Melissa e Mattew nem sequer pediram a comida para viagem: ele pagou a conta e foram depressa para o carro. Mattew enfiou a BMW no beco mais escuro que podia, considerando o sol do meio-dia, mais ou menos embaixo de uma ponte, e Melissa pulou por cima do senhor Murray no banco do motorista. Nunca achara que teria tal habilidade ou que aquela posição poderia ser tão confortável. Tudo em cima, preservativo, mal abriram o necessário da roupa e, em minutos, estavam os dois se esbaldando com toda velocidade na BMW. Passou um tempinho e, se tivessem prestado atenção, teriam visto: um flash de luz. Mais um flash. Teriam ouvido um barulho de câmera fotográfica muito sutil, tirando fotografias em série. Por ser o dono de uma das revistas masculinas mais famosas de Nova York, Mattew era uma pessoa pública frequentemente perseguida por paparazzi, entretanto, por aquele breve momento de total descontrole, não parara para pensar exatamente no que estava fazendo e nas consequências daquilo. Consequê
Aquela tarde fora de trabalho intenso e muitas ligações para a diretoria da Kernel Publicidade. Melissa não queria prestar muita atenção no que estava acontecendo no trabalho, o que mais importava era ignorar os comentários maldosos de seus colegas e receber o embaixador da Cartier para consertar o embrulho que ela havia violado e apor na parte exterior das embalagens os dizeres “De: Adam; Para: Eve”. Após todas as resoluções urgentes com o embrulho da joia destinada à esposa de Kernel, o embaixador da Maison, sempre trajando um terno muito bem alinhado e luvas impecavelmente brancas, disse: - Senhorita Sanders, pedimos sinceras desculpas por termos esquecido de escrever o nome do destinatário na parte externa do pacote. Espero que agora esteja tudo certo. Eis aqui o seu. E esta é a outra encomenda do senhor Kernel. Para a surpresa de Melissa, o rapaz lhe entregou duas sacolas de papel; uma com a indicação “De: Adam; Para: Mel”; outra com os dizeres “Para nosso cliente especial, Adam
O senhor Kernel estava em seu quarto em frente ao espelho, fazendo um nó em sua gravata, olhando-se de corpo inteiro. Trajava um terno azul marinho com acabamento levemente brilhante, camisa social de manga longa cor creme e um colete, que fechou por sobre a gravata assim que terminou de ajeitá-la no pescoço. Imaginou a gravata como uma forca. Suas feições eram duras: ele estava extremamente irritado naquela noite enquanto ajeitava suas abotoaduras. - Falsos moralistas malditos – disse, entredentes. A voz grave extremamente irritada, as mãos dando os últimos retoques no gel dos cabelos levemente grisalhos e curtos. - Sorte sua que eles não descobriram o Círculo – comentou uma bela mulher que estava sentada em uma penteadeira de madeira escura, de costas para seu marido. Tratava-se de Eveline Kernel. Eveline estava trajada com um belo vestido azul marinho de saia volumosa, cortes retos na parte superior e uma mini jaqueta toda rendada estilo bolero, na mesma cor, de gola alta. O rost
No dia seguinte ao jantar de deslinde extremamente inusitado na mansão Kernel, Melissa estava trabalhando normalmente na recepção da sala da direção da Kernel Publicidade. No fim do dia, recebeu uns papéis da empresa de recursos humanos para assinar seu aumento de salário. Seus olhos azuis fitaram a documentação e o valor aposto ao final do documento era absurdamente alto para o trabalho que ela fazia. Bom... talvez não fosse tão absurdamente alto. Melissa precisava aprender a valorizar-se e a valorizar seu trabalho, bem como as roupas caras que ela precisava comprar para ir trabalhar e todas as outras coisas que precisava pagar, além da terapia que frequentava e das bebidas alcoólicas que ela era obrigada a tomar frequentemente para aguentar o stress advindo do trabalho. Sim, ela precisava ser valorizada por tudo aquilo. A mão delicada da secretária pegou uma das canetas do escritório com os dizeres “Kernel Publicidade” e ajeitou-se para assinar o contrato. Encostou a ponta da caneta
Naquela noite de sábado, Melissa colocou um vestido preto, leve e fácil de tirar. Perfumou-se e hidratou sua pele com o creme que ganhara de Kernel. Entrou em um carro que fora enviado por seu chefe e foi em direção ao seu incerto destino. Ela não sabia explicar exatamente o que estava sentindo, mas esperou tanto tempo por aquele momento que agora seu coração saía pela boca. Finalmente ela iria conhecer o Círculo Dourado e aquilo parecia, ao mesmo tempo, totalmente certo e totalmente errado. Havia recebido mais cedo quase todos os resultados de seus exames e estava tudo certo com a saúde de Mel, fato que, na verdade, lhe dera um certo alívio por causa do medo de ter contraído alguma doença devido às traições de Patrick. Não que ela não estivesse prestes a entrar no mesmo grupo de pessoas com as quais Patrick estava tendo relações, mas sabe-se lá com mais quantas pessoas mais ele tivera relacionado fora do Círculo Dourado enquanto estiveram juntos naqueles últimos doze anos. Melissa s
Dylan e Melissa deitaram-se num sofá preto Luís XV no canto do salão do Círculo Dourado. Os lábios de Dylan estavam quentes e sedentos pelos de Melissa. Os braços do homem lhe envolviam como se não houvesse amanhã e as carícias que ele fazia em seu pescoço levavam-na às alturas. De repente, Melissa quis bebericar algo alcoólico. - Volto já – ela disse e ele segurou-a pelo pulso. - Onde vai? – perguntou, carinhoso. – Não vai pegar um drink, vai? Como ele adivinhara, Melissa não soube. Mas não era a primeira vez que Dylan a impedia de beber naquela noite. Sem responder Dylan, Melissa caminhou até um dos bares que estavam espalhados pelo salão e serviu-se de uísque. “Quem ele pensa que é? Eu vou beber o que eu quiser!” – pensou a loira, indignada. Durante este pensamento, não percebeu, mas sua indignação acabou colocando mais de uma dose de uísque em seu copo. Melissa voltou ao encontro de Dylan, mas, quando olhou para o sofá, ele não estava mais lá. Melissa engoliu em seco. Olhou ao
Melissa trabalhava na recepção super empolgada. Fazia tudo com perfeição e dedicação. De vez em quando, ajeitava o anel dourado em seu polegar direito. Alguns dias se passaram, mas a animação do final de semana ainda não havia saído dos sentimentos da loira. Quando foi embora do salão do Círculo, após mais uma transa incrível com Dylan na Jacuzzi, ganhara as ruas de Nova York em um domingo ensolarado. Do lado de fora da mansão, o jardim estava mais verde, as nuvens mais brancas, o ar mais fresco e mais puro... o mundo parecia perfeito! Havia energia renovada percorrendo todo o corpo de Melissa e parecia que ela tinha tirado férias de um ano em algum lugar incrível e paradisíaco! Pensar que aquilo poderia acontecer em todos os finais de semana era simplesmente maravilhoso! Foi quando Kernel chegou ao trabalho e entregou um envelope para Melissa. - Bom dia, senhorita Sanders – ele disse, galante, puxando uma cadeira da recepção e sentando-se diante da escrivaninha de Melissa. – Como v
Alguns dias se passaram e, após realizar o teste para entrar na Universidade de Nova York, as férias de Melissa acabaram. A loira estava se preparando para ir ao trabalho após uma sequência de acontecimentos desagradáveis: Kate incomodando-a sobre ser uma preferência para Kernel, a internação do pai, que já estava recuperando-se muito bem, e uma conversa muito tensa com sua mãe acerca do futuro de Melissa. A conversa com sua mãe foi eleita pela mente de Melissa como o acontecimento mais desagradável dentre todos, no qual ela não conseguia parar de pensar durante um minuto sequer. Ainda não entendia como sua mãe pudera ser tão vil, sabotando um possível futuro de sucesso para a filha com palavras tão nocivas. A voz dela ainda ecoava na mente de Mel, falando que ela era burra e que não seria aprovada no teste da NYU, acusando-a, ainda, por estar relacionando-se com um homem casado. Aquilo era verdade: de fato, Kernel e Melissa estavam envolvidos, mas a realidade estava longe de ser a me