Eu segurava o celular firmemente contra o ouvido, ouvindo a voz baixa e calorosa de Jean, que parecia fluir diretamente para o meu coração, como uma corrente de calor que aquecia cada canto do meu peito. A saudade que eu sentia dele, ao invés de diminuir, só aumentava, alimentada por essa onda de ternura.Olhei pela janela, meus pensamentos voltando à cena que tinha acabado de ver na rua. Sem conseguir me conter, confessei:— Jean, acabei de ver um casal se beijando apaixonadamente na calçada. Na mesma hora pensei em você... Estou com tantas saudades suas.Eu não podia ver sua expressão ao ouvir essas palavras, mas percebi claramente sua respiração acelerar. Meu próprio coração disparou, e uma ponta de vergonha me invadiu. Como eu conseguia dizer algo tão meloso? Ainda assim, as palavras saíram sem controle, como se meu coração falasse por mim.— Kiara... Kiara... — Ele repetiu meu nome, sua voz carregada de emoção. Eu sabia que ele estava tão agitado quanto eu, provavelmente desejando
O álcool continuava fazendo efeito, e, no meio de uma confusão de pensamentos, acabei dormindo profundamente. Nem percebi o celular tocar duas vezes. Só acordei quando ouvi batidas fortes na porta, que quase me fizeram pular da cama. Me levantei, ainda meio grogue, e olhei o horário. Já era fim de tarde. Como tínhamos a tarde livre, não havia problema em ter dormido até aquele horário. Mas por que estavam me chamando com tanta pressa? Fui até a porta e, ao abrir, dei de cara com Tatiana e Leo. Os dois, ao me verem, suspiraram aliviados ao mesmo tempo. — Kiara, ainda bem que você está bem! — Disse Tatiana. — O Sr. Jean estava tentando te ligar e não conseguiu. Ele achou que algo tinha acontecido e ligou para mim e para o Leo, pedindo para virmos te ver. Minha cabeça ainda estava meio confusa, mas, ao ouvir isso, despertei um pouco mais. — Desculpa, eu estou bem. Só bebi um pouco no almoço e o efeito foi mais forte do que eu esperava. Mas está tudo certo. Vocês podem ir descans
Desde que soube que Jean estava vindo, os últimos dois dias pareceram se arrastar. Mas, para minha total surpresa, quem chegou primeiro foi Bela, literalmente do nada! Quando a vi no hotel, por um instante achei que estava com algum problema de visão. — Querida, surpresa pra você! — Bela disse, soltando uma gargalhada. — O quê? Não me reconhece mais? Não foi você que disse que o desfile começa amanhã? Não perdi nada, né? Ao ouvir a risada exagerada e inconfundível dela, tive certeza de que era mesmo minha melhor amiga. Dei um passo largo na direção dela e dei um tapa leve em seu ombro, com os olhos arregalados de surpresa. — Por que não me avisou que vinha? E por que não está em casa com seus pais nesse momento? — Falei enquanto a abraçava com força, tão feliz que quase pulei de alegria. — Eu estou sempre com eles, não preciso esperar feriado pra isso. E, olha, todo ano é a mesma coisa: só falam em me arranjar encontros e mais encontros. Não aguento mais! Então, desta vez, comp
— Haha, assim está melhor. — Bela soltou uma risada satisfeita. Depois de entrar no quarto, Bela pegou suas roupas e foi direto para o banho. Enquanto isso, peguei meu celular e dei uma olhada nas mensagens. Nesse momento, Jean provavelmente ainda estava no avião, então não teria como me mandar nada. Mesmo assim, eu não resistia e ficava checando o celular, como se algo pudesse aparecer. Meu coração estava inquieto, uma mistura de ansiedade, expectativa e nervosismo. Esse tipo de emoção não combinava nem um pouco com a minha idade ou com quem eu sempre fui. Mas era inegável: eu estava completamente mergulhada nesse amor. Cada vez mais. Bela saiu do banho e, sem dizer nada, se jogou na cama e dormiu profundamente. Como eu ainda tinha compromissos à tarde, avisei a ela antes de sair para não incomodá-la. Peguei meu notebook e fui para o quarto de Tatiana. O telefone tocou só quando já era noite. O céu estava completamente escuro, mas, como o desfile seria amanhã, a noite de hoje
Quando todos ao redor já tinham ido embora, eu arrumei minhas coisas e as peguei nas mãos, caminhando em direção a Jean. Por dentro, meu coração já tinha corrido até ele há muito tempo, mas, agora que estava de frente para ele, uma timidez repentina me tomou, e eu comecei a andar devagar, como se quisesse prolongar o momento.Jean, que já tinha se levantado para cumprimentar os colegas quando eles foram embora, percebeu meu caminhar hesitante. Ele não esperou mais e veio em minha direção.Quando estávamos perto o suficiente, ele abriu os braços, e um sorriso cada vez mais largo iluminou seu rosto elegante e charmoso. Não consegui mais me conter. Um sorriso enorme se espalhou pelo meu rosto, e, sem pensar duas vezes, corri até ele, jogando-me em seus braços.Jean me segurou firme e, com as mãos na minha cintura, me ergueu do chão, girando comigo no ar algumas vezes. Ao redor, algumas pessoas que ainda estavam por perto pararam para observar, todas com olhares curiosos e divertidos, como
Depois de dizer isso, Jean me abraçou novamente e pressionou seus lábios contra minha testa, de forma contida. Eu sabia que, com tantas pessoas ao nosso redor, ele segurava a saudade que transbordava em seu coração, tentando manter o controle. E eu, no fundo, estava na mesma situação.Naquele momento, eu não queria saber de comida, só conseguia pensar em voltar para o hotel. E, quanto ao que fazer lá, bem... adultos entendem. Mas, assim como ele, com tantas pessoas nos observando, só me restava disfarçar e agir com calma. Então, lá fomos nós fingir normalidade e jantar.— A comida italiana é bem mediana... Não chega nem perto da sua. — Jean reclamou, com a expressão levemente contrariada, depois de dar uma garfada. Ele claramente não estava gostando da culinária local e fazia questão de comentar a cada mordida.Eu ri, lembrando das estratégias dos meus colegas de trabalho.— Os veteranos da empresa já conhecem bem. Sempre que vêm para cá, vão direto procurar restaurantes brasileiros.J
Como eu esperava, meu sexto sentido não estava errado. Jean sorriu, claramente lembrando-se do episódio.Eu fui direta:— Você fez de propósito, não foi? Deixou o lenço comigo de propósito?Jean manteve os lábios cerrados, mas o sorriso em seu rosto era suave e um pouco tímido. Ele não respondeu, mas o silêncio dele já dizia tudo.— Então, você já me deu o presente de compromisso. O bracelete não é necessário. — Falei com firmeza.— É só um lenço, não tem valor algum. — Ele respondeu.— Mas a sua intenção tem valor. O fato de você nunca ter me esquecido durante todos esses anos tem valor. Essa sua persistência é inestimável. Para mim, não existe presente mais precioso do que isso.Essa foi a primeira vez que consegui dizer algo tão meloso sem hesitar.Jean respirou fundo e, com um suspiro cheio de carinho, disse:— Você tem o temperamento mais teimoso que eu já vi.— Isso se chama ter princípios. — Respondi, colocando os talheres sobre a mesa e limpando os lábios com o guardanapo antes
— E se não for? — Ele me lançou um olhar com aquele sorriso nos lábios, mas o tom de sua voz tinha um toque provocador. — Você não quer que eu fique aqui?A pergunta me pegou de surpresa, e eu senti meu rosto esquentar. Minha língua parecia travada, então, sem saber o que responder, virei as costas e saí andando:— Tanto faz onde você fica. Pode até dormir na rua, se quiser.Ele rapidamente me alcançou e segurou minha mão com firmeza.— Se você for comigo, nem dormir na rua seria problema. Até um chiqueiro serviria.— Quem vai dormir com você num chiqueiro? — Retruquei, tentando soltar minha mão da dele.Mas ele foi mais rápido. Jean se aproximou ainda mais e me puxou pela cintura, colando nossos corpos.Meu coração disparou imediatamente, e o perfume amadeirado dele, misturado com aquela energia inconfundível do seu cheiro masculino, me deixou completamente sem palavras. Qualquer tentativa de resistência foi esquecida.Eu estava cada vez mais certa de que Jean era um homem de aparênci