Capítulo 5

Catarina Hernandez 

Depois que Enzo foi embora, eu tentei dormir, mas foi algo quase impossível de ser feito, ele entrou na minha cabeça de um jeito estranho, não consegui entender o que ele quis dizer com "eu não vou desistir".

Sem querer decepcionar, mas vai ter que desistir meu querido, fechei meu coração a algum tempo, nada além de sexo, mas não vou ser tão fácil, no mínimo uns 6 meses de enrolação.

Vitória me ligou, falou que precisava falar comigo e que era algo urgente, não entendi e para falar a verdade, não quero entender, ultimamente pareço uma doida, nada tem dado certo, tudo muito complicado.

Saio de casa toda embasbacada, coloquei um cropped preto e um short cintura alta, mas ainda deixava um pouco de pele da minha barriga, amostra.

Isso na minha cabeça era de menos, não fui trabalhar, porque tinha a intenção de relaxar, porque de noite eu vou beber, beber muito, esse é o meu plano para hoje. 

- Graças a Deus - Henrique fala e faz sinal com a mão para que eu o acompanhe, estranhei, mas qualquer coisa, era só gritar.

- Se encostar em mim eu vou gritar - falo esfregando os olhos.

- Bom reforçar a minha confiança em você Cat - Vitória fala sentada na cadeira, que fica atrás da grande mesa de madeira escura.

- Sente-se - Henrique diz.

- Vai m****r na tua mãe - falo e olho de volta para Vitória - o que eu tenho que resolver?

Perguntei já sabendo, todas as vezes que ela me chama assim, tem alguma coisa para ser resolvida, bom... ela sempre me ajuda, não custa nada fazer um esforço.

- Você terá que trabalhar com Júlio durante dois meses - Vitória fala apreensiva.

- Nem que me foda - falo dando as costas, tentei caminhar até a porta mas Júlio se pôs na minha frente - além de tudo... ele cria raizes no chão.

Virei a cabeça para olhar Vitória, que agora estava de pé, com uma mão na barriga que estava aos poucos voltando ao lugar.

- Sai da minha frente - falo.

- Só se pedir com educação - Júlio fala e eu bufo irritada.

- Júlio porra! - Henrique fala.

- Sabe de uma coisa? Já chega - falo e olho para Vitória.

- Eu que o diga, senta nessa porra dessa cadeira - Vitória fala mantendo o tom autoritário.

- Acho melhor obedecer meu anjo - Júlio sussurra no meu ouvido enquanto passa ao meu lado e se senta em uma das cadeiras que ficavam de frente para a mesa.

Reviro os olhos e cerro os dentes, não vou trabalhar com Júlio, em hipótese alguma.

- Catarina... nicht ficken - ( Catarina não fode ) Vitória fala em alemão vejo os meninos se olharam confusos.

- Nett zu sein zahlt sich nicht mehr aus - ( ser boa não compensa mais ) - falo mantendo o tom forte que o alemão passava.

- Elas estão fazendo isso de propósito - Júlio fala para Henrique.

- Vitória para com isso, você falou que ia ser uma reunião normal - Henrique fala indignado.

- Afinal você não é o diamante que tanto transcende - falo tomada pela raiva.

- E você? Não é nada que eu esperava - ela rebate.

- Voltamos ao bom inglês - Júlio fala com sarcasmo.

- Você sempre coloca o meu na reta - aponto para Vitória andando até a mesa - aprenda a resolver os seus problemas.

- Eu que não sei resolver? - ela pergunta sarcástica.

- Vitória caralho - falo abrindo os braços - olha para você agora, não é assim que você se imaginava.

- Vai se foder - ela fala saindo de trás da mesa e parando de frente para mim - só estou te pedindo um favor.

- Seus favores custam caro - falo.

- Mas no final somos nós sempre - ela diz.

- Eu sei... trabalhar com Júlio não está no pacote - falo cruzando os braços.

- Catarina, você não tem noção do quanto eu me arrependo de ter sido a primeira do grupo a casar - ela olha para o marido - sem ofensas.

Ele a encara e Júlio também.

- Mas agora existem coisas que eu não posso resolver, bom... não sem vocês - ela fala.

- E do que se trata? - pergunto.

- Uma campanha de marketing - ela diz.

- Porque você não pode fazer? 

- Por causa do Lucky - ela diz e eu franzo a testa.

- Tudo isso por causa do pobre cachorro? - pergunto.

Era como se os Mendonça não estivessem na sala, afinal eu nem olhava para eles, só quando surgia alguma coisa.

- É - Vitória e Henrique falam em uníssono.

- Você deveria ter dito isso, assim que eu passei pela porta, tapada demais - falo dando um tapa na testa da Vitória.

- Ei! - ela diz e devolve.

Me joguei na cadeira, Vitória fez o mesmo, Henrique permaneceu de pé, Júlio serviu dois whiskys, virou um e entregou outro a Henrique.

- Serão três dias em Miami para uma conferência, é uma semana criando a arte e o slogan da marca - Vitória fala.

- Você tem uma cobertura lá né? - Júlio pergunta.

- Tenho... mas só vou disponibilizar, se os dois toparem - ela fala.

- Por mim - falo dando de ombros.

- Três dias no mesmo apartamento, só saindo para reuniões chatas, vendo Júlio andando de um lado para o outro - Henrique fala.

- Isso eu não concordo - falo.

- Com a parte de me ver andando sem camisa? - Júlio pergunta.

- Como se isso fosse me afetar - falo.

- Ah vai - Vitória fala.

- Eu sou o mais gostoso dos Mendonça - Júlio diz.

- Parecem coelhos no cio, quando eu me acostumo com um, surge outro - falo com tédio.

- Fora que ele é modesto - Vitória diz.

- Quanto tempo livre eu tenho? - pergunto mordendo o lábio.

- Uma semana ou talvez mais, depois vocês pegam o avião, vão para Miami, um dia de descanso, três de reuniões, mais um de viagem de volta, depois vocês tem uma semana para a entrega final do trabalho - Vitória fala.

- De volta à escola - falo e me levanto - agora, se me derem licença, vou beber e transar.

Vitória ri, também se levanta.

- Aproveite por mim - ela fala e Henrique a abraça por trás.

- Pode ter certeza que eu vou - falo dando tchau com a mão.

Acho que esse vai ser o meu maior desafio, Júlio não me parece ser um cara fácil de se conviver, não gostaria de tirar a prova, mas já que serei obrigada a conviver com ele.

Mas uma coisa eu prometo, Vitória me paga! Em um momento estou o próprio patinho feio, no outro... me sinto um pinto no lixo, gata do jeito que estou, de hoje não passa.

Deixei o cabelo solto, coloquei um vestido preto curto, um jordan preto com branco, uma bolsa e saí de casa.

Assim que eu penso em entrar no carro, uma mão impede que eu abra o carro, vejo Júlio pelo reflexo, com um sorriso cafajeste, ele usava um relógio Rolex preto, o braço cheio de veias, olhei de relance e vi que ele usava uma camisa preta.

Abaixo a cabeça sentindo o cheiro dele inundar o meu corpo, ele usava uma calça jeans e um tênis preto, cabelo penteado em um topete quase ridículo, mas infelizmente perfeito, corpo sem tatuagens, pelo menos nenhuma a mostra.

Olhos verdes, cílios grandes e grossos, e a mão continuava no meu carro, sinto ele se aproximar, mas não o suficiente para encostar em mim, sinto a respiração dele no meu ombro.

O que indicava que ele estava inclinado para frente, já que ele deveria ter uns 15 centímetros a mais que eu.

- Você vai beber... o que adianta ir de carro? - a respiração dele parecia desregulada.

- Só para ter o prazer de m****r alguém buscar amanhã - falo, sinceramente fico feliz pelo fato da minha voz ter saído normal.

- Então você gosta de ordens? - ele pergunta parecendo realmente curioso.

- Gosto de dá-las, não gosto de recebê-las ou de obedecê-las - falo.

Uso toda a minha força para permanecer parada no lugar, não olhei diretamente para ele em momento nenhum, sinceramente? Prefiro assim.

Ele coloca as duas mãos no carro, lado a lado da minha cabeça.

- Vire-se - ele ordena, foi impossível conter o sorriso de canto.

Ao invés de obedecê-lo, me abaixei e passei por baixo do seu braço, andei até o jaguar, ainda consegui ouvir um rosnado, vindo do Júlio.

- Não gosto de ordem senhor Mendonça - falo abrindo a porta do meu carro e jogando a bolsa no banco do passageiro.

- Não vamos conseguir trabalhar juntos - ele fala, me deixando estagnada no lugar.

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