Eu odiava ter que cuidar do trabalho sujo, mas algumas coisas simplesmente precisavam ser feitas a essa altura do campeonato. Aston podia ter o nome, o dinheiro e a influência, mas não era o tipo de cara que se metia nos bastidores da sujeira. E para ser bem honesto, eu preferia que fosse assim.Aston era bom.Não exageradamente bom, mas ele era... bom em um nível perigoso.Ele sempre tinha sido o tipo de criança idiota, que corria quando via uma casa em chamas. Era a pessoa irritante, metida a heroi, sempre querendo salvar o mundo e os injustiçados.Era quase divertido ver ele agindo como se fosse egoísta e tudo fosse feito por si mesmo, mas... eu infelizmente conhecia ele bem demais, para saber que não era bem isso. Aston era um idiota presunçoso e gentil.Então claro, ele tinha que se apaixonar por Adeline.Tinha que se meter no meio de toda essa merda com o ignóbil do Carlos Ricci, e isso era um problema? De forma alguma. Significava apenas que alguém teria que fazer esse serviço p
Eu sabia que Adeline tinha muito a fazer. Ela estava completamente focada no projeto do hospital, e embora eu quisesse estar ao seu lado o tempo todo, ajudando-a e garantindo que ela não se esgotasse (porque essa mulher parecia ser incapaz de entender o que era LIMITE. Qual é. Ela era uma médica, como podia não seguir as indicações médicas sobre LIMITES DO CORPO HUMANO?), eu também tinha outro trabalho a fazer. Um trabalho que ela não poderia fazer, porque mexia com sujeira, manipulação e, principalmente, traição.Carlos Ricci ainda estava de pé, e isso era inaceitável considerando o quão perto nós estávamos de finalizar as pesquisas e deixar que o estudo de Adeline, fosse publicado.Por isso, resolvi procurar Antony Ricci. O garoto era a chave para fazer aquele filho da puta finalmente cair e enquanto Henry fazia o trabalho sujo, cuidando de Carlos, eu sabia que precisava trazer Antony pro meu lado, de algum jeito, e imaginei que a melhor forma... seria usar o que eu sabia sobre os i
A ficha demorou para cair. Talvez porque uma parte de mim ainda quisesse acreditar que tudo isso era um grande erro, que Carlos não poderia ter mentido tão descaradamente para mim a vida toda. Mas, conforme meus olhos corriam pelas fotos no meu celular, que Aston havia me enviado, meu estômago revirava.Carlos. Em uma boate. Rindo, bebendo, completamente à vontade. E enfiando a cara nos peitos de uma stripper.Engoli em seco, sentindo a garganta apertar. Amanda não sabia disso. Ela estava em casa, fazendo planos de casamento, sonhando com um futuro que nunca ia existir, enquanto Carlos vivia uma vida dupla sem nem ao menos tentar esconder. Ele não se importava se fosse pego. Ele se achava intocável e eu sabia que ele era assim, sempre soube, mas... o que eu poderia fazer?Ele tinha cuidado de mim, tinha feito tudo por mim, eu devia a ele, ou pensava que devia e isso me fez odiá-lo bem agora, bem quando eu descobri a verdade, bem quando descobri que as coisas não eram bem como ele dizi
Depois de semanas e mais semanas trabalhando como uma lunática, eu finalmente resolvi me dar um descanso merecido, (e claro, isso não teve nada haver com Aston me obrigando a sair do laboratório e trancando a porta, sem me deixar com a chave).Eu voltei para casa, encarei minha cama, (a quem eu não via há alguns dias) e me lembrei do quão confortável ela era. Aproveitei o meu ganho quente e claro, depois de um sono de mais de 12 horas, — eu resolvi que seria uma boa ideia, socializar.E Clara foi a primeira pessoa para quem eu pensei em ligar. Ela chegou 30 minutos depois que eu liguei e parecia, explodir de felicidade em me ver de novo.— Eu pensei que você tinha morrido! Como alguém some assim? — Eu precisava trabalhar, — lembrei ela, — estudos levam muito tempo, sabia? Eu tive que ficar fazendo testes e-...— Não comece a se gabar por todo o seu patrocínio milionário, doutora Moretti, — ela zombou e eu me senti livre de novo.Eu podia rir e me divertir com Clara. De novo. Sem preo
Carlos Ricci estava perdendo o controle, e eu estava me divertindo enquanto assistia a desgraça dele prestes a chegar — porque por mais que eu não quisesse admitir, eu concordava com Aston nesse quesito… Carlos Ricci, era um merda que merecia o karma caindo em cima de sua cabeça, como uma bigorna.Desde que comecei a puxar os fios certos, ele vinha se enrolando cada vez mais na teia que eu e Aston tecemos. Endividado, frustrado e começando a sentir o desespero roendo suas entranhas. A expressão no rosto dele, cada vez que verificava sua conta bancária e percebia que o dinheiro escorria entre seus dedos, era um verdadeiro presente, mas o que ele esperava? Manter uma vida de alta classe, com um salário medíocre de um diretor de hospital?Ele precisaria de anos nesse cargo para conseguir algo PERTO do que estava tendo agora. Ao menos, sem estragar de vez suas finanças.O problema, era que ele era burro, inconstante e inconsequênte. Ele não conseguia entender o básico e por isso, estava f
Hoje era para ser um dia perfeito, pelo menos na teoria.Eu estava empolgada, ansiosa e com borboletas no estômago como não sentia desde a minha adolescência e considerando que eu já tinha 35 anos… isso fazia um bom tempo. Mas o fato era que mesmo depois de tanto tempo juntos, eu ainda sentia aquele friozinho na barriga quando pensava em Carlos. Ele tinha me pedido em noivado no final da residência e desde então, tudo tinha sido uma completa correria. Vida de médico não era fácil e eu sempre soube disso, mas… ele era meu futuro, meu chefe (desde que finalmente conseguiu a promoção que queria como staff no Saint Louis), e claro, meu porto seguro.Ou pelo menos era o que eu pensava.Com um sorriso bobo nos lábios, caminhei apressada pelos corredores do hospital depois de finalmente ter encerrado o meu plantão, eu estava segurando a sacola com o presente que eu tinha escolhido com tanto carinho para comemorarmos juntos essa noite, o nosso aniversário de noivado. Um relógio de luxo que ele
Eu não conseguia parar de pensar na cena que tinha acabado de presenciar. Quanto mais eu lembrava, mais eu sentia meu sangue ferver. O som das risadas abafadas, o cheiro barato do perfume daquela enfermeira, a expressão irritada do Carlos, como se eu fosse a errada da história e a cara de pau dele de dizer na minha cara que eu estava ficando “velha” e que era por isso, que ele estava me traindo com uma enfermeira que mais parecia uma ninfeta.Meu coração martelava no peito, e minha cabeça latejava. Eu precisava fazer alguma coisa. Eu precisava esquecer e por mais que Clara tivesse dito que viria me buscar, eu não queria falar com ninguém. Não agora.E se existia um jeito infalível de esquecer uma merda de traição e uma demissão no mesmo dia, esse jeito envolvia muito, mas muito álcool, então, me levantei da droga do banco, peguei minhas chaves e dirigi para longe daquela porcaria de hospital.Girei e girei pelas ruas da Itália até finalmente encontrar um bar que fosse desconhecido par
O gosto do whisky ainda queimava na minha língua quando aquele garoto me empurrou contra a parede do pequeno quarto dos fundos do bar. O lugar era apertado, cheirava a madeira velha e álcool derramado, mas eu não estava me importando nem um pouco. Minha cabeça girava, e eu não sabia se era por causa do álcool ou da forma como as mãos dele deslizavam pelo meu corpo com tanta facilidade, como se já soubesse exatamente onde tocar.— Está com pressa? — provoquei, arfando, sentindo as mãos dele descerem pelas minhas coxas, puxando minha saia para cima.— Você não? — Ele sorriu, aquele maldito sorriso convencido que me fez querer socá-lo e beijá-lo ao mesmo tempo.Eu ri, mas o som virou um suspiro entrecortado quando ele segurou minha cintura e me ergueu. Em um segundo, minhas costas estavam pressionadas contra a porta e minhas pernas estavam enroscadas na cintura dele. A urgência nos nossos movimentos fazia tudo parecer ainda mais insano. Minha cabeça gritava que era loucura, mas meu corpo