- Mas que porra você está dizendo? – Rafael perguntou, sua voz se alterando. - É só olhar a sua volta, patrão. O que acha que teria acontecido se Juliana estivesse aqui? – rebateu, e o senti ser tomado pela frustração. Mauro apenas o olhou, a mensagem clara em seus olhos. Eu não conseguia parar de olhar aquela cena, as coisas correndo em minha mente. Eu fui ameaçada? Por qual motivo? Buscava em minha mente alguma resposta para o caos que se instaurou em minha casa, meu santuário, para isso acontecer. Pude sentir os braços de Rafael me envolvendo, me dando conforto. Mas aquilo não bastava. Precisava de respostas. Olhei para mão e perguntei, com extrema calma: - Será possível descobrirmos quem fez isso? - Só se encontrarmos algum indicio de quem fez isso. Caso contrário, será complicado. Eu não podia me sentir mais frustrada. Aquilo aconteceu na minha casa e a possibilidade de não encontrar o culpado estava me deixando furiosa. Não se deve destruir coisas alheias sem esperar
Passamos na casa de Rafael para que eu pudesse trocar de roupa. Peguei a primeira coisa que vi pela frente e vesti. Não queria pensar muito, apenas queria resolver logo essa palhaçada. Não percebi o olhar de Rafael em mim até estarmos dentro do carro e a caminho da empresa. Estava inerte em pensamentos quando senti sua mão em minha coxa.- Preciso pedir desculpas a você. Sua voz estava baixa, mas estranhamente convidativa. Eu o olhei, arqueando a sobrancelha.- Por qual motivo?- Quando disse que você não sabia se vestir e que iria passar vergonha. – e brincou com a situação. – Será que devo te deixar chateada mais vezes?Mordi a língua, controlando minha resposta. Apenas peguei o que estava na frente, não pensei muito na questão. Peguei um terno preto com saia e vesti. Apenas isso. Ele percebeu meus sentimentos e passou o polegar em minha coxa, numa tentativa frustrada de me acalmar. Mesmo estando chateada, não pude deixar de suspirar.Tomando isso como iniciativa, Rafael inclinou-s
O estalo do tapa fora alto o para atrair a atenção. Márcia me olhava com assombro, parecia não acreditar que aquilo estava acontecendo. Pude ouvir sussurros atrás de mim, mas não me importei. Dei um passo em sua direção, mas ela recuou. Rafael apenas observava, em silencio, o desenrolar dos acontecimentos. Eu não pude ficar mais grata por isso.Ela então olhou para Rafael. Seus gritos eram estridentes e apavorantes.- Vai deixar essa mulherzinha me tratar assim?Ele deu de ombros e se voltou para mim, ignorando Márcia e todos do saguão A rejeição dele a afetou, pois soltou um gemido dramático. Segurando uma de minhas mãos com carinho, ele a levou aos lábios, depositando um beijo.- Estarei te esperando, querida. Quando terminar as coisas, venha me procurar.Um rubor tomou conta do meu rosto, o que provocou um sorriso satisfatório em seu rosto. Rafael falara alto o suficiente para todos ouvirem e, por algum motivo, parecia satisfeito com isso. Observei incrédula ele se afastar. Rafael
— Está me dizendo que sua filha é uma refém?A voz incrédula de Mauro encheu o lugar e Márcia encolheu-se no canto. Era difícil, até mesmo para mim, acreditar em suas palavras. Dava a impressão que ela diria qualquer coisa para escapar do questionamento. Porém, quando a olhei nos olhos, vi seu desespero, como se o mundo à sua volta tivesse acabado.A dúvida começou a me corroer e dei as costas para ela, passando a mão no cabelo. ‘Merda, porque isso estava sendo tão difícil?’— Esse homem é alguém que o senhor Novaes conhece? — ouvi Mauro arrastar a cadeira e sentar-se com um baque surdo.— Eu não sei… Sua voz estava hesitante e conclui que Márcia estava mentindo. Ela sabia mais do que deixara transparecer e Mauro também não ficou convencido. Se queria proteger alguém, ela o fazia bem. Até demais.Voltei a olhar para ela. Sua postura arrogante estava desfeita e uma mulher frágil ocupara seu lugar. Um misto de emoções tomou conta de mim, mas fiz um esforço para esconder. Eu queria bate
— Você parece cansado.Rafael estava sentado em sua poltrona quando ouviu sua voz. Retirou os olhos do que estava lendo e olhou para Juli. Ela caminhou para perto dele, abraçando-o por trás. Palavras não foram ditas, ambos estavam cientes da ameaça que os rodeava. Pondo a mão sobre a dela, Rafael a apertou gentilmente.— Não muito. — Ele não queria admitir, mas estava exausto. — O que você pensa sobre as palavras de Márcia? Ela pode estar mentindo?Ela suspirou, acariciando seus cabelos. Sabia o que ela estava pensando. Sabia o quanto a conversa com Márcia a havia afetado, mas Juliana guardava para si mesma suas conclusões. Só que dessa vez precisava ser diferente. — Eu não sei. — ela por fim respondeu. — Fico tentada a não acreditar, mas aquele olhar dela… Não era o olhar de alguém que mentiria, principalmente envolvendo a própria filha nesse absurdo.Ele tinha esses mesmos pensamentos. Alguém como Márcia não se renderia se não fosse algo sério. Não justificava suas ações, é claro.
Acordei com um sobressalto. Lágrimas escorriam pelo meu rosto, minha respiração irregular e as cobertas encharcadas de suor. Olhei em volta, desorientada por um breve momento, o pânico me dominando. Esta não é minha casa. Onde estou? Quem me trouxe aqui? Perguntas que, naquele momento, eu não consegui responder.Levei minhas mãos ao peito e puxei o ar, tentando me acalmar. À medida que ficava mais calma, olhei para a penumbra do quarto, quebrada apenas com o brilho da rua. ’Estou na casa de Rafael,’ pensei com um suspiro. Estou segura, pelo menos por um tempo.Sentei na cama, enxugando as lágrimas do rosto. Fazia anos que não tinha um pesadelo tão vívido como esse, parecia tão real que estremeci ao recordar. Talvez estivesse ligado aos sentimentos conturbados que me atingiram no dia anterior, não sei. Apenas não consegui parar de tremer. A escuridão ainda me assombrava. Se Mimi estivesse comigo agora, a abraçaria tão forte e dormiria com ela. Se algo tivesse acontecido com minha gata
A conversa da madrugada tinha sido um pouco emotiva e reveladora. Vi tantas emoções em Márcia que não achei ser possível. Depois que ela chorou, falamos sobre vários assuntos aleatórios. Não fiquei surpresa pela mulher mudar de assunto tão rápido, mas dada a situação, sua postura era compreensível. Márcia era inteligente, centrada e, por mais que eu odeie admitir, um coração mole. Ficamos conversando por horas, acalmando nossos próprios sentimentos e, às 5h nos despedimos e cada uma foi para o seu quarto. Não pude deixar de notar o sorriso que brotara em seus lábios antes de se afastar. Mas seu semblante sério no momento seguinte e suas palavras me deram o que pensar. — Para se proteger, finja que não sabe de nada. Eu vou continuar te tratando mal, mas lembre-se que não são meus reais sentimentos. Farei isso para te manter segura. *** Eram aproximadamente 12h horas quando abri os olhos. O sol estava bem alto, o calor entrando pela janela, mas não me incomodou tanto, pois o ventila
— O que você quer dizer com me usar como isca? Acordei com um sobressalto. Gritos ecoaram até o quarto e por um leve instante, pensei que havia acontecido algo sério. As vozes cessaram a conversa por um breve momento e recomeçaram em tom mais baixo, o suficiente para que eu não pudesse ouvi-los. Sentei na cama, esfregando meus braços. Não me surpreendi por ser quase sete da noite. Rafael não me deu chance de relaxar depois do sexo intenso. O que se seguiu foram mais três vezes comigo gritando e implorando para ele parar, com um orgasmo mais intenso que o outro. Mas não devia estar pensando em sexo agora, pelo menos não naquele momento. Caminhei para o banheiro e tomei uma ducha rápida. Precisava ver o que estava acontecendo. *** Quando saí do quarto e caminhei pelo corredor até a sala, não fiquei surpresa ao ver Erick e Vanessa sentados juntamente com os outros. Se eles estavam presentes, significava que algo sério iria acontecer. Seus semblantes tensos evidenciavam isso, e mesmo