NICOLE ..Ver o Felipe partir de volta ao Rio de Janeiro trouxe uma mistura amarga de emoções que eu mal conseguia descrever. A promessa dele ecoava na minha mente como uma melodia reconfortante, mas, ao mesmo tempo, carregava uma nota de incerteza que eu não conseguia ignorar. Ele havia prometido resolver tudo, colocar Renata em seu devido lugar, se certificar de que nada nos impediria de viver o que tanto sonhamos. E eu acreditei nele. Acreditei no olhar determinado, na firmeza da sua voz, em cada palavra que ele me disse antes de partir.Mas a verdade é que, no fundo, havia um medo latente, uma insegurança que me corroía devagar. O que aconteceria se ele não conseguisse? Se a Renata escapasse mais uma vez, usando algum truque que eu sequer conseguia imaginar? E se o Felipe desistisse de tudo, cansado dessa luta interminável? Ele poderia, a qualquer momento, perceber que lidar com o meu passado e o peso que eu carregava era demais, que não valia a pena. Pensar nisso era como sen
FELIPE . . Depois de ter ligado pra Nicole e falado sobre o resultado dos exames, eu prometi que colocaria aquela mulher na cadeia. Na manhã seguinte, acordei com uma sensação de propósito que há muito tempo eu não sentia. A confirmação dos exames na noite anterior tinha me dado o que eu precisava, uma prova concreta contra a Renata, a mulher que tentou destruir a minha vida e quase acabou com o meu relacionamento com a Nicole. A partir daquele nome eu ia tomar as rédeas de toda aquela situação, e o mundo precisava saber quem ela realmente era. Eu me levantei do hotel, me vesti com um terno impecável, daqueles que você escolhe para momentos de guerra, e liguei para o Fred. Ele atendeu no primeiro toque, a voz firme e direta. — Fred, já organizou tudo para a coletiva? — Tudo, Felipe. Vai ser no salão de eventos do hotel. A imprensa inteira vai estar lá. Ninguém quer perder essa. — Perfeito. Vamos jogar luz nessa sujeira de uma vez por todas. Assim que acabar a coletiva, pr
NICOLE . . Acordei naquela manhã sentindo uma inquietação estranha, mas tentei ignorá-la enquanto fazia minha higiene matinal. Eu olhei pro espelho, ajeitei o cabelo e respirei fundo, repetindo a mim mesma que aquele seria um dia diferente, focado em algo maior. O programa do dia era visitar o apartamento que eu pretendia alugar, algo muito importante pra nova fase que eu gostaria de viver. Mas, ao voltar ao quarto e pegar o celular, percebi algo incomum, uma avalanche de notificações piscava na tela, mensagens e ligações de amigas e conhecidos, como se algo urgente estivesse acontecendo. Entre os textos confusos e alarmados, um padrão se destacava, todas elas falavam sobre a coletiva de imprensa de Felipe. Abri as mensagens, um turbilhão de informações me atingindo de uma só vez. Relatos, links de notícias, manchetes... Eu mal conseguia acompanhar tudo, mas, com as mãos tremendo, cliquei no primeiro vídeo disponível. A imagem se abriu na tela, mostrando Felipe diante de
FELIPE . . Eu estava no carro, com Fred ao meu lado, ainda digerindo toda a repercussão da coletiva. Cada segundo parecia uma eternidade enquanto esperávamos alguma notícia da polícia sobre a localização da Renata. A ideia de que ela estava fugindo me deixava com um gosto amargo na boca, uma espécie de frustração que só crescia a cada atualização vazia. Meu celular tocou, interrompendo os pensamentos sombrios. Olhei para a tela: Marina. “Marina?” Pensei, surpreso. A última coisa que eu precisava era mais um problema, mas uma ligação dela nunca era sem motivo, ainda mais considerando que estava grávida do meu filho. Atendi, já me preparando para ouvir alguma notícia sobre o bebê, já imaginando algo grave. — Felipe... A voz dela estava trêmula, uma tensão cortante que só aumentou meu nível de alerta. — Marina? Aconteceu alguma coisa? O bebê está bem? Perguntei rapidamente, tentando manter a calma enquanto o coração batia mais forte, afinal, a Nicole já havia mandado eu
Eu subi no jatinho particular com uma mistura de adrenalina e raiva fervendo dentro de mim. A cada minuto que passava, a imagem de Renata me provocando e a cena de Marina indefesa me deixava ainda mais determinado a resolver aquilo. Fred estava atrás de mim, tentando pela última vez me convencer a envolver as autoridades.— Felipe, ouça. Não faz sentido ir sozinho. Isso é uma armadilha, mas uma, e você está prestes a cair novamente.Ele insistia, os olhos carregados de preocupação.— Eu não posso, Fred. Se eu envolver a polícia, ela vai fazer algo com a Marina e o bebê. Não vou correr esse risco.Respondi, minha voz saindo mais dura do que pretendia. Eu não queria que Fred se colocasse em perigo também.— Então pelo menos me deixe ir com você. Posso ajudar, pode precisar de alguém lá.Fred ainda tentava argumentar.Olhei nos olhos dele, agradecido, mas firme.— Não vou colocar sua vida em risco também. Se essa psicopata está querendo me fazer de refém, então é comigo que ela vai lidar
NICOLE . . Desembarquei no Rio de Janeiro com o coração aos pulos, e uma mistura de adrenalina e angústia me dominando. O vento marítimo batia suave enquanto eu saía do aeroporto, mas meu peito estava apertado, e cada passo parecia pesar toneladas. Eu não imaginei que voltaria tão cedo, e muito menos daquela forma, carregando um medo que mal conseguia esconder. Eu peguei meu celular com as mãos trêmulas e disquei o número de Felipe, quase quebrando a tela de tanto aperto. Ele tinha que atender… Precisava saber que eu estava lá pra ajudá-lo, que juntos enfrentaríamos a loucura da Renata, custasse o que custasse. O toque seguiu por alguns segundos… depois outro… e outro. Meu coração disparava a cada segundo. O Felipe sempre atendia rápido, sempre. Cada toque do outro lado da linha soava como um alarme em minha cabeça. Algo estava terrivelmente errado. Finalmente, a chamada foi atendida. Eu já me preparava para soltar uma enxurrada de perguntas e preocupações, mas a voz qu
FELIPE . . Eu tentei encontrar uma brecha, alguma forma de tocar o coração que um dia eu pensei que a Renata tivesse, mas parecia que, naquele momento, ela não era mais uma pessoa; era uma pedra impenetrável, fria e cheia de veneno. Minhas palavras batiam contra o muro de ódio que ela ergueu, como se toda emoção que um dia existiu tivesse sido arrancada dela. — Renata, escuta… Tentei, minha voz quase um sussurro, a mão ainda presa pelos capangas dela. — Isso não vai te dar o que você quer. Isso tudo… só vai te trazer mais sofrimento. Ela riu, aquele riso seco que reverberava com ironia. — Sofrimento? Sofrimento é o que você me deu, Felipe. Você e essa… essa vadia. Ela apontou pra Marina com desprezo, e eu senti minha raiva crescer. — Por quanto tempo você acha que eu aguentei ver vocês juntos? Quantas vezes eu tive que ver vocês de mãos dadas em eventos, expondo um amor às custas do meu sofrimento? Como se eu fosse um lixo? Como se a minha dor fosse nada? — M
NICOLE ..Eu estava parada no meio do aeroporto, rodeada por pessoas que passavam apressadas, carregando malas, falando ao celular, vivendo suas vidas normais. Enquanto isso, o mundo ao meu redor parecia se fechar, sufocante, sem uma saída clara. Ainda segurava o celular nas mãos, sentindo as palavras ameaçadoras de Renata ecoarem na minha mente. Ela queria me destruir. E para isso, estava disposta a jogar sujo, a manipular cada fio daquela trama doentia, e eu… eu me sentia tão pequena.O que eu podia fazer? Não era ninguém. Era uma garota qualquer, sem preparação, sem treinamento para enfrentar uma psicopata. Eu sabia que a Renata não hesitaria em fazer qualquer coisa, talvez até estivesse armada. E como eu poderia fazer alguma coisa se ela realmente tivesse uma arma? Não tinha como ela controlar Felipe e Marina sozinha se não tivesse algum tipo de vantagem. Meu corpo todo tremia só de pensar nisso.Engoli em seco, e antes que a paralisia do medo tomasse conta de mim de vez, disqu