DespedidasSua colega de quarto acabou sendo uma linda castanha de olhos verdes expressivos. Ele a recebeu como se a conhecesse por toda a vida, efusivamente. Mostrou - lhe o lugar, bastante tagarela. Mariané sorriu contagiada com sua boa vibração, parecia muito otimista, alegre e divertida. Uma combinação difícil de contornar, Kelly Miller era como uma bomba atômica e a jovem, bem, talvez ela devesse se acostumar com esse comportamento oposto ao dela, quase pronoia.Estudou atentamente o seu lado, tal como o espaço pertencente à castanha, ali estava uma cama de solteiro, a mesinha de cabeceira com uma lâmpada bonita, embora não tão frágil e bonita como a flor de lótus. Também um armário branco e perto da janela uma mesa com sua cadeira, em cima estava um laptop. O quarto tinha um banheiro. Observou retrospectiva, um enorme quadro da cidade noturna de Paris, sobre a cabeceira da cama fazendo contraste com a cor pastel da parede.Não esquecia o jantar no Le Ciel De Paris, os sorrisos e
E amassou o guardanapo entre as mãos, então se dispôs a deixar o lugar, indiferente à reação da tal Katherine, ofendida pela rejeição. Uma vez lá fora, ele respirou fundo, seu carro estava estacionado nas margens da rua. Então ele embarcou fazendo o motor rugir em um instante. Durante o trajeto inundado de luzes, tráfego e gritos soando de um lado ao outro, esteve mergulhado no agora vazio deixado por sua partida. Seus dias passavam lentos, cinzentos, com o constante desejo de poder calcinar os sentimentos por ela.Ele cerrou os dentes furiosamente e, quando o semáforo mudou para vermelho, atacou o volante, despedindo a mistura de sentimentos implacáveis, confusos e dilacerantes que se agitavam dentro dele. Mesmo com a luz passando a verde ficou preso no meio de tudo, chorando aos mares. Ele retomou a condução nublado, seu corpo e mãos tremiam, forçado a parar antes de seu destino. A calma o tomou em questão de minutos, mas ao chegar ao seu apartamento, voltou a tempestade furiosa. El
A castanha gritou emocionada, não a deixou continuar. - É um menino, Sean Santorini, olhos celestes, sorriso de deus grego. - soltou um suspiro piscando coquete. A ruiva olhou para ele, sem palavras —. Tem sido uma paixão direta, agora não consigo parar de pensar naquele belo italiano, crees você acha que ele pode se fixar em mim?Não era especialista nesses assuntos. Mariané balançou em seus pés, nervosa, não sabia o que dizer sobre isso. Talvez admita que não teve nenhum conselho, porque, embora estivesse em um relacionamento, não havia semelhança com o caso de Kelly e o jovem bonito. No entanto, decidiu opor-se a alguns pontos importantes.- Bem, quantos anos tem Sean Sean?- Não sei, veio de convidado para a aula de música, a professora pediu-lhe que tocasse piano. Você não pode imaginar como ele interpretou uma peça de... - ele fez um gesto minimizando —o. Não importa o que ele tocou, mas foi magistral.- A peça ou ele?Ele corou até o médulaago, tentou escondê-lo cobrindo o rost
InvernoDeixei de ser outra criança do orfanato Wilstermann para ocupar a cadeira vazia na mesa dos Lombardi. Não me sinto à vontade aqui, tudo está longe do que eu conheço. Não sou mais o menino de sete anos, há dias completei dezesseis anos e ainda não me acostumei. Parece que não nasci para dar reciprocamente ou devolver o amor que eles me dão, talvez seja egoísta e uma admissão malagradecida da minha parte, mas confesso que tive melhores momentos na solidão do que com a companhia de três pessoas.Um deles é Donato, meu "meio-irmão", toda vez que estamos na mesa ele me olha mordaz, me odeia desde que cheguei, me considera o intruso que ele odeia por roubar a atenção de seus pais. Por isso faz da minha vida um inferno eterno.Como se eu realmente me importasse em ser o centro das atenções.Lia, admito que tem sido boa comigo, assim como Adriano, mas não me entendem como gostaria.Ontem Donato chegou em casa depois de beber, o pior é que ele entrou no meu quarto e enroscou as mãos em
PesoO tempo passou e o inevitável surgiu. Senti —me um monstro desejando —a em silêncio, de pensá-la sem pudor-enterrou o rosto em suas mãos, envergonhado. Esforcei-me por fazer bem o papel de tio, juro. Mas à medida que crescia tudo se torcia, aproximar-me dela significava uma tortura. Eu a amava tanto, mas não da maneira certa, então decidi me afastar fingindo mitigar os maus pensamentos. Deixei de acompanhá-la durante as refeições, de iniciar até a mais tola conversa com Mariané, inclusive uma vez cancelei as férias de Verão, acreditei que só assim evitaria fazer uma loucura. Não serviu de nada a evasão que, segundo eu, extinguiria a intensidade dessa perigosa atração. Porque tudo foi ao mar quando a encontrei bisbilhotando no meu quarto e dormi com ela.Com pesar voltou a sentar-se e com medo inspecionou o rosto dos dois, a consternação cruzando as feições de sua irmã, enquanto seu pai parecia inexpressivo. A fatalidade atravessava sua corrente sanguínea com um afã imparável, o m
DeclaraçõesCom folga, ele se abrigou. Sair por aí, andar sem rumo, ao menos lhe tiraria da cabeça o intenso pensar, isso acreditava.Saindo evitou um alvoroço, se Brenda a pegasse, óbvio que não a deixaria sair. A mulher procurou Mariané ao meio-dia e supôs que estaria do lado de fora. Ele achou adequado permitir-lhe um tempo de solidão. Ele começou a preparar o almoço cortando algumas cenouras e batatas. Mas depois de um tempo, se eu não voltasse, então iria buscá-la.Ele brincou com seu celular, confuso. Ele parou de girar o aparelho em seu colo. Ao longe, avistou um casal tirando fotos. A cena mais assustadora que ele já viu. Continuou observando o que acontecia ali, o menino ajoelhou-se diante da jovem mulher e tirou do bolso Oh oh por Deus. Era uma proposta de casamento, percebeu de repente com os olhos arregalados. Ao pareceu deu-lhe o sim, porque deram-se um beijo longo e apaixonado antes que ele se incorporasse de novo e lhe pegasse a mão para lhe pôr o anel.Desviou os olhos
- Por que me ligaste? - cuspiu magoada. Não faças as coisas mais difíceis, Ismaíl. Vou pendurar…- Não! - implorou. Mariané estava prestes a fazê —lo, mas mais uma vez o coração mandava -. Por favor, ouve-me. Senti falta de ouvir a tua voz, diz-me cómo como estás, florzinha?- Melhor sem você, é o que você quer ouvir, não é?- Você também costumava ser ao meu lado, se bem me lembro. - ele disse em um sussurro distante que se sentiu tão perto quanto sofreu.Ela bufou com raiva por não esconder seus sentimentos. O coração batia ferozmente em seu peito, ela queria escapar de sua caixa torácica, desesperadamente e isso a desequilibrava.- Devias saber, és um idiota. Pens por que você pensou que eu queria passar férias? - ele rugiu com raiva e ressentimento que fervilhava dentro dele. Afastaste - me, soltaste-me, partiste-me em pedacinhos o coração e pretend pretendes emendá-lo com viagens, tola educação e luxos cada que te dê a vontade? É absurdo que você tenha comprado uma casa na Itália
DestruiçãoOs anos haviam passado deixando um vestígio, quase invisível, de resquício e opressão. A dor não parecia mais forte, insuportável ou esmagadora. Mariané parecia florescer aos dezoito anos, de novo fresca, imarcescível. O caminho pelo qual ela estava indo, um caminho reto sem bolas curvas que a fizessem tropeçar. Estava a pouco de se formar, de abandonar o lugar onde forjou tantos momentos bonitos. Deitada de costas na cama, ela se visualizou ao lado de Kelly na faculdade; ambas haviam conseguido ficar em Columbia. A ideia parecia perfeita, Embora assustadora às vezes, eu sabia que a responsabilidade era o dobro, até o triplo. Mas o que mais rondava em sua cabecinha era finalmente se soltar de Ismaíl. Ele se esforçou tanto que no final ganhou uma bolsa de estudos na prestigiada Universidade. O que significava que ele não teria mais que pagar nada.- Nem imaginas! - gritou sua companheira aparecendo com um enorme sorriso.Claro que imaginava, com aquela cara de boba e o olha