– O que você está fazendo? – Ela esgueirou-se cada vez mais, tentando lentamente dar passos para trás. A parede pareceu mais dura que o normal quando ela a sentiu gelada, ao encostar-se sem querer. Aurora Beatrice soltou um leve gemido de medo e temor de que o marido pudesse voltar. Ele por certo acabaria chegando no pior momento e a flagraria. E se ele a matasse naquele momento? – Eu vou provar que você está errada. – Tom, a sua mulher está lá em cima agora. Ela esta descansando e... – E ela não consegue ter um filho meu... – Então é por isso? Você me quer por que está infeliz no seu casamento? – Eu te quero por que eu te amo. Eu te quero por que você é linda... Eu te quero por que você sempre foi o meu sonho, Aurora Beatrice. – Reese. Aurora Beatrice Reese. – Esqueça aquele nome maldito. Você não é uma Reese. Você sempre foi e sempre vai ser minha. – Eu me casei com o Amiro. Ele é o meu marido agora. – Você não o ama. Você não o quer como me quer. – Você não te
Ele disse, para logo depois levantar-se do sofá a segurando pela cintura, ainda encaixada a ele. O homem a colocou suavemente na cama, e cada movimento parecia mais erótico que o normal, como se realmente fosse a primeira vez. Foi o único momento em que ela sentiu-se realmente nervosa, como se não soubesse o que fazer ou como agir, embora fosse tão natural. Ela riu, estranhando o próprio sentimento. – É tão estranho... Ele sorriu de volta, da forma mais gentil que poderia, embora temesse que ela desistisse de tudo e que o dissesse que não o amava mais como antes. – O que? – Eu estou nervosa. É como se essa fosse a minha primeira vez. – É a nossa primeira vez, amor. É a sua.Ela estava sem jeito ao corrigi-lo, mas não queria mentir para si mesma. Ela sabia bem que tivera homens demais para pensar em uma hipótese como aquelas. Nem mesmo o tempo poderia corrigir todos os erros que cometera desde tão nova e cheia de ambição. – Nós dois sabemos que isso não é verdade. Eu j
Tudo parecia normal, exceto pelas risadas ocultadas e os olhares trocados do casal que se amava a distância. Carmem Lúcia parecia bem ao descansar em casa, mas logo ela estaria de volta. Enquanto isso, o casal apaixonado aproveitava as tardes mais intensas que já tiveram o prazer de viver. Ela almoçava na mesa, junto ao marido, enquanto a funcionária os servia. Ela ainda trocava sutis olhares com o homem que mantinha um sorriso de vitória e satisfação ocultado nos lábios finos e perfeitos. Eles ainda planejavam fugir para viver o amor que tanto mereciam, mas tudo parecia os impedir. O salário estava atrasado, a mulher em casa que nunca parecia superara a morte de mais um filho, o marido que a cuidava cada vez mais, como se a estivesse cercando. Amiro Reese parecia saber das intenções da esposa desde que ela se recusou a entregar-se para ele outra vez. Era como se cada recusa o deixasse mais irritado, como se ele soubesse que por trás havia outra explicação. E enquanto ela esta
Dois dias se passaram desde que a empregada finalmente revelou tudo que sabia para a senhora Reese. Ela agora, estava tão cheia de roupas e joias quando de orgulho. Não havia um único centavo no bolso. A Aurora Beatrice Reese realmente não o tinha. Um médico nunca chegou até ela, para contar-lhe se realmente esperava ou não por um bebe, e aquilo a deixava completamente apreensiva, mas não mais que o Amiro Reese. Sua mulher estava mesmo esperando um bebê ou havia outro problema? Ele tinha certeza que a queria, mas ainda precisava do filho homem. Ele precisava de um herdeiro para agradar a família Beatrice ou não conseguiria colocar as mãos em tanta fortuna. Ele precisava provar que era um homem de verdade. Precisava provar que era melhor que o senhor Santorini. Havia um boato que ele não queria acreditar. Grande parte da cidade estava comentando como a empregada da casa foi coberta por ouro e joias. “ O senhor Reese estava dormindo com a empregada?” era o assunto mais comentado. M
O cavalo parou em frente a casa. O homem pulou dali com dificuldade pela primeira vez na vida. Ele não bateu na porta quando entrou. A arma ainda estava na mão como um alerta do massacre que provavelmente acabaria por causar se flagrasse aquele homem ali...A mulher parada em frente a pia gritou assustada no momento em que o viu parado, a observando de uma maneira tão estranha. Os olhos desceram em direção as mãos tremulas e ela pode ver o momento em que ele ergueu a arma em direção a ela. Mas ele ainda desviou. Ele precisava apenas coçar os miolos confusos. Carmem Lúcia tomou a grande coragem que tinha depois de lidar com tantos loucos que por muitas vezes a ameaçaram de formas piores que aquela. – O senhor precisava de alguma coisa, senhor Reese? – O seu marido. Ela ergueu a sobrancelha, sentindo-se confusa. – O meu marido está na sua casa. O senhor sabe disso. Ele quase nunca esta em casa. Ele a encarou com um olhar enviesado de ódio. – Eu sei! – Ele afirmou. Ela sentiu-
Aurora Beatrice Reese arrumou as malas e saiu de casa durante a madrugada fria. Ela sentiu os pulmões doerem violentamente, enquanto a neblina a atingia com velocidade cortante. Ela não parou. Os pés estavam praticamente congelados nos sapatos simples que trocara com uma das mulheres que trabalhava para ela. A estrada estava mais próxima quando ela avistou um dos cavalos. Os passos rápidos passaram direto por ela, por mais que a senhora Reese gritasse desesperadamente. O rosto do Tomas estava completamente impassível e ele nem mesmo a olhou. Aquele homem parecia catatônico como se não a amasse mais. – Ele não me viu. Só pode ser isso! – Ela afirmou para si mesma, tomando forças suficientes para jogar a mala nos ombros até o lugar mais longe que poderia ir. Ela estava tão cansada quando finalmente chegou a estação de trem. Tudo estava parado. As pessoas nem mesmo haviam acordado ainda, mas o homem da vida dela deveria estar ali, a esperando para fugir rumo a vida nova que tanto
Ela esperava pelo momento em que ele a apontaria uma espingarda e estourar-lhe-ia os órgãos em algum momento. Ela encarou os olhos frios no escuro quase tão denso quanto o ódio que podia sentir emanando daquele homem que a olhava de uma maneira enviesada. Aurora Beatrice Reese fechou os olhos quando ouviu a cadeira de balanço se movimentar mais uma vez. A madeira rangeu, delatando o homem que havia se levantado dela. Ele a mataria com as próprias mãos do jeito mais pessoas que poderia? Ela não sabia, mas ainda continuou parada ali, deixando-se guiar pelo que tinha que acontecer. – Faça o que você tem que fazer. Mas ele apenas se aproximou dela, deixando que os narizes estivessem tão colados que ela mal podia respirar o ar puro do ambiente. – Abra os seus olhos! Eu quero ver você. – Você esta me vendo. – Eu quero ver o seu arrependimento neles. Lentamente, ela abriu, deixando que aquele homem pudesse ver cada lagrima que deslizava dos olhos, deixando um caminho de água at
Aurora Beatrice deitou-se na cama e viu o medico a examinar, enquanto o rosto do homem que jurou perdoa-la por tudo se ela pudesse se comportar, mudava lentamente. Todo o sentimento de alegria se esvaiu quando o medico disse-lhe “ você esta grávida”. Ele nunca pensou que teria aquele tipo de sentimento de ódio por alguém que nem mesmo havia chegado ao mundo da forma que deveria. Ela sentiu a dor no coração aumentar quando notou a maneira como ele a encarou na barriga. Ele estava ansiando pela morte do bebe. Ela sabia disso. Ela sabia que precisava proteger a garotinha inocente dentro do seu ventre, mesmo que ainda não soubesse quem era ela. O tempo havia passado rápido demais enquanto ela tentava desvencilhar-se do homem que parecia mimar cada vez mais a outra filha que também não o pertencia, muito embora ele não pudesse saber disso. E enquanto Aurora Beatrice Reese alisava a barriga avantajada, ela se pegava pensando em como seria se ela pudesse dizer-lhe que Sara Reese também n