O Namoro

Quinta – feira, 11h20. 

Último período de aula, graças a Deus. Estávamos na aula de História, sério, eu detestava essa matéria, e também não gostava nada de história, química, física, matemática, religião, sociologia, etc. O professor havia passado um trabalho em trio, fiz com o Thomas e com a Aisha. A garota era muito inteligente, não que Thomas e eu ficássemos pra trás, claro. O trabalho era sobre Mesopotâmia, matéria muito chata, na verdade, achava História em si, chata. Nunca gostei de trabalhar sobre o passado e todo o povo que já morreu, Sócrates, Aristóteles, Platão, etc. Preferia estudar sobre o presente, que é bem mais legal, do que algo que aconteceu 300 milhões antes de Cristo, ah, como alguém conseguia gostar disso.

Entregamos o trabalho uns quinze minutos antes da aula acabar, fomos os primeiros a terminar, e assim que eu entreguei, o professor já começou a corrigir. Geralmente eu sempre ficava meio apreensivo quando ele corrigia meus trabalhos, mas dessa vez estava mais tranquilo por não ter feito sozinho. O professor Rodrigo me entregou nosso trabalho após terminar de corrigi-lo.

- Foram muito bem. - Ele disse ao me entregar o trabalho e se pondo a fazer um leve cafuné em mim.

- Quanto tiramos? - Perguntou Aisha, que estava sentada atrás de mim e de Thomas.

- Nove, erramos só a três. - Falei.

- Fomos muito bem. - Disse meu amigo.

- Ah, Juan, me acompanhe. - Falou o professor.

Olhei para meu amigo, que deu de ombros e então voltei a olhar para meu professor que aguardava em pé no meio da sala, então me levantei da minha cadeira e fui até ele, saímos da sala por alguns instantes, e nisso senti um pouco de frio na barriga.

- Olha, eu vi que você foi muito bem no trabalho hoje, talvez por ter sido em trio. Mas fora isso, você tem ido meio mal na minha matéria. Está acontecendo algo?

- Não professor, está tudo bem. - Falei.

- Olha Juan, eu sei que é tudo muito novo pra você. Você recém perdeu sua mãe. Acredite, eu te entendo, mas você não pode deixar os estudos de lado. Você tem que se dedicar mais, estudar mais, você é um garoto tão inteligente, use essa inteligência para os estudos também. Se você quiser, pode ir lá em casa pra eu te dar umas aulas particulares, e eu nem cobro, é que eu só quero o teu bem.

- Obrigado, professor, mas acho que não será necessário.

- Bom, você que sabe, são tuas notas que estão em jogo. Se mudar de ideia, é só falar comigo. - Ele disse se pondo a entrar na sala, em seguida.

Quinta – feira, 12h00

Thomas e eu estávamos esperando por Bernardo e Omar. Avistei meio de longe a Nina, que estava conversando com umas amigas. Olhei para ela, que me olhou também e lançou um leve sorriso. Lembrei de Phelippe, lembrei do que estava sentindo, e resolvi falar com a garota.

- Vou lá falar com a Nina. -  Falei para Thomas.

- Ok.

Ela estava com suas amigas, mas quando eu me aproximei, suas amigas sairam para nos deixar a sós.

- Oi. - Falei.

- Oi. - Ela disse com um leve sorriso.

- Hum... Quer fazer algo hoje à noite? - Perguntei.

- Tipo o quê?

- Não sei. Sair, tomar um sorvete, qualquer coisa...

- Claro que eu quero. Só de estar com você, já está ótimo, pra mim. - Ela falou com um sorriso de orelha a orelha

Combinamos de nos encontrar em uma praça que tinha perto de nosso colégio. Dei um beijo no rosto dela e sai. Me juntei com Thomas, Omar e Bernardo, que estavam me aguardando. Não fui com Phelippe nesse dia, pois ele teria que dar umas voltar antes de ir pra casa, e eu resolvi também dar umas voltas com meus amigos.

- Qual é o lance do professor Rodrigo contigo, hein? - Me pergunta Thomas.

- Como assim? - Lhe questionei sem entender sua pergunta.

- Ah Juan, não vai dizer que você nunca percebeu que ele te dá mais atenção do que pro resto da classe. Quanta inocência! - Disse meu amigo.

- O professor de História está dando em cima de você? - Me perguntou Omar tentando esconder o riso.

- Não, o Thimmy que fica viajando. - Disse meio bolado com a situação.

Quinta – feira, 19h00. 

Estava no banheiro me arrumando para sair com a Nina. Coloquei uma jaqueta preta de couro, pois à noite esfriava um pouco, e coloquei um boné cor vinho virado para trás.

- Cara, você está aí a mais de meia hora, qual é? Tá se masturbando? - Me pergunta Phlippe ao bater na porta do banheiro.

Não respondi, apenas passei perfume e sai.

- Vai sair? - Ele me perguntou ao me olhar da cabeça aos pés.

- Não, é que eu gosto de me arrumar para ficar em casa. - Ironizei. - Vou sair com a Marina.

- Marina? Marina Correia? A minha colega, Marina? Você vai sair com a minha colega?

- Bingo. A própria. - Falei.

Phelippe estava meio incrédulo, parecia não crer que eu sairia com sua colega, talvez pelo fato dela ser mais velha, ou por que ela era muito bonita para mim, vai saber...

Quinta – feira, 21h00. 

Marina e eu estávamos em uma lancheria. Ela estava comendo pastel de queijo, e eu uma empada de frango.

- Então, quer dizer que você está morando com o Phelippe? - Ela me perguntou docemente.

- Aham. Ele é legal. - Falei me pondo a tomor um pouco de minha coca – cola.

- É sim. E ele é engraçado, está sempre fazendo piada na sala, brinca com todo mundo, tanto com as garotas, como com os garotos. - Disse Marina.

Fico imaginando o que ela fala, Phelippe devia ser um excelente colega, quisera eu poder ser colega dele, ah, mas estávamos morando juntos, acho que isso era bem melhor do que ser colegas.

Marina estava falando sobre algo, olhei para ela, mas estava em outra galáxia distante, uma galáxia, chamada... Phelippe. Ai, que droga, não aguentava mais pensar nele. Queria esquecer ele, mas não sabia como, ou talvez, eu soubesse. Escuto então Nina me perguntar:

- O que você acha disso?

Acho do quê? Eu não tinha a mínima ideia do que ela estava falando, mas também não podia dizer que eu não estava prestando atenção nela.

- Hã... Eu concordo. - Falei.

- Concorda com o quê? Eu falei da gente ir a um show da minha banda favorita. E estava perguntando o que você acha de ir comigo. Juan, está tudo bem? Aconteceu algo?

- Desculpa Nina. É que eu estou meio preocupado com... com História.

- História?

- É. Acontece que o professor Rodrigo disse que eu não estou indo muito bem na matéria dele, daí eu fiquei meio grilado com isso. Desculpa. - Falei.

- Tudo bem. - Ela fala sorridente.

- Mas quanto ao show, podemos ir, sim. - Falo com a certeza de que num futuro não muito distante, eu me arrependerei daquilo. - Quando é?

- Sábado agora. Começa as 22h00. E estou com dois ingressos, presente de aniversário da minha mãe.

Lembrei então que era aniversário de Nina. Cara, eu havia me esquecido completamente. Que mancada! Merda, eu me senti péssimo por isso, não sabia como ela ainda estava conversando comigo depois de eu ter esquecido completamente desse detalhe.

- Meu Deus! Hoje é seu aniversário. Nossa, não acredito, com tantas coisas na cabeça eu esqueci. Foi mal, alias, foi péssimo. Mil desculpas mesmo, você nem sabe como eu estou morrendo de vergonha. - Falei todo sem jeito.

- Tudo bem, não tem problema. - Ela disse meio sem graça.

- Ah, que furo. Mil desculpas, sério. Perdoa esse tapado aqui?

- Juan, relaxa, está tudo bem, de verdade. - Ela falou ao se aproximar de mim e colocando sua mão direita em meu ombro direito.

Então, sem pensar muito, eu a beijei. Naquele instante, enquanto eu estava beijando Nina, eu me senti naquele filme ''Eu Não Faço a Menor Ideia Do Que Eu Tô Fazendo Com a Minha Vida'', pois eu não gostava dela, quer dizer, não do mesmo jeito que ela gostava de mim.

Mas resumindo a história do encontro... Marina e eu havíamos começado a namorar. Agora vocês pensem numa pessoinha completamente feliz com o início de um namoro, essa pessoa não é eu, com certeza.

Sexta – feira – 06h20. 

Despertador tocou me lembrando que infelizmente existia algo chamado escola e que eu precisava levantar. Eu queria tanto poder saber o que aqueles sacerdotes que inventaram a escola tinham na cabeça, acho que eram malucos, isso explicaria muita coisa. Criei coragem, por fim, e me levantei. Troquei de roupa e fui até o banheiro para fazer minhas higienes matinais, porém ao passar pela sala não avistei Phelippe. Ao sair do banheiro, vi o garoto entrar em casa com uma sacola. Ele havia ido à padaria, que tem alí perto, e que é aberta 24h00.

- Nossa, cara, que horas você veio? - Me perguntou Phelippe. - Eu nem te vi chegar. 

- Ah, cheguei era um pouco depois das 2h00. Você estava dormindo, e provavelmente deveria estar sonhando que era um porco, porque, mano, como você ronca.

- Cala boca, eu não ronco, não. - Disse o garoto entre sorrisos, e se pondo a arrumar a mesa do café.

- Brincadeira. Você dorme feito um anjo. - Falei ao me arrepender no segundo seguinte.

Phelippe não disse nada, apenas parou o que estava fazendo e se pôs a me olhar com aqueles imensos olhos azuis, os mais lindos que eu já havia visto. Fiquei meio cabisbaixo, envergonhado, e ele voltou a arrumar a mesa, e eu o ajudei.

- Hã... E como foi o encontro?

- Legal. Marina e eu estamos namorando. - Falei.

- What? Vocês estão o quê? - Ele perguntou incrédulo.

- Namorando. - Respondi.

- Legal.

Tomamos nosso café completamente em silêncio. Phelippe não falou mais nenhuma palavra, eu também não. Fomos pra escola juntos. Mais silêncio. Estava começando a odiar o silêncio.

Ao chegar na escola, novamente eu me juntei com meus amigos, e Phelippe com os dele. E adivinhem quem veio grudar em mim feito chiclete assim que me viu? Bingo. Marina.

- Oi amor. - Ela disse se pondo a me dar um selinho.

- Oi. - Falei.

- Amor? - Se questionaram Thomas, Bernardo e Omar.

Nina me puxou me levando para outro lugar. Passamos por Phelippe, ele estava a nos encarar, acho que ainda não acreditava que uma garota tão linda como Nina, pudesse gostar de mim. Nina e eu nos sentamos em um banco no pátio do colégio.

- Ai, estou tão feliz que nós finalmente estamos namorando. - Falou Nina se pondo a me abraçar.

Nossa, eu também estava superfeliz, só que não. Marina era tão legal, bonita e inteligente, tinhaw certeza que qualquer cara teria orgulho de namorar com ela, mas eu não, eu não conseguia ficar feliz com isso.

Sexta – feira, 16h00. 

Giulia e eu estávamos caminhando pelas ruas do Rio. Ela havia pedido para me ver, pois queria falar comigo. Confesso que na hora havia ficado meio grilado, não sabia do que se tratava.

- Que ceninha foi aquela com a Marina? - Me perguntou Giulia.

- Hã... Estamos namorando. - Falei meio cabisbaixo.

- Namorando? Você pirou Juan De La Torre? Como assim? Você só pode estar maluco. E o Phelippe? Como ele fica nisso tudo?

- Ele tem namorada. - Disse meio triste. - Fora que eu decidi esquecê -lo.

- Por quê? Por que ele tem namorada? Ou por que você não quer aceitar quem você é?

Ah, droga, como gostaria que Giulia estivesse errada, mas sabia que ela não estava, no fundo, eu sabia que a garota tinha razão. Fiquei me fazendo aquelas perguntas, mas nem sabia o que responder. Que droga tudo isso. Por que eu tive que me apaixonar pelo Phelippe Drummond?

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