Assim que falei, percebi que minha voz estava um pouco rouca, o que me deixou ainda mais constrangida. Ele, claro, riu, completamente diferente de como estava irritado há poucos minutos.— Não me olha com esse olhar, parecendo uma gatinha inocente e fofa. Senão daqui a pouco eu não vou conseguir me segurar de novo. — Ele disse, me encarando, e suas palavras me fizeram sentir como se estivesse em chamas.Eu imediatamente lhe lancei um olhar mortal, mas isso só fez com que ele risse ainda mais. Ainda sentada em seu colo, perguntei, sem muita paciência:— Agora já não está bravo?— Ainda um pouco. Mas, se você me der mais um beijo, prometo que fico completamente calmo.Fiz um sorriso frio de propósito:— Então é melhor continuar bravo.Tentei me levantar, mas ele segurou firme minha cintura com as duas mãos, me impedindo de sair. A temperatura no ambiente estava agradável, e nós dois já havíamos tirado os casacos assim que entramos.Eu estava usando uma blusa de lã ajustada ao corpo, que
— Justamente porque você não os conhece, quero te levar para conhecer. Uma hora ou outra, você terá que se acostumar. — Ele olhou para mim por cima do ombro, com um leve sorriso.Eu franzi a testa, resmungando:— Você podia ter me avisado antes. Assim eu dava uma arrumada no visual. Estou toda desleixada e, desse jeito, só vou te fazer passar vergonha.— De jeito nenhum. Você está ótima assim. — Ele olhou novamente para mim, com um sorriso afetuoso. — Mas, a partir de agora, nada de se arrumar demais. Isso me dá crise de ciúmes.— O quê? — Olhei para ele incrédula. — Mestre Jean, você parece ser tão educado, gentil e respeitoso com as mulheres. Agora vem me dizer que tem esse tipo de pensamento possessivo?— Que tipo de pensamento? Não sei do que você está falando. Só sei que não gosto de outros homens babando pela minha namorada.Dei um sorriso de leve, balançando a cabeça, e virei o rosto para a janela do carro, soltando um suspiro:— Você realmente está destruindo a imagem que eu ti
Todos ali pareciam tratar Jean com extrema reverência. Cada um deles tentava se destacar, buscando uma oportunidade para conversar com ele. Era evidente que Jean não se livraria deles tão cedo.— Kiara, vem comigo. Não fica tímida. Todo ano, depois do Ano Novo, a gente sempre faz essa reunião. Durante o feriado, cada um vai para um lugar diferente uns viajam pelo mundo, outros visitam parentes, então nunca conseguimos reunir todo mundo. Por isso esse encontro já virou uma tradição.Com as palavras de Amélia, eu me lembrei de algo que Bela havia comentado uma vez. No mundo da elite, esses eventos são comuns. No entanto, a família Mendes nunca teve status suficiente para participar dessas festas com frequência. Além disso, eu era apenas o “patinho feio” da família, uma filha rejeitada. Nunca fui convidada para algo assim.Mas Bela era o oposto. Ela sempre foi a típica herdeira mimada, uma verdadeira dama da alta sociedade. Não pude evitar pensar se ela estaria nessa festa.Olhei ao redor
Meu coração ficou pesado. Pensei comigo mesma que aquele dia realmente parecia um desastre completo. De manhã, tive que lidar com a família Mendes. Agora, à noite, era a vez da família Castro. Essas duas famílias estavam se tornando uma praga na minha vida, como moscas que simplesmente não iam embora.Se eu soubesse que seria assim, nunca teria aceitado o convite de Jean para vir a essa festa.— Tânia, sua vida foi destruída por você mesma. Não tente jogar a culpa nos outros. — Falei com firmeza, tentando trazê-la à razão.Olhei ao redor, observando os rostos curiosos de tantas pessoas importantes, e acrescentei:— Hoje, todos aqui são figuras de destaque. Se não se preocupa com a sua própria reputação, pelo menos pense na imagem da família Castro. Reflita antes de agir.— Que preocupação falsa! Não é exatamente isso que você quer? Que a família Castro seja humilhada? — Tânia gritou, distorcendo completamente minha tentativa de alerta.Eu suspirei, sem paciência para discutir. Mas, ao
Meu rosto ficou sério, e uma lembrança perturbadora surgiu imediatamente na minha mente:"Homem ataca garota que recusou seu amor, jogando ácido sulfúrico e desfigurando seu rosto!"— Cuidado! — Gritei instintivamente, enquanto empurrava Amélia, que estava ao meu lado, para longe. Ao mesmo tempo, levantei o braço para proteger meu rosto por reflexo.No exato momento, uma figura alta e imponente surgiu como um raio, me envolvendo em um abraço firme e me protegendo completamente.— Ah!— Meu Deus! O que é isso? Está queimando!— É ácido sulfúrico! Quem foi atingido, corra e lave com muita água, agora!— Depressa, vamos!O salão, que antes estava cheio de música e risadas, mergulhou em caos. Gritos desesperados ecoaram por toda parte, enquanto as pessoas corriam para longe, assustadas. O pânico tomou conta de todos.Meus ouvidos zumbiam, e eu só conseguia pensar: Tânia enlouqueceu. Ela perdeu completamente a razão!— Você está bem? — Jean me olhou fixamente, sua voz cheia de urgência.Eu
Mas Tânia não era alguém que obedecia facilmente. Ela olhou ao redor, procurando apoio no meio da multidão, e de repente gritou:— Primo! Primo, me ajuda!Com esse grito, um jovem saiu hesitante da multidão. Ele estava com uma das mãos semiescondendo o rosto, claramente desconfortável, como se tivesse medo de ser reconhecido.— Tânia, você só me traz problemas! Se eu soubesse que você queria vir aqui para atacar a Kiara, eu nunca teria te trazido! Você esqueceu que ainda está em período de liberdade condicional? — Ele reclamou, com uma mistura de raiva e desespero.Eu conhecia aquele homem. Era Nelson, primo de Tânia e sobrinho direto de Eduarda.Assim que ele apareceu, Jean lançou-lhe um olhar frio e cortante:— Nelson, foi você quem trouxe ela?Nelson ficou pálido e começou a balançar as mãos rapidamente, tentando se explicar:— Eu não sabia que ela ia causar confusão! Ela estava em casa, se recuperando, completamente entediada. Minha tia pediu que eu a trouxesse para espairecer um p
Eu segui o olhar de Jean para o sobretudo que estava no chão. A parte atingida pelo ácido já tinha se carbonizado gravemente, como se tivesse sido queimada por fogo direto. Meu coração tremeu ainda mais forte, e eu senti um calafrio percorrer minha espinha. Eu não conseguia nem imaginar o que teria acontecido se aquilo tivesse caído no meu rosto ou na cabeça e no pescoço de Jean.— E a Amélia? — Perguntou Jean de repente.— Ela estava aqui agora há pouco. — Respondi, mas logo senti todo o meu corpo estremecer. — Será que ela foi atingida?Eu me lembrei de que várias pessoas tinham sido atingidas e correram para o banheiro. O pânico tomou conta de mim, e eu saí correndo apressada naquela direção.Quando cheguei, vi que Amélia estava com algumas gotas do ácido nas costas da mão e ainda mantinha a mão embaixo da torneira, deixando a água correr continuamente.— Como você está? Se não melhorar, vamos ao hospital para um médico dar uma olhada. — Eu olhei para os pontos vermelhos na sua pele
Quando entramos no elevador, eu imediatamente transferi trinta mil reais para Emilia. Com certeza era mais do que suficiente para cobrir o valor do casaco.Amélia me olhou com um sorriso provocador e perguntou: — Kiara, outra mulher compra roupa para o meu irmão e ainda entrega na sua frente. Você não sente ciúmes?Eu sorri de leve e respondi: — Em uma situação como essa, qual o sentido de sentir ciúmes? Eu até pensei em descer para comprar um casaco para o seu irmão, mas alguém já fez isso por mim. Economizei tempo e esforço, o que é ótimo.Eu nunca fui o tipo de mulher sem noção, que sente ciúmes em qualquer situação ou perde a cabeça por coisas pequenas.Jean riu discretamente e comentou: — Eu até gostaria que você ficasse com ciúmes, mas você é mais generosa do que qualquer um.Eu olhei para ele, sentindo o peso da culpa crescer ainda mais no meu coração, e disse: — Você fez isso para me proteger. Felizmente, não foi nada grave, mas, se tivesse sido, eu realmente não saberia