Eu já havia consultado meu advogado sobre o assunto e sabia o que esperar, mas, ao ouvir o que Isabela acabara de dizer, fiquei levemente surpresa. “Como assim? Ele vai sair tão rápido?” A eficiência do processo parecia absurda.Percebendo minha expressão de dúvida, Isabela se apressou em explicar:— Se ele não sair logo, vai acabar morrendo lá dentro!Decidi acompanhar o tom dela e respondi:— Então, se ele está tão doente, interná-lo em um hospital seria apenas um desperdício de recursos médicos. Além disso, ele só vai prolongar o próprio sofrimento.— Kiara, você não tem coração! — Isabela elevou a voz, indignada. — Ele é seu pai! Se não fosse por ele, você nem estaria viva!— Se eu pudesse escolher, preferia nem ter nascido a ter um pai tão desprezível quanto ele! — Retruquei sem hesitar.Isabela ficou tão irritada que começou a tremer. Seus lábios se moviam, mas parecia incapaz de formar palavras. Seus olhos ficaram vermelhos, ameaçando chorar.A raiva que eu havia guardado por ta
Depois disso, Tânia se curvou diante da câmera. Apesar de parecer claramente contrariada, seu rosto mostrava um misto de arrependimento e desconforto enquanto dizia: — Kiara, me desculpe. Eu peço o seu perdão. Assim que o vídeo foi divulgado, vários amigos começaram a me enviar, parabenizando-me e comentando como finalmente eu tinha conseguido “desmoralizar a família Castro”. Minha reação, no entanto, foi bastante tranquila. Para mim, o pedido de desculpas não fazia tanta diferença na prática. Era apenas uma questão de orgulho. Por outro lado, o fato de Tânia ter chegado a esse ponto, mesmo contra sua vontade, demonstrava muito esforço e coragem. Isso me surpreendeu e, de certa forma, me deu uma sensação de alívio. Logo depois, recebi uma ligação de Davi. — Tânia já pediu desculpas. Quando você vai emitir a carta de perdão? — Vou entrar em contato com meu advogado nos próximos dias para resolver isso. — Pode ser hoje? Fiquei um pouco confusa.— Precisa ser tão urgente
Meus olhos se estreitaram, surpresa com o gesto de Davi. Ele ainda se lembrava daquele episódio. No entanto, para mim, uma xícara de chocolate quente que eu não bebi não era algo com que eu me importasse.Eu sorri educadamente e recusei:— Obrigada, mas eu não bebo algo de procedência desconhecida.O rosto de Davi imediatamente se fechou, ficando frio e rígido. Ele claramente entendeu a insinuação por trás das minhas palavras.Sem me incomodar com sua reação, desviei o olhar e joguei o cabelo para trás:— Vamos logo. Se demorarmos muito, o pessoal daqui já vai estar saindo para o fim do expediente.Entramos no prédio, pegamos uma senha e nos sentamos para esperar.Davi continuava me observando, como se quisesse puxar assunto. Mas, antes que ele pudesse dizer algo, meu celular tocou. Aproveitei a oportunidade e me levantei para atender.Era Jean.De repente, lembrei que tinha esquecido de avisá-lo que eu não estava no escritório naquela tarde e que ele não precisava me buscar.— Alô...
Do outro lado da linha, Jean não disse mais nada. Como eu estava com pressa, desliguei o telefone.Quando me virei, vi que Davi estava me observando fixamente. Seu olhar era intenso e cheio de emoções contraditórias, como se quisesse dizer algo, mas hesitava.— Vamos? Você não disse que era a nossa vez? — Deixei o celular de lado e falei com indiferença.Davi me seguiu, mas logo soltou:— Kiara, você acha que um amor entre pessoas de status e posições sociais diferentes pode ter um final feliz?Sabendo que sua pergunta estava carregada de ironia, não deixei barato:— E um amor entre pessoas de status iguais, por acaso, tem garantia de final feliz? O que você disse é como sugerir que eu deveria escolher um homem comum, honesto e com uma aparência mediana só para ter estabilidade. E, no final, descobrir que até esses caras sem dinheiro traem. Então, por que não escolher um homem bonito, rico, gentil e carismático? Pelo menos, ele é um prazer para os olhos e causa boa impressão onde quer
Tânia precisava urgentemente realizar um aborto e, além disso, teria que remover uma das trompas de falópio. Esse tipo de cirurgia causava enormes danos ao corpo de uma mulher.Se ela fizesse a cirurgia e não conseguisse se recuperar adequadamente, ainda tendo que ir para a prisão, seu corpo certamente não aguentaria. Era possível que ela ficasse com sequelas para o resto da vida, carregando esse sofrimento.Por isso, Tânia acabou cedendo e concordou em pedir desculpas publicamente para conseguir o meu perdão.Depois disso, a família Castro ainda fez um grande esforço, buscando ajuda de pessoas influentes na política. Então, quando o caso foi levado novamente ao tribunal, o juiz, ao ver que ela demonstrava arrependimento sincero e considerando tanto as suas circunstâncias infelizes quanto sua condição de saúde, decidiu ser mais brando. O resultado foi uma sentença de um ano de prisão, com a pena suspensa por dois anos.Ou seja, durante esses dois anos, se ela não cometesse nenhum outro
No final das contas, minha avó e tia Júlia estavam certas. A culpa foi minha por insistir tanto no amor e não ouvir os conselhos delas.Rapidamente, ajustei minhas emoções, respirei fundo e me levantei para ir à empresa trabalhar no final de semana. Homens são apenas um tempero na vida. De jeito nenhum eu poderia deixar que eles atrapalhassem meu foco em ganhar dinheiro e crescer na carreira.Depois de me dar essa dose de autoajuda mental, meu humor melhorou bastante. Mas, para minha surpresa, no meio do caminho recebi uma ligação de Isabela.— Kiara, eu não aguento mais. Se você não me der o dinheiro, assim que eu pegar o seu pai, vou levá-lo direto pra sua casa. Eu e o Davi já descobrimos em qual andar você mora, e vou largar ele na sua porta sem pensar duas vezes.Isabela estava cada vez mais abusada. Agora queria simplesmente jogar o Carlos para cima de mim. Eu ri com desdém:— Então eu posso me mudar agora mesmo. Vamos ver quem age mais rápido. Se você largar ele lá fora e ele mor
Isabela imediatamente calou a boca, com uma expressão péssima no rosto.Tiago, já impaciente, reclamou:— Tá frio pra caramba! Sério que vocês precisam conversar na calçada? Vamos logo, entra no carro e continua falando lá dentro.Sem esperar resposta, ele se aproximou do meu carro e tentou abrir a porta. Mas não conseguiu.— Kiara, abre a porta aí! — Ele me olhou, sem nem ao menos me chamar de "mana".Eu sorri, com uma calma provocativa:— Sem pressa. Espera mais um pouco.Tiago ficou confuso, olhando para os pais como se buscasse alguma explicação.Foi então que Carlos finalmente abriu a boca. Suas primeiras palavras desde que me viu foram carregadas de rancor:— Kiara, você veio aqui só pra me humilhar, não foi?Fui direta:— Um pouco, sim. Queria ver como você está acabado. Assim, posso contar pra minha mãe. Tenho certeza de que ela vai gostar de saber.Carlos ficou roxo de raiva. Sua voz saiu ríspida:— Vamos embora! Não precisamos dela. Pegamos outro carro e vamos por conta própr
Eu estava prestes a me desculpar, mas antes que conseguisse dizer algo, Jean me interrompeu:— Kiara, você ainda não aprendeu que deveria me avisar antes de tomar qualquer decisão? A gente tinha combinado que eu te buscaria esse final de semana para irmos ao Condomínio Florensa.Respirei fundo, tentando manter a calma, e expliquei:— Ontem à noite, eu te liguei, mas você não atendeu. Hoje de manhã, mandei uma mensagem no Line e, mesmo assim, você não respondeu…— Me desculpa. Eu bebi demais ontem à noite, só acordei agora, e assim que vi sua mensagem, te liguei.Minha boca se fechou. Por um momento, fiquei sem saber o que dizer. Então, era isso: ele tinha bebido demais. Agora fazia sentido a voz dele estar tão rouca e sonolenta.O som do “bip” do aplicativo do motorista ecoou enquanto o carro mudava de pista. Era melhor eu encurtar a conversa.— Mas hoje eu realmente não vou conseguir ir. Se você achar necessário, podemos deixar para amanhã.Liguei o motor do carro e segui na mesma rot