Continuação...
Minha avó entrou no quarto com o prato em mãos. Eu adoro sua comida, assim como adoro cozinhar. Foi ela quem nos ensinou a fazer de tudo em casa, desde limpar até preparar refeições. Dificilmente há algo que eu não saiba fazer, porque sempre foi meu passatempo quando não estava na faculdade. Agora, nem isso posso frequentar. Sinto-me decepcionada por estar privada desse esforço que tanto lutei para conquistar.
Lembrando das minhas aventuras na cozinha, penso em Miguel. Durante nossa fuga, preparei alguns pratos para nós. Comidas simples, já que não tínhamos dinheiro para banquetes, mas ele adorou. Fez vários elogios, e posso dizer que sei realizar ótimos pratos graças à mulher à minha frente, que sempre foi tão dedicada a nós.
Hoje, no entanto, algo estava diferente. Não me senti bem com o aroma da comida que tanto amo — arroz com strogonoff. Ao sentir o cheiro, meu estômago resmungou. Fiz uma careta e me virei de lado para evitar olhar.
— Vovó, não quero. — Falei com jeitinho, para não decepcioná-la. Minha avó é muito carinhosa e, muitas vezes, nos protege dos castigos do meu avô e da fúria de Bruno.
— Nada de greve de fome, Lia. Pode comer. — Ela colocou o prato na minha frente novamente.
— Vó, eu não quero. Meu estômago está ruim. — Resmunguei, e minha avó imediatamente olhou para Léa, que ergueu as sobrancelhas, desconfiada.
— Desde quando está ruim, Lia? — Ela me olhou com aquele olhar questionador que me fez sentir envergonhada.
— Agora, vovó. Não estava sentindo nada antes, mas não se preocupe. Ontem também não jantei, deve ser isso. — Falei calmamente, tentando amenizar sua preocupação.
— Vamos ver como ficará. Qualquer mal-estar, avise-me imediatamente, entendeu, filha? — Minha avó passou a mão no meu rosto, mas ainda exibia um semblante preocupado. Ela se sentou na minha frente. — Filha, quero falar com você. Seriamente. — Disse, alisando meus cabelos.
Seu olhar me deu um receio estranho, como se algo ruim estivesse por vir. Por mais que eu não queira esse casamento, também não quero prejudicar as pessoas que amo. E sei que minha avó teme pela vida do meu avô nas mãos de Andrew.
— Pois fale, vó. — Respondi, recebendo dela um sorriso contido.
— Filha, sabe que não queria que nada disso estivesse acontecendo. Sinto-me mal por ter jurado à sua mãe que cuidaria de vocês e, agora, ver o que está acontecendo… sinto-me responsável por tudo o que você está passando. — Sua voz estava carregada de culpa.
Por Deus, como eu queria ouvir isso do meu avô! Não é ela quem causa todo esse mal, e sim ele.
— Vó, a senhora tenta, eu vejo isso. Mas não é fácil, não é? — Falei enquanto ela abaixava a cabeça.
— Não mesmo, filha. Quantas vezes, quando vocês eram pequenas, contei lindas histórias felizes? Juro que não era isso que eu queria para as minhas meninas.
— Nunca acreditei nas histórias, vó. Só ouvia mesmo. Já a Lia levou tudo muito a sério. — Minha irmã falou, sorrindo enquanto acariciava meu rosto com carinho.
— Se eu soubesse que tudo isso iria acontecer, nunca teria contado contos de fadas para vocês. — Minha avó respondeu, amenizando com um sorriso contido. — Sei o quanto tudo isso é insatisfatório e doloroso, Lia. Por mim, que tudo acontecesse comigo, mas nunca contra vocês. É por isso que me dói tanto, por perceber que não estou conseguindo tirar esse peso de cima de você. Sinto-me culpada por tudo o que vem acontecendo. Falei com o seu avô, como prometi, mas foi totalmente em vão. Por isso, quero tentar amenizar de alguma forma e ajudá-la a lidar melhor com isso, para que não seja tão cruel quanto o seu avô vem sendo.
Suas palavras deixaram claro que não tenho outra opção. Minha avó tentou me ajudar, e sei bem que nada disso é culpa dela. Se meu avô não tivesse cometido tantos erros, não estaríamos nessa situação.
— Não se culpe. Só tenho a agradecer por ter a senhora. — Falei, enquanto ela segurava minha mão e me olhava nos olhos.
— Filha, quero que tente relevar esse casamento, já que não temos outra saída.
— Como? Um desconhecido, vó. Como a senhora quer que eu me case com alguém que nunca vi? Não faço ideia de por que esse cara aceitou a loucura do meu avô, mas até ele mesmo diz que o tal Andrew é pior que ele. Me ajude a fugir, por favor. — Supliquei, mas minha avó se negou, pedindo que eu falasse baixo enquanto olhava para a porta, me lembrando que Bruno estava me vigiando.
— Não fale besteiras, Lia. Seu avô te mata se souber que você ainda pensa nessa fuga absurda. E outra, você teria coragem de fugir e me deixar?
Abaixei a cabeça. Não consegui responder.
— Não sei… Só sei que não quero isso.
— Lia, pare e pense, filha. Pense no melhor. Pode ser que o senhor Hernandez seja uma pessoa boa, que só tenha entrado nessa história por conta do seu avô. Não sabemos o que aconteceu.
— Por que ele me escolheu? Por que não a Léa?
— Não sei, filha. Talvez tenha sido o seu avô que escolheu você, por saber que estava dando trabalho com esse rapaz. Não temos certeza.
As palavras dela me fizeram lembrar da noite em que meu avô chegou quebrando tudo. Ele apontou para mim e disse: "Prepare-se, você vai se casar com Andrew Hernandez e não terá escolha, entendeu?" Ainda tentou se aproximar, mas minha avó entrou na frente, impedindo-o. Isso aconteceu dois dias depois de Bruno me ver na garupa da moto de Miguel. Meu avô ficou irado quando soube e me deu um castigo daqueles. Pode ser que minha avó esteja certa. Talvez eu não tenha sido escolhida por Andrew, mas sim pelo meu avô, que decidiu quem seria usado como moeda de troca. Esse pensamento, de certa forma, me deixou um pouco menos tensa.
— O que a senhora tem a me falar? — Perguntei, já receosa.
— Para tentar aliviar a angústia que sinto, marquei com o senhor Hernandez um jantar entre você e ele.
Arregalei os olhos, sem entender o que minha avó queria com isso.
— O quê? Não, não, não! Por favor, vó, isso não! Eu não quero! — Protestei, desesperada. Ela me puxou para um abraço.
— Filha, confie em mim. Será o melhor para você. Pelo menos, poderá conhecê-lo melhor, já que não temos outra saída.
— Tá bom, tá bom, eu vou… Mas fique claro que não aceito esse casamento. Não aceito nada disso que está sendo imposto a mim. Vou me casar, vó, mas saiba que farei de tudo para que ele me dê o divórcio. Eu terei a minha liberdade. Prometo isso a mim mesma!
Limpei as lágrimas, apavorada. Tenho medo dele, medo do irmão dele, e de tudo que envolve seu nome. O temor toma conta de mim. Meu Deus, o que será de mim?
Dias depois…LiaOs hematomas estão mais ausentes nos meus dias. Eu gostaria de pensar que isso é resultado de uma mudança de atitude do meu avô, que ele está menos rude e mais amigável. Mas, infelizmente, o verdadeiro motivo é que ele fez duas viagens a trabalho, o que me deu um breve fôlego. Quando está em casa, sua tranquilidade levanta suspeitas, principalmente para minha irmã. Ele anda muito… como posso dizer… muito calmo, e para quem está acostumado com seu gênio explosivo, é mesmo estranho.Não sou o tipo de pessoa que acredita em mudanças. Tenho aquela mentalidade de que pau que nasce torto não se endireita. Também desconfio das atitudes do meu avô, mas penso que ele está assim por saber que a data do casamento está se aproximando.Não contei a ninguém, nem mesmo à minha irmã, que é contra, mas minha amiga Larissa está tentando fazer uma ponte entre mim e Miguel. Tem sido difícil, já que nem ela sabe onde ele está. Ela perguntou a várias pessoas, mas todas dizem que não o veem
Minha avó entrou no quarto e fechou a porta após meu primo sair, para minha sorte Bruno ainda finge que respeita ela ou eu estaria perdida nessa casa, ele faz o que quer aqui, e quando meu avô não está ele se acha o homem da casa. Não sei o que é pior ele ou meu avô, pelo menos meu avô se dedica a manter-se longe do meu quarto e da Léa, já o Bruno faz questão de entrar e sair quando bem entende.Eu estava frustrada com a ligação ao Miguel, queria saber o que está acontecendo, e o porquê da sua mãe falar tudo isso, ela sabe de nós e sempre foi contra assim como o meu avô que soube no susto, mas a mãe dele… diria que ela me odeia, e faz questão de manter o Miguel bem longe de mim. Mas agora estou aflita com o que ouvi dela, só se passa em minha mente que o meu avô tem algo a ver com o sumiço dele, meu deus, será que meu avô pôde fazê-lo algum mal mesmo sabendo que a sua família tem muita influência na cidade? — O que foi Lia, por que está com essa carinha de preocupada? — Minha avó me
Quando descobri a suas infidelidades decidi que partiria, iria embora com o meu filho, estava disposta a criá-lo sozinha e tinha certeza que os meus pais me ajudariam, afinal eles nunca viraram as costas para mim mesmo eu sendo tão ingrata, mas foi aí que descobri o homem que me casei, o homem que fiz tudo para estar ao seu lado, que jurei amor eterno, ele não era quem eu imaginava, já ouviu que as aparências enganam? Descobri isso sozinha e senti na pele a sua fúria, Rubens não aceitou que eu partisse, ele dizia que me amava e que eu seria dele até o fim dos meus dias, mas nunca mais acreditei em seu amor, nem ao menos em suas palavras e penso que não era mesmo para acreditar. Foram longos anos de tortura e desilusão até que eu aprendesse que não adiantaria de nada fugir dele, pois, sim, eu fugi e não foi só uma vez, mas não adiantava, para onde quer que eu fosse ele sempre me encontrava e me trazia de volta a vida de cárcere. Na última vez entrou em conflito com os meus pais chegand
Assim que saí do quarto da Lia, o meu neto Bruno estava na porta bancando o guarda, não sei quando perdi a ligação com esse rapaz, eu jurei a mim mesma que ele seria um rapaz do bem, tranquilo, como o meu filho era, mas ele é totalmente ao contrário do que eu queria que fosse. Olhei para ele o repreendendo, ele já sabendo argumentou.— A senhora fica a passar a mão na cabeça dessa vadia e depois ela foge de casa sem pensar em você, te deixa para trás sem olhar para trás, pare de bancar a boba passando a mão na cabeça dessas cobras que você pensa que te amam. — ele fala como se fosse dono da verdade, Bruno ainda finge que me respeita, mas na maioria das vezes ele age como se eu não fosse nada dele, mas sou, eu o criei e sempre exigi respeito. Penso que ele de tanto ele observar o seu avô fazer o que quer ele pensa que tem o direito de fazer o mesmo.— Você olhe lá como fala, ela é considerada, sua irmã, não fale dela assim, tenha respeito por ela. — ele sorriu sem me dar moral, sempre
AndrewEstava no galpão após passar o dia na empresa preso aos novos contratos, mas enfim tive tempo para vir aqui depois de um tempo por fora, estava só monitorando de longe. Os nossos negócios andam muito bem e trazendo muito lucro, não negarei, isso me fascina, dar gosto em poder estar tão perto de armamentos de primeira e visando todo lucro que estamos tendo, estou no céu. Mas nem tudo está perfeito, o meu pai marcou uma reunião comigo para quando ele voltar de viagem e citou o advogado da família, espero que não tenhamos problemas, afinal respondo por um processo na justiça brasileira e penso que o motivo do contato com o advogado seja isso.Para o estresse do meu irmão o último carregamento está atrasado e ele faz questão de mostrar que nada passa desapercebido e deixa todos em choque com o seu modo de ser.— Não quero ouvir nenhuma merda de desculpa que sai da porra dá tua boca… quero saber porque estava deitado, em vez de descarregar a carga e ficar de olho na chegada da próx
— Você tinha 1 tonelada de armas, além da sua pessoal e não conseguiu se safar dos caras? — Marcus sorri argumentando. — Realmente se é tão despreparado não da para ficar a frente do nosso carregamento. Onde está seu neto? — ele argumenta e o velho enrijece a face, sou detalhista, ele tenta não demonstrar o quão insatisfeito está conosco, mas percebo.— Ele… está doente, por isso não veio esses dias. — E minha noiva? — pergunto querendo saber de Lia. — ela ainda está adoentada? Esteve no médico? — Pergunto e ele se nega.— Senhor, já estou pagando a carga, lhe dei a mão da minha neta, e penso que isso paga já que é o meu bem mais precioso, estou colocando meu tesouro em suas mãos para que meu erro seja perdoado. — ele ainda argumenta me fazendo perceber que só pondera estar na frente do caminhão de cargas, ainda finge ser carinhoso já que sei que não é, ainda continuo o ouvindo e percebendo que ele não respondeu meus questionamentos. — Seremos parentes, pode me dar mais uma oportunid
Marcus saiu pela porta me deixando sozinho para ver o encaminhamento dos negócios. Estava olhando para tela quando Lucca entrou pela porta, mas antes ele educadamente bateu nela.— Entre! — Avistei ele entrando, Lucca caminhou até a minha mesa, — Sente-se, como anda a vida? — pergunto a ele, Lucca é um amigo de anos, mantemos contato e agora ele faz parte dos nossos negócios.— Minha vida tá na mesma, UMA MERDA… — Ele sorri, — mas e a sua? Ansioso para o casório? — ele pergunta me fazendo sorrir.— Ainda não caiu a minha ficha, não estou nada ansioso e sim nervoso, mal sei o que esperar. — falo pensativo. — Mas sei que levarei a minha esposa para minha casa esse final de semana, sobre isso não há dúvidas.— Ta apaixonado cara? — ele pergunta olhando-me confuso, Lucca como o meu irmão também já quebrou a cara, mas ele quebrou a cara com a minha falecida irmã.— Não sei se é essa a palavra certa, na boa penso que é demais falar apaixonado, tô empolgado isso, sim, afinal nunca esperei ta
PROLOGORodolfo (LIVRO CONTRATO COM O CEO ARROGANTE)Estava na empresa, prestes a ir embora, já morrendo de saudades da minha família. Sim, me tornei um amante nato da minha casa e dos meus. Fiquei até um pouco mais tarde esperando Andrew, que havia me ligado dizendo que viria até aqui, mas minha paciência já estava no limite. Terminava de fechar meu computador para sair quando o safad0 do Andrew entrou na minha sala.— Até que enfim a margarida resolveu aparecer. — Cumprimentei, com um tom sarcástico, enquanto ele sorria.— Caramba, a margarida precisa de uma conversa contigo.— Fala aí, senta.— Valeu, cara. Tô enlouquecendo.— Porra, conseguiu me deixar curioso. — Sorri enquanto servia uma bebida para nós dois. Andrew é um homem calculista, sabe lidar bem com as emoções e consegue ser frio em situações adversas. Mas, naquele momento, ele parecia tenso. — Conta aí, o que aconteceu?— Estou prestes a me casar, como te falei. — Olhei para ele surpreso. Então não era invenção. Mas fiqu