The Dark Link
The Dark Link
Por: Enola Claire
Capítulo 1

Junho/2015 Westminster- Londres

AMELIA

Eu e Emma há três dias estamos envolvidas com a roupa que vamos usar na festa de Fill, já que ele vai completar vinte anos e não quer passar em branco. Eu imaginei que sua casa seria o local escolhido para a celebração de aniversário, mas seus pais não haviam ido viajar como ele acreditou, e por ter alguns contatos conseguiu o espaço do Cirque Le Soir. Onde sempre são exibidos dançarinos, e até cantores famosos numa temática burlesca e distinta de outras baladas de Londres. Praticamente um circo, cheia de figurinos, espetáculos pirótécnicos fazendo jus a seu nome, Cirque.

Uma das coisas que mais adoro é me acabar numa festa e já fazia um tempo que não as prestigiava. O motivo é por estar no último semestre da escola, tendo obrigação de concentrar-me nas notas, para garantir a faculdade e menos insultos dos meus pais que estão em pé de guerra por separar-se, e de olho em mim, para que não reprove mais um ano letivo.

Fiquei pronta antes de Emma quase adoecendo com sua demora para arrumar o cabelo ruivo, comprido com dezenas de cremes e desfilar mil sapatos juntos de vestidos na completa indecisão do que vestir. Enquanto eu, num piscar de olhos, enfiei um vestido roxo com mangas curtas acima do joelho e sandália de salto fino.

Pegamos o táxi e nos vimos no lugar indicado que começava a lotar. Fill nos recepcionou como um excelente anfitrião, insinuando a possibilidade de ficar com amigo dele, Jones um rapaz de cabelos negros, e olhos da mesma cor, moreno tatuado e bastante atraente. Senti-me envolvida por ele, desde a primeira vez que o vi e o resto da noite ficamos juntos.

—Eu estou amando ver vocês dois-Emma tagarelou no meu ouvido, quando me acomodei no acento fofo, diante da mesa com bebidas. A luz em tons vermelhos batia sobre nós e o som barulhento do rapper não se ouvia tanto daquele lugar. —Onde ele está?

—Foi ao banheiro.

—Hum... devia ter ido junto.

—Porque?

—Sei lá, tem muita oferecida nessa festa.

—Você e o Fill não estão se entendendo? —Comentei com um copo de bebida.

—Aquela ex dele está aqui, acredita?

—Eu vi, mas você sabe que eles sempre foram amigos.

—Amigos, sei. Isso não cola.

—Ah vá se divertir. Não vá estragar essa maravilhosa festa por causa disso. Aproveita que eu vou fazer o mesmo. —Bebi mais um gole da bebida.

—Você não me contou, sobre a sua primeira noite. —Ela riu.

—No campo das formigas.

—Como é?

—Eu e Lian, fizemos uma loucura. Como um fogo se espalhou sobre nós depois de bebermos tequila, transamos no Greenwich Parque, mas eu deitei por cima de um formigueiro.

Ela gargalhou.

—Garota, você é maluca. A polícia podia ter pego vocês.

—Eu sei, isso me rendeu problemas, não com a polícia é claro. A camisinha caiu e fiquei morrendo de medo de engravidar. Usei a pílula de emergência.

—Nossa, —balançou a cabeça —você se mete em cada uma.

—É, poderia ter sido melhor. Sou amadora, fazer o quê.

Rimos juntas. Fiz sinal, para ela vendo Fill e Jones aparecerem.

—Do que as duas estão rindo?

—De nada.— respondeu Emma, lascando um super beijo na boca de Fill e se movimentando em direção a pista.

Jones sentou do meu lado, esticando o braço no encosto atrás de mim. Pegou uma pina colada e acendeu um cigarro.

—Tô começando a achar essa festa um tédio.

—Eu estou achando legal. —joguei meu dorso em seu braço, esticando-me um pouco. Ele me serviu de mais bebida.

—Que tal a gente relaxar um pouco? —perguntou encarando-me com malícia.

—Você quer sair daqui?

—Também, mas antes eu tenho algo aqui que você pode gostar.

Ele levou mão no bolso e retirou uma pequena cartela de comprimidos.

—Isso...

—Uma balinha pra adoçar nossa vida.

—Jones eu acho que...—Não concluí minha opinião, quando ele me roubou um beijo forte, que engasguei com o gole da bebida. Tossi alto, me afogando. —Desculpa.

—Está tudo bem linda. Abre a boca.

Eu fiz sem pensar para em seguida ele inclinar o copo sobre meus lábios e engolir o comprimido que colocou na minha língua.

—Beleza. A noite agora será perfeita. —Disse por fim, dando-me um curto beijo.

Fomos para a pista e dançamos freneticamente. Sentia o coração acelerado, meu corpo ser acometido de uma carga de adrenalina e uma vontade incontrolável de rir.

WILLIAM

Eu precisava sair, arejar a cabeça e faria qualquer coisa por um momento de diversão. O sábado perfeito- um convite a entreter-se nas luzes da cidades Londrina, rodar o carro e quem sabe ser acometido de uma paixão ardente dessas que fazem você perder o sono. Com quarenta e um anos e uma extensa bagagem de vida, sinto como se ainda não é o suficiente. Tenho muito a me orgulhar do que conquistei, mas é como se sempre faltasse alguma coisa.

Eu não estou em busca de nada e é como se existisse o encontro com uma parte de mim importante. Dirijo com cuidado absorvendo o frescor da noite, a lua tão brilhante no céu, o murmurinho dos bares e as pessoas transitando, alegres e bonitas deixando seu perfume no ar.

Reflito um pouco e vou para o lugar que estive há semanas atrás Cirque Le Soir. Não é muito discreto, mas sempre abarrota de gente bonita aos sábados com boa música e uma variedade de bebidas. Os tons vermelhos bastante excêntricos, as dançarinas com corpos esculturais são de encher os olhos. Sinto que é a forma de compensar a falta de adrenalina em minha vida e sair um pouco do estresse excessivo da profissão que exerço.

Se eu encontrar prazer será uma grande vantagem. Talvez, seja isso que eu precise- um sexo animalesco, uma boa dose de perversão, esvaziar-me um pouco, antes que tudo saia fora do eixo. Nunca fui infiel, pelo menos não no meu casamento, sempre fiz as coisas certas, agindo com cautela e sensatez, mas ultimamente o desejo de transar com outras mulheres parece ter crescido avassaladoramente.

—Como vai senhor Patterdale? —O garçom me cumprimenta animado.

—Tudo ok. Quero o de sempre.

Ele me serve um coquetel sem alcool. Vou dirigir e por isso nada de bebidas.Absorvo seu sabor frutrado, olhando o movimento a minha volta. Imagino que há uma celebração por aqui ao ver jovens universitários me perguntando como essa casa, não sofreu fiscalização ao vender bebidas para menores.

—Quem é o dono daqui?— pergunto.

—Ele se chama Adam Ross e eu diria que se for ir a fundo sobre ele, não irá descobrir nada.

—Não duvide de mim. —Sua cara fechou-se em desconfiança. Dei uma risada. —Não sou da polícia, não se preocupe.

—Mesmo que fosse, essa casa é protegida e regulamentada. Não fizemos nada sem ir contra os protocolos ingleses.

—Eu sei, tanto que ela se mantém aqui há muitos anos. E mesmo, que não fosse, as costas de vocês devem ser muito quentes com a rainha.

Ele foi atender ignorando o que eu disse.

Realmente não é da minha conta o negócio sujo que deve rolar por aqui no entanto, a curiosidade me preencheu sem que pudesse evitar. Finalizei a bebida, acertando o pagamento e saí um pouco para pista. Como nada me interessou, ganhei o lado de fora.

Decidi dar última volta pela cidade e ir para casa. Andei alguns quarteirões, passei pela Tower Bridge que apesar do horário sempre havia alguma movimentação, mas naquela ocasião mostrou-se tranquila e percorri outros lugares.

Sempre amei Londres e ter retornado a minha terra Natal dava-me novo ânimo talvez, por isso a expectativa crescente, a ideia de que algo viesse a me surpreender, enchia meu coração de um sentimento caloroso.

Ao tomar uma avenida tranquila vi um casal brigando, na verdade eram dois rapazes e uma garota. Eles estavam fora do carro e ela foi empurrada caindo no chão. Diminui a marcha, estacionei e imediatamente desci. Andei rápido vendo a garota caída.

—Ei! —gritei e corri até eles, que entraram no carro ganhando velocidade. Voltei vendo a garota no mesmo lugar. Reparei o porte elegante, a pele jovem, com lábios com arco de cupido saliente, contraste com o rubor das bochechas e os olhos verde abacate. Linda demais para estar numa situação como essa e podia-se notar ligeira alteração, provavelmente por estar dopada.

Ajudei a levantá-la. Sua sandália com salto quebrado, a fez se desequilibrar.

—Você está ferida —falei, vendo um pouco de sangue em seu rosto —Precisa de ajuda.

Ainda que estivesse abalada ela conseguiu responder.

—Nada. Estou bem.

—Não pretendo colocá-la na berlinda, sei como os homens podem se tornar violentos com as mulheres. Pode me contar o que aconteceu? Podemos ir a polícia.

—Não precisa se preocupar, já disse, estou bem. —ela respondeu se afastando, mas deu um passo e quase caiu.

—Deixe-me levá-la para um lugar seguro. Você não está bem. —Estendi a mão para ajudá-la a ficar de pé. Fomos em direção ao carro.

—Obrigada —ela encontrou meus olhos com rosto assustado —Acho que estou melhor. Você mora aqui?

—Este não é o meu ponto de encontro habitual, mas moro perto. Eu posso acompanhá-la. Sua condição exige cuidados.

Ela piscou as pálpebras diversas vezes um pouco alheia. É nítido que há drogas em seu sistema e me surpreendi por sua resposta:

—Por que está me ajudando? Você é um anjo?

Eu quero ajudar. Não posso ver ninguém em apuros e supondo que você não parece maior de idade, e nem mesmo consegue parar em pé, isso é um grave problema.

—Acho que devo ir...

—Pelo menos me deixe te acompanhar a uma parte do caminho. Se não tomar cuidado, vai tropeçar ou pode se perder.

—Você pode me deixar em Camden Tonw?

—Posso deixá-lo em Camden Town, se quiser. Mas tem certeza de que é uma boa ideia ficar sozinha à noite? —asseverei, temia que aqueles rapazes voltassem, ela podia até ser violentada— Estou preocupado com o que aconteceu com você.

—Minha amiga mora lá.

—Eu vejo. —fechei a expressão — Você tem sorte de ter me encontrado. Nem todos os homens o ajudariam se vissem uma mulher com problemas.

— Então, sinta-se corajoso por ajudar um demônio.

Leia este capítulo gratuitamente no aplicativo >
capítulo anteriorpróximo capítulo

Capítulos relacionados

Último capítulo