— E se não for? — Ele me lançou um olhar com aquele sorriso nos lábios, mas o tom de sua voz tinha um toque provocador. — Você não quer que eu fique aqui?A pergunta me pegou de surpresa, e eu senti meu rosto esquentar. Minha língua parecia travada, então, sem saber o que responder, virei as costas e saí andando:— Tanto faz onde você fica. Pode até dormir na rua, se quiser.Ele rapidamente me alcançou e segurou minha mão com firmeza.— Se você for comigo, nem dormir na rua seria problema. Até um chiqueiro serviria.— Quem vai dormir com você num chiqueiro? — Retruquei, tentando soltar minha mão da dele.Mas ele foi mais rápido. Jean se aproximou ainda mais e me puxou pela cintura, colando nossos corpos.Meu coração disparou imediatamente, e o perfume amadeirado dele, misturado com aquela energia inconfundível do seu cheiro masculino, me deixou completamente sem palavras. Qualquer tentativa de resistência foi esquecida.Eu estava cada vez mais certa de que Jean era um homem de aparênci
— Vai comer logo! — Respondi, sem graça, empurrando a sacola de comida para Bela.Bela se acomodou em um canto para comer, enquanto me observava pegar roupas, itens de higiene, notebook e alguns documentos de trabalho. Ela não conseguiu conter o comentário:— Você está planejando não voltar mais para cá?— Claro que não! — Respondi rapidamente. — Assim que você voltar para o seu quarto, eu volto para cá.Bela, é claro, não perdeu a oportunidade de provocar:— Ah, entendi. Pode dormir com o Jean, mas não pode dormir comigo?— Bela! — Exclamei indignada.Ela não se intimidou nem um pouco, mesmo com Jean ali, e continuou dizendo tudo o que vinha à cabeça. Eu, por outro lado, queria desesperadamente manter um pouco de dignidade.Jean, que estava em pé ao lado, parecia estar tentando segurar o riso, mas claramente também estava um pouco desconfortável com a situação.Entre uma mordida e outra, Bela decidiu incluir Jean na conversa:— Sr. Jean, a Kiara vai estar super ocupada amanhã. Seja ge
A frase " No fim das contas, é só uma questão de tempo, não é?" ficou ecoando na minha cabeça, me deixando ainda mais nervosa. Mas afinal, seria cedo ou tarde? Com a mente cheia de pensamentos embaralhados, mal percebi quando Jean me levou até a suíte presidencial. Quando vi o espaço luxuoso e amplo, com direito a um mordomo particular, despertei de minhas divagações e imediatamente sacudi aquelas ideias confusas da cabeça. — Bem... onde eu vou dormir? — Perguntei, tentando soar natural. — No quarto principal, é claro. — Jean respondeu, apontando com a mão. Sem pensar duas vezes, abracei as roupas que carregava e entrei no quarto principal. Mas, ao ver a cama grande, confortável e com um ar romântico, algo me pareceu estranho. Então, me virei rapidamente e perguntei: — Espera... se eu vou dormir no quarto principal, onde você vai dormir? Jean estava logo atrás de mim e, antes que eu pudesse entender, ele fechou a porta com as costas e respondeu, completando minha frase:
Depois de mais de dez dias de correria, o desfile de moda finalmente começou. Passei o dia inteiro ocupada, correndo de um lado para o outro, sem sequer ter tempo para sentar e descansar.Meus designs estavam divididos em várias coleções: um conjunto de vestidos de gala inspirados no estilo brasileiro, uma coleção de vestidos de noiva e outra com roupas formais para o trabalho.Durante o intervalo, eu estava ocupada ajustando os últimos detalhes com as modelos, quando Tatiana se aproximou e sussurrou ao meu ouvido:— Kiara, alguns colegas disseram que viram o Davi. Ele está na área de convidados VIP assistindo ao desfile.Eu, que estava arrumando o vestido de uma das modelos, franzi as sobrancelhas ao ouvir aquilo. Virei para ela, surpresa:— Davi?Tatiana confirmou com um aceno de cabeça.Minha expressão endureceu por um instante, mas logo voltei ao normal:— Não importa. Se ele quis vir, não posso impedi-lo.Jean fez questão de vir de tão longe para me acompanhar, mas Davi... Ele, co
Davi estendeu o buquê à minha frente, imóvel, como se estivesse esperando que eu o pegasse. Era evidente que, se eu não aceitasse, ele ficaria ali segurando o buquê por tempo indefinido.Jean, com a mão firme em minha cintura, lançou a Davi um olhar frio e penetrante. Sem dizer uma palavra, ele fez um leve movimento de cabeça, e Leo, percebendo o sinal, deu um passo à frente para pegar as flores em meu lugar. Mas Davi rapidamente recuou, evitando que Leo as pegasse.— Kiara... você destruiu a mim e à nossa família Castro de uma forma tão cruel, e eu nem me queixei. Agora você não é capaz nem de aceitar um simples buquê de flores que eu trouxe? — Davi perguntou, com um tom calculado.Ao redor, ainda havia várias pessoas conhecidas: colegas do setor, alguns figurões da indústria e até jornalistas que não tinham deixado o local.Ficou claro para mim que Davi escolheu esse momento de propósito, tentando me constranger em público. Para evitar que a situação chamasse mais atenção ou gerasse
As palavras de Jean me fizeram sentir um aperto no coração. No passado, Davi sempre havia mostrado uma postura gentil e humilde. A família Castro tinha uma reputação impecável, sempre participando de ações de caridade e cultivando uma imagem positiva. Mas, na realidade, as coisas eram bem diferentes...— Embora o problema tenha começado com um conflito entre o trabalhador e o empreiteiro, a família Castro não precisaria assumir a responsabilidade principal. No entanto, para evitar que o caso gerasse repercussões negativas para o projeto, eles participaram do encobrimento, ajudando o empreiteiro a esconder a verdade. — Jean explicou com calma e, ao terminar, suspirou. — Na verdade, eu não queria falar sobre essas coisas em um momento tão especial. Mas, com o Davi vindo até aqui para te importunar, acho que está na hora de fazer a família Castro desaparecer de vez de Saurimo.Fiquei em silêncio, tentando organizar meus pensamentos. Depois de alguns instantes, quando me senti um pouco mai
Depois de me despedir dos colegas, continuei andando em direção à saída. De repente, senti um tapa leve no ombro, vindo por trás. Quando me virei e vi aquele rosto, um mau pressentimento tomou conta de mim.— Davi, você... — Mal comecei a falar, e ele avançou, cobrindo minha boca.Não foi com a mão diretamente, mas com um lenço que ele segurava na palma.Na mesma hora, uma enxurrada de pensamentos horríveis percorreu minha mente: sonífero, droga, abuso... até mesmo assassinato.Por algum motivo, minha mente já estava preparada para acreditar no pior vindo de Davi. Em questão de segundos, senti minha consciência se esvaindo, e tudo ficou escuro.Quando abri os olhos novamente, tudo ao meu redor estava completamente escuro. Eu não fazia ideia de onde estava. Ao tentar me mover, percebi que meus braços e pernas estavam amarrados.— Acordou rápido, hein? — Uma voz familiar soou ao meu lado, e eu congelei. O pavor tomou conta de mim.A voz estava muito próxima. Isso significava que, durante
Davi me olhou fixamente, palavra por palavra, e disse aquilo de forma lenta e grave. Aparentemente, era para soar cheio de emoção. Mas eu não acreditei.— Você não está preso a mim porque me ama. Está porque ainda precisa que eu te doe sangue para te salvar, não é? — Respondi com calma, sem hesitar.— Não é isso... — Davi balançou a cabeça e, com os olhos cada vez mais sinceros, me encarou. — Minha doença está quase curada... Na verdade, no ano passado eu fui para a Suíça para tratar minha condição. Lá, eles desenvolveram uma nova técnica que trata muito bem o meu tipo de problema sanguíneo...Meu coração deu um salto. Então era isso. Não era à toa que ele parecia exatamente como uma pessoa saudável.Mas mesmo assim, depois de melhorar, ele não voltou para casa durante a Epifania para se reunir com a família. Em vez disso, veio para Milão.Só para me atormentar?— Kiara, você e Jean não vão dar certo. Agora que minha doença está quase curada, eu quero que saiba que... — Ele se inclinou