Catarina Hernandez
Pode me chamar de mania de brasileira, mas se tem uma coisa que eu amo, é com certeza poder usar shorts curtos, além de ficar lindo em mim - modesta parte - ainda é confortável.
Cheguei de Amsterdam já faz um dia, vim direto para casa, penso em falar com Vitória, já que ela é minha vizinha, depois que ela se casou com Henrique, resolveram morar na casa dela, por sorte, antes que a mãe do Henrique comprasse todo o condomínio.
Eu consegui comprar a casa ao lado da casa branca, que no caso era a de Vitória, a minha é cinza, com prata e uma porta preta.
Depois de muita briga, decidimos que o quintal seria como o estacionamento, se juntar os dois, essa decisão foi mais por conta da Vitória, já que o marido dela tem uma família enorme, parecendo ratos.
A ideia é boa, o espaço da minha piscina ficou intacto, e o dela também, por isso que foi bom, só teve que derrubar o muro que tinha dividindo a casa.
Como sei que eu e Vitória, temos muitas coisas iguais, fui para casa dela, sem ligar para a roupa, já que Henrique estava na empresa por causa da hora e Vitória deve estar acordada, já que não pode dormir até tão tarde por causa das crianças que choram a madrugada toda.
Estava com o cabelo solto, porque acabei de pentear, uma camisa branca de alça recortada, um short preto curto cintura alta e uma pantufa preta.
Fechei a porta da minha casa e desci as escadas da entrada, caminhei até a casa da Vitória e não bati na porta, já que não preciso fazer isso.
- Cheguei Vivis - falo fechando a porta atrás de mim.
- Vem cá Catcat - ela fala da sala.
Ela estava deitada no sofá, assistindo enrolados da Disney, ela vestia um vestido preto soltinho, ela só usa essas roupas depois que deu à luz, nunca vi Vitória tão radiante, achei que ela fosse ficar abatida, mas isso não aconteceu, Oliver e Aurora estão fazendo bem a ela - mesmo com todo o choro de madrugada.
- Estava com saudades da mamãe mais linda - digo me jogando ao seu lado.
- Não enrola, fala como foi em Amsterdam - Vitória fala pausando o filme e olhando para mim.
- Minha tia morreu - falo.
- Eu sinto muito - ela fala, sei que ela realmente sentia, ficamos muito próxima depois da nossa última briga, que foi no ateliê que Megan havia comprado. Brigamos só porque eu não queria sair com os Mendonça.
- Eu sei - falo e ela me abraça como se eu fosse fugir ou até mesmo escapar pelos seus dedos.
Passamos um tempo assim até que ouvimos um barulho.
- Tem mais alguém em casa? - pergunto e Vitória diz que sim, na mesma hora afundo no sofá, não sou a maior fã dos Mendonça.
Continuamos o filme, Vitória voltou a se deitar e eu deitei minha cabeça em seu ombro, assistimos o filme todo e ainda começamos Cinderela, não sei porque permaneço assistindo filmes de princesa.
- Cadê os bebês? - pergunto achando a casa muito calma.
- Estão na casa dos avós - Vitória fala, os bebês são dois anjinhos, eles mal choram, sem ser de madrugada.
- Vou beber água, quer alguma coisa? - pergunto para Vitória.
- Quero Nutella - ela fala.
- Tu não tem jeito mulher - falo brincando e ambas sorrimos.
Me levanto tirando o edredom e jogando-o na perna de Vitória, vou até a dispensa, pego a Nutella e entrego para ela com uma colher, volto para a cozinha procurando um copo.
- Vitória, aonde eu encontro um copo? - mesmo que eu passe muito mais tempo aqui do que na minha casa, nunca sei onde ficam os copos, só encontro xícaras e taças.
- Aqui - uma voz masculina fala atrás de mim, quase que instantaneamente minhas mãos abaixam o short.
Me viro, dando de cara com Júlio Mendonça ou como o mesmo gosta de ser chamado Júlio Márquez, nunca entendi, já que o Mendonça é o nome mais forte.
Ele usa um terno cinza de três peças, relógio preto, cabelo bagunçado.
Olho para ele, vejo que ele está apropriado para um lugar que eu não alcanço, malditos 1,64 de altura.
- Pega um aí - falo ríspida.
- Nem um por favor? - ele pergunta.
- Como se você merecesse ... vai pegar ou não? - esse cara me estressa.
- Só pego se falar "por favor senhor" - só pode ser uma brincadeira.
- Por favor senhor, me dê paciência - falo olhando para o teto e depois reviro os olhos.
- Para de revirar os olhos - ele fala e eu levanto uma sobrancelha.
- VITÓRIA ... VOU BEBER ÁGUA NA CANECA - grito para ela ouvir da sala, ainda olhando nos olhos do Júlio.
- VOCÊ PODE BEBER ÁGUA ATÉ NO PRATO - ela grita de volta.
Não pude evitar o sorrisinho de satisfação para Júlio.
- Babaca - sussurro me virando para o armário cheio de canecas.
Não virei para ver Júlio mas tinha certeza dos seus olhos cerrados, peguei uma caneca mesmo e bebi minha tão sonhada água.
Voltei para sala, me deitando no colo de Vitória, terminamos Cinderela até que a sala foi invadida por três homens, quero dizer... três postes.
- Vai começar o jogo - Gabriel fala tentando pegar o controle que estava na mão da Vitória.
- Vai pra lá doido - Vitória fala e olha para o marido, que dá de ombros.
- Ai meu Deus - eu falo e todos me olham - estão faltando dois cretinos para completar o grupo.
- Vai se foder - fala Gabriel.
- Só se você for primeiro e depois me contar como é lá - Gabriel rosna e se levanta do sofá.
- Ou ela ou nós - Gabriel diz cruzando os braços.
- Ela - Vitória fala.
- Chupaaaaa - falo comemorando.
- Henrique? - Gabriel fala tentando sair por cima.
- Eu prefiro ela, qual é Gabriel, minha mulher que falou prefere a amiga... então eu também, preciso mostrar apoio porra!
- Eu preciso de um celular - falo fingindo procurar o meu.
- Pra que? - Júlio pergunta.
- Para m****r soltar os fogos de artifício - falo e Henrique revira os olhos.
Gabriel se joga no sofá, Henrique faz o mesmo, mas Júlio continua em pé.
- Bom ... já deu minha hora - falo.
- Não deu não - Vitória fala segurando minha mão.
- Já deu sim - Gabriel fala.
- Acho que vou ficar - falo debochada.
- Eu vou embora, preciso cuidar de uma brincadeira - Júlio fala e Henrique gargalha.
- Deixe ela viva - Henrique fala e Júlio mostra o dedo do meio.
- Acho que vou por trás, tudo bem? - falo para Vitória, me referindo a sair pelo quintal.
- Pode, Lucky está solto, veja se ele não está do seu lado, senão ele vai entrar na sua casa - ela fala e eu aceno.
- Tchau linda, para vocês meus belos odiados, desejo uma falta de sorte imensa, beijinhos - falo, Vitória sorri, Gabriel faz uma careta e Júlio me segue.
Pego a chave da minha casa na mesa de jantar, passo pela porta lateral e Júlio ainda está atrás de mim.
- O que foi meu filho? - falo ainda andando.
- Estou indo para o meu carro - ele fala enfatizando para um Audi r8.
Paro de andar bruscamente e ele também para.
- Qual foi? Vai me sequestrar? - pergunto olhando para ele.
- Você é muito malcriada, até para um sequestro - ele fala cruzando os braços.
- Babaca - falo e continuo andando.
Ele destrava o carro e entra no mesmo, não parei para olhar ele sair, entre na minha casa, eu definitivamente não é o porto, nenhum dos Mendonça.
Mesmo passiva "sozinha" no mundo, minha mãe deve estar morta, ela nunca foi boa para mim, meu pai... morto, minha tia... morta, a minha família se resume a Vitória, Ana, Megan e Morgan.
Ana está abrindo uma espécie de empresa, mas por enquanto ninguém sabe exatamente sobre o que vai ser, com que vai trabalhar, só sabemos que ela proibiu a ajuda da irmã.
Megan abriu uma padaria, lá no Brasil, aqui ela quer abrir algumas filiais e ela tem alguns ateliês, Meg quando era pequena, tinha um caderno cheio de desenhos de vestidos e também tinha outro caderno pequeno, com uma capa vermelha.
Era onde ela colava os vestidos que mais gostava das revistas, ela escrevia embaixo "modelo 1" ou "modelo 2" por aí vai, lembro que ela chorou igual um bebê quando perdeu os dois cadernos, quer dizer, um ela perdeu e depois descobrir que a mãe dela tinha jogado os dois no lixo.
Acho que o que mais une todos nós, são os nossos vastos problemas familiares, Megan tem toda a família em Londres.
Morgan tem tido algumas reuniões com a Vitória, o que me faz pensar que elas estão aprontando alguma coisa.
Vitória está expandindo a nossa família, agora com os gêmeos, Oliver e Aurora, já imagino, ela me pedindo ajuda para cuidar deles, afinal acho que não foi uma boa ideia me mudar para casa ao lado.
Catarina Hernandez Convenhamos que todo mundo gosta de dormir, mas em especial, isso me deixa feliz, principalmente quando eu durmo direto e ninguém me interrompe, mas quando me interrompem, juro que tenho vontade de esfolar a pessoa, de uma maneira cruel. Nesse momento meu celular tocava, já deve ser a terceira vez, decidi ignorar, mas estava ficando impossível fazer isso, o número era desconhecido. Resolvi atender, mas não falei nada, fiquei esperando, meu cérebro nem estava totalmente acordado. - Mio amor - (meu amor) em italiano, passei um tempo enorme para entender que era italiano. - Eu ainda prefiro o bom e velho inglês - falo com tédio. - Vejo que o humor não está tão bom - o homem do out
Catarina Hernandez Ultimamente, não consigo fazer nada por completo, sempre alguém me interrompe, até na porra do meu banho, ainda bem que não estou transando com ninguém, porque se interrompessem o sexo, aí sim dona Catarina viraria uma leoa. - Como você entrou aqui? - pergunto para Enzo Lombardi - ou melhor, como você sabe que eu moro aqui? - Só existe uma Catarina Hernandez em Londres, mas depois me falaram de uma tal de Vitória... - ele fala e eu ri. - Ainda bem que veio para minha casa ao invés da dela, já que ela tem um marido muito ciumento. Ele faz uma careta me fazendo rir alto, se não fosse pela minha completa nudez, eu estaria tranquila.
Catarina HernandezDepois que Enzo foi embora, eu tentei dormir, mas foi algo quase impossível de ser feito, ele entrou na minha cabeça de um jeito estranho, não consegui entender o que ele quis dizer com "eu não vou desistir".Sem querer decepcionar, mas vai ter que desistir meu querido, fechei meu coração a algum tempo, nada além de sexo, mas não vou ser tão fácil, no mínimo uns 6 meses de enrolação.Vitória me ligou, falou que precisava falar comigo e que era algo urgente, não entendi e para falar a verdade, não quero entender, ultimamente pareço uma doida, nada tem dado certo, tudo muito complicado.Saio de casa toda embasba
Catarina Hernandez - Claro que não vamos, você desiste muito fácil - falo tomada pela raiva. Quando começo alguma coisa, não gosto de deixá-la pela metade, e não farei isso, se Júlio decidir realmente largar tudo, eu assumo 100% do projeto, não preciso de ninguém para me ensinar a trabalhar, com certeza não será ele que vai me fazer largar algo pela metade. - você não gosta de ordens... - ele fala e eu o interrompo. - porque? Você gosta de ser o grande fodão? Aquele babaca que manda em todo mundo? - falo, ele me olha com os olhos tomados pelo fogo da raiva. - você não sabe o que fala - ele diz e aponta para mim. Catarina Hernandez Megan estava jogada no chão do estacionamento, bom, ela deitou tecnicamente por que quis, não a joguei ali, mas neste momento só pensava em como sairíamos dali, Megan desmaiada, bêbada demais, e eu também bêbada, mas muito mais controlada do que ela. - o que aconteceu? - Gabriel Mendonça pergunta. - bebemos demais - Megan fala com a voz embargada pelo álcool. Me sento no chão ao lado dela, olho para o céu das três da manhã. - porque se sentou? - Gabriel pergunta e Júlio chega com duas chaves. - porque vocês estão no chão? - Júlio pergunta confuso. Capítulo 7
Catarina Hernandez Não, não, não, porque ressaca? Não podia simplesmente ser tudo de bom? Podia ser igual a água, bebeu e ficou tudo de boa, mas não, logo depois dor de cabeça e vômito, não sou a pessoa mais sexy nesse momento. Lista de hoje: correr, trabalhar, treinar, comer, comer mais, arrumar alguém para ficar de conchinha, me preparar psicologicamente para dois meses trabalhando com o babaca do Júlio, evitar de todas as maneiras encontrar com ele e por fim matar a Vitória. Mas aí Aurora e Oliver ficariam órfãos, eles não merecem, então talvez apenas torturar, ou eu posso bater nela, ou posso matar o marido que ela tanto ama, seria um prazer matar algum Mendonça, mas não posso contar para ninguém. Já vomitei três vezes,
Catarina HernandezA essa altura do campeonato, já não sei mais quais eram os meus planos para o dia de hoje, achei necessário aproveitar que Jorge passou por aqui, para falar sobre aquele beijo ridículo.- quem é? - perguntei assim que bateram na porta do meu escritório.Coloquei o indicador na boca do Jorge, achei que ele fosse falar alguma coisa mas ele não falou nada, simplesmente se levantou e sentou no sofá, o acompanhei com o olhar mas não me mexi.- sou eu senhorita Hernandez - Beatriz a irmã do Jorge falou, dessa vez ele colocou o polegar na boca e me olhou com medo.Tive certeza que a irm&atild
Catarina HernandezDepois do banho decidi prender o cabelo em um rabo de cavalo, coloquei uma calça moletom branca e um moletom cinza, coloquei um tênis branco que tinha uns detalhes em azul clarinho e sai para casa da minha melhor amiga.- você vai dirigir a toro - foi isso que Vitória falou assim que eu entrei, ela me entregou a chave e passou por mim.Definitivamente não faço ideia do que está acontecendo, sempre soube que minhas amigas são loucas, mas isso? Limites, limites galera, é exatamente isso que falta.Entrei na Toro, Vitória nunca me deixou dirigir essa caminhonete, algo de errado está extremamente errado, me sentei no banco do motorista, Vit&oa