Nos braços dele, levantei o rosto, desesperada para absorver o máximo do seu cheiro, mas isso não bastava para apaziguar a intensidade dos meus sentimentos e a saudade que havia se acumulado dentro de mim. Subi na ponta dos pés, ignorando completamente o fato de estarmos ao ar livre, e, em um momento de total descontrole, procurei seus lábios, iniciando um beijo.Jean, mesmo sabendo que não era o lugar certo, não conseguiu resistir. Assim que eu tomei a iniciativa, ele cedeu. Mas, antes que o beijo se aprofundasse, o som de uma buzina nos interrompeu abruptamente, fazendo com que ambos despertássemos do momento.— Err… Vocês podem fechar a porta do carro? Preciso estacioná-lo. — Disse o motorista, com uma expressão que misturava constrangimento e incredulidade enquanto espiava pela janela.Provavelmente, ele pensava que minha pressa era devido a uma emergência séria em casa. Mas, ao presenciar nossa cena, deve ter percebido que eu estava, na verdade, tomada pela saudade de Jean. A pont
Lancei-lhe um olhar de lado, com uma expressão levemente descontente. Mas sabia que, naquele momento, mesmo que eu quisesse parecer séria, o brilho suave e sedutor nos meus olhos não tinha qualquer poder de intimidação.— Você não estava com pressa? Quem foi que me ligou duas vezes no caminho? — Retruquei, provocando, sem querer ficar para trás.Ele estendeu a mão para pegar o controle remoto, ligou o ar-condicionado e, em seguida, voltou para debaixo do cobertor, aconchegando-se ao meu lado.— Estava, sim. Mais do que você. — Ele murmurou baixo, com um tom quente, enquanto nossos rostos permaneciam próximos.Sorri, inclinando-me para beijá-lo novamente.Enquanto correspondia ao beijo, ele perguntou entre um toque e outro:— Quanto você bebeu hoje à noite? Não te avisei para não beber enquanto eu estivesse fora? E se ficasse bêbada? O que faria?De repente, parei o beijo e me lembrei da quantidade de vinho que havia consumido. Fiquei ligeiramente envergonhada.— Está com cheiro de álco
— Então você está me forçando, usando o amor como desculpa para me torturar. — Minhas palavras saíram frias, mas eu sabia que precisava dizê-las, mesmo que o magoassem.Jean me encarou, seus olhos escurecendo.— O tempo que passamos juntos foi doce e feliz, mas também extremamente pesado para mim. Principalmente durante os dias em que você foi levado para investigação. Eu fiquei em constante ansiedade, não dormia bem, acordava no meio da noite, meu cabelo começou a cair. Não tinha ânimo para fazer nada, e cada dia parecia durar uma eternidade.Pausando por um momento, respirei fundo e continuei:— Além disso, Tiago foi preso por espionagem. Também foi armação do Davi. Ele propositalmente ofereceu a Tiago uma forma de “ganhar dinheiro fácil”, sabendo que ele estava desesperado por causa de dívidas. Davi o manipulou para tirar fotos de bases militares e enviá-las para fora do país. Tiago foi preso perto do local onde você trabalha, enquanto fazia essas filmagens ilegais.Olhei para Jean,
Jean estava realmente bravo. Não importava o quanto eu tentasse consolá-lo ou convencer, ele não me respondia. Ele apenas se levantou da cama, vestiu as roupas rapidamente e ameaçou sair.Como eu poderia deixá-lo ir? Abracei-o por trás, agarrando-me a ele com todas as minhas forças, recusando-me a soltá-lo.— Jean, pense bem. Se você sair por essa porta agora, nunca mais vai me ver. Nunca mais! — Minhas palavras saíram como uma ameaça, mas no fundo eram um pedido desesperado.A verdade é que ambos sabíamos o peso que carregávamos no coração um do outro. Sabíamos o quão difícil seria dar esse passo, mas ele estava machucado, frustrado, incapaz de aceitar que eu estivesse disposta a terminar a nossa história.Quando o abracei, senti seu corpo inteiro tremer. Sua respiração estava pesada e irregular, e ele parecia lutar consigo mesmo.Meu coração doía tanto que parecia estar sendo esmagado. Segurei-o firme, sem soltá-lo. Lentamente, movi-me dos seus ombros até sua frente, ficando cara a c
Pressionei a cama com força, soltando um murmúrio irritado para mim mesma.— Maldito homem… — Resmunguei baixinho, descontando minha frustração no colchão.— Quem você está xingando tão cedo? — Uma voz familiar soou atrás de mim de repente.Fiquei tão assustada que virei para trás como se tivesse levado um choque. Lá estava Jean, sentado em uma poltrona ao lado da janela, com uma expressão completamente tranquila, como se estivesse esperando pacientemente que eu acordasse.A luz do sol da manhã já iluminava o quarto, mesmo com as cortinas parcialmente fechadas. Ele parecia frio, distante, sem o calor habitual que sempre irradiava.Sentei-me devagar, ainda surpresa, mas logo percebi o que aquilo significava: Ele estava esperando para se despedir.Não queria deixar que o clima ficasse pesado, então decidi provocá-lo:— Você já estava acordado? Por que não disse nada? Quase me matou de susto!Jean estava impecavelmente vestido, com sua camisa alinhada e calça social. Elegante e imponente
— Vamos tirar algumas fotos! — Falei, determinada. — Assim, quando eu sentir muito a sua falta, posso olhar as fotos para matar a saudade.Jean franziu a testa, claramente irritado:— Não quero tirar fotos.— Ah, vamos lá! — Insisti, ajustando o celular. — Quando você estava viajando para Milão, Emilia tentou me provocar. Ela colocou o celular dela bem na minha frente, e sabe o que vi? A tela de bloqueio era uma foto sua! Por que ela pode ter fotos suas e eu, sua namorada oficial, não? Isso é injusto! Hoje eu vou tirar várias, de todos os ângulos possíveis!Enquanto explicava, cheia de indignação, puxei-o pelo braço para ajustar o enquadramento da câmera.Jean continuou me encarando, sério, com uma intensidade que fazia meu coração vacilar. Eu podia sentir sua respiração quente tão próxima. Mas, mesmo assim, ele não perdeu a oportunidade de me lembrar cruelmente:— Você não é mais minha namorada. Agora é minha ex.— Ex-namorada e daí? — Retruquei, sem me abalar. — Emilia me provocou aq
Foi a primeira vez na vida que fiquei doente a ponto de precisar ser hospitalizada. Bela, como sempre eficiente, cuidou de toda a papelada para minha internação e me acompanhou até o quarto.No entanto, o destino parecia ter um senso de humor cruel. No corredor a caminho do meu quarto, quem eu encontrei? A antiga rival, Emilia.Ela carregava um recipiente térmico, provavelmente trazendo comida para alguém. Quando me viu, ficou visivelmente surpresa, mas logo abriu um sorriso malicioso.— Kiara? O que aconteceu com você? — Sua voz era doce, mas cheia de sarcasmo. — Foi o coração partido que te deixou assim? Ficou tão mal que acabou no hospital?Revirei os olhos, cansada demais para responder, e passei direto por ela. Não ia perder meu tempo. Mas Emilia, obviamente, não ia deixar passar a chance de me provocar. Ela deu meia-volta e me seguiu, como uma sombra desagradável.— Você e o Jean são mesmo um casal inesquecível. Ele também ficou doente esses dias. Mas, diferentemente de você, est
Depois de ficar imóvel, perdida em meus pensamentos por um momento, levantei a mão e chamei um táxi para voltar para casa.No caminho, liguei para Bela.— Você teve alta? — Bela perguntou, incrédula, com um tom de irritação. — Você ainda não está completamente recuperada! Por que teve tanta pressa para sair do hospital?— Estou bem. Vou descansar em casa, é a mesma coisa. — Respondi calmamente. — Você está ocupada hoje. Não queria te incomodar mais.Ela resmungou algo, claramente insatisfeita, mas não forçou a barra.Na verdade, foi exatamente porque Bela estava correndo para cima e para baixo nos últimos dias que decidi sair mais cedo. Todos estavam ocupados com suas próprias vidas. Mesmo sendo amigos, eu não queria ser um incômodo constante.Nos últimos meses, tive Jean ao meu lado. Ele cuidava de mim com tanta atenção, com um carinho que eu nunca havia experimentado antes. Aqueles dias foram os mais felizes da minha vida.Mas agora que ele se foi, a solidão parecia ainda maior do qu