Loan esperou ansiosamente na sala de espera do hospital enquanto atendiam Danna. Jhon se encarregou de fazer as ligações para a família e pouco depois todos chegavam ao hospital. O relógio da parede marcava a passagem da hora, cada segundo se arrastava com lúgubre lentidão. Danna não havia despertado em todo o caminho até o hospital e desde esse momento o tempo havia parado para Loan. Entreabriu sua boca buscando oxigênio através do ar congelado. Sentia-se como se estivesse se afogando e nada pudesse devolver-lhe a respiração. Ficou assim por um bom tempo, com os olhos fixos no relógio, temendo o pior dos finais. —Filho, vai ficar tudo bem —disse sua mãe tentando consolá-lo embora soubesse que seria inútil—. Pelo menos ela está viva, todo o resto pode ser resolvido. Loan assentiu, mas se à sua culpa acrescentasse pena, então teria a receita perfeita para o desastre, então deu um abraço em sua mãe e se aproximou de Jhon. —Já sabem de algo? —perguntou e os dois sabiam a quem se refer
Loan conseguiu limpar as lágrimas com um gesto de impotência e então tentou chamar sua atenção.—Danna, querida, sei que você se sente mal —sussurrou com voz embargada—. Sei que você se sente assustada, amor, mas você tem que deixar a médica te examinar... —Danna ficou quieta, sem dizer uma palavra, sem sequer olhar para ele.—Onde está meu filho? —disse por fim.—No meu apartamento, com meu pai. Ele está bem. —Danna continuou sem olhar para ele—. Meu amor, por favor... —Loan tentou tocar sua mão e só isso bastou.O primeiro tapa ressoou no quarto como se ela não tivesse deixado de comer por quatro dias. Loan ficou paralisado, mas aguentou o segundo tapa, o terceiro e todos os que vieram depois sem mover um único músculo enquanto a deixava desabafar.—Saia daqui! —sibilou finalmente ela com a voz rouca—. Não quero te ver, Loan, saia daqui!—Danna, por favor... Só quero que você fique bem —disse ele chorando—. Deus sabe que só quero que você fique bem!—Nem Deus sabe o que você quer, Lo
Ele ia devagar, porque já não havia necessidade de se apressar por nada. À medida que avançava pelo corredor em direção à saída do hospital que dava para o estacionamento, Loan pôde ouvir duas vozes conhecidas naquela direção.—Eu sabia que você podia fazer isso —dizia Chiara—. Eu sabia que se alguém podia encontrar a Danna, esse alguém era você —dizia sua irmã abraçando Jhon.—Não foi tudo graças a mim. Loan foi quem conseguiu o endereço. Sendo honesto, seu irmão me impressionou um pouquinho, ele poderia ser um bom interrogador se não fosse tão emocional.Os dois sorriram e pelo silêncio Loan imaginou que estavam se beijando como dois adolescentes. Esperou alguns segundos até que os ouviu falar novamente e então saiu.—Maninho... como está a Danna? —perguntou Chiara se aproximando dele apressada.—Dormindo por enquanto —respondeu ele—. Mamãe está com ela, mas agradeceria se vocês também ficassem de olho.Chiara franziu a testa.—Sim... claro que sim, mas você vai embora?—Só por um te
—Danna está dormindo agora —sentenciou—. Tenho tempo.Ailsa o olhou com tanto ódio que Loan disse a si mesmo que sim, devia ter o instinto muito fodido para ter podido acreditar nas lágrimas de crocodilo de uma mulher que nem com a ameaça de morte era capaz de se arrepender ou pedir perdão.Três horas depois saía daquele quarto e devolvia a chave ao agente de guarda.—Você pode ir descansar —disse-lhe—. Já não há ninguém para cuidar.Loan dirigiu de volta ao hospital e antes que chegasse à família, Jhon se aproximou dele.—Só para você saber, mandei meus homens transferirem o corpo de Emil para o Black Hole, o forno deve ter terminado seu trabalho, Danna não será acusada de nada —disse-lhe.—Bom, se você se sente bondoso mande que o liguem de novo para ver se desta vez não me acusam a mim.Jhon assentiu enquanto falava ao telefone com o agente que havia deixado no Black Hole e terminava de fechar o ciclo daquele desastre.Loan sentou-se na sala de espera e pouco depois conseguia sorrir
Danna ouviu as batidas suaves em sua porta e deu permissão para que entrassem, sorrindo assim que viu Ted e Lissa aparecerem.Toda a família Keller estava por ali. Danna se sentia mais que cuidada, e eles sempre procuravam não mencionar nada do que havia acontecido, mas mesmo assim ela se lembrava a cada segundo.—Que bom que te encontramos acordada —sorriu Lissa abraçando-a—. Você está se sentindo bem?—Sim, já estou melhor —sorriu Danna—. Em alguns dias vão me dar alta e vou viajar com Mauro para Lucerna. Ficarei um tempo na casa dos avós do meu filho.—Leve o tempo que precisar. O importante é que você se recupere. Todo o resto pode esperar —disse-lhe seu companheiro com amabilidade, mas Danna negou.—Não, Ted, já não acredito que voltarei à patinação —murmurou.As duas pessoas na frente dela ficaram paralisadas ao ouvi-la.—Mas... Danna, a reabilitação é demorada, mas podemos esperar. Você tem que ter confiança em si mesma, vai recuperar toda a força das suas pernas —animou-a Ted.
Danna assentiu. Não era que ela não pudesse se manter em pé, ou que não sentisse as pernas, era que a dor nas articulações do quadril e na pélvis não a deixavam ficar muito tempo de pé.A doutora a fez levantar-se e dar alguns passos pelo quarto para avaliá-la, mas finalmente ficou satisfeita.—Danna, também seria bom que você fosse a um terapeuta. Me disseram que você não está dormindo muito —disse-lhe e Danna assentiu.—Se conhecer algum que more em Lucerna, por favor me recomende. Vou estar morando lá —murmurou Danna.—Está bem, verei se tenho algum conhecido para quem possa te encaminhar.As horas passaram muito depressa e a doutora mandou que a sedassem naquela noite para que pudesse descansar. No dia seguinte pela manhã, os avós chegaram com Mauro e Loan tentou se manter por perto, mas não visível enquanto a tiravam do hospital.—Nós a levaremos —disse Chiara a seus pais porque sabia que já tinham toda a viagem preparada—. Vocês podem ir direto para o aeroporto se quiserem.—Está
Danna estava em choque e talvez um pouco além disso. Ailsa estava morta. Loan havia atirado nela para encontrá-la. Já não havia mais ninguém de quem ter medo e ainda assim... ainda assim Danna sabia que passaria muito tempo antes que conseguisse sorrir de novo com sinceridade.Terminou de fazer a mala e Chiara e Jhon os levaram ao aeroporto. Toda a família estava lá para se despedir... exceto Loan.Danna olhou ao redor, porque sabia que a única razão pela qual ele não estava ali cobrindo seu filho de beijos era para não incomodá-la, mas não demorou muito para perceber que sua caminhonete estava estacionada no fundo do hangar.—Vou subir primeiro —disse a Luana colocando Mauro em seus braços e subiu no avião.Um minuto depois ela o viu chegar e pegar Mauro para se despedir dele. Não podia ouvir nada do que falavam, mas o viu chorar quando beijou seu filho na cabecinha e olhou para a porta do avião como se estivesse lutando consigo mesmo para não subir.—Tentarei mandar buscá-lo o mais r
—Me diga uma coisa. Você sabe voltar sozinha para casa? —perguntou-lhe a mulher.Danna pensou por um momento, não conhecia muito a cidade, mas não era tão grande para que se perdesse.—Sim, acho que sim.—Então dê um longo passeio. Caminhe. Respire. Faça um percurso no seu retorno e veremos se o cansaço te ajuda a dormir um pouco —pediu-lhe a doutora.Danna obedeceu. Quando voltou para casa, seus quadris doíam de tanto caminhar, mas o cansaço também não a fez dormir melhor. Não queria ter pesadelos, mas fechar os olhos era voltar a ver o rosto horrível de Emil, ou voltar a sentir os espasmos de seu corpo enquanto se asfixiava. Ao contrário do que se poderia pensar, esse era um de seus melhores pesadelos.—Você acha que tem algo a ver com o fato de Emil Landou ser realmente seu pai? —perguntou-lhe a doutora quase uma semana depois—. Quer dizer, você não matou qualquer um. Você matou seu pai.Danna quase revirou os olhos. É claro que tinha tudo a ver e a doutora sabia disso, só queria qu