—Me diga uma coisa. Você sabe voltar sozinha para casa? —perguntou-lhe a mulher.Danna pensou por um momento, não conhecia muito a cidade, mas não era tão grande para que se perdesse.—Sim, acho que sim.—Então dê um longo passeio. Caminhe. Respire. Faça um percurso no seu retorno e veremos se o cansaço te ajuda a dormir um pouco —pediu-lhe a doutora.Danna obedeceu. Quando voltou para casa, seus quadris doíam de tanto caminhar, mas o cansaço também não a fez dormir melhor. Não queria ter pesadelos, mas fechar os olhos era voltar a ver o rosto horrível de Emil, ou voltar a sentir os espasmos de seu corpo enquanto se asfixiava. Ao contrário do que se poderia pensar, esse era um de seus melhores pesadelos.—Você acha que tem algo a ver com o fato de Emil Landou ser realmente seu pai? —perguntou-lhe a doutora quase uma semana depois—. Quer dizer, você não matou qualquer um. Você matou seu pai.Danna quase revirou os olhos. É claro que tinha tudo a ver e a doutora sabia disso, só queria qu
Aquele "Olá" havia acelerado o coração de Loan a ponto de fazê-lo correr pela casa, e quando leu essa mensagem dizendo que ele podia ir ver Mauro, simplesmente subiu em seu carro e dirigiu como louco sem se importar que não levava nem mala nem nada.Só quando estava entrando em Lucerna percebeu que ela havia escrito "fim de semana", e para isso faltavam cinco dias.Fez um biquinho, não queria irromper no meio de sua recuperação, mas também não queria ir embora, então procurou alguma cabana para alugar e ficou ali, a apenas cinco minutos das pessoas que mais amava na vida, mas devia ter o caráter para esperar que fosse seu momento sem aborrecê-la.Só esperava que ela se sentisse melhor, mas infelizmente essa era uma esperança que não estava muito perto de se cumprir. Naquela noite, Danna olhava o frasco de comprimidos com atenção. Queria dormir, mas não queria dormir tanto a ponto de não ouvir seu bebê se chorasse. Finalmente, voltou a colocar dentro o comprimido que havia tirado e o co
Não havia muito no topo, mas era simplesmente perfeito estar ali.Danna olhou ao redor e viu um par de lojas de artigos esportivos, vários salõezinhos de treinamento para crianças pequenas e um aconchegante restaurantezinho.Ia a caminho de comprar um café quente quando algo em frente a uma das portas a deteve: um pequeno cartaz que anunciava que procuravam funcionários.—Olá —disse empurrando a porta—. Olá?—Aqui atrás, ouviu-se a voz de um homem e Danna pensou por um longo momento antes de se aproximar de uma pequena porta para ver um grande depósito atrás.Dele saiu um homem de um metro e oitenta, corpulento e muito loiro de olhos cinzentos.—Olá. Em que posso ajudá-la? —perguntou-lhe com um sorriso amável—. Viu algo que gostou na loja?—Não, na verdade venho pelo cartaz onde solicitam funcionário —disse Danna—. Eu... bem, preciso trabalhar.O homem a olhou com curiosidade, ela parecia muito magra e frágil, então acabou negando.—Sinto muito, mas o trabalho que tenho é para organiza
Loan se jogou da cama, vestindo-se enquanto corria para a sala. Calçou os sapatos e saiu de casa sem sequer se dar tempo para refletir, só sabia que se sua mãe o chamava àquela hora era porque algo havia acontecido com Danna ou seu filho. Seu coração batia a mil por hora enquanto dirigia apressado para a casa de seus pais.Quando chegou, encontrou sua mãe na porta, olhando para a rua com uma expressão de angústia. A esperança de Loan de que não fosse algo grave se desvaneceu quando viu o rosto de sua mãe.—O que está acontecendo, mãe? —perguntou Loan, ansioso, chegando até ela.—Não conseguimos encontrar Danna —disse Luana com um suspiro—. Mauro chorou de madrugada por sua mamadeira. Normalmente Danna logo o pega, mas quando percebi que o bebê não se acalmava fui ver. Quando dei a mamadeira pensei que talvez os comprimidos que a doutora deu a ela a tivessem feito dormir profundamente, mas quando fui ao quarto dela não a encontrei.Loan afrouxou os cordões da calça enquanto perguntava:
—Bom dia, chefe —cumprimentou animada ao entrar na loja e Levi caiu na gargalhada.—Chefe eu? Eu não sou chefe nem do meu núcleo familiar! —replicou—. Mas você pode elevar meu ego porque já está comprovado que ninguém mais o fará. Começamos?—Claro. Oh, chefe, o impressionante, o temível...!—Ao trabalho, Danna, eu quis dizer: ao trabalho! —riu Levi e poucos minutos depois estava ensinando a ela tudo o básico relacionado à loja.No final, nem precisavam dividir as obrigações, porque os dois eram absolutamente responsáveis. Onde havia algo desorganizado, o primeiro a ver arrumava.Danna se sentia confortável, e o fato de Levi ter um caráter leve e afável realmente ajudava muito. No entanto, ficar tanto tempo em pé iria acabar lhe custando caro.Deixou escapar um grunhido desconfortável quando um movimento errado lhe lembrou da dor no quadril e a poucos metros dela Levi levantou a cabeça.—Você está bem? —perguntou-lhe e Danna assentiu imediatamente.—Sim, não é nada.O homem franziu a t
Antes que Luana pudesse reagir, Loan pegou um cobertor do baú da sala e saiu correndo atrás de Danna. Ele podia fazê-la voltar ali mesmo, acordá-la, mas uma curiosidade especial o animava. Ela podia fazer qualquer coisa, no entanto seu subconsciente a empurrava para fora.Ele a seguia a certa distância, sem se aproximar demais por medo de acordá-la. Finalmente, depois de várias voltas pelo jardim, chegaram novamente à borda do bosque. Loan olhou ao redor, examinando a paisagem escura e fria que se estendia diante dele, mas Danna parecia perfeitamente confortável.De repente, ele a viu se dirigir a uma árvore próxima, deitar-se sobre o enorme monte de folhas avermelhadas que havia perto de sua base. Ela estava profundamente adormecida e sua respiração era profunda e regular.Loan sentou-se no chão, tentando compreender o que a fazia voltar ao mesmo lugar. Aproximou-se devagar e a cobriu com o cobertor antes que ela começasse a tremer de frio. Envolveu-a com cuidado e a aconchegou contra
Ele agradeceu à doutora e saiu dali apressado, diretamente para o escritório do governador.Enquanto isso, no alto da montanha, Danna olhava horrorizada para seu chefe, que colocava diante dela aqueles esquis.—Sente-se para eu ajustá-los —ele ordenou.—Nãoooooo, não, não, não... —replicou ela e Levi apontou para a pista pela qual desceriam. Não estava muito inclinada e parecia segura—. Mas... mas...—Mas nada. Eu sou excelente esquiando e dou aulas para crianças pequenas. Com esse tamanho que você tem, quase entra nessa categoria.Danna fez três beicinhos, mas ninguém deu atenção aos seus protestos enquanto Levi ajustava os esquis e dava as primeiras indicações.—Mantenha os joelhos flexionados, os pés separados e as costas retas —ele explicou.—Mas e se eu cair? —perguntou ela com preocupação.—Não se preocupe, é um fato que você vai cair, mas se você ver que está indo muito rápido, só coloque seu traseiro na neve. A única forma de aprender é praticando, então corra o risco. Além dis
Tinha que ser uma brincadeira, uma brincadeira muito ruim do destino, porque o homem que estava com Danna não tinha nada de feio. Pelo contrário, parecia saído de um catálogo de revista desses de modelos super especiais. Era quase albino, de olhos cinzentos e fortão como o maldito desenho animado do Hércules, e Loan o odiou em um só segundo.Observou Danna com o canto do olho durante todo o tempo que seu chefe esteve treinando-a. Incomodava-o que ele se inclinasse para ela para falar, incomodava-o que segurasse sua cintura quando ela perdia o equilíbrio, odiava que rolasse pela neve junto com ela quando os dois caíam.Loan observava como o sol iluminava Danna, seu cabelo, seu sorriso, amava ouvi-la rir, mas odiava que ela risse para ele. A cada segundo, sentia que seus ciúmes e sua insegurança cresciam, e isso era algo que não podia permitir.Durante os últimos dias, havia temido que ocorresse o inevitável: que Danna encontrasse outra pessoa. Alguém que fosse mais interessante, mais em