Marcus ainda estava em minha frente, citando o casamento do Rodolfo, que começou com um contrato nupcial. Será que ele está tentando me animar? Não sou iludido e sei separar as coisas. Não é porque deu certo para o Rodolfo que dará certo para mim. Tenho isso em mente, afinal, a esposa dele não foi forçada a se casar pelo crápula do avô.
— Acha que esse contrato de 2 anos vai ser uma boa? — pergunto, ainda cheio de dúvidas.
— Sabe que não concordo. Se ela for traiçoeira, em dois anos você estará morto. Se eu fosse você, também casaria com separação total de bens. — Sorri. Meu irmão deve achar que sou trouxa, só pode.
— Tenho treinamento. Não pense que uma mulher vai me derrubar assim. Sou louco por ela, mas não burro.
— E treinamento contra um coração enganoso? Você tem, otário? — Ele fala debochando.
— Você é negativo demais, caralho. Como pode isso? Falta de mulher? Não tem mais ânimo na vida, não?
— Muita falta. Mas nem com mulher da vida eu me envolvo mais. A última foi suficiente. — Ele sorriu, achando graça. A última mulher por quem ele se apaixonou foi uma garota de programa. Isso mesmo, o babaca se apaixonou por uma prostituta. Penso que o cérebro que ele usou na época só podia estar na cabeça de baixo. Como alguém se apaixona assim?
— Por que não chama a Iara para sair? Olha ela aí, dando sopa. — falo, e ele sorri, esfregando o queixo enquanto olha para ela através da porta aberta.
— Aquela ali não aguenta nem uma sessão, além de só ter olhos para você. E você sabe disso. Sua fiel admiradora terá concorrência de peso. — Ele comenta, já que Iara vive me fazendo elogios. Nunca tivemos nada, até porque não sou de me envolver com pessoas no trabalho. Acho isso embaraçoso demais.
— Tô na vantagem ou não tô? — Brinco, me gabando.
Iara é uma moça simples, mas de um coração enorme. Gosto de tê-la aqui, embora saiba que Ludy logo voltará. Duvido que ela queira reassumir o cargo agora que está casada com um milionário. Iara está há dois anos substituindo minha prima, que se mudou para Miami após o casamento. Encontramos uma substituta à altura, já que Iara é competente e muito mais séria que Ludy.
Recebi uma ligação da avó da minha noiva. A senhora Louise é bem tranquila, nem parece que é casada com aquele traste. Ela é o tipo de vovó que dá vontade de visitar todas as tardes para comer um bolinho feito na hora.
A avó de Lia me propôs um jantar duas noites antes do casamento. Não vejo isso com maus olhos. Será uma boa oportunidade para ter um momento a sós com minha noiva. Quem sabe eu quebro o gelo e ganho uma sobremesa antes do casório? Parece que Louise está tentando aliviar o peso desse casamento forçado para a neta.
Comentei com Marcus, que riu da minha cara.
— Você acha mesmo que ela vai te dar alguma chance assim, do nada? Tá perdendo seu tempo pensando assim, Andrew.
— Já falei, não sou de ferro. E outra, tô sendo levado em banho-maria, mas vou deixar claro para minha noiva que, dessa próxima data, não passa. Se for preciso, trago minha mulher na marra, sem casamento mesmo. — Respondi a ele.
— Ela vai se assustar com a sua mudança, não acha? Afinal, no noivado, você parecia um franguinho, e agora tá todo no porte bruto. — Ele disse, me fazendo lembrar do meu noivado.
Caramba, que fiasco para mim! Minha noiva mal olhou na minha cara naquele evento. Saí de lá com raiva e, por pura ignorância, acabei pegando minha prima logo depois. Ainda assim, fiquei fascinado pela beleza da Lia. Ela parece um anjo. Minha vontade é fazer aquela menina me olhar, seduzi-la. É isso que eu mais quero.
— A mudança foi benéfica. Que mulher não se amarra em um homem sarado? E se ela não gostar, vai ter que aceitar assim mesmo. Não vou ficar fazendo gracinha, não. É aceitar ou aceitar.
— Quero ver falar assim com ela. — Me sentei e dei de ombros. — Juro que não te entendo. Tem horas que tem uma paciência que chega a ser burra, quer esperar o mundo por essa menina, e tem horas que não quer esperar nem um segundo.
— Caralho, quero acabar com essa tensão logo. Não nego, tô envolvido. E o perigo maior é que estou envolvido sozinho. Não gosto nada disso. — Argumento, refletindo sobre minha situação. Sei que não sou paciente, e isso é o que mais me preocupa.
— Nunca precisou conquistar uma mulher. Mesmo frangote era pegador. Mas agora cê tá numa furada sem tamanho. — Marcus gargalha da minha cara.
— Valeu pela força, vacilão. Bora falar dos negócios. E o pai, temos novidades? — Pergunto, mudando de assunto. Nosso pai é americano, e nossa mãe, brasileira. Ele teve outro filho fora do casamento, mas não nos damos nada bem. Eu e Marcus apenas toleramos Ângelo porque compartilhamos o mesmo pai. Durante a separação dos nossos pais, veio esse moleque mimado, que se acha o bichão, mas sabe muito bem que só é tolerado até certo ponto. Também tínhamos uma irmã, adotada ainda bebê. Angélica... Porra, não gosto de tocar nesse assunto. Ela se foi, mas ainda mora, e sempre vai morar, no meu coração.
Passei minha infância nos Estados Unidos, e desde cedo desenvolvi uma paixão por armas. Pequenas, médias, de grande porte — amo todas. Essa paixão também veio do meu pai, que sempre teve um arsenal em casa. Aprender a manusear foi fácil. Meu pai sempre foi precavido, nunca gostou da ideia de não ensinar "de tudo um pouco" para os filhos.
Quando nos mudamos para o Brasil, eu tinha 16 anos. Era um moleque franzino, sem muita massa muscular, mas já chamava a atenção das meninas da escola. Não sei se era pelo meu sotaque norte-americano ou pelo charme, mas elas olhavam.
Depois de terminar a escola, achei que teria vida boa: curtindo e virando empresário, já que meu pai é dono de uma rede de empresas de segurança. A sede fica em Santa Catarina, para onde nos mudamos. Mas, claro, as coisas não foram tão fáceis. Meu pai nunca deu nada de mão beijada para os filhos. Vou dizer: esse foi o maior aprendizado que tive na vida.
Meu primeiro emprego foi como segurança do Rodolfo. Tinha 19 anos e não conseguia coisa melhor, já que no Brasil não se pode andar armado. Com ele, aprendi muito sobre empresas. Fui seu segurança particular, e acabamos nos tornando amigos. Trabalhei com ele por três anos, até sair para assumir a empresa do meu pai.
Hoje estou há três anos como CEO da empresa da família.
Meu pai nos teve já velho, quando não queria mais trabalhar. Testou a mim e a Marcus na empresa, mas Marcus não deu atenção nenhuma. Foi assim que meu pai foi obrigado a entregar a gestão nas minhas mãos. Aproveitei para colocar em prática o que já sabia e o que aprendi com Rodolfo.
Foi então que me veio a ideia: por que não trabalhar com armas? Apresentei a ideia para Marcus, e juntos abrimos nosso próprio negócio, às margens da lei brasileira. Com alguns contatos, firmamos nossa posição e passamos a alimentar o mercado ilícito de armas no Brasil. Importamos, exportamos, e há três anos fazemos isso. Posso dizer que, aos 25 anos, vivi bem.
Hoje sou CEO da empresa do meu pai, mas isso é apenas uma fachada para minha verdadeira paixão: as armas.
E em breve, serei um homem casado com meu anjo, minha Lia.
LiaQueria eu que esse tormento acabasse, mas, pelo que conheço do meu avô, isso é só o começo. Infelizmente, ele só pensa em si mesmo, e não há nada nem ninguém que o faça mudar. Coitada da minha avó, que ainda tem esperanças — algo que eu já perdi há muito tempo. Uma coisa, porém, é certa: ela é a única pessoa que ele ainda escuta (às vezes). Talvez porque estejam casados há mais de 50 anos, e ela tenha aceitado a lavagem cerebral que ele impõe. Minha avó não ousa imaginar a vida sem ele, o mandatário Rubens. Um homem com a coragem de usar a própria neta como moeda de troca para quitar suas dívidas. Um calhorda. (Espero que ele nunca me ouça dizer isso.)Quando criança, sempre sonhei com o meu casamento. Na minha mente, seria o dia mais feliz da minha vida, inesquecível. Mas meu avô tratou de apagar esse sonho da minha cabeça. Sempre tive uma imaginação fértil, até boba, como diz minha irmã. Eu me via como uma princesa aprisionada em um castelo sombrio, e meu avô era o bruxo da minh
Continuação...Minha avó entrou no quarto com o prato em mãos. Eu adoro sua comida, assim como adoro cozinhar. Foi ela quem nos ensinou a fazer de tudo em casa, desde limpar até preparar refeições. Dificilmente há algo que eu não saiba fazer, porque sempre foi meu passatempo quando não estava na faculdade. Agora, nem isso posso frequentar. Sinto-me decepcionada por estar privada desse esforço que tanto lutei para conquistar.Lembrando das minhas aventuras na cozinha, penso em Miguel. Durante nossa fuga, preparei alguns pratos para nós. Comidas simples, já que não tínhamos dinheiro para banquetes, mas ele adorou. Fez vários elogios, e posso dizer que sei realizar ótimos pratos graças à mulher à minha frente, que sempre foi tão dedicada a nós.Hoje, no entanto, algo estava diferente. Não me senti bem com o aroma da comida que tanto amo — arroz com strogonoff. Ao sentir o cheiro, meu estômago resmungou. Fiz uma careta e me virei de lado para evitar olhar.— Vovó, não quero. — Falei com j
Dias depois…LiaOs hematomas estão mais ausentes nos meus dias. Eu gostaria de pensar que isso é resultado de uma mudança de atitude do meu avô, que ele está menos rude e mais amigável. Mas, infelizmente, o verdadeiro motivo é que ele fez duas viagens a trabalho, o que me deu um breve fôlego. Quando está em casa, sua tranquilidade levanta suspeitas, principalmente para minha irmã. Ele anda muito… como posso dizer… muito calmo, e para quem está acostumado com seu gênio explosivo, é mesmo estranho.Não sou o tipo de pessoa que acredita em mudanças. Tenho aquela mentalidade de que pau que nasce torto não se endireita. Também desconfio das atitudes do meu avô, mas penso que ele está assim por saber que a data do casamento está se aproximando.Não contei a ninguém, nem mesmo à minha irmã, que é contra, mas minha amiga Larissa está tentando fazer uma ponte entre mim e Miguel. Tem sido difícil, já que nem ela sabe onde ele está. Ela perguntou a várias pessoas, mas todas dizem que não o veem
Minha avó entrou no quarto e fechou a porta após meu primo sair, para minha sorte Bruno ainda finge que respeita ela ou eu estaria perdida nessa casa, ele faz o que quer aqui, e quando meu avô não está ele se acha o homem da casa. Não sei o que é pior ele ou meu avô, pelo menos meu avô se dedica a manter-se longe do meu quarto e da Léa, já o Bruno faz questão de entrar e sair quando bem entende.Eu estava frustrada com a ligação ao Miguel, queria saber o que está acontecendo, e o porquê da sua mãe falar tudo isso, ela sabe de nós e sempre foi contra assim como o meu avô que soube no susto, mas a mãe dele… diria que ela me odeia, e faz questão de manter o Miguel bem longe de mim. Mas agora estou aflita com o que ouvi dela, só se passa em minha mente que o meu avô tem algo a ver com o sumiço dele, meu deus, será que meu avô pôde fazê-lo algum mal mesmo sabendo que a sua família tem muita influência na cidade? — O que foi Lia, por que está com essa carinha de preocupada? — Minha avó me
Quando descobri a suas infidelidades decidi que partiria, iria embora com o meu filho, estava disposta a criá-lo sozinha e tinha certeza que os meus pais me ajudariam, afinal eles nunca viraram as costas para mim mesmo eu sendo tão ingrata, mas foi aí que descobri o homem que me casei, o homem que fiz tudo para estar ao seu lado, que jurei amor eterno, ele não era quem eu imaginava, já ouviu que as aparências enganam? Descobri isso sozinha e senti na pele a sua fúria, Rubens não aceitou que eu partisse, ele dizia que me amava e que eu seria dele até o fim dos meus dias, mas nunca mais acreditei em seu amor, nem ao menos em suas palavras e penso que não era mesmo para acreditar. Foram longos anos de tortura e desilusão até que eu aprendesse que não adiantaria de nada fugir dele, pois, sim, eu fugi e não foi só uma vez, mas não adiantava, para onde quer que eu fosse ele sempre me encontrava e me trazia de volta a vida de cárcere. Na última vez entrou em conflito com os meus pais chegand
Assim que saí do quarto da Lia, o meu neto Bruno estava na porta bancando o guarda, não sei quando perdi a ligação com esse rapaz, eu jurei a mim mesma que ele seria um rapaz do bem, tranquilo, como o meu filho era, mas ele é totalmente ao contrário do que eu queria que fosse. Olhei para ele o repreendendo, ele já sabendo argumentou.— A senhora fica a passar a mão na cabeça dessa vadia e depois ela foge de casa sem pensar em você, te deixa para trás sem olhar para trás, pare de bancar a boba passando a mão na cabeça dessas cobras que você pensa que te amam. — ele fala como se fosse dono da verdade, Bruno ainda finge que me respeita, mas na maioria das vezes ele age como se eu não fosse nada dele, mas sou, eu o criei e sempre exigi respeito. Penso que ele de tanto ele observar o seu avô fazer o que quer ele pensa que tem o direito de fazer o mesmo.— Você olhe lá como fala, ela é considerada, sua irmã, não fale dela assim, tenha respeito por ela. — ele sorriu sem me dar moral, sempre
AndrewEstava no galpão após passar o dia na empresa preso aos novos contratos, mas enfim tive tempo para vir aqui depois de um tempo por fora, estava só monitorando de longe. Os nossos negócios andam muito bem e trazendo muito lucro, não negarei, isso me fascina, dar gosto em poder estar tão perto de armamentos de primeira e visando todo lucro que estamos tendo, estou no céu. Mas nem tudo está perfeito, o meu pai marcou uma reunião comigo para quando ele voltar de viagem e citou o advogado da família, espero que não tenhamos problemas, afinal respondo por um processo na justiça brasileira e penso que o motivo do contato com o advogado seja isso.Para o estresse do meu irmão o último carregamento está atrasado e ele faz questão de mostrar que nada passa desapercebido e deixa todos em choque com o seu modo de ser.— Não quero ouvir nenhuma merda de desculpa que sai da porra dá tua boca… quero saber porque estava deitado, em vez de descarregar a carga e ficar de olho na chegada da próx
— Você tinha 1 tonelada de armas, além da sua pessoal e não conseguiu se safar dos caras? — Marcus sorri argumentando. — Realmente se é tão despreparado não da para ficar a frente do nosso carregamento. Onde está seu neto? — ele argumenta e o velho enrijece a face, sou detalhista, ele tenta não demonstrar o quão insatisfeito está conosco, mas percebo.— Ele… está doente, por isso não veio esses dias. — E minha noiva? — pergunto querendo saber de Lia. — ela ainda está adoentada? Esteve no médico? — Pergunto e ele se nega.— Senhor, já estou pagando a carga, lhe dei a mão da minha neta, e penso que isso paga já que é o meu bem mais precioso, estou colocando meu tesouro em suas mãos para que meu erro seja perdoado. — ele ainda argumenta me fazendo perceber que só pondera estar na frente do caminhão de cargas, ainda finge ser carinhoso já que sei que não é, ainda continuo o ouvindo e percebendo que ele não respondeu meus questionamentos. — Seremos parentes, pode me dar mais uma oportunid