NICOLE . . Acordei naquela manhã sentindo uma inquietação estranha, mas tentei ignorá-la enquanto fazia minha higiene matinal. Eu olhei pro espelho, ajeitei o cabelo e respirei fundo, repetindo a mim mesma que aquele seria um dia diferente, focado em algo maior. O programa do dia era visitar o apartamento que eu pretendia alugar, algo muito importante pra nova fase que eu gostaria de viver. Mas, ao voltar ao quarto e pegar o celular, percebi algo incomum, uma avalanche de notificações piscava na tela, mensagens e ligações de amigas e conhecidos, como se algo urgente estivesse acontecendo. Entre os textos confusos e alarmados, um padrão se destacava, todas elas falavam sobre a coletiva de imprensa de Felipe. Abri as mensagens, um turbilhão de informações me atingindo de uma só vez. Relatos, links de notícias, manchetes... Eu mal conseguia acompanhar tudo, mas, com as mãos tremendo, cliquei no primeiro vídeo disponível. A imagem se abriu na tela, mostrando Felipe diante de
FELIPE . . Eu estava no carro, com Fred ao meu lado, ainda digerindo toda a repercussão da coletiva. Cada segundo parecia uma eternidade enquanto esperávamos alguma notícia da polícia sobre a localização da Renata. A ideia de que ela estava fugindo me deixava com um gosto amargo na boca, uma espécie de frustração que só crescia a cada atualização vazia. Meu celular tocou, interrompendo os pensamentos sombrios. Olhei para a tela: Marina. “Marina?” Pensei, surpreso. A última coisa que eu precisava era mais um problema, mas uma ligação dela nunca era sem motivo, ainda mais considerando que estava grávida do meu filho. Atendi, já me preparando para ouvir alguma notícia sobre o bebê, já imaginando algo grave. — Felipe... A voz dela estava trêmula, uma tensão cortante que só aumentou meu nível de alerta. — Marina? Aconteceu alguma coisa? O bebê está bem? Perguntei rapidamente, tentando manter a calma enquanto o coração batia mais forte, afinal, a Nicole já havia mandado eu
Eu subi no jatinho particular com uma mistura de adrenalina e raiva fervendo dentro de mim. A cada minuto que passava, a imagem de Renata me provocando e a cena de Marina indefesa me deixava ainda mais determinado a resolver aquilo. Fred estava atrás de mim, tentando pela última vez me convencer a envolver as autoridades.— Felipe, ouça. Não faz sentido ir sozinho. Isso é uma armadilha, mas uma, e você está prestes a cair novamente.Ele insistia, os olhos carregados de preocupação.— Eu não posso, Fred. Se eu envolver a polícia, ela vai fazer algo com a Marina e o bebê. Não vou correr esse risco.Respondi, minha voz saindo mais dura do que pretendia. Eu não queria que Fred se colocasse em perigo também.— Então pelo menos me deixe ir com você. Posso ajudar, pode precisar de alguém lá.Fred ainda tentava argumentar.Olhei nos olhos dele, agradecido, mas firme.— Não vou colocar sua vida em risco também. Se essa psicopata está querendo me fazer de refém, então é comigo que ela vai lidar
NICOLE . . Desembarquei no Rio de Janeiro com o coração aos pulos, e uma mistura de adrenalina e angústia me dominando. O vento marítimo batia suave enquanto eu saía do aeroporto, mas meu peito estava apertado, e cada passo parecia pesar toneladas. Eu não imaginei que voltaria tão cedo, e muito menos daquela forma, carregando um medo que mal conseguia esconder. Eu peguei meu celular com as mãos trêmulas e disquei o número de Felipe, quase quebrando a tela de tanto aperto. Ele tinha que atender… Precisava saber que eu estava lá pra ajudá-lo, que juntos enfrentaríamos a loucura da Renata, custasse o que custasse. O toque seguiu por alguns segundos… depois outro… e outro. Meu coração disparava a cada segundo. O Felipe sempre atendia rápido, sempre. Cada toque do outro lado da linha soava como um alarme em minha cabeça. Algo estava terrivelmente errado. Finalmente, a chamada foi atendida. Eu já me preparava para soltar uma enxurrada de perguntas e preocupações, mas a voz qu
FELIPE . . Eu tentei encontrar uma brecha, alguma forma de tocar o coração que um dia eu pensei que a Renata tivesse, mas parecia que, naquele momento, ela não era mais uma pessoa; era uma pedra impenetrável, fria e cheia de veneno. Minhas palavras batiam contra o muro de ódio que ela ergueu, como se toda emoção que um dia existiu tivesse sido arrancada dela. — Renata, escuta… Tentei, minha voz quase um sussurro, a mão ainda presa pelos capangas dela. — Isso não vai te dar o que você quer. Isso tudo… só vai te trazer mais sofrimento. Ela riu, aquele riso seco que reverberava com ironia. — Sofrimento? Sofrimento é o que você me deu, Felipe. Você e essa… essa vadia. Ela apontou pra Marina com desprezo, e eu senti minha raiva crescer. — Por quanto tempo você acha que eu aguentei ver vocês juntos? Quantas vezes eu tive que ver vocês de mãos dadas em eventos, expondo um amor às custas do meu sofrimento? Como se eu fosse um lixo? Como se a minha dor fosse nada? — M
NICOLE ..Eu estava parada no meio do aeroporto, rodeada por pessoas que passavam apressadas, carregando malas, falando ao celular, vivendo suas vidas normais. Enquanto isso, o mundo ao meu redor parecia se fechar, sufocante, sem uma saída clara. Ainda segurava o celular nas mãos, sentindo as palavras ameaçadoras de Renata ecoarem na minha mente. Ela queria me destruir. E para isso, estava disposta a jogar sujo, a manipular cada fio daquela trama doentia, e eu… eu me sentia tão pequena.O que eu podia fazer? Não era ninguém. Era uma garota qualquer, sem preparação, sem treinamento para enfrentar uma psicopata. Eu sabia que a Renata não hesitaria em fazer qualquer coisa, talvez até estivesse armada. E como eu poderia fazer alguma coisa se ela realmente tivesse uma arma? Não tinha como ela controlar Felipe e Marina sozinha se não tivesse algum tipo de vantagem. Meu corpo todo tremia só de pensar nisso.Engoli em seco, e antes que a paralisia do medo tomasse conta de mim de vez, disqu
Eu só consegui o vôo pro Rio Grande do Sul no começo da noite, e tudo parecia rodar em câmera lenta, durante a viagem, eu só conseguia pensar no que o futuro me reserva, afinal, tudo poderia dar muito certo, mas também poderia dar muito errado. Ao chegar no aeroporto, tudo foi uma correria, os passos dos policiais ao meu lado, as instruções rápidas, mas precisas. Eles me levaram para uma sala reservada, onde, finalmente, as coisas começaram a se desenrolar. Uma agente policial, vestida em trajes civis, me ajudou a colocar a escuta. Era minúscula, escondida sob a gola da minha blusa, e os fios frios tocavam minha pele como um lembrete incômodo do que estava por vir.Enquanto ajustavam a escuta, um dos policiais, o chefe da operação, me deu as últimas instruções.— Nicole, você vai precisar manter a calma o tempo todo. Respire, fale devagar, e aja como se fosse só você e Renata. Qualquer hesitação ou reação fora do normal pode levantar suspeitas. Não se preocupe com nossa localização,
NICOLE ..Pra minha família eu sou uma garota reservada, com poucos amigos, e me chamam de antissocial, eu sou a mais quieta da minha turma de amigos, todos me acham inocente e frágil, mas pros meus clientes, eu sou a mais safada, a mais desinibida, e a garota do prazer, a "Mila".Ninguém sabe o que eu faço da minha vida, nem meus amigos, eu tento manter a todo custo essa parte em completo sigilo. Eu trabalho em um prostíbulo, enquanto todos da casa dormem, eu saio pra ganhar a vida, e eu sei que pra grande maioria da sociedade, essa é a pior maneira de se ganhar a vida, mas isso porquê não viram a quantidade de dinheiro que recebo apenas por satisfazer os homens que me procuram.Aparentemente o estabelecimento é apenas um local de música, danças e bebidas, mas na verdade, por trás dos bastidores, nas suítes que compõem o andar de cima do lugar, acontece de tudo, e eu sou uma das garotas vips do local, isso significa que eu só atendo clientes de alto padrão social, e eu não penso e