Eu segui o olhar de Jean para o sobretudo que estava no chão. A parte atingida pelo ácido já tinha se carbonizado gravemente, como se tivesse sido queimada por fogo direto. Meu coração tremeu ainda mais forte, e eu senti um calafrio percorrer minha espinha. Eu não conseguia nem imaginar o que teria acontecido se aquilo tivesse caído no meu rosto ou na cabeça e no pescoço de Jean.— E a Amélia? — Perguntou Jean de repente.— Ela estava aqui agora há pouco. — Respondi, mas logo senti todo o meu corpo estremecer. — Será que ela foi atingida?Eu me lembrei de que várias pessoas tinham sido atingidas e correram para o banheiro. O pânico tomou conta de mim, e eu saí correndo apressada naquela direção.Quando cheguei, vi que Amélia estava com algumas gotas do ácido nas costas da mão e ainda mantinha a mão embaixo da torneira, deixando a água correr continuamente.— Como você está? Se não melhorar, vamos ao hospital para um médico dar uma olhada. — Eu olhei para os pontos vermelhos na sua pele
Quando entramos no elevador, eu imediatamente transferi trinta mil reais para Emilia. Com certeza era mais do que suficiente para cobrir o valor do casaco.Amélia me olhou com um sorriso provocador e perguntou: — Kiara, outra mulher compra roupa para o meu irmão e ainda entrega na sua frente. Você não sente ciúmes?Eu sorri de leve e respondi: — Em uma situação como essa, qual o sentido de sentir ciúmes? Eu até pensei em descer para comprar um casaco para o seu irmão, mas alguém já fez isso por mim. Economizei tempo e esforço, o que é ótimo.Eu nunca fui o tipo de mulher sem noção, que sente ciúmes em qualquer situação ou perde a cabeça por coisas pequenas.Jean riu discretamente e comentou: — Eu até gostaria que você ficasse com ciúmes, mas você é mais generosa do que qualquer um.Eu olhei para ele, sentindo o peso da culpa crescer ainda mais no meu coração, e disse: — Você fez isso para me proteger. Felizmente, não foi nada grave, mas, se tivesse sido, eu realmente não saberia
Jean segurou meu celular e o levou até o ouvido. Sua voz, fria e austera, carregava um tom de autoridade que parecia inabalável. Ele transmitia uma calma imponente, mas ao mesmo tempo, uma ameaça implícita.Eu não sabia o que Davi estava dizendo do outro lado, mas Jean respondeu diretamente: — Essas coisas você deveria discutir com o meu advogado. E, por favor, não incomode mais a minha namorada. Estamos no mesmo círculo, então me dê um pouco de respeito, e eu te deixo em paz. Mas, se você quiser levar isso ao extremo, eu não hesitarei em retribuir na mesma moeda.Meu coração deu um salto, e eu levantei os olhos para Jean, surpresa. Era a primeira vez que eu o ouvia fazer uma ameaça tão clara e sem rodeios. Pelo visto, o que Tânia fez hoje à noite realmente o tinha tirado do sério.Enquanto eu ainda estava atônita, Jean me devolveu o celular.— Você sempre tenta me afastar dessas situações, mas veja, o que tem que acontecer não pode ser evitado. — Ele disse, olhando diretamente para
A futura geração das famílias Auth e Castro apareceu ao mesmo tempo, atraindo a atenção de todos na delegacia. O chefe da polícia desceu com um grupo de oficiais para recebê-los.Jean e eu fomos primeiro prestar depoimento e colaborar com a polícia no registro do caso.Assim que saímos da sala, o advogado de Jean se aproximou com um semblante respeitoso e perguntou:— Sr. Jean, a família Castro sugeriu que o senhor estabeleça o valor da indenização que julgar necessário, desde que o caso não seja levado adiante. O que o senhor acha?Jean franziu levemente as sobrancelhas e respondeu com desdém:— Eu pareço alguém que precisa de dinheiro?O advogado ficou atordoado com a resposta. Por alguns segundos, ele não soube como reagir e, com o rosto visivelmente constrangido, apressou-se em dizer:— Entendido. Deixe o restante comigo.Ele se virou rapidamente e foi continuar as negociações.Pouco depois, o chefe da delegacia se aproximou novamente, convidando Jean para ir até o escritório tomar
Eu fiquei parada ali, olhando para a silhueta alta e imponente de Jean. Apesar de estarmos a poucos metros de distância, parecia haver entre nós um abismo intransponível. Eu entendi, naquele instante, que Tânia havia tomado a decisão certa, ao menos para os seus objetivos.Embora ela não tivesse me causado nenhum dano físico, conseguiu plantar uma semente de desconfiança na família Auth. Talvez, no fundo, a Sra. Auth já tivesse me rotulado como alguém que trouxe problemas e má sorte para quem estava ao meu redor.Jean terminou a ligação e voltou, chamando-me para entrar no carro. Eu continuei parada e disse:— Pode ir para casa. Aqui é fácil pegar um táxi, não precisa me levar.Eu não queria incomodá-lo, forçando-o a me deixar em casa e, depois, fazer o trajeto de volta. Isso só atrasaria ainda mais seu retorno, e provavelmente a Sra. Auth estaria esperando ansiosa por ele.Jean franziu levemente a testa e respondeu:— Não tem pressa, eu te levo primeiro.— Não precisa de verdade. — In
Eu rapidamente entendi a situação e sorri, respondendo:— Certo, amanhã cedo você vem me buscar.Quando eu disse isso, a expressão de Jean finalmente se suavizou.— Volte para o carro. Você está vestindo pouca roupa. — Eu o lembrei.Apesar do sobretudo que Emilia tinha comprado, ele estava apenas com duas peças leves. O frio na calçada, com o vento cortante e a temperatura próxima de zero, era intenso.Eu o empurrei para que se virasse, e, nesse momento, avistei um táxi passando. Levantei a mão para chamá-lo.— Volte logo para o carro, eu também já estou indo. — Disse, empurrando Jean até a porta do carro dele antes de caminhar rapidamente em direção ao táxi que encostava na calçada.— Me avise quando chegar em casa. — Ele disse atrás de mim.— Pode deixar! Agora entra logo no carro, não fique no frio. — Respondi antes de entrar no táxi.Esperei até que o carro de Jean passasse por nós, acelerando pela rua, e só então soltei um suspiro. Encostei as costas no banco do táxi, sentindo os
Eu fiquei olhando fixamente para ele. Na luz da manhã, alguns raios dourados atravessavam a janela, repousando suavemente sobre suas sobrancelhas e olhos, realçando ainda mais o brilho cintilante em seu olhar, o que fazia meu coração acelerar.Ele tinha um leve sorriso nos lábios, e os contornos de seu rosto pareciam ainda mais marcantes e atraentes. Sua mandíbula firme e o pomo de adão proeminente exalavam uma sensualidade irresistível. Cada detalhe dele era uma tentação que parecia impossível de resistir.Meu peito ficou quente, tomado por uma mistura de emoção e inquietação. Sem pensar, deixei escapar:— E se o Mestre Auth não gostar de mim e for contra o nosso relacionamento? O que você vai fazer?Nos últimos dias, vários pequenos sinais me fizeram acreditar que o Mestre Auth poderia ser um obstáculo entre nós. Passei a noite anterior pensando nisso, mas não consegui encontrar uma solução.Jean sorriu novamente, como se não se importasse nem um pouco, e me devolveu a pergunta:— E
Eu sorri educadamente enquanto me aproximava e disse:— Como vai, Sra. Auth? Tenho estado muito ocupada ultimamente. Final de ano sempre traz muitas coisas para resolver, e acabei me atrasando.Antes que eu terminasse de falar, a expressão de Sra. Auth mudou levemente, e ela comentou:— Ainda me chama de senhora? Que formalidade é essa?Fiquei parada, surpresa, e instintivamente olhei para Jean. Ele deu alguns passos rápidos até mim, segurou minha mão e entrelaçou nossos dedos, dizendo com naturalidade:— Chame de tia.Aquele gesto, combinado com o novo título, deixava clara a mudança na nossa relação. E a atitude de Sra. Auth mostrava que ela tinha aceitado. Meu coração disparou, inquieto, enquanto eu tentava processar o que estava acontecendo.Se era assim, então por que, na noite anterior, mesmo sabendo que eu estava com Jean e Amélia, Sra. Auth não mencionou nada sobre mim? Pelo que conhecia dela, antes, ela teria pedido para Jean me passar o celular, nem que fosse para perguntar a