—Danna está dormindo agora —sentenciou—. Tenho tempo.Ailsa o olhou com tanto ódio que Loan disse a si mesmo que sim, devia ter o instinto muito fodido para ter podido acreditar nas lágrimas de crocodilo de uma mulher que nem com a ameaça de morte era capaz de se arrepender ou pedir perdão.Três horas depois saía daquele quarto e devolvia a chave ao agente de guarda.—Você pode ir descansar —disse-lhe—. Já não há ninguém para cuidar.Loan dirigiu de volta ao hospital e antes que chegasse à família, Jhon se aproximou dele.—Só para você saber, mandei meus homens transferirem o corpo de Emil para o Black Hole, o forno deve ter terminado seu trabalho, Danna não será acusada de nada —disse-lhe.—Bom, se você se sente bondoso mande que o liguem de novo para ver se desta vez não me acusam a mim.Jhon assentiu enquanto falava ao telefone com o agente que havia deixado no Black Hole e terminava de fechar o ciclo daquele desastre.Loan sentou-se na sala de espera e pouco depois conseguia sorrir
Danna ouviu as batidas suaves em sua porta e deu permissão para que entrassem, sorrindo assim que viu Ted e Lissa aparecerem.Toda a família Keller estava por ali. Danna se sentia mais que cuidada, e eles sempre procuravam não mencionar nada do que havia acontecido, mas mesmo assim ela se lembrava a cada segundo.—Que bom que te encontramos acordada —sorriu Lissa abraçando-a—. Você está se sentindo bem?—Sim, já estou melhor —sorriu Danna—. Em alguns dias vão me dar alta e vou viajar com Mauro para Lucerna. Ficarei um tempo na casa dos avós do meu filho.—Leve o tempo que precisar. O importante é que você se recupere. Todo o resto pode esperar —disse-lhe seu companheiro com amabilidade, mas Danna negou.—Não, Ted, já não acredito que voltarei à patinação —murmurou.As duas pessoas na frente dela ficaram paralisadas ao ouvi-la.—Mas... Danna, a reabilitação é demorada, mas podemos esperar. Você tem que ter confiança em si mesma, vai recuperar toda a força das suas pernas —animou-a Ted.
Danna assentiu. Não era que ela não pudesse se manter em pé, ou que não sentisse as pernas, era que a dor nas articulações do quadril e na pélvis não a deixavam ficar muito tempo de pé.A doutora a fez levantar-se e dar alguns passos pelo quarto para avaliá-la, mas finalmente ficou satisfeita.—Danna, também seria bom que você fosse a um terapeuta. Me disseram que você não está dormindo muito —disse-lhe e Danna assentiu.—Se conhecer algum que more em Lucerna, por favor me recomende. Vou estar morando lá —murmurou Danna.—Está bem, verei se tenho algum conhecido para quem possa te encaminhar.As horas passaram muito depressa e a doutora mandou que a sedassem naquela noite para que pudesse descansar. No dia seguinte pela manhã, os avós chegaram com Mauro e Loan tentou se manter por perto, mas não visível enquanto a tiravam do hospital.—Nós a levaremos —disse Chiara a seus pais porque sabia que já tinham toda a viagem preparada—. Vocês podem ir direto para o aeroporto se quiserem.—Está
Danna estava em choque e talvez um pouco além disso. Ailsa estava morta. Loan havia atirado nela para encontrá-la. Já não havia mais ninguém de quem ter medo e ainda assim... ainda assim Danna sabia que passaria muito tempo antes que conseguisse sorrir de novo com sinceridade.Terminou de fazer a mala e Chiara e Jhon os levaram ao aeroporto. Toda a família estava lá para se despedir... exceto Loan.Danna olhou ao redor, porque sabia que a única razão pela qual ele não estava ali cobrindo seu filho de beijos era para não incomodá-la, mas não demorou muito para perceber que sua caminhonete estava estacionada no fundo do hangar.—Vou subir primeiro —disse a Luana colocando Mauro em seus braços e subiu no avião.Um minuto depois ela o viu chegar e pegar Mauro para se despedir dele. Não podia ouvir nada do que falavam, mas o viu chorar quando beijou seu filho na cabecinha e olhou para a porta do avião como se estivesse lutando consigo mesmo para não subir.—Tentarei mandar buscá-lo o mais r
—Me diga uma coisa. Você sabe voltar sozinha para casa? —perguntou-lhe a mulher.Danna pensou por um momento, não conhecia muito a cidade, mas não era tão grande para que se perdesse.—Sim, acho que sim.—Então dê um longo passeio. Caminhe. Respire. Faça um percurso no seu retorno e veremos se o cansaço te ajuda a dormir um pouco —pediu-lhe a doutora.Danna obedeceu. Quando voltou para casa, seus quadris doíam de tanto caminhar, mas o cansaço também não a fez dormir melhor. Não queria ter pesadelos, mas fechar os olhos era voltar a ver o rosto horrível de Emil, ou voltar a sentir os espasmos de seu corpo enquanto se asfixiava. Ao contrário do que se poderia pensar, esse era um de seus melhores pesadelos.—Você acha que tem algo a ver com o fato de Emil Landou ser realmente seu pai? —perguntou-lhe a doutora quase uma semana depois—. Quer dizer, você não matou qualquer um. Você matou seu pai.Danna quase revirou os olhos. É claro que tinha tudo a ver e a doutora sabia disso, só queria qu
Aquele "Olá" havia acelerado o coração de Loan a ponto de fazê-lo correr pela casa, e quando leu essa mensagem dizendo que ele podia ir ver Mauro, simplesmente subiu em seu carro e dirigiu como louco sem se importar que não levava nem mala nem nada.Só quando estava entrando em Lucerna percebeu que ela havia escrito "fim de semana", e para isso faltavam cinco dias.Fez um biquinho, não queria irromper no meio de sua recuperação, mas também não queria ir embora, então procurou alguma cabana para alugar e ficou ali, a apenas cinco minutos das pessoas que mais amava na vida, mas devia ter o caráter para esperar que fosse seu momento sem aborrecê-la.Só esperava que ela se sentisse melhor, mas infelizmente essa era uma esperança que não estava muito perto de se cumprir. Naquela noite, Danna olhava o frasco de comprimidos com atenção. Queria dormir, mas não queria dormir tanto a ponto de não ouvir seu bebê se chorasse. Finalmente, voltou a colocar dentro o comprimido que havia tirado e o co
Não havia muito no topo, mas era simplesmente perfeito estar ali.Danna olhou ao redor e viu um par de lojas de artigos esportivos, vários salõezinhos de treinamento para crianças pequenas e um aconchegante restaurantezinho.Ia a caminho de comprar um café quente quando algo em frente a uma das portas a deteve: um pequeno cartaz que anunciava que procuravam funcionários.—Olá —disse empurrando a porta—. Olá?—Aqui atrás, ouviu-se a voz de um homem e Danna pensou por um longo momento antes de se aproximar de uma pequena porta para ver um grande depósito atrás.Dele saiu um homem de um metro e oitenta, corpulento e muito loiro de olhos cinzentos.—Olá. Em que posso ajudá-la? —perguntou-lhe com um sorriso amável—. Viu algo que gostou na loja?—Não, na verdade venho pelo cartaz onde solicitam funcionário —disse Danna—. Eu... bem, preciso trabalhar.O homem a olhou com curiosidade, ela parecia muito magra e frágil, então acabou negando.—Sinto muito, mas o trabalho que tenho é para organiza
Loan se jogou da cama, vestindo-se enquanto corria para a sala. Calçou os sapatos e saiu de casa sem sequer se dar tempo para refletir, só sabia que se sua mãe o chamava àquela hora era porque algo havia acontecido com Danna ou seu filho. Seu coração batia a mil por hora enquanto dirigia apressado para a casa de seus pais.Quando chegou, encontrou sua mãe na porta, olhando para a rua com uma expressão de angústia. A esperança de Loan de que não fosse algo grave se desvaneceu quando viu o rosto de sua mãe.—O que está acontecendo, mãe? —perguntou Loan, ansioso, chegando até ela.—Não conseguimos encontrar Danna —disse Luana com um suspiro—. Mauro chorou de madrugada por sua mamadeira. Normalmente Danna logo o pega, mas quando percebi que o bebê não se acalmava fui ver. Quando dei a mamadeira pensei que talvez os comprimidos que a doutora deu a ela a tivessem feito dormir profundamente, mas quando fui ao quarto dela não a encontrei.Loan afrouxou os cordões da calça enquanto perguntava: