Minha mente estava em caos. Não conseguia pensar direito, e uma sensação de impotência me dominava.— Onde ele está? Ele está sofrendo? — Perguntei, com os olhos marejados, minha voz rouca e cheia de preocupação.— Não sei. Se eu não tivesse insistido tanto, o pai dele nem teria me contado. Até então, todos pensávamos que ele tinha saído apenas a trabalho.A Sra. Auth nunca desviou o olhar de mim. Seu rosto, embora calmo, carregava uma preocupação que era evidente. Ela estava tentando manter a compostura, mas eu sabia que, por dentro, ela também estava extremamente ansiosa. Caso contrário, não teria vindo me procurar.— Quem não deve, não teme, Sra. Auth. Jean é inocente. Ele não tem nada a esconder. — Falei firme, tentando confortá-la e também me convencer disso.— Concordo. Espero que você esteja certa. — Ela assentiu suavemente, e sua expressão relaxou um pouco.Então, inesperadamente, ela mudou o tom e começou a falar de maneira mais pessoal:— Kiara, para ser sincera, gosto muito
Além de pedir desculpas, eu realmente não sabia o que mais poderia fazer.A Sra. Auth suspirou levemente:— Na verdade, isso não é culpa sua. Jean tem suas próprias opiniões e toma suas próprias decisões. Ele estava cansado de ser pressionado aqui, então decidiu ir para o exterior. Foi aí que encontraram uma oportunidade para atingi-lo.Olhei para ela com gratidão. Era evidente que ela conhecia bem o filho. Mas, mesmo assim, eu não conseguia evitar o arrependimento e a culpa. Se eu soubesse que Davi também estava em Milão naquela época, eu teria feito de tudo para impedir Jean de ir.Por outro lado, conhecendo Jean, se ele soubesse que Davi estava lá, teria ido de qualquer maneira, mesmo que o céu estivesse caindo.— Se for algo bom, não há o que temer. Se for algo ruim, não tem como escapar. — A Sra. Auth disse com um olhar distante. — Jean deve voltar em alguns dias. Mas tudo isso foi um aviso para nossa família. O avô dele, que já não está bem de saúde, ficou tão nervoso quando soub
— Sim, esses dias foram muito corridos. Tive que acompanhar um projeto muito especial e, por isso, todos os celulares pessoais precisaram ser entregues temporariamente. Não consegui entrar em contato com você. — Jean explicou, ainda contando uma mentira gentil para me tranquilizar.Eu sabia que ele estava escondendo a verdade para não me preocupar.— E aí? Está brava comigo? — Ele perguntou, com um leve sorriso na voz, tentando aliviar o clima.— Não. — Respondi, com os olhos cheios de lágrimas. Minha visão estava tão embaçada que não conseguia continuar dirigindo. No meio do trânsito caótico e lento, forcei uma mudança de faixa e encostei o carro em um ponto de ônibus na beira da estrada.— Jean, eu não estou brava. Só quero que você não se preocupe comigo. Cuide bem de você mesmo, está bem? — Depois de estacionar o carro, usei a outra mão para limpar as lágrimas antes de conseguir falar de forma mais controlada.— Estou bem. Só tenho trabalhado longas horas todos os dias, mas estou a
Depois daquela ligação com Jean, meu coração finalmente encontrou algum alívio. Pela primeira vez em dias, consegui dormir bem.Com o início do ano, minha agenda ficou cheia novamente. Dois desfiles de moda estavam programados nas próximas semanas, e o ritmo frenético de trabalho me impedia de pensar demais em Jean. Era um alívio. Manter a mente ocupada era a única maneira de não contar os minutos e as horas esperando por ele.No final do expediente.Quase no fim do meu dia de trabalho, recebi uma ligação de um número fixo.— Alô? — Atendi, sem pensar muito.— Boa tarde. Por favor, estou falando com Kiara? — Uma voz masculina, educada, mas carregada de autoridade, veio do outro lado da linha.— Sim, sou eu. Quem fala?— Srta. Kiara, somos da Segurança Nacional. Tiago é seu irmão? Ele foi detido sob suspeita de espionagem. Precisamos que os familiares colaborem com a investigação. A senhora poderia comparecer à delegacia mais próxima?As palavras atingiram meu corpo como um raio.Tiago?
— Tudo bem, Tiago insistiu muito em falar com você. Vamos permitir que conversem pelo viva-voz. — Disse o agente da Segurança Nacional, enquanto pegava o próprio celular e fazia uma ligação rápida.Após uma breve troca de palavras, ele ativou o viva-voz e colocou o telefone sobre a mesa. Logo, a voz de Tiago preencheu a sala:— Kiara… Mana, você está aí?Ao ouvir a voz dele, um misto de raiva e desprezo surgiu dentro de mim. Minha resposta foi curta e fria:— Estou.— Mana, por favor, me ajuda! Eu fui enganado! Foi o Davi que me disse que havia uma maneira fácil de ganhar dinheiro. Ele falou que era só tirar umas fotos e mandar para ele. Eu pensei que fosse algo simples e decidi tentar… Mas ele me armou uma cilada!Meu coração deu um salto. Era o Davi, como eu suspeitava! Ele realmente havia arrastado Tiago para essa armadilha. Quantos outros buracos ele já tinha cavado para me destruir?A voz de Tiago, que sempre me tratou com desprezo, agora soava assustada e submissa. Ele estava rea
Com tantos convites insistentes, não tive como recusar. No caminho, passei por uma loja de luxo próxima e comprei uma gravata elegante, que mandei embrulhar em um bonito pacote de presente. Assim, alterei minha rota e segui para o local da festa.Quando cheguei, a celebração já estava em pleno andamento. As velas do bolo estavam acesas, e Miguel, no centro das atenções, estava radiante. Rodeada de amigos, ele fazia seu pedido de aniversário antes de começar a cortar o bolo.Eu, no entanto, não estava no clima para festas. Sentei-me em um canto e comecei a beber em silêncio, distraída com meus próprios pensamentos.Bela logo percebeu meu estado e veio até mim. Encostando o braço no meu, ela me provocou:— O que foi? Está sem energia. Só porque não viu seu amado por alguns dias, já parece que perdeu metade da vida.Segurei a taça de vinho e balancei-a, observando o líquido rubro girar lentamente. Meus olhos estavam distantes, e, quando Bela terminou de falar, murmurei com amargura:— Mui
— Miguel, me desculpe. Preciso sair mais cedo, aconteceu uma coisa urgente. — Pedi desculpas rapidamente, ainda com o celular na mão, enquanto me preparava para sair.Miguel, ao ver minha expressão ansiosa, pareceu preocupado:— Tudo bem, mas você bebeu! Não pode dirigir. Chame um motorista!Não respondi. Apenas corri para fora do local, mas Bela veio atrás de mim e, antes que eu pudesse fazer algo imprudente, chamou um motorista para mim.— Calma, Kiara. Ele voltou, não vai desaparecer. Espere o motorista chegar, ok? — Disse BeLA, segurando meu braço firmemente para me impedir de sair dirigindo.O vento frio da noite bateu no meu rosto, ajudando-me a recuperar um pouco da sobriedade. Assenti, mesmo ainda ansiosa:— Eu sei. Não vou fazer nenhuma besteira… Já causei problemas suficientes para ele.Murmurei a última frase para mim mesma, mas Bela ouviu. Ela apertou meu braço com força, olhando-me com seriedade.— Kiara, pense bem. Você e Jean se amam muito. Terminar assim seria um desper
Nos braços dele, levantei o rosto, desesperada para absorver o máximo do seu cheiro, mas isso não bastava para apaziguar a intensidade dos meus sentimentos e a saudade que havia se acumulado dentro de mim. Subi na ponta dos pés, ignorando completamente o fato de estarmos ao ar livre, e, em um momento de total descontrole, procurei seus lábios, iniciando um beijo.Jean, mesmo sabendo que não era o lugar certo, não conseguiu resistir. Assim que eu tomei a iniciativa, ele cedeu. Mas, antes que o beijo se aprofundasse, o som de uma buzina nos interrompeu abruptamente, fazendo com que ambos despertássemos do momento.— Err… Vocês podem fechar a porta do carro? Preciso estacioná-lo. — Disse o motorista, com uma expressão que misturava constrangimento e incredulidade enquanto espiava pela janela.Provavelmente, ele pensava que minha pressa era devido a uma emergência séria em casa. Mas, ao presenciar nossa cena, deve ter percebido que eu estava, na verdade, tomada pela saudade de Jean. A pont