como uma laje sobre seu corpo cansado. Aquele bebê a tinha deixado esgotada e sem energia; mas embora parecesse que todos os dias suas forças se desvaneciam, também era seu maior motivo para ser feliz.Tinha passado uma semana desde que John havia visitado a prisão, e só saber que ele estava ali tinha feito com que ela se descompensasse.—Não entendo o que mais ele quer... —murmurava para si mesma—. Por que não pode me deixar em paz?Não queria vê-lo, não só pelo que tinha acontecido entre eles, mas porque não queria continuar caindo naquele círculo vicioso de desculpas incompletas que já não serviam para nada.Não tinha dormido bem nos últimos dias e seu estômago estava revoltado. Estava vomitando com regularidade e sentia uma estranha pressão no peito, ao ponto de que não pôde evitar e teve que vomitar na pia da cozinha porque não conseguiu chegar ao banheiro.De repente, ouviu-se uma b