A luz do sol invadiu suavemente a sala, anunciando o início de mais um dia. Levantei-me da cama com um misto de sono e ansiedade.
Depois de um café da manhã rápido e um banho, peguei minha mochila e segui em direção ao meu curso técnico. O trajeto era familiar, mas meus pensamentos estavam longe, preocupados com as questões que me assombravam desde a ligação do advogado.
No entanto, ao chegar ao curso, mergulhei nos estudos, tentando deixar de lado, ao menos temporariamente, as preocupações que me consumiam. Ali, entre livros e anotações, encontrei um refúgio onde podia me concentrar e esquecer, por alguns momentos, os problemas que me afligiam.
Após as aulas da manhã, dirigi-me ao hospital onde fazia meu estágio na UTI neonatal. Desde que comecei a trabalhar ali, sentia-me em casa. O ambiente hospitalar, apesar de caótico em muitos momentos, era onde eu me sentia mais viva e realizada.
Ao adentrar a UTI neonatal, fui recebida pelo burburinho característico do local. Médicos, enfermeiros e outros profissionais de saúde movimentavam-se freneticamente, cuidando dos pequenos pacientes que ali estavam internados.
Dirigi-me ao berçário, onde os bebês prematuros e recém-nascidos eram cuidados com todo o carinho e dedicação. Ao observar aqueles pequenos seres lutando pela vida, senti meu coração transbordar de emoção.
Cada criança ali era um verdadeiro milagre, um símbolo de força e resiliência diante das adversidades. Enquanto cuidava delas, esquecia-me um pouco de minha própria vida e mergulhava de cabeça naquele universo de amor e cuidado.
Hoje, em especial, uma menininha chamada Vitória estava prestes a ter alta. Vitória havia nascido prematura com 22 semanas, lutando bravamente pela vida desde o momento em que veio ao mundo. Segurando-a nos braços, senti uma onda de emoção me invadir, misturando-se às lágrimas de alegria dos pais da menina.
— Você, princesinha, já está indo para casa, com a mamãe e o papai. — Sussurrei para Vitória enquanto a balançava gentilmente, observando-a chupar o dedo com doçura.
Os pais de Vitória, que esperavam ansiosamente do lado de fora do berçario. Eu os cumprimentei com um sorriso, compartilhando da felicidade que irradiava deles. Caminhei até eles e entreguei aquele precioso pacotinho de amor, Vitória, em seus braços.
— Obrigada por tudo o que fizeram por ela. — Os pais agradeceram emocionados, expressando sua gratidão por todo o cuidado que Vitória recebeu enquanto esteve conosco na UTI neonatal.
Enquanto os observava se abraçarem e celebrarem o momento tão esperado, senti-me inundada por uma sensação de realização e gratidão. Saber que fiz parte do processo de cura e crescimento de Vitória foi uma das experiências mais gratificantes da minha vida, e eu estava imensamente grata por fazer parte da jornada dela e de sua família.
Uma semana havia se passado desde minha última conversa com Diego. Ele havia prometido retornar com notícias, mas até agora, o silêncio era ensurdecedor. Eu entendia que ele provavelmente estivesse tentando falar com Henrique Montebello, mas a falta de comunicação me deixava inquieta e preocupada. Agora eu só tinha três semanas. Eram exatamente 20h30 da noite quando eu estava atrás do balcão preparando drinks como de costume. A atmosfera era mais descontraída aqui, longe da recepção, e eu preferia assim. Meu foco estava nos ingredientes, nas misturas e na arte de criar as bebidas perfeitas para os clientes. Então, foi quando ela chegou. Melissa. Sua presença sempre foi difícil de ignorar, sua beleza deslumbrante contrastando com a expressão de raiva sutil que ela parecia carregar como uma segunda pele. Seus olhos se encontraram com os meus e eu senti um calafrio percorrer minha espinha. — Olá, boa noite. Como posso te ajudar? — Cumprimentei-a com um sorriso, tentando ignorar a sens
O ar frio do hospital envolvia-me enquanto eu caminhava pelos corredores familiares da maternidade. O brilho suave das luzes fluorescentes iluminava o ambiente, criando uma atmosfera tranquila e serena. O som suave dos passos ecoava pelos corredores vazios, enquanto eu me dirigia à ala de cuidados neonatais, pronta para começar mais uma tarde de trabalho. Ao entrar na ala, meus olhos se fixaram em um homem familiar de costas, parado diante de um berço onde repousava um recém-nascido adormecido. Um arrepio percorreu minha espinha ao reconhecê-lo como Diego. Seu perfil era inconfundível, mesmo de longe, e meu coração acelerou com a surpresa de encontrá-lo ali. No entanto, hesitei em me aproximar. Ele parecia estar imerso em um momento de profunda introspecção, tocando suavemente a bochecha do bebê enquanto seus olhos estavam fixos na pequena criatura. Eu não queria interromper esse momento íntimo e pessoal, e uma onda de vergonha me impediu de me aproximar. Foi então que seus olhos se
Caminhava pelos corredores da luxuosa mansão onde o evento estava ocorrendo. Meus passos eram incertos, meu coração martelava em meu peito. Eu sabia o que estava prestes a fazer, mas cada fibra de meu ser gritava para que eu desistisse. Encontrei minha chefe na sacada sozinha, segurando uma taça de vinho. Meu estômago se revirou quando nossos olhares se encontraram, e eu soube que não havia volta. A verdadeira face da noite começaria ali. — Marisa... — minha voz saiu trêmula enquanto eu lutava para manter a compostura. Ela virou-se para mim, seu olhar perspicaz capturando minha expressão ansiosa. Um sorriso insinuante dançou em seus lábios, mas seus olhos permaneceram sérios. — Barbara, o que foi? Você parece ter visto um fantasma. Engoli em seco, reunindo coragem para fazer a pergunta que estava me corroendo por dentro. — Estou reservada para alguém esta noite? Salvatore me contou. — Sim, você está reservada. Na verdade, estava prestes a ir procurá-la. Seu cliente não quer espe
Me viro lentamente, sentindo a intensidade do olhar cinzento dele fixado em mim. Seus olhos capturam cada detalhe de minha aparência, enquanto uma mistura de medo e fascinação me domina. Seu cabelo e barba levemente grisalhos conferem-lhe um ar de mistério e charme irresistível. Ele está vestido com elegância, usando calça e sapatos sociais, combinados com uma camisa branca social apertada que realça seu peitoral. Dois botões estão abertos, revelando sutilmente a força de seus músculos. As mangas levemente arregaçadas deixam à mostra parte de seus braços fortes com veias saltadas. Ele é alto, muito mais do que eu lembrava quando o vi pela primeira vez. Seu porte dominante preenche o ambiente, impondo uma presença que não pode ser ignorada. — Não respondeu minha pergunta. Ele avançou em minha direção. Recuei instintivamente, meu corpo encontrando o respaldo de um móvel próximo. Suas mãos fortes repousaram sobre a superfície, enquanto ele se inclinava em minha direção, sua presença
Estava decidida a ficar, a me entregar àquela noite de prazer e mistério. E algo dentro de mim ansiava por explorar os limites desconhecidos da luxúria. Então, com uma voz trêmula, mas decidida, murmurei: — Eu... — Minha voz saiu mais firme do que eu esperava. — Eu fico. Ele sorriu, um sorriso que carregava a promessa de tantas coisas que eu mal podia imaginar. Era como se, naquele momento, eu estivesse embarcando em uma jornada desconhecida, guiada pela atração magnética que existia entre nós. — Muito bem, Barbara. — Sua voz era suave, mas carregada de uma intensidade que fez meu coração acelerar ainda mais. — Então prepare-se, porque esta noite será inesquecível. Então, de repente, ele inclinou a cabeça, seus lábios se aproximando dos meus com uma urgência avassaladora. Eu mal tive tempo para processar o que estava acontecendo antes que ele me envolvesse em um beijo feroz e voraz. Seus lábios eram quentes e exigentes, explorando cada canto da minha boca com uma fome insaciável.
Os primeiros raios de sol filtravam-se pelas cortinas, criando padrões de luz e sombra na parede. Eu acordei sozinha, sentindo o calor suave do sol na minha pele. Ainda meio adormecida, virei-me na cama, mas Henrique não estava lá. O lençol estava emaranhado ao meu redor, e eu me vi enrolada nele como se fosse um casulo.Senti uma dor moderada que me lembrava das intensas atividades da noite anterior. Sentei-me na beira da cama, tentando processar tudo. A realidade começou a entrar lentamente na minha mente, como a luz matinal que invadia o quarto.As paredes de um branco puro. A cama king-size no centro do quarto, com sua cabeceira estofada em veludo cinza. Os lençóis de algodão ainda estavam amassados, testemunhas silenciosas da nossa noite.No canto oposto à cama, havia um espelho grande, com uma moldura dourada. Ao olhar meu reflexo, vi meu cabelo desarrumado, a pele levemente marcada pelos beijos e toques dele. Levantei e me aproximei das portas de vidro que davam para uma varanda
Henrique caminhava à minha frente, e eu o segui, tentando controlar a ansiedade que se instalava em mim. Descemos lances de escadas, cada passo ecoando no silêncio da casa.Chegamos a um corredor, e ao final dele, ele parou diante de uma grande porta de madeira escura. Ele abriu a porta com facilidade e fez um gesto para que eu entrasse. Hesitei por um momento, mas acabei entrando.O escritório era completamente decorado em tons escuros. As paredes eram pintadas de um cinza profundo, quase negro, e uma estante cheia de livros antigos ocupava uma das paredes.No centro do cômodo, uma mesa de madeira maciça e polida dominava o espaço. Sobre ela, havia vários monitores gigantes, dispostos de forma estratégica, que iluminavam o ambiente com suas telas de alta definição. Cada monitor mostrava algo diferente: gráficos, câmeras de segurança, e-mails... tudo organizado meticulosamente.As janelas, cobertas por pesadas cortinas de veludo negro, deixavam entrar apenas um fino raio de luz, que co
Sempre tive tudo o que quis. As coisas vêm até mim com facilidade, como se o mundo estivesse ao meu dispor. Não preciso nem estalar os dedos. Um olhar meu, um movimento sutil, e as pessoas se dobram, temendo a sombra que minha presença lança sobre elas. Desde jovem, descobri que gostava de violência. Há algo visceral e puro no medo estampado nos olhos de alguém. Eu não sou apenas um homem poderoso; sou o Capo da Ndrangheta. Meu nome sussurrado em qualquer canto escuro é suficiente para paralisar corações e congelar o sangue nas veias. O poder corre em minhas veias, intoxicante e absoluto. No meu mundo, a lei é moldada pela força, e a justiça é entregue pela ponta da lâmina ou pelo som de um disparo. Não há lugar para fraqueza.Não me importo com as pessoas. Elas são ferramentas, meios para atingir meus fins. Suas vidas e seus destinos são irrelevantes para mim, meros detalhes em um panorama maior que eu construo e controlo. O medo é minha arma mais afiada. O terror é uma obra de arte,