Loan entrou naquele quarto e olhou para todos os lados menos para Ailsa. Era um lugar horrível para morrer, mas Jhon tinha se enganado ao pensar que ele não tinha estômago para aquilo.Chegou junto à mulher e lhe dirigiu um olhar ameaçador.—Diga-me onde está Danna —exigiu.Ailsa não se moveu sequer. Embora estivesse algemada à cadeira, parecia indiferente, até entediada, como se nada daquilo importasse.—Por que eu deveria te contar? —perguntou com escárnio—. Agora sim você vai me pagar?—Não, nem um centavo a mais, mas a menos que você me diga exatamente as palavras que quero ouvir —disse Loan com suavidade, agachando-se na frente dela—, estou certo de que você nem sequer conseguirá desfrutar do que já levou. —A mulher sorriu e ele também—. Você acha que eu não tenho poder para te machucar? —perguntou.—Não tenho que achar, sei que você não tem —riu Ailsa com sarcasmo—. Se você quer encontrar Danna, tem que me soltar, caso contrário não saberá nada dela. Porque te asseguro que você n
—Você não pode me devolver nada porque Emil agora é dela! Aquela vadia ficou com ele e não vai me devolvê-lo! Não vou te dizer onde ela está! Jamais! —cuspiu com os olhos esbugalhados e Loan se levantou.—Então será do jeito difícil.Vinte minutos, centenas de gritos e seis tiros depois, Loan saía daquele quarto.—Ela diz que está em Dachsen, perto da fronteira com a Alemanha —sentenciou Loan, devolvendo a pistola ao agente de Jhon—. Atrás do campo de golfe, na vila velha abandonada.As ordens já estavam dadas e as vans prontas, mas Jhon empurrou a porta para olhar dentro e reparou na mulher. Ela tinha oito buracos de bala, todos nas extremidades, nas articulações. Sangrava, mas não tinha atingido nenhuma artéria importante a ponto de fazê-la sangrar até a morte.—Mantenha-a viva até nos certificarmos de que o endereço está correto —disse Jhon e seu agente foi buscar um kit de primeiros socorros.Estavam prontos para ir quando a ouviram gritar.—Você não deveria ir, Loan! —havia uma mi
Dois dias antes.Danna despertou para sua nova realidade. Uma liga em seu braço apertava demais enquanto ela sentia as pancadas no interior do cotovelo.O ar carregado estava cheio de uma sensação de desespero. Ela abriu os olhos e viu Emil ao seu lado, começando a injetar aquele líquido viscoso na veia. Era a terceira vez que ele lhe injetava algo e Danna sentia que era demais.—Por favor, não faça isso —A voz de Danna brotou de sua garganta, ao mesmo tempo que seus olhos se enchiam de lágrimas, mas ele a ignorou e continuou com sua tarefa.—Tenho que fazer isso, se você não acordar não poderemos treinar, linda —sorriu como se uma injeção de adrenalina para acordá-la fosse a coisa mais normal do mundo.Danna sentiu que seu coração começava a bater com força, acelerando-se a ponto de explodir. Emil tinha terminado de injetar o líquido e continuava olhando para ela enquanto cada um de seus músculos se tensionava.Danna pôde ver aquele desejo doentio no fundo de seu olhar e soube o que e
Passaram-se segundos, depois minutos, até que os braços de Emil começaram a cair lentamente. Danna pôde ouvir sua última respiração, pôde sentir sua última batida, a única coisa que não pôde ver foi a expressão de terror em seus olhos, mas não precisava porque o havia sentido com o resto de seu corpo.Ela não o soltou. Ficou ali, abraçando-o até que a adrenalina começou a deixar seu sistema e seus músculos cederam por completo.Emil caiu no chão, sem vida, e Danna ficou olhando para ele, como se aquilo não tivesse sido feito por ela. Passou uma hora, e duas, e muitas... Danna nem sequer sabia quantas, só que eram suficientes para que outra pessoa empurrasse a porta.—Emil? O que está acontecendo, por que você não desceu...? Aaaaaah!O grito de Ailsa fez com que Danna despertasse daquele letargo e a olhasse. Viu-a correr até o corpo que estava a seus pés e virá-lo, só para recuar horrorizada. Emil tinha os olhos abertos e já estava rígido. Estava morto, muito morto.—Você... Você o mato
Loan esperou ansiosamente na sala de espera do hospital enquanto atendiam Danna. Jhon se encarregou de fazer as ligações para a família e pouco depois todos chegavam ao hospital. O relógio da parede marcava a passagem da hora, cada segundo se arrastava com lúgubre lentidão. Danna não havia despertado em todo o caminho até o hospital e desde esse momento o tempo havia parado para Loan. Entreabriu sua boca buscando oxigênio através do ar congelado. Sentia-se como se estivesse se afogando e nada pudesse devolver-lhe a respiração. Ficou assim por um bom tempo, com os olhos fixos no relógio, temendo o pior dos finais. —Filho, vai ficar tudo bem —disse sua mãe tentando consolá-lo embora soubesse que seria inútil—. Pelo menos ela está viva, todo o resto pode ser resolvido. Loan assentiu, mas se à sua culpa acrescentasse pena, então teria a receita perfeita para o desastre, então deu um abraço em sua mãe e se aproximou de Jhon. —Já sabem de algo? —perguntou e os dois sabiam a quem se refer
Loan conseguiu limpar as lágrimas com um gesto de impotência e então tentou chamar sua atenção.—Danna, querida, sei que você se sente mal —sussurrou com voz embargada—. Sei que você se sente assustada, amor, mas você tem que deixar a médica te examinar... —Danna ficou quieta, sem dizer uma palavra, sem sequer olhar para ele.—Onde está meu filho? —disse por fim.—No meu apartamento, com meu pai. Ele está bem. —Danna continuou sem olhar para ele—. Meu amor, por favor... —Loan tentou tocar sua mão e só isso bastou.O primeiro tapa ressoou no quarto como se ela não tivesse deixado de comer por quatro dias. Loan ficou paralisado, mas aguentou o segundo tapa, o terceiro e todos os que vieram depois sem mover um único músculo enquanto a deixava desabafar.—Saia daqui! —sibilou finalmente ela com a voz rouca—. Não quero te ver, Loan, saia daqui!—Danna, por favor... Só quero que você fique bem —disse ele chorando—. Deus sabe que só quero que você fique bem!—Nem Deus sabe o que você quer, Lo
Ele ia devagar, porque já não havia necessidade de se apressar por nada. À medida que avançava pelo corredor em direção à saída do hospital que dava para o estacionamento, Loan pôde ouvir duas vozes conhecidas naquela direção.—Eu sabia que você podia fazer isso —dizia Chiara—. Eu sabia que se alguém podia encontrar a Danna, esse alguém era você —dizia sua irmã abraçando Jhon.—Não foi tudo graças a mim. Loan foi quem conseguiu o endereço. Sendo honesto, seu irmão me impressionou um pouquinho, ele poderia ser um bom interrogador se não fosse tão emocional.Os dois sorriram e pelo silêncio Loan imaginou que estavam se beijando como dois adolescentes. Esperou alguns segundos até que os ouviu falar novamente e então saiu.—Maninho... como está a Danna? —perguntou Chiara se aproximando dele apressada.—Dormindo por enquanto —respondeu ele—. Mamãe está com ela, mas agradeceria se vocês também ficassem de olho.Chiara franziu a testa.—Sim... claro que sim, mas você vai embora?—Só por um te
—Danna está dormindo agora —sentenciou—. Tenho tempo.Ailsa o olhou com tanto ódio que Loan disse a si mesmo que sim, devia ter o instinto muito fodido para ter podido acreditar nas lágrimas de crocodilo de uma mulher que nem com a ameaça de morte era capaz de se arrepender ou pedir perdão.Três horas depois saía daquele quarto e devolvia a chave ao agente de guarda.—Você pode ir descansar —disse-lhe—. Já não há ninguém para cuidar.Loan dirigiu de volta ao hospital e antes que chegasse à família, Jhon se aproximou dele.—Só para você saber, mandei meus homens transferirem o corpo de Emil para o Black Hole, o forno deve ter terminado seu trabalho, Danna não será acusada de nada —disse-lhe.—Bom, se você se sente bondoso mande que o liguem de novo para ver se desta vez não me acusam a mim.Jhon assentiu enquanto falava ao telefone com o agente que havia deixado no Black Hole e terminava de fechar o ciclo daquele desastre.Loan sentou-se na sala de espera e pouco depois conseguia sorrir