FELIPE . . Eu estava no carro, com Fred ao meu lado, ainda digerindo toda a repercussão da coletiva. Cada segundo parecia uma eternidade enquanto esperávamos alguma notícia da polícia sobre a localização da Renata. A ideia de que ela estava fugindo me deixava com um gosto amargo na boca, uma espécie de frustração que só crescia a cada atualização vazia. Meu celular tocou, interrompendo os pensamentos sombrios. Olhei para a tela: Marina. “Marina?” Pensei, surpreso. A última coisa que eu precisava era mais um problema, mas uma ligação dela nunca era sem motivo, ainda mais considerando que estava grávida do meu filho. Atendi, já me preparando para ouvir alguma notícia sobre o bebê, já imaginando algo grave. — Felipe... A voz dela estava trêmula, uma tensão cortante que só aumentou meu nível de alerta. — Marina? Aconteceu alguma coisa? O bebê está bem? Perguntei rapidamente, tentando manter a calma enquanto o coração batia mais forte, afinal, a Nicole já havia mandado eu
Eu subi no jatinho particular com uma mistura de adrenalina e raiva fervendo dentro de mim. A cada minuto que passava, a imagem de Renata me provocando e a cena de Marina indefesa me deixava ainda mais determinado a resolver aquilo. Fred estava atrás de mim, tentando pela última vez me convencer a envolver as autoridades.— Felipe, ouça. Não faz sentido ir sozinho. Isso é uma armadilha, mas uma, e você está prestes a cair novamente.Ele insistia, os olhos carregados de preocupação.— Eu não posso, Fred. Se eu envolver a polícia, ela vai fazer algo com a Marina e o bebê. Não vou correr esse risco.Respondi, minha voz saindo mais dura do que pretendia. Eu não queria que Fred se colocasse em perigo também.— Então pelo menos me deixe ir com você. Posso ajudar, pode precisar de alguém lá.Fred ainda tentava argumentar.Olhei nos olhos dele, agradecido, mas firme.— Não vou colocar sua vida em risco também. Se essa psicopata está querendo me fazer de refém, então é comigo que ela vai lidar
NICOLE . . Desembarquei no Rio de Janeiro com o coração aos pulos, e uma mistura de adrenalina e angústia me dominando. O vento marítimo batia suave enquanto eu saía do aeroporto, mas meu peito estava apertado, e cada passo parecia pesar toneladas. Eu não imaginei que voltaria tão cedo, e muito menos daquela forma, carregando um medo que mal conseguia esconder. Eu peguei meu celular com as mãos trêmulas e disquei o número de Felipe, quase quebrando a tela de tanto aperto. Ele tinha que atender… Precisava saber que eu estava lá pra ajudá-lo, que juntos enfrentaríamos a loucura da Renata, custasse o que custasse. O toque seguiu por alguns segundos… depois outro… e outro. Meu coração disparava a cada segundo. O Felipe sempre atendia rápido, sempre. Cada toque do outro lado da linha soava como um alarme em minha cabeça. Algo estava terrivelmente errado. Finalmente, a chamada foi atendida. Eu já me preparava para soltar uma enxurrada de perguntas e preocupações, mas a voz qu
FELIPE . . Eu tentei encontrar uma brecha, alguma forma de tocar o coração que um dia eu pensei que a Renata tivesse, mas parecia que, naquele momento, ela não era mais uma pessoa; era uma pedra impenetrável, fria e cheia de veneno. Minhas palavras batiam contra o muro de ódio que ela ergueu, como se toda emoção que um dia existiu tivesse sido arrancada dela. — Renata, escuta… Tentei, minha voz quase um sussurro, a mão ainda presa pelos capangas dela. — Isso não vai te dar o que você quer. Isso tudo… só vai te trazer mais sofrimento. Ela riu, aquele riso seco que reverberava com ironia. — Sofrimento? Sofrimento é o que você me deu, Felipe. Você e essa… essa vadia. Ela apontou pra Marina com desprezo, e eu senti minha raiva crescer. — Por quanto tempo você acha que eu aguentei ver vocês juntos? Quantas vezes eu tive que ver vocês de mãos dadas em eventos, expondo um amor às custas do meu sofrimento? Como se eu fosse um lixo? Como se a minha dor fosse nada? — M
NICOLE ..Eu estava parada no meio do aeroporto, rodeada por pessoas que passavam apressadas, carregando malas, falando ao celular, vivendo suas vidas normais. Enquanto isso, o mundo ao meu redor parecia se fechar, sufocante, sem uma saída clara. Ainda segurava o celular nas mãos, sentindo as palavras ameaçadoras de Renata ecoarem na minha mente. Ela queria me destruir. E para isso, estava disposta a jogar sujo, a manipular cada fio daquela trama doentia, e eu… eu me sentia tão pequena.O que eu podia fazer? Não era ninguém. Era uma garota qualquer, sem preparação, sem treinamento para enfrentar uma psicopata. Eu sabia que a Renata não hesitaria em fazer qualquer coisa, talvez até estivesse armada. E como eu poderia fazer alguma coisa se ela realmente tivesse uma arma? Não tinha como ela controlar Felipe e Marina sozinha se não tivesse algum tipo de vantagem. Meu corpo todo tremia só de pensar nisso.Engoli em seco, e antes que a paralisia do medo tomasse conta de mim de vez, disqu
Eu só consegui o vôo pro Rio Grande do Sul no começo da noite, e tudo parecia rodar em câmera lenta, durante a viagem, eu só conseguia pensar no que o futuro me reserva, afinal, tudo poderia dar muito certo, mas também poderia dar muito errado. Ao chegar no aeroporto, tudo foi uma correria, os passos dos policiais ao meu lado, as instruções rápidas, mas precisas. Eles me levaram para uma sala reservada, onde, finalmente, as coisas começaram a se desenrolar. Uma agente policial, vestida em trajes civis, me ajudou a colocar a escuta. Era minúscula, escondida sob a gola da minha blusa, e os fios frios tocavam minha pele como um lembrete incômodo do que estava por vir.Enquanto ajustavam a escuta, um dos policiais, o chefe da operação, me deu as últimas instruções.— Nicole, você vai precisar manter a calma o tempo todo. Respire, fale devagar, e aja como se fosse só você e Renata. Qualquer hesitação ou reação fora do normal pode levantar suspeitas. Não se preocupe com nossa localização,
Senti a frieza do metal pressionada contra minha pele, acompanhada de um arrepio que corria por toda a espinha. Aquela era a linha entre a vida e a morte, e eu estava ali, à beira do abismo, com Renata prestes a decidir o meu destino.Ela segurava a escuta entre os dedos, o rosto contorcido de ódio e incredulidade. Quando seus olhos se levantaram para me encarar, seu olhar era um abismo de fúria. Eu senti o mundo inteiro congelar ao redor.— Você chamou a polícia, sua vagabunda? A voz dela era um sussurro cortante, mas não havia dúvida do ódio que vibrava em cada palavra. — Eu te avisei! Eu disse que era pra vir sozinha, que era pra ficar quieta.Ela levantou a arma e a apontou diretamente para a minha cabeça. A ponta brilhante refletia a luz fraca, e eu senti meu coração disparar. Mantive o olhar fixo no dela, mesmo que meu corpo tremesse por dentro. Eu sabia que, para a polícia, cada segundo contava, e precisava ganhar tempo de qualquer maneira.— E você acha que esses dois capan
FELIPE ..A noite caía, e o silêncio no hospital pesava como uma nuvem sobre meus ombros. Não havia som que abafasse as cenas que ecoavam dentro da minha cabeça, como se o terror daquela noite estivesse gravado na minha pele. O rosto pálido de Marina, amarrada e indefesa, cada expressão de medo de Nicole, os gritos, o estalo dos tiros, tudo se repetia sem parar, uma memória cruel e implacável.Sentado num banco frio, cobri o rosto com as mãos, tentando afastar a culpa que me consumia. Nicole estava próxima, enrolada em uma manta que o policial lhe havia dado para cobrir os vestígios da humilhação que havia sofrido. Eu me sentia um fracasso. Deveria tê-las protegido. Deveria ter sido forte o suficiente para impedir que tudo isso tivesse acontecido.Um médico se aproximou, trazendo notícias de Marina. Meus olhos foram de imediato para o rosto dele, em busca de uma resposta, de um milagre, mas antes mesmo que ele abrisse a boca, eu já sabia o que diria. Seu tom era suave, cuidadoso,