Capítulo 4
Diante da segurança nas palavras dela, fiquei completamente sem reação. Continuávamos naquele impasse quando, de repente, meu celular tocou. Era Antônio do outro lado da linha.

— Ei, Carina! — Exclamou ele animadamente. — Seus bichinhos já chegaram sãos e salvos na Cidade B. Vou mantê-los na minha propriedade por enquanto, até você decidir o destino definitivo deles. Preciso saber de alguma coisa específica sobre os cuidados?

— Já chegaram? — Perguntei, não conseguindo esconder minha surpresa.

— Mandei transportá-los em avião particular. — Respondeu ele, orgulhoso.

Um sorriso involuntário iluminou meu rosto ao ouvir aquilo.

— Olha, a Cidade M é bem mais quente que a Cidade B. — Expliquei com preocupação. — Cuida para ficarem bem aquecidos, tá? Não quero que peguem um resfriado.

— Pode deixar comigo! — Garantiu Antônio, respondendo com aquele entusiasmo característico, parecendo uma criança que acabava de receber um elogio.

Naquela noite, Valentino estava completamente hipnotizado por sua amada, sem dedicar um pingo de atenção ao que acontecia na clínica veterinária. Era a oportunidade perfeita que eu esperava para tirar todos os meus animais de lá. Por isso mesmo, fiz questão de frisar bem a Antônio que eles precisavam ser levados ainda hoje.

Agora que eles estavam em segurança, não havia mais motivo para continuar com essa encenação toda.

Coloquei minha taça sobre a mesa, me preparando para sair, quando, sem qualquer aviso, Felícia agarrou meu pulso e começou a gritar dramaticamente:

— Carina, pelo amor de Deus! Se você quer tanto esse anel, eu tiro para você, mas não puxa desse jeito! Está machucando minha mão!

O rosto dela ficou vermelho como um pimentão, as sobrancelhas se contorcendo numa expressão de dor exagerada, como se estivesse sofrendo a pior das injustiças.

Valentino, que conversava do lado de fora, disparou para dentro ao ouvir o escândalo. Seus olhos percorreram a figura de Felícia, toda frágil e indefesa, e depois pousaram no anel em minha mão. Sem um pingo de consideração, ele berrou na frente de todos os convidados:

— Carina, como você tem coragem de ser tão baixa? Roubar um anel? Isso é coisa de gente sem classe, típico de quem vem de família de segunda categoria! Se continuar com esse comportamento, acabamos nosso relacionamento aqui e agora!

Num piscar de olhos, todos os olhares da festa se voltaram para mim. Descrença, desprezo, repulsa... Cada olhar penetrava como uma adaga em meu peito.

Qualquer vestígio de dignidade que ainda existia entre mim e Valentino havia se evaporado naquele instante.

Encarei aquele homem que tanto amei, sentindo as lágrimas quentes escorrendo livremente pelo meu rosto. Se tivesse ficado com Antônio desde o começo, como tudo poderia ter sido diferente... Como pude desperdiçar os melhores anos da minha juventude com alguém assim?

Luan, geralmente o primeiro a tentar acalmar os ânimos, se manteve em silêncio dessa vez. Apenas colocou delicadamente a mão em minhas costas num gesto silencioso de apoio e me ofereceu um lenço.

Agradeci com um sorriso triste. Até um simples amigo em comum me tratava com mais respeito do que Valentino jamais havia demonstrado.

— Três anos de relacionamento... — Murmurei com a voz embargada — E no final, é assim que você me enxerga? Como uma ladra desesperada por um anel? Por que nunca confia em mim? Por que sempre acredita nela primeiro?

Valentino vacilou por um segundo, seus olhos percorrendo meu rosto, como se procurasse alguma falha na minha expressão.

— Felícia não é como você. — Respondeu ele finalmente, as palavras saindo como veneno. — Ela nasceu em uma família respeitável. Você...

Que visão de mundo mais repugnante.

Eu o cortei sem hesitar:

— Então, na sua cabeça, todos os ricos são pessoas boas e todos os pobres são desonestos? Você é patético, Valentino. Inseguro, instável, sem a menor noção da realidade. Se tirassem seu dinheiro e sua aparência, não sobraria nada além de um homem vazio.

— Cala a boca! — Vociferou ele, o rosto contorcido de raiva, os olhos cravados em mim.

Sequei minhas lágrimas com as costas da mão e falei com uma tranquilidade que nem eu mesma sabia de onde vinha:

— A pedra deste anel me pertence. Vou levá-la comigo. O resto da peça, pode ficar para você.

Valentino virou o rosto e soltou uma risada seca, cheio de desprezo.

— Faz o que você quiser.

— Ótimo. Vou chamar um joalheiro agora mesmo. — Disse.

Peguei meu celular e rapidamente entrei em contato com um joalheiro de confiança, explicando brevemente a situação.

A resposta não demorou: [Estou a caminho, chego em 30 minutos.]

Refleti por alguns segundos e enviei outra mensagem: [Ah, e traga também o projeto original do anel, por favor.]
Sigue leyendo en Buenovela
Escanea el código para descargar la APP

Capítulos relacionados

Último capítulo

Escanea el código para leer en la APP