Aurora Beatrice Reese tentou afastar-se o quanto pode, andando para longe daquele homem, mas ele ainda representava a figura dos seus sonhos e dos piores pesadelos. Ele a acompanhou lentamente como uma sombra que nunca a deixaria sozinha. Ela soube que nunca estaria em paz. Rapidamente, ela olhou para trás e fitou o rosto de traços marcantes e feição rígida como uma rocha, mas ainda havia bondade nele, especialmente os olhos. A mulher andou mais rápido, em uma tentativa de fuga que sabia que nunca daria certo. Ainda assim, ela precisava tentar. E ela passou a correr rápido e muito mais devagar que ele, torcendo mentalmente para que ele desistisse de alcança-la. Naquela altura, o coração da jovem doía como a própria morte, e ela olhou para trás apenas para notar o quanto estava longe de casa. Ela estava longe de tudo. Naquele instante pareceu ter apenas os dois no mundo, num cenário pós apocalíptico. O problema é que ela não o queria mais. Ela não queria estar com ele ali. Ela
Ela parecia incrédula enquanto o encarava ali, no meio do bosque, aonde somente a grama alta se mexia sobre as pernas do casal que parecia petrificar-se cada vez mais a medida em que o tempo passava. Ela o encarou e viu os olhos sinceros. As mãos calejadas finalmente ergueram-se em direção ao rosto delicado e ela sentiu a aspereza do trabalho duro que ele passara a vida a realizar. Aquilo não a incomodou. Na verdade, Aurora Beatrice Reese se agradava daquela sensação estranha e diferente de qualquer outro homem que já ousou toca-la apesar das dificuldades. – Eu sinto muito, Tom. Eu não posso. – Eu não acredito em você. – O homem ainda manteve as mãos a toca-la como se aquilo fosse o que mais almejasse durante tanto tempo. – Eu sei que fugir comigo é o que você mais quer na vida. – Eu não quero mais isso. Eu não vou magoar outra mulher. Eu posso imaginar o que a Carmem sentiria. Ele parecia irritado. – Esta cheia de moralismos agora! Por que não pensou nisso quando ficou nua
– Você está melhor agora? – Aurora perguntou, segurando-a pela mão esquerda. Carmem Lúcia ainda tremia, embora estivesse um pouco mais forte a aquela altura. Os olhos tempestuosos transmitiam tanta tristeza quanto desconfiança de que quando o dono da casa chegasse, certamente a expulsaria daquele quarto. – Eu estou bem, mas não sei como superar isso. – Por que não pergunta para a sua amiga como se faz? – Como assim? – Carmem tentou parecer desentendida, embora ela temesse que o marido soubesse a aquela altura. Como ela poderia explicar-lhe todas as crueldades que fizera dentro daquele manicômio, torturando mulheres que nem mesmo eram verdadeiramente loucas? Como ela o diria que acobertou abusos e que roubou o bebe de uma mulher que acabara morrendo em uma greve de fome infindável? – Eu não sei... Por que você não me diz? – Ele está falando sobre uma amiga. Eu comentei com ele que uma conhecida acabou perdendo o bebê. – Ela o encarou com severidade, torcendo para que aque
Ela levantou-se na manhã seguinte, sentindo o corpo dolorido, embora o Amiro não tenha sido bruto a maior parte do tempo, depois que ela passou a ceder-lhe os desejos. O coração doía mais que o objeto de prazer entre as pernas, e ela ainda tinha o característico cheiro de sexo pela manhã, depois que ele a usou durante toda a noites e uma parte da madrugada em que acordou sentindo-se entediado. Aquele homem estava mesmo obstinado a engravida-la do menino tão desejado. O herdeiro dos Reese. Ele nunca pensara que chegaria tão longe ao ter o primeiro filho, e tampouco, que ter uma filha pareceria mais uma derrota quando ele estivesse próximo aos amigos que ostentavam herdeiros vigorosos e másculos como os pais. Era como uma ofensa a si próprio não ter o pequeno garanhão na família. Aurora Beatrice tomou um longo banho, apenas para abrir a porta e deparar-se com o Tom, prostrado como uma estatua de metal. Ele esteve ali a noite toda? Ele os ouviu? E se sim, por que não podia ajuda-la
– O que você está fazendo? – Ela esgueirou-se cada vez mais, tentando lentamente dar passos para trás. A parede pareceu mais dura que o normal quando ela a sentiu gelada, ao encostar-se sem querer. Aurora Beatrice soltou um leve gemido de medo e temor de que o marido pudesse voltar. Ele por certo acabaria chegando no pior momento e a flagraria. E se ele a matasse naquele momento? – Eu vou provar que você está errada. – Tom, a sua mulher está lá em cima agora. Ela esta descansando e... – E ela não consegue ter um filho meu... – Então é por isso? Você me quer por que está infeliz no seu casamento? – Eu te quero por que eu te amo. Eu te quero por que você é linda... Eu te quero por que você sempre foi o meu sonho, Aurora Beatrice. – Reese. Aurora Beatrice Reese. – Esqueça aquele nome maldito. Você não é uma Reese. Você sempre foi e sempre vai ser minha. – Eu me casei com o Amiro. Ele é o meu marido agora. – Você não o ama. Você não o quer como me quer. – Você não te
Ele disse, para logo depois levantar-se do sofá a segurando pela cintura, ainda encaixada a ele. O homem a colocou suavemente na cama, e cada movimento parecia mais erótico que o normal, como se realmente fosse a primeira vez. Foi o único momento em que ela sentiu-se realmente nervosa, como se não soubesse o que fazer ou como agir, embora fosse tão natural. Ela riu, estranhando o próprio sentimento. – É tão estranho... Ele sorriu de volta, da forma mais gentil que poderia, embora temesse que ela desistisse de tudo e que o dissesse que não o amava mais como antes. – O que? – Eu estou nervosa. É como se essa fosse a minha primeira vez. – É a nossa primeira vez, amor. É a sua.Ela estava sem jeito ao corrigi-lo, mas não queria mentir para si mesma. Ela sabia bem que tivera homens demais para pensar em uma hipótese como aquelas. Nem mesmo o tempo poderia corrigir todos os erros que cometera desde tão nova e cheia de ambição. – Nós dois sabemos que isso não é verdade. Eu j
Tudo parecia normal, exceto pelas risadas ocultadas e os olhares trocados do casal que se amava a distância. Carmem Lúcia parecia bem ao descansar em casa, mas logo ela estaria de volta. Enquanto isso, o casal apaixonado aproveitava as tardes mais intensas que já tiveram o prazer de viver. Ela almoçava na mesa, junto ao marido, enquanto a funcionária os servia. Ela ainda trocava sutis olhares com o homem que mantinha um sorriso de vitória e satisfação ocultado nos lábios finos e perfeitos. Eles ainda planejavam fugir para viver o amor que tanto mereciam, mas tudo parecia os impedir. O salário estava atrasado, a mulher em casa que nunca parecia superara a morte de mais um filho, o marido que a cuidava cada vez mais, como se a estivesse cercando. Amiro Reese parecia saber das intenções da esposa desde que ela se recusou a entregar-se para ele outra vez. Era como se cada recusa o deixasse mais irritado, como se ele soubesse que por trás havia outra explicação. E enquanto ela esta
Dois dias se passaram desde que a empregada finalmente revelou tudo que sabia para a senhora Reese. Ela agora, estava tão cheia de roupas e joias quando de orgulho. Não havia um único centavo no bolso. A Aurora Beatrice Reese realmente não o tinha. Um médico nunca chegou até ela, para contar-lhe se realmente esperava ou não por um bebe, e aquilo a deixava completamente apreensiva, mas não mais que o Amiro Reese. Sua mulher estava mesmo esperando um bebê ou havia outro problema? Ele tinha certeza que a queria, mas ainda precisava do filho homem. Ele precisava de um herdeiro para agradar a família Beatrice ou não conseguiria colocar as mãos em tanta fortuna. Ele precisava provar que era um homem de verdade. Precisava provar que era melhor que o senhor Santorini. Havia um boato que ele não queria acreditar. Grande parte da cidade estava comentando como a empregada da casa foi coberta por ouro e joias. “ O senhor Reese estava dormindo com a empregada?” era o assunto mais comentado. M