O meu celular estava cheio de chamadas perdidas de Emily. Meu coração apertou ao ver a quantidade. Com um suspiro tenso e mãos trêmulas, peguei o aparelho e disquei seu número.— Barbara, por que não atendeu as minhas ligações? Você quer me matar do coração? — A voz de Emily estava carregada de preocupação e medo.— Preciso te contar algo importante. Houve uma pausa do outro lado da linha, seguida por um suspiro tenso e apreensivo.— O que aconteceu, Barbara? Você está bem? — Eu... eu encontrei Henrique hoje. Ele... — minha voz falhou, um nó se formando em minha garganta. Precisei de um momento para me recompor. — Ele me disse algumas coisas sobre você. Coisas que me deixaram preocupada.— Sobre mim? O que ele disse?Escolhi cuidadosamente as palavras, evitando os detalhes mais violentos e perturbadores. Eu não queria assustá-la mais do que o necessário.— Ele sabe que você andou fazendo perguntas sobre ele. E não gostou nada disso. Disse que você está se envolvendo em assuntos peri
O motor do jato estava em silêncio, aguardando o momento de decolar. Lá fora, as estrelas cintilavam no céu noturno, indiferentes às tensões e dramas humanos que se desenrolavam abaixo delas. Sentei-me na luxuosa poltrona de couro, observando Barbara, que estava sentada à minha frente.Ela estava perdida em seus pensamentos, os olhos fixos em um ponto distante, talvez tentando processar a cadeia de eventos que a levara até aqui. Seus cabelos cacheados caíam em cascata pelos ombros, moldando seu rosto de maneira que acentuava sua expressão de determinação misturada com uma ponta de hesitação. As luzes suaves do interior do jato lançavam sombras delicadas sobre suas feições, destacando a tensão em sua mandíbula e o brilho em seus olhos.Aproximei-me um pouco mais, estudando cada detalhe. Havia algo hipnotizante em sua presença, uma mistura de vulnerabilidade e força que despertava minha curiosidade e meu interesse de maneiras que eu ainda estava tentando entender. Talvez fosse o desafio
O calor do verão italiano me envolveu assim que saímos do jato. A luz do sol era intensa e quase ofuscante. O terminal estava repleto de pessoas falando em italiano, uma língua melodiosa, mas que soava um pouco intimidante para mim.Cada passo que eu dava parecia amplificar a sensação de estar em um mundo novo e desconhecido. Tentei respirar fundo, esforçando-me para manter a calma e focar no que estava à minha frente. Assim que saímos, avistei um homem alto e magro, parado ao lado de um carro preto. Sua expressão era de uma seriedade quase impenetrável.— Signora, signore — ele nos cumprimentou com um leve aceno de cabeça, sua voz tão fria quanto seu olhar. Ele abriu a porta do carro, e eu entrei, sentindo o couro fresco do assento contra minha pele. Enquanto o carro se movia, olhei pela janela, tentando absorver a paisagem ao meu redor.Bari se desenrolava diante de mim como uma tapeçaria de contrastes vibrantes e antigos. Suas ruas largas e movimentadas estavam ladeadas por edifíci
O calor da banheira envolvia meu corpo com um conforto inesperado. Sempre preferi chuveiros rápidos, mas o banho relaxante, com sua água quente e aromática, era verdadeiramente revigorante.Depois do banho, vesti uma roupa casual e decidi que era hora de explorar. A curiosidade sobre o que Henrique estava escondendo era forte, e, embora pudesse não encontrar nada, sentia que precisava tentar.Percorri os corredores silenciosos da mansão, meu coração acelerado à medida que me aproximava do quarto de Henrique. Invadir seu espaço era arriscado, mas o desejo de entender o que ele ocultava superava o receio.Ao abrir a porta, fui recebida por um ambiente sofisticado em preto e cinza. As paredes, de um cinza profundo, criavam um pano de fundo discreto para a decoração minimalista. Luzes embutidas espalhavam um brilho suave, realçando as sombras e acentuando o mistério do lugar. A cama, com sua cabeceira estofada em preto e edredom de veludo cinza escuro, era o ponto focal do quarto. Com as
Entramos em uma sala de jantar elegante, com uma mesa comprida posta com toalhas de linho e pratos de porcelana fina. Cada lugar estava meticulosamente arrumado com talheres de prata polidos e copos de cristal, e um elegante centro de mesa com flores frescas. O aroma da comida que estava sendo servida começava a preencher a sala: uma variedade de pratos preparados, incluindo risoto de cogumelos, tagliatelle ao molho de trufas, e uma seleção de queijos finos.Amélia, estava ao lado da mesa, organizando as louças. Ela ajustava a posição dos pratos e talheres com um cuidado meticuloso. Já Cassandra, com sua expressão fechada de sempre, estava encarregada de servir as bebidas.— Cassandra, você tem certeza de que não colocou nada estranho na comida? — perguntou Matteo com um sorriso travesso, olhando para ela com um ar de provocação. — Não quero acabar com sintomas de envenenamento, como dores de estômago ou vômitos, ao final da noite.Ela lançou um olhar gelado para Matteo, seu rosto endu
A fumaça do meu cigarro se enrolava no ar, formando espirais que desapareciam lentamente no galpão isolado. A tortura tinha sido meticulosa, cada detalhe calculado para extrair o máximo de dor e desespero do traidor. A imagem da sua expressão aterrorizada ainda dançava diante dos meus olhos, como senti falta disso.O som de passos firmes ecoou na ante-sala, e a figura de Angelo surgiu, meu irmão do meio e consligliere. Ele era alto, quase tão alto quanto eu, mas com um porte mais esguio. Seus cabelos eram negros como a noite, e seus olhos, de um preto profundor. Angelo tinha um jeito calmo, uma serenidade que era quase irritante, um desvio grotesco da brutalidade que dominava o ambiente. Ele tinha um jeito de esconder qualquer emoção, um dissimulado por natureza, que fazia dele um conselheiro valioso. Angelo lançou um olhar crítico ao corpo ensanguentado e à cena de violência. Em seguida, focou em mim.— Irmão, você passou muito tempo fora — comentou, a voz suave, mas com uma pitada
Engoli em seco, ajustei a postura e ergui o queixo, mesmo que meu coração estivesse acelerado.— Boa noite para o senhor também, Henrique — falei, mantendo a voz firme, mas com um toque de sarcasmo que mal consegui esconder.Ele inclinou-se ligeiramente para frente, apoiando-se na mesa com os punhos marcados por contusões, as roupas manchadas de sangue.— Boa noite, Barbara — disse ele, a voz carregada de um tom quase afetuoso. — Eu devo dizer, mesmo nesta noite de sombrios acontecimentos, você tem uma presença que não pode ser ignorada.Revirei os olhos antes de conseguir me conter. Aquilo não combinava com ele, e ambos sabíamos disso. — E você sabe que esses elogios não combinam nada com você.Henrique inclinou a cabeça levemente, o sorriso zombeteiro se expandindo em seus lábios— Então ruína. você prefere que eu seja mais... eu?Senti minhas bochechas pegarem fogo, o rubor subindo rápido demais para que eu pudesse disfarçar. Seu olhar fixo em mim fazia cada movimento parecer mais
Na manhã seguinte, fui despertada por uma leve batida na porta. A sonolência ainda pairava sobre mim enquanto eu levantava e abria a porta. Matteo estava ali, segurando um envelope.— Henrique pediu para te entregar isso. Podemos sair para fazer compras e apresentar a cidade para você. — Ele estendeu o envelope.Peguei-o com curiosidade e, ao abrir, encontrei um cartão de crédito e débito, novo e brilhante sob a luz do sol que entrava pela janela.— Vou tomar um banho antes de sair, obrigada. — Informei, virando-me para voltar ao quarto.Matteo assentiu, e fui direto para o banheiro. A água quente caía sobre mim, relaxando meus músculos enquanto eu tentava organizar os pensamentos. Depois de um banho rápido, vesti um vestido leve e confortável.Ao descer para a sala de jantar, encontrei uma mesa posta com frutas, pães e sucos frescos. Sentei-me para o café da manhã, saboreando uma fatia de pão com manteiga. Matteo e Sandro estavam perto, mas conversavam entre si, me dando um momento de