“Só existe uma única certeza solene a de que nada é para sempre”.
Então vamos nos chamar de “nada” e talvez nos tornemos eternos.
Enn respirou fundo, seus olhos encheram-se de lágrimas e ela então correu até sua mãe. Queria abraça-la propriamente, mas não o podia fazer devido à forma a qual ela se encontrava, então apenas a encarou por um longo tempo percebendo como eram semelhantes. Os olhos dela eram iguais aos seus e o nariz pequeno também, muito diferente do de seu pai, longo e fino.
— E-eu... Quero dizer, eu não acredito que estou te vendo mamãe... Por tanto tempo eu pensei que nunca teria essa chance... — Enn estava em lágrimas agora, tentando se segurar e aproveitar ao máximo esse momento. — Mamãe, eu tenho que fazer algo, algo provavelmente ruim...
— Eu sei querida. Por isso eu te esperei, para poder te dar o meu consentimento. — Ambas sentaram-se à cama, sua mãe segurou suas mãos entre as delas, apesar
Ao acordar, Logan estava confuso e não sabia como tinha apagado. Ele estava sentado no chão, encostado na parede, com as pernas abertas. Ao mexer-se, sentiu sua nuca doer e o barulho de metal contra o chão. Abrindo os olhos, notou angustiado que seu quarto estava cheio de moedas brilhantes e joias preciosas espalhadas pelo chão. A verdade de tudo o que tinha acontecido aterrorizava-o solenemente, quando Enn lhe contou sobre uma recompensa, Logan pensara que viria de Enn por conseguirem derrotar a morte e não que a morte lhe daria a recompensa. Ele levantou-se serrando as mãos ao lado do corpo, encarou o criado mudo e a xícara, então abriu a carta sob ela. A janela projetava luz solar, atravessando as cortinas, enquanto Logan continuava em pé no centro do quarto, lendo o que Enn escrevera. Logan, quando ler esta carta, provavelmente não estarei mais aqui. Ele andou até sua bolsa, depositando o resto do dinheiro que tinha do cassino, sem mexer no
Tudo o que pôde ouvir foram vozes alteradas. Alguém estava gritando em seu ouvido, ou pelo menos pareceu ser em seu ouvido. Novamente aquela sensação de desconforto assolou-o e ele soube rapidamente que não podia sentir mais nada. — Como se atreve! Levante-se homem mundano! Logan tentou ficar em pé deparando-se com os olhos escuros e penetrantes de Hades encarando-o fixamente. — Como ousa entrar em meus domínios por meio das leis antigas dessa maneira?! — O óbolo é o objeto utilizado para se chegar até o submundo quando as pessoas morrem, está na lei, eu não fiz nada de errado — Logan contra argumentou percebendo seus pés, de certa forma, levitar do chão. — Não foi uma morte honrosa, meu jovem.
Enquanto isso, no submundo...Hades encarou a pilha de ouro na sala de seu trono, não sabia o que faria com aquilo, logo ele, o rei do submundo... Compraria o que? Uma pilha de ossos para a decoração?— Então você trocou a vida dos dois por isso... Hum... Você nunca fez muito o tipo dinheirista — Alia apontou, tricotando uma toalha de borboletas.— A gente nunca sabe quando vai precisar, não é? — Ele sentou-se em seu trono, sorrindo de lado.— Você e Mors nunca se cansam, não é? De brincar com as vidas humanas? Ainda mais com a minha e a do meu filho? — Alia perguntou um tanto zangada.— Veja minha cara, Mors destrói e eu tento reparar a dor. — Hades rolava uma moeda por entre os dedos, era o óbolo pertencente a Logan — Achei o argumento daquele rapaz genial.— Loga
Uma flor para o desespero Ano de 2001 O sol da tarde banhava Nova Iorque quando Mary Larkin sentiu seu corpo tremer e um leve calafrio perpassar por sua espinha. Saiu pelas portas do World Trade Center sentindo suas mãos suarem imperceptivelmente. Ela estava cansada, queria ir para casa ver seu filho, tirar o salto alto e tomar uma boa taça de vinho acompanhada do seu marido que também a esperava. Ao fechar os olhos por um instante, pensou estar lá. Naquele momento, do outro lado da rua, uma pequena garotinh
“Viver é a lenta espera para morrer.” Ano de 2009 Você pode estar em qualquer lugar, vivendo e... respirando. Mas, enquanto isso… no meio de toda essa normalidade, sempre algo está acontecendo. Em qualquer lugar do mundo, alguém com menos sorte, ou talvez com muita (dizem que ter azar é para poucos) é escolhido pela Morte. Carrego dentro de mim a sensação de que Logan Larkin, que naquele momento andava pelas ruas de Las Vegas tentando escapar da chuva forte, teve um pequeno pressentimento. Ele deve ter olhado para trás pelo menos umas cinco vezes pensando ser seguido por alguém. Dizem que pressentimentos são mau agouro. Se você sente algo ruim, é porque de fato algo está acontecendo. Talvez Logan acredite, mas também há a possibilidade de não dar a mínima para isso. E eu chuto na segunda opção. Longe de eu dizer algo mais, não sou eu que faço as regras por aqui. É ela. Ves
Logan entrou pela porta velha, que rangeu acordando seu pai. O som vinha do sofá já gasto. Podia ouvir o peso do corpo movendo o que restava da espuma. Demoraria pouco para que tudo se quebrasse, que as traças roessem a casa inteira, sua vida, sua alma, tudo o que quisessem. Fazia anos que tinham se mudado de Nova York da sua antiga casa para esse inferno. — Você tá atrasado... — Seu pai pronunciou as palavras grogues, bêbado como sempre. O sofá continuava rangendo, rangendo, rangendo — Onde você tava? Garoto miserável! Podia ouvir sua própria respiração entrecortada. Jogou as chaves na mesa bamba e subiu as escadas o mais rápido que pôde. Trancou-se dentro do quarto. Fechou um cadeado, trancou a porta com a chave e depois, só para ter certeza que ele não entraria, passou uma grossa corrente pelo último pino. Só então tirou a roupa molhada cheirando noite e vento. Jogou tudo na pia do pequeno banheiro. No decorrer da noite, teve a gélida sensação de que estav
Aceitar a oferta de uma estranha que era perseguida pela morte não estava nos planos de Logan. Ele não falava com estranhos, sua vida dependia unicamente dos jogos e nada mais. Agora, andando lado a lado com a garota, perguntou a si mesmo como era possível o mundo mudar as coisas em tão pouco tempo. Ele costumava não acreditar no mundo e no que ele dizia, principalmente quando se tratava das propagandas e comercias, porque na maior parte do tempo, diziam que se comprasse determinado produto tudo, exatamente tudo mudaria. E isso era mentira. Nada traria sua mãe de volta. Nada compraria um pai que fosse presente e nenhuma propaganda falava sobre como sobreviver a miséria sozinho. Tudo o que diziam era merda. — Então, onde estamos indo? — Enn perguntou quebrando a sequência de pensamentos negativos de Logan. Ela tinha andado silenciosamente até então, vendo as caretas que ele fazia sem questioná-lo, mas agora tinha se cansado de só observar. — Antes de s
— Então, onde estamos indo? — Logan perguntou quando atravessaram a porta em direção à rua. Já passavam das dez e Enn olhava para todos os lados à procura de outras pessoas. Ela sabia bem o que acontecia quando elas se aproximavam. — A única pista que eu tenho para encontrar o antídoto é o fato de que temos que procurar em algum local onde muita gente já tenha morrido. Nesses lugares geralmente existe uma pressão espiritual maior que nos faz arrepiar ou temer. — Ela disse andando ao seu lado. Logan pensou nos lugares onde provavelmente aquilo poderia ter acontecido. Numa cidade como aquela não eram raros casos assim acontecerem. Mas um acidente em especial o fez dizer: — Eu já sei! Enn o encarou em plena expectativa: — Onde? É aqui perto? — Há três anos um hospital foi incendiado por um homem maluco que dizia ser o edifício um monstro gigante o qual ele precisava combater. Essa notícia ficou na história, não é raro ouvir