Meu coração ficou pesado. Pensei comigo mesma que aquele dia realmente parecia um desastre completo. De manhã, tive que lidar com a família Mendes. Agora, à noite, era a vez da família Castro. Essas duas famílias estavam se tornando uma praga na minha vida, como moscas que simplesmente não iam embora.Se eu soubesse que seria assim, nunca teria aceitado o convite de Jean para vir a essa festa.— Tânia, sua vida foi destruída por você mesma. Não tente jogar a culpa nos outros. — Falei com firmeza, tentando trazê-la à razão.Olhei ao redor, observando os rostos curiosos de tantas pessoas importantes, e acrescentei:— Hoje, todos aqui são figuras de destaque. Se não se preocupa com a sua própria reputação, pelo menos pense na imagem da família Castro. Reflita antes de agir.— Que preocupação falsa! Não é exatamente isso que você quer? Que a família Castro seja humilhada? — Tânia gritou, distorcendo completamente minha tentativa de alerta.Eu suspirei, sem paciência para discutir. Mas, ao
Meu rosto ficou sério, e uma lembrança perturbadora surgiu imediatamente na minha mente:"Homem ataca garota que recusou seu amor, jogando ácido sulfúrico e desfigurando seu rosto!"— Cuidado! — Gritei instintivamente, enquanto empurrava Amélia, que estava ao meu lado, para longe. Ao mesmo tempo, levantei o braço para proteger meu rosto por reflexo.No exato momento, uma figura alta e imponente surgiu como um raio, me envolvendo em um abraço firme e me protegendo completamente.— Ah!— Meu Deus! O que é isso? Está queimando!— É ácido sulfúrico! Quem foi atingido, corra e lave com muita água, agora!— Depressa, vamos!O salão, que antes estava cheio de música e risadas, mergulhou em caos. Gritos desesperados ecoaram por toda parte, enquanto as pessoas corriam para longe, assustadas. O pânico tomou conta de todos.Meus ouvidos zumbiam, e eu só conseguia pensar: Tânia enlouqueceu. Ela perdeu completamente a razão!— Você está bem? — Jean me olhou fixamente, sua voz cheia de urgência.Eu
Mas Tânia não era alguém que obedecia facilmente. Ela olhou ao redor, procurando apoio no meio da multidão, e de repente gritou:— Primo! Primo, me ajuda!Com esse grito, um jovem saiu hesitante da multidão. Ele estava com uma das mãos semiescondendo o rosto, claramente desconfortável, como se tivesse medo de ser reconhecido.— Tânia, você só me traz problemas! Se eu soubesse que você queria vir aqui para atacar a Kiara, eu nunca teria te trazido! Você esqueceu que ainda está em período de liberdade condicional? — Ele reclamou, com uma mistura de raiva e desespero.Eu conhecia aquele homem. Era Nelson, primo de Tânia e sobrinho direto de Eduarda.Assim que ele apareceu, Jean lançou-lhe um olhar frio e cortante:— Nelson, foi você quem trouxe ela?Nelson ficou pálido e começou a balançar as mãos rapidamente, tentando se explicar:— Eu não sabia que ela ia causar confusão! Ela estava em casa, se recuperando, completamente entediada. Minha tia pediu que eu a trouxesse para espairecer um p
Eu segui o olhar de Jean para o sobretudo que estava no chão. A parte atingida pelo ácido já tinha se carbonizado gravemente, como se tivesse sido queimada por fogo direto. Meu coração tremeu ainda mais forte, e eu senti um calafrio percorrer minha espinha. Eu não conseguia nem imaginar o que teria acontecido se aquilo tivesse caído no meu rosto ou na cabeça e no pescoço de Jean.— E a Amélia? — Perguntou Jean de repente.— Ela estava aqui agora há pouco. — Respondi, mas logo senti todo o meu corpo estremecer. — Será que ela foi atingida?Eu me lembrei de que várias pessoas tinham sido atingidas e correram para o banheiro. O pânico tomou conta de mim, e eu saí correndo apressada naquela direção.Quando cheguei, vi que Amélia estava com algumas gotas do ácido nas costas da mão e ainda mantinha a mão embaixo da torneira, deixando a água correr continuamente.— Como você está? Se não melhorar, vamos ao hospital para um médico dar uma olhada. — Eu olhei para os pontos vermelhos na sua pele
Quando entramos no elevador, eu imediatamente transferi trinta mil reais para Emilia. Com certeza era mais do que suficiente para cobrir o valor do casaco.Amélia me olhou com um sorriso provocador e perguntou: — Kiara, outra mulher compra roupa para o meu irmão e ainda entrega na sua frente. Você não sente ciúmes?Eu sorri de leve e respondi: — Em uma situação como essa, qual o sentido de sentir ciúmes? Eu até pensei em descer para comprar um casaco para o seu irmão, mas alguém já fez isso por mim. Economizei tempo e esforço, o que é ótimo.Eu nunca fui o tipo de mulher sem noção, que sente ciúmes em qualquer situação ou perde a cabeça por coisas pequenas.Jean riu discretamente e comentou: — Eu até gostaria que você ficasse com ciúmes, mas você é mais generosa do que qualquer um.Eu olhei para ele, sentindo o peso da culpa crescer ainda mais no meu coração, e disse: — Você fez isso para me proteger. Felizmente, não foi nada grave, mas, se tivesse sido, eu realmente não saberia
Jean segurou meu celular e o levou até o ouvido. Sua voz, fria e austera, carregava um tom de autoridade que parecia inabalável. Ele transmitia uma calma imponente, mas ao mesmo tempo, uma ameaça implícita.Eu não sabia o que Davi estava dizendo do outro lado, mas Jean respondeu diretamente: — Essas coisas você deveria discutir com o meu advogado. E, por favor, não incomode mais a minha namorada. Estamos no mesmo círculo, então me dê um pouco de respeito, e eu te deixo em paz. Mas, se você quiser levar isso ao extremo, eu não hesitarei em retribuir na mesma moeda.Meu coração deu um salto, e eu levantei os olhos para Jean, surpresa. Era a primeira vez que eu o ouvia fazer uma ameaça tão clara e sem rodeios. Pelo visto, o que Tânia fez hoje à noite realmente o tinha tirado do sério.Enquanto eu ainda estava atônita, Jean me devolveu o celular.— Você sempre tenta me afastar dessas situações, mas veja, o que tem que acontecer não pode ser evitado. — Ele disse, olhando diretamente para
A futura geração das famílias Auth e Castro apareceu ao mesmo tempo, atraindo a atenção de todos na delegacia. O chefe da polícia desceu com um grupo de oficiais para recebê-los.Jean e eu fomos primeiro prestar depoimento e colaborar com a polícia no registro do caso.Assim que saímos da sala, o advogado de Jean se aproximou com um semblante respeitoso e perguntou:— Sr. Jean, a família Castro sugeriu que o senhor estabeleça o valor da indenização que julgar necessário, desde que o caso não seja levado adiante. O que o senhor acha?Jean franziu levemente as sobrancelhas e respondeu com desdém:— Eu pareço alguém que precisa de dinheiro?O advogado ficou atordoado com a resposta. Por alguns segundos, ele não soube como reagir e, com o rosto visivelmente constrangido, apressou-se em dizer:— Entendido. Deixe o restante comigo.Ele se virou rapidamente e foi continuar as negociações.Pouco depois, o chefe da delegacia se aproximou novamente, convidando Jean para ir até o escritório tomar
Eu fiquei parada ali, olhando para a silhueta alta e imponente de Jean. Apesar de estarmos a poucos metros de distância, parecia haver entre nós um abismo intransponível. Eu entendi, naquele instante, que Tânia havia tomado a decisão certa, ao menos para os seus objetivos.Embora ela não tivesse me causado nenhum dano físico, conseguiu plantar uma semente de desconfiança na família Auth. Talvez, no fundo, a Sra. Auth já tivesse me rotulado como alguém que trouxe problemas e má sorte para quem estava ao meu redor.Jean terminou a ligação e voltou, chamando-me para entrar no carro. Eu continuei parada e disse:— Pode ir para casa. Aqui é fácil pegar um táxi, não precisa me levar.Eu não queria incomodá-lo, forçando-o a me deixar em casa e, depois, fazer o trajeto de volta. Isso só atrasaria ainda mais seu retorno, e provavelmente a Sra. Auth estaria esperando ansiosa por ele.Jean franziu levemente a testa e respondeu:— Não tem pressa, eu te levo primeiro.— Não precisa de verdade. — In