Capítulo 3

Catarina Hernandez

Convenhamos que todo mundo gosta de dormir, mas em especial, isso me deixa feliz, principalmente quando eu durmo direto e ninguém me interrompe, mas quando me interrompem, juro que tenho vontade de esfolar a pessoa, de uma maneira cruel.

Nesse momento meu celular tocava, já deve ser a terceira vez, decidi ignorar, mas estava ficando impossível fazer isso, o número era desconhecido.

Resolvi atender, mas não falei nada, fiquei esperando, meu cérebro nem estava totalmente acordado.

- Mio amor - (meu amor) em italiano, passei um tempo enorme para entender que era italiano.

- Eu ainda prefiro o bom e velho inglês - falo com tédio.

- Vejo que o humor não está tão bom - o homem do outro lado da linha fala.

- Você sabe que horas são? 1:53 da manhã - falo.

- Aqui em Amsterdam são 2:53 - ele fala.

- Qual o seu nome mesmo? - pergunto me virando na cama.

- Enzo Lombardi e o seu?

- Catarina Hernandez, não posso dizer que é um prazer falar com você... já que você me acordou - reclamo.

- Foi por um bom motivo, amanhã irei para Londres, gostaria de me encontrar com você - ele fala.

- Amanhã no caso hoje? Espera... você é o cara de Amsterdam? - perguntei tentando processar as informações.

- Sim e sim, topa um jantar? - ele pergunta.

- Só porque você me acordou, terei que negar - falo.

- Figlio di puttana caldo - (filha da puta gostosa) que italiano safado.

Quer dizer, suponho que ele seja italiano, já que o Lombardi é um nome forte de lá.

- Grazie - (obrigada) falo e desligo.

Tentei dormir, juro que tentei, mas acordei muito antes do que desviar, decidir tomar um banho caprichado e lavar o cabelo, fiz minha higiene e fui para o armário, tentar escolher o que vestiria hoje, acabei escolher uma saia vermelha, que vai até um pouco mais da minha coxa.

Uma blusa branca de seda, um blazer de um terninho vermelho, e um salto preto, prendi o cabelo em um coque.

Cheguei na empresa muito antes do meu horário, não encontrei nem a minha própria assistente, resolvi ligar para Megan assim que cheguei na minha sala.

- Cadê a princesa? - pergunto sabendo que ela estava focada na abertura das filias dela.

- Na casa do caralho - ela fala e eu me sento na cadeira.

- Educada como sempre - falo com orgulho.

- Desculpa Catarina, você não tem noção do quanto é difícil trazer tudo do Brasil - ela fala.

Com certeza eu tenho, ajudei Vitória a fazer isso, fora que eu ainda tenho umas 3 casas noturnas no país e para uma filial da minha empresa de segurança, no caso uma é de marketing e outra é de tecnologia e segurança.

- A minha vez vai chegar - falo cansada só de imaginar.

- E eu torcerei firmemente por você - ela fala com um certo humor.

- Só liguei para saber como as coisas estavam, qualquer problema não hesite em me ligar - falo mais como uma ordem.

- Te amo gata - ela fala me fazendo rir.

- Também te amo - falo e desligo.

Rodo na cadeira, depois de algum tempo escuto saltos andando pelo corredor, de um lado para o outro, definitivamente Beatriz não é tão boa em fazer silêncio enquanto usa saltos.

- Senhorita Gonzales! - falo e ela para andar no corredor.

- Perdão, senhorita Hernandez - ela fala ainda do outro lado da porta.

- Entre logo - falo batendo os dedos na mesa.

- Estava organizando tudo para uma reunião com o meu irmão - ela fala, Jorge Gonzales não é exatamente o cara mais paciente que eu conheço, mas é um gostoso.

- A reunião será na empresa Hz? - foi o nome dado pelo meu pai, já que seria uma abreviação do Hernandez.

- Não... será aqui mesmo - ela fala e eu me levanto abruptamente.

- Mude isso... agora mesmo - falo em um tom sério e ela sai praticamente correndo pela porta.

Sou um pouco autoritária, estava estressada por ter dormido mal, farei Enzo sofrer.

Na hora do almoço, eu não almocei, fui para casa e troquei de roupa, coloquei uma calça em um tom claro, um tênis da Nike, estava todo preto, prendi o cabelo em um rabo de cavalo.

Pensei em dar um "alô" para Vitória mas não quis encontrar nenhum Mendonça por aí.

- Merda - falo quando bato em algo que mais me parecia uma parede de tão duro.

- Está cega? - ah tá, ele que esbarra em mim e a cega sou eu.

- Você que não olha para onde anda e a cega sou eu? - pergunto para Júlio enquanto ajeito meu cabelo.

- Muito baixinha para o meu campo de visão - ele dá de ombros.

- Você que tomou fermento e a culpa é minha? - falo e ele finalmente me olha.

- Está com a língua bem soltinha hoje - ele me fala olhando de um jeito estranho.

- Nunca esteve presa - falo cruzando os braços, o olhar dele desce pelo meu decote e para por lá.

- O que faz por aqui? - ele pergunta.

- Eu moro aqui seu louco - falo e ele olha de volta para os meus olhos.

- No meu terreno? - ele pergunta.

- Nem brinca, você vai ser o meu vizinho? - rebato incrédula.

- Foi minha tia que escolheu a casa - o filho da puta vai morar na casa ao lado da minha.

- Dois metros é bom? - pergunto.

- Para?

- Para a altura do muro, quem sabe 3? - pergunto debochado e ele solta uma espécie de rosnado.

- Quanto você quer pela sua casa? - ele pergunta.

- Nem que me foda - falo e me viro.

- Tem certeza? - ele fala.

- Só no dia que você morrer - falo e saio andando

Não me dei conta que tinha estacionado o carro em frente a casa dele, até porque nem sabia que tinha gente morando, peguei o Porsche e manobrei para a minha garagem, senti o olhar do Júlio sobre mim.

Desci e andei até o Jaguar, sai acelerando sem nem ao menos me importar com ele, entrei na minha empresa minutos depois, basicamente fervendo de raiva.

- Catarina - Jorge fala e olha para um dos seguranças que estava em treinamento.

- Estou fervendo de raiva - tive um casinho besta com Jorge, nem chamaria assim, chamaria de divertimento mútuo, mas não deu em nada, eu levei para a amizade, mas ele ainda flerta, de vez em quando em correspondo só por corresponder.

Logo a sala de treinamento estava vazia. Não posso negar que a minha boa forma é por causa dele, que sempre que me vê por aqui, me coloca para treinar.

- O que foi? - ele pergunta andando até mim.

- Um cafajeste... quero bater - falo e ele pega umas luvas que são específicas para receber socos.

Ele me ajuda a colocar as luvas de boxe e depois coloca as próprias.

- Pode vir - ele fala e eu dou um soco de direita - firma os pés e bate direito.

Jorge Gonzales, um homem alto, muitos músculos, gostoso, cabelo preto, olhos pretos, barba rala mas divertido.

Depois de uns trinta minutos batendo, começo a usar os pés para bater também, graças ao meu pai, aprendi a atirar, depois do que aconteceu com Vitória, comecei a ter interesse em autodefesa.

Foi aí que conheci Jorge, nunca me relacionei com nenhum dos meus funcionários, mas ele parecia me entender tão bem, que eu nem me importei muito quando isso aconteceu.

- Quer conversar? - ele pergunta assim que parei por cansaço.

- Sobre? - rebati fingindo desinteresse.

- Sobre o que aconteceu para você querer treinar - ele me conhece tão bem que só revirei os olhos antes de começar a falar.

- Tive uma noite de sono péssima, um cara de Amsterdam me ligou, depois disso não consegui dormir de novo, sua irmã me irritou, fui para casa trocar de roupa, esbarrei com um babaca e vim para cá.

- Quem é o cara de Amsterdam? - lá vem ele cheio de ciúmes.

- De tudo que eu falei... você só fala isso? - pergunto com raiva, por isso não daríamos certo.

- Ouvi tudo, só fiquei curioso.

- Vamos para o que interessa, algum problema com os seguranças que estão sendo treinados? - pergunto.

- Nenhum, todos estão se adaptando melhor do que o esperado, na segunda-feira você terá um relatório meu na sua mesa.

- Muito obrigada Jorge - falo saindo pela porta sem querer discutir.

Percebi que ele estava me seguindo, mas no fundo nem me importei, sabia que não ia dar em nada mesmo.

Cheguei no carro, tentei abrir uma porta mas uma mão firme me impediu.

- Qual é Catarina? - Jorge pode ser irritante quando quer.

- O que foi Jorge? - me pergunto virando para ele.

- Olha... - suspiro - eu realmente estou tentando, mas é difícil fingir que não aconteceu nada.

- Você sabe aonde fica o RH né? - pergunto debochada.

- Fala sério... você sabe que eu preciso desse emprego - realmente ele precisa.

- O que você quer? Um aumento? - pergunto tentando fugir dali.

- Antes fosse... eu quero você - ele fala e minhas costas bateram no carro quando eu tento fugir do seu toque.

- Olha... - tento falar mas ele me beija, o meu corpo me trai e minha boca corresponde.

Me afasto o mais rápido que pude, ele morde o próprio lábio e olha para o lado.

- Eu sabia que você ia corresponder - ele fala.

- Faça isso de novo e eu corto suas bolas - falo e entrando no carro, talvez eu tenha cantado pneu, mas não me importei.

Se ele fizesse aquilo de novo, o demitiria e não hesitaria em demitir a sua irmã, convenhamos que Beatriz não é a melhor secretária / estagiária.

Chego em casa cansada e encontro com Chloe na cozinha.

- Vou preparar o seu banho - ela fala limpando as mãos no avental.

- E depois pode ir - falo.

- Tudo bem senhorita - me sentei no balcão da cozinha, bebendo um pouco de água.

Tudo que acontece em relação a Jorge, parece fugir do meu controle, de alguma maneira, não consigo controlá-lo.

Chloe saiu há algum tempo, mas eu não me preocupei em me mexer, ela é amiga da Lua, que é uma mulher que trabalha para Vitória, falou por isso que eu a contratei, Vitória sempre fala muito bem de Lua, - sei que é como se fosse uma mãe para ela - e quando ocorreu essa indicação, não pude deixar de lado.

Por estar sozinha em casa, não me importei em ir tirando a roupa ao longo do caminho da cozinha até o banheiro.

Entre na banheira tentando relaxar, fechei os olhos, quando voltei a abri-los depois de um tempo, vi algo no espelho, me virei rapidamente para ter certeza de que não estou louca.

- Fala sério !? - reclamo.

Leia este capítulo gratuitamente no aplicativo >

Capítulos relacionados

Último capítulo