—Sabemos algo? —perguntou a um de seus agentes, que tinha deixado ali para que o avisasse de qualquer mudança.—Nada novo, ouvi os investigadores dizerem que o caso ainda não é conclusivo, mas que tudo dependerá de... você sabe, nosso chefe. Dizem que nem existiria este caso se não fosse por sua insistência, então se ele decidir acusá-la de algo mais grave, eles o apoiarão.John puxou os cabelos com gesto desesperado. Não havia nada que quisesse mais do que tirar Chiara dali, mas não podia, o melhor que se podia esperar era que a devolvessem à Suíça para um simples julgamento por fraude.Não conseguiu falar com Chiara nesse dia, pensava que era porque ela não queria vê-lo, mas quando um dos guardas lhe deu uma resposta diferente, ele sentiu que morria.—Na enfermaria?... Como assim na enfermaria, por quê? Aconteceu algo com ela?! —perguntou desesperado.—Não... bem sim, parece que a senhorita Keller se descompensou. Mas já está acordada.John fechou os olhos para que as lágrimas não ca
Chiara respirou fundo enquanto lhe davam aquela notícia.—Vamos voltar para a Suíça —disse-lhe Noémi abraçando-a—. Os advogados acabaram de me dizer e vim correndo, Ara, queria que você soubesse o mais rápido possível. O caso vai passar para as autoridades Suíças e lá tudo será mais fácil.Durante um longo momento Chiara ficou muda. Sentia-se mal, estava exausta e sua cabeça rodava, tinha desmaiado algumas vezes mas isso era bastante normal dado seu estado.Baixou a cabeça e olhou para seu ventre. Sabia há poucos dias, estava grávida, estava grávida de John, e o pior de tudo era que não podia fazer nada com isso porque não estava disposta a perder nada mais naquele momento, muito menos seu filho.—Isso é bom, mas eles têm adiado a deliberação por um tempo já. O que aconteceu? Por que de repente disseram que sim? —perguntou porque não acreditava que tivesse tanta sorte.Noémi pensou algumas vezes antes de contar, mas não podia continuar evadindo o assunto, porque sua irmã cedo ou tarde
Chiara sabia, sempre soubera que desde que dera o primeiro passo, a cadeia de acontecimentos não tinha volta.—Então qual é a sua proposta?O promotor entregou os documentos e seus advogados começaram a revisá-los.—Posso garantir total anonimato —disse ele—. Não vamos envolver a mídia, ninguém saberá nada do que está acontecendo. Além disso, você ficará confortável, bem cuidada, com toda a atenção que precisar e toda a liberdade que pudermos dar.Chiara sorriu com tristeza.—Serei uma prisioneira VIP?—Sim, algo assim —disse o promotor com gentileza—. Acredite, lamento muito que esteja passando por isso, e eu mesmo vou garantir que todas as condições sejam cumpridas à risca.Chiara respirou fundo e pediu um momento com seus advogados.—Se formos a julgamento, provavelmente vamos demorar mais que isso para conseguir um veredicto que não sabemos se será favorável —disseram-lhe, mas ela já tinha tomado uma decisão.Quando o promotor voltou a entrar na sala, Chiara já havia assinado o aco
Chiara sentiu algo em seu peito se despedaçar enquanto via John chorar na sua frente.—Você não pode me dizer isso... eu jamais quis... você... —John apertava os punhos com impotência enquanto as lágrimas se acumulavam em seus olhos e tentava se aproximar dela—. Você é a pessoa mais importante da minha vida, Chiara, a única...—Pois você esqueceu disso no momento mais importante, John —murmurou ela—. E agora é muito tarde.—Eu realmente acreditei que ele machucaria você! —exclamou ele desesperado e Chiara o envolveu num abraço que não tinha nada de afeto, apenas proximidade suficiente para sussurrar em seu ouvido:—Se realmente tivesse acreditado, teria matado ele antes. —Soltou-o bruscamente e bateu na porta para que abrissem—. O agente Hopkins já está indo embora.John negou com força e tentou se aproximar dela novamente, mas não havia como consertar aquilo.Os policiais do tribunal o retiraram e ali ficou, vagando pelos corredores enquanto esperava que acontecesse um milagre e tudo
JANEIROSEATTLE— Como você foi capaz de fazer isso?! — O rugido furioso de Zack Keller deteve sua namorada na porta de casa assim que a viu chegar.Giselle viu um papel em sua mão e nem sabia do que ele estava falando, mas nunca o tinha visto tão alterado como naquele momento.— Não sei do que você está falando...— Claro que sabe! Você abortou meu filho! Você o perdeu de propósito! — ele a acusou com raiva. — Você ao menos tinha a maldita intenção de me contar alguma coisa?!A mulher à sua frente ficou pálida.— Como... como você sabe...?Zack jogou aquele papel na direção dela e a olhou com decepção.— Você esquece que está no plano de saúde da minha empresa? — ele cuspiu, aproximando-se dela. — Assim que seu sobrenome apareceu nos registros de pagamento, me avisaram. Imagine minha alegria quando soube que o seguro tinha pago por um teste de gravidez e depois por uma ultrassonografia!Giselle se afastou dele com o rosto vermelho de vergonha, mas Zack não era do tipo que da
NOVEMBROVANCOUVER— Andrea! Na minha sala! Agora!O grito de seu chefe, um gerente médio na empresa SportUnike, a fez pular na cadeira, angustiada, porque sabia que ele estava de muito mau-humor naquele dia.— Isso é uma maldita piada? — rosnou, jogando uma pasta de documentos em seu rosto. — Eu disse claramente que precisava dos relatórios de orçamento da divisão de esportes aquáticos do mês passado!Andrea arregalou os olhos.— Mas... senhor Trembley... tenho certeza de que o senhor me disse que queria os deste mês...— Não discuta comigo, sua inútil! — vociferou o chefe. Aos cinquenta anos, Peter Trembley era tão desagradável quanto sua barriga inchada, mas Andrea tinha que suportá-lo porque mal tinha conseguido um emprego como sua assistente e disso dependiam ela e sua filha para viver. — Você não percebe o que está acontecendo? A SportUnike desapareceu! Um suíço filho da mãe a comprou e agora seremos apenas uma filial da empresa dele! Sabe o que isso significa?Andrea sab
Mas se Zack achava que algo naquela empresa estava errado, seu instinto disparou quando desceu ao estacionamento e viu Andrea encostada em uma das paredes. Ela tentava trocar os sapatos de salto por tênis baixos, mas suas mãos tremiam.Ele ficou tentado a ir falar com ela, mas algo nele ainda resistia a se envolver nos problemas alheios. Tinha uma nova empresa para dirigir, e se queria que Andrea se sentisse melhor, só precisava consertar sua empresa, não a vida pessoal dela.Por fim, viu ela ajustar o casaco e sair para o frio da rua.Observou-a de longe e percebeu que ela não pegava um táxi nem um ônibus, então provavelmente morava perto. Mas Zack não fazia ideia de quão errado estava, porque Andrea não morava nem remotamente perto; simplesmente não podia se dar ao luxo de pagar nenhum tipo de transporte.Durante quarenta minutos, a moça caminhou no frio de um inverno canadense, e quando finalmente chegou ao seu prédio, já estava quase escurecendo.— Boa tarde, senhora Wilson —
O rosto de Trembley ficou visivelmente vermelho e a dureza em seus olhos permaneceu.— Esperando Andrea? — rosnou. — Você está brincando ou acabou de chegar e não sabe que relacionamentos interpessoais são proibidos nesta empresa?— Bom, sou de aprendizado lento, mas tendo a imitar — replicou Zack com sarcasmo. — Talvez eu tenha me confundido quando vi o senhor se agarrando a ela como uma iguana com falta de sol.O velho cerrou os dentes e soltou Andrea bruscamente antes de caminhar até ele.— Não se meta no meu caminho, moleque. Você é só um recém-chegado e eu posso...— O quê? Me demitir? — interrompeu Zack com voz gélida. — Bem... pode tentar, mas verá que meu trabalho aqui não depende do senhor. Faço parte da equipe dos sonhos desta companhia e só ele pode me demitir. Tenho certeza de que não veria com bons olhos o gerente de plantão tentando me demitir sem justa causa.Trembley cerrou os punhos e o encarou com uma expressão maldosa e desafiadora.— Talvez seu emprego esteja