Quando todos ao redor já tinham ido embora, eu arrumei minhas coisas e as peguei nas mãos, caminhando em direção a Jean. Por dentro, meu coração já tinha corrido até ele há muito tempo, mas, agora que estava de frente para ele, uma timidez repentina me tomou, e eu comecei a andar devagar, como se quisesse prolongar o momento.Jean, que já tinha se levantado para cumprimentar os colegas quando eles foram embora, percebeu meu caminhar hesitante. Ele não esperou mais e veio em minha direção.Quando estávamos perto o suficiente, ele abriu os braços, e um sorriso cada vez mais largo iluminou seu rosto elegante e charmoso. Não consegui mais me conter. Um sorriso enorme se espalhou pelo meu rosto, e, sem pensar duas vezes, corri até ele, jogando-me em seus braços.Jean me segurou firme e, com as mãos na minha cintura, me ergueu do chão, girando comigo no ar algumas vezes. Ao redor, algumas pessoas que ainda estavam por perto pararam para observar, todas com olhares curiosos e divertidos, como
Depois de dizer isso, Jean me abraçou novamente e pressionou seus lábios contra minha testa, de forma contida. Eu sabia que, com tantas pessoas ao nosso redor, ele segurava a saudade que transbordava em seu coração, tentando manter o controle. E eu, no fundo, estava na mesma situação.Naquele momento, eu não queria saber de comida, só conseguia pensar em voltar para o hotel. E, quanto ao que fazer lá, bem... adultos entendem. Mas, assim como ele, com tantas pessoas nos observando, só me restava disfarçar e agir com calma. Então, lá fomos nós fingir normalidade e jantar.— A comida italiana é bem mediana... Não chega nem perto da sua. — Jean reclamou, com a expressão levemente contrariada, depois de dar uma garfada. Ele claramente não estava gostando da culinária local e fazia questão de comentar a cada mordida.Eu ri, lembrando das estratégias dos meus colegas de trabalho.— Os veteranos da empresa já conhecem bem. Sempre que vêm para cá, vão direto procurar restaurantes brasileiros.J
Como eu esperava, meu sexto sentido não estava errado. Jean sorriu, claramente lembrando-se do episódio.Eu fui direta:— Você fez de propósito, não foi? Deixou o lenço comigo de propósito?Jean manteve os lábios cerrados, mas o sorriso em seu rosto era suave e um pouco tímido. Ele não respondeu, mas o silêncio dele já dizia tudo.— Então, você já me deu o presente de compromisso. O bracelete não é necessário. — Falei com firmeza.— É só um lenço, não tem valor algum. — Ele respondeu.— Mas a sua intenção tem valor. O fato de você nunca ter me esquecido durante todos esses anos tem valor. Essa sua persistência é inestimável. Para mim, não existe presente mais precioso do que isso.Essa foi a primeira vez que consegui dizer algo tão meloso sem hesitar.Jean respirou fundo e, com um suspiro cheio de carinho, disse:— Você tem o temperamento mais teimoso que eu já vi.— Isso se chama ter princípios. — Respondi, colocando os talheres sobre a mesa e limpando os lábios com o guardanapo antes
— E se não for? — Ele me lançou um olhar com aquele sorriso nos lábios, mas o tom de sua voz tinha um toque provocador. — Você não quer que eu fique aqui?A pergunta me pegou de surpresa, e eu senti meu rosto esquentar. Minha língua parecia travada, então, sem saber o que responder, virei as costas e saí andando:— Tanto faz onde você fica. Pode até dormir na rua, se quiser.Ele rapidamente me alcançou e segurou minha mão com firmeza.— Se você for comigo, nem dormir na rua seria problema. Até um chiqueiro serviria.— Quem vai dormir com você num chiqueiro? — Retruquei, tentando soltar minha mão da dele.Mas ele foi mais rápido. Jean se aproximou ainda mais e me puxou pela cintura, colando nossos corpos.Meu coração disparou imediatamente, e o perfume amadeirado dele, misturado com aquela energia inconfundível do seu cheiro masculino, me deixou completamente sem palavras. Qualquer tentativa de resistência foi esquecida.Eu estava cada vez mais certa de que Jean era um homem de aparênci
— Vai comer logo! — Respondi, sem graça, empurrando a sacola de comida para Bela.Bela se acomodou em um canto para comer, enquanto me observava pegar roupas, itens de higiene, notebook e alguns documentos de trabalho. Ela não conseguiu conter o comentário:— Você está planejando não voltar mais para cá?— Claro que não! — Respondi rapidamente. — Assim que você voltar para o seu quarto, eu volto para cá.Bela, é claro, não perdeu a oportunidade de provocar:— Ah, entendi. Pode dormir com o Jean, mas não pode dormir comigo?— Bela! — Exclamei indignada.Ela não se intimidou nem um pouco, mesmo com Jean ali, e continuou dizendo tudo o que vinha à cabeça. Eu, por outro lado, queria desesperadamente manter um pouco de dignidade.Jean, que estava em pé ao lado, parecia estar tentando segurar o riso, mas claramente também estava um pouco desconfortável com a situação.Entre uma mordida e outra, Bela decidiu incluir Jean na conversa:— Sr. Jean, a Kiara vai estar super ocupada amanhã. Seja ge
A frase " No fim das contas, é só uma questão de tempo, não é?" ficou ecoando na minha cabeça, me deixando ainda mais nervosa. Mas afinal, seria cedo ou tarde? Com a mente cheia de pensamentos embaralhados, mal percebi quando Jean me levou até a suíte presidencial. Quando vi o espaço luxuoso e amplo, com direito a um mordomo particular, despertei de minhas divagações e imediatamente sacudi aquelas ideias confusas da cabeça. — Bem... onde eu vou dormir? — Perguntei, tentando soar natural. — No quarto principal, é claro. — Jean respondeu, apontando com a mão. Sem pensar duas vezes, abracei as roupas que carregava e entrei no quarto principal. Mas, ao ver a cama grande, confortável e com um ar romântico, algo me pareceu estranho. Então, me virei rapidamente e perguntei: — Espera... se eu vou dormir no quarto principal, onde você vai dormir? Jean estava logo atrás de mim e, antes que eu pudesse entender, ele fechou a porta com as costas e respondeu, completando minha frase:
Depois de mais de dez dias de correria, o desfile de moda finalmente começou. Passei o dia inteiro ocupada, correndo de um lado para o outro, sem sequer ter tempo para sentar e descansar.Meus designs estavam divididos em várias coleções: um conjunto de vestidos de gala inspirados no estilo brasileiro, uma coleção de vestidos de noiva e outra com roupas formais para o trabalho.Durante o intervalo, eu estava ocupada ajustando os últimos detalhes com as modelos, quando Tatiana se aproximou e sussurrou ao meu ouvido:— Kiara, alguns colegas disseram que viram o Davi. Ele está na área de convidados VIP assistindo ao desfile.Eu, que estava arrumando o vestido de uma das modelos, franzi as sobrancelhas ao ouvir aquilo. Virei para ela, surpresa:— Davi?Tatiana confirmou com um aceno de cabeça.Minha expressão endureceu por um instante, mas logo voltei ao normal:— Não importa. Se ele quis vir, não posso impedi-lo.Jean fez questão de vir de tão longe para me acompanhar, mas Davi... Ele, co
Davi estendeu o buquê à minha frente, imóvel, como se estivesse esperando que eu o pegasse. Era evidente que, se eu não aceitasse, ele ficaria ali segurando o buquê por tempo indefinido.Jean, com a mão firme em minha cintura, lançou a Davi um olhar frio e penetrante. Sem dizer uma palavra, ele fez um leve movimento de cabeça, e Leo, percebendo o sinal, deu um passo à frente para pegar as flores em meu lugar. Mas Davi rapidamente recuou, evitando que Leo as pegasse.— Kiara... você destruiu a mim e à nossa família Castro de uma forma tão cruel, e eu nem me queixei. Agora você não é capaz nem de aceitar um simples buquê de flores que eu trouxe? — Davi perguntou, com um tom calculado.Ao redor, ainda havia várias pessoas conhecidas: colegas do setor, alguns figurões da indústria e até jornalistas que não tinham deixado o local.Ficou claro para mim que Davi escolheu esse momento de propósito, tentando me constranger em público. Para evitar que a situação chamasse mais atenção ou gerasse