23. A Conversa

Engoli em seco, ajustei a postura e ergui o queixo, mesmo que meu coração estivesse acelerado.

— Boa noite para o senhor também, Henrique — falei, mantendo a voz firme, mas com um toque de sarcasmo que mal consegui esconder.

Ele inclinou-se ligeiramente para frente, apoiando-se na mesa com os punhos marcados por contusões, as roupas manchadas de sangue.

— Boa noite, Barbara — disse ele, a voz carregada de um tom quase afetuoso. — Eu devo dizer, mesmo nesta noite de sombrios acontecimentos, você tem uma presença que não pode ser ignorada.

Revirei os olhos antes de conseguir me conter. Aquilo não combinava com ele, e ambos sabíamos disso.

— E você sabe que esses elogios não combinam nada com você.

Henrique inclinou a cabeça levemente, o sorriso zombeteiro se expandindo em seus lábios

— Então ruína. você prefere que eu seja mais... eu?

Senti minhas bochechas pegarem fogo, o rubor subindo rápido demais para que eu pudesse disfarçar. Seu olhar fixo em mim fazia cada movimento parecer mais
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