— Hum, a iluminação deu problema. — Expliquei enquanto Cátia já estava embaixo da escada onde George trabalhava.— Esse técnico aí não está usando o cinto de segurança. Isso é muito perigoso, a segurança tem que vir em primeiro lugar. — Cátia, como boa esposa de um presidente, já identificava o problema de imediato.Na verdade, George estava com o cinto de segurança, mas tinha acabado de descer e o tirou. Como ele subiu de novo rapidamente, acabou não colocando o cinto.— Sim, tem que prestar atenção. — Respondi e logo me virei para George. — Como é que você subiu sem o cinto de segurança? Desce logo!George, obediente, desceu na hora. Com um sorriso humilde, disse:— Foi erro meu. Vou prestar mais atenção, não vai acontecer de novo.Naquele momento, ele parecia uma criança que tinha feito algo errado e estava sendo repreendida, mas aceitava a bronca com sinceridade. De repente, senti como se estivesse sendo dura demais com ele, quase como se estivesse o intimidando.Cátia olhou para e
Cátia ficou surpresa por um momento, mas em seguida sorriu com ternura.— O que é isso que você está dizendo? Não pode deixar de acreditar nos homens só porque o Sebastão é um canalha. Existem canalhas, sim, mas tem muito homem bom por aí. — Cátia era uma mulher de personalidade leve e divertida. Apesar de já ter passado dos cinquenta, seu jeito de falar era moderno e descontraído.Eu não resisti e ri:— Claro que existem bons homens, mas agora eu não estou com cabeça para isso. Preciso de um tempo.Minha intenção era clara: fazer com que ela desistisse de qualquer sugestão que pudesse estar pensando.Algumas coisas não deviam ser ditas abertamente, ou acabaram gerando desconforto para todos.— Entendo. — Cátia respondeu, e eu soltei um suspiro de alívio.Mas, no segundo seguinte, ela fez um comentário inesperado:— Mas é bom não demorar muito. Namorado tem que arrumar logo, senão os bons acabam sendo escolhidos por outras.Eu sorri de novo, e Cátia acompanhou.— Você é tão bonita e um
Eu concordei, despedindo-me de Cátia e voltando ao trabalho. Contudo, ao procurar George, só encontrei Ana.— Cadê ele? — Perguntei.— Geovane o chamou. — Respondeu Ana, me encarando com um olhar penetrante. — Carolina, sua sogra veio até aqui para tentar te convencer. E você...— Eu e o Sebastião não temos mais volta. Não importa quem venha, não vai mudar nada. Não perca seu tempo pensando nisso. — Cortei o assunto, deixando claro mais uma vez minha posição.Ana suspirou, resignada:— A verdade é que a família Martins é perfeita em todos os sentidos, menos o próprio Sebastião.Ela estava certa. A família Martins era exemplar, mas eu não estava casando com a família. Eu estava casando com Sebastião, e se ele não era a pessoa certa, nada mais importava.Eu e Ana ficamos esperando George, mas depois de meia hora sem sinal dele, resolvi ligar. Para minha surpresa, ele havia deixado o celular na área de descanso.— Carolina, pelo jeito George não tem namorada. Olha só, quem tem namorada nu
O tom de voz dele era ameaçador, como se estivesse pronto para me devorar. Mas eu não me intimidei. Na verdade, eu também tinha algo a dizer a ele, então soltei a mão de George.No entanto, antes que eu pudesse me afastar, George segurou minha mão de volta.Olhei para ele, surpresa. Ele também me olhou, e em seus olhos havia algo familiar. Era o mesmo brilho que vi em Cidade B, quando a Maitê armou para eu cair. Naquela ocasião. Era o olhar de alguém que queria me proteger.Mas naquele momento, não era necessário. Com um leve movimento, soltei minha mão da dele.— Ele não pode fazer nada comigo.George não insistiu, e eu segui Sebastião. Ele andava rápido e furioso, com Daniel tentando segui-lo até ser repreendido:— Isso não tem nada a ver com você! — Gritou Sebastião.Daniel parou, claramente assustado, e me lançou um olhar preocupado.Sebastião continuou andando, e eu não sabia onde ele estava me levando. Decidi interromper:— Chefe Sebastião, se você tem algo a dizer, diga agora.
Sorri e devolvi o comentário dele:— Só falta você me dizer que a confundiu comigo.— Eu... — Sebastião começou a falar, mas interrompi.— Sebastião, parece que você nem me beijou tantas vezes assim, não é verdade?O rosto dele ficou completamente embaraçado.Namorávamos por mais de três anos. Sim, nós tínhamos dado as mãos e nos abraçado, mas beijos intensos entre um homem e uma mulher? Quase nenhum. Mesmo quando ele me beijava, era sempre algo leve: um beijo na mão, na bochecha, na testa. E, se chegava a beijar meus lábios, era sempre de forma rápida, quase sem contato.Minhas palavras o deixaram sem resposta, e ele começou a ficar visivelmente irritado. De repente, soltou-me e passou a mão pelos cabelos com força.— É, eu fui um idiota que, por um momento, perdeu a cabeça e a beijou. Mas foi só um impulso, não significa nada!— Ah, então, dormir com ela é que significaria alguma coisa? — Retruquei, sarcástica.Sebastião ficou descontrolado.— Você realmente pensa que sou tão baixo a
Na sala de sinuca.Quando Pedro chegou, viu Sebastião jogando sinuca furiosamente. Ficava claro que ele estava ali para descontar a raiva.Pedro não o interrompeu de imediato. Pegou um taco de sinuca e, aproximando-se, sugeriu com um sorriso:— Vamos jogar como de costume?Sebastião o ignorou, continuando a bater nas bolas de sinuca com força, mas sem precisão. Depois de errar várias tacadas seguidas, jogou o taco sobre a mesa e saiu a passos largos.Pedro colocou o taco de volta no suporte e foi atrás dele.— O que foi que a Carolina fez dessa vez? — Perguntou ele, já conhecendo a resposta.— Quem disse que tem a ver com ela? Não mencione o nome dela na minha frente. — Sebastião respondeu, furioso.Pedro riu.— Quem mais te deixaria nesse estado? É porque ela não te quer mais, né? E você não consegue aceitar isso.Pedro sempre ia direto ao ponto, e dessa vez não foi diferente.Sebastião virou-se bruscamente e agarrou a gola da camisa de Pedro.— Cala a boca!— O que foi que eu disse d
Olhei imediatamente para George e repreendi Ana:— Você tá falando besteira, tá sonolenta. O que é que você tá dizendo?— Eu não tô falando besteira! Só tô dizendo que vocês dois são uns viciados em trabalho. Eu acho que não vou aguentar muito mais. — Ana se jogou no banco do carro, exausta.— Vai aguentar sim, falta pouco. — Eu tinha checado o cronograma hoje e, pelo nosso ritmo atual, terminaríamos tudo em cerca de dez dias.— Quanto tempo falta? — Ana parecia que não queria aguentar nem mais um dia.Olhei para o espelho retrovisor, onde vi George, e respondi:— Uns dez dias, eu acho.— Dez dias... — Ana suspirou como se fosse o fim do mundo.Quando chegamos ao hotel, Ana já estava dormindo profundamente. Chamei por ela várias vezes, mas não consegui acordá-la. Por fim, aproximei minha boca do ouvido dela e brinquei:— Se você não levantar, vou pedir pro George te carregar.— Pode carregar. — Ana estendeu os braços, ainda meio grogue.Ri da situação e puxei-a para fora do carro:— Va
— Mano? O que você tá fazendo aqui?Mesmo já sabendo a resposta ao vê-lo com aquela roupa, fiz a pergunta por pura formalidade. A situação, para mim, era tão absurda que eu não consegui evitar a curiosidade. Só porque George estava trabalhando comigo, agora a família Martins inteira precisava se envolver?O mais estranho era que Miguel tinha passado os últimos anos no exterior. Ele não devia estar voltando para lá? E agora, de repente, ele estava no Grupo Martins? Será que ele tinha decidido ficar no país de vez?— Estou aqui pra trabalhar, gerente Carolina. A partir de agora, conto com você. — Disse Miguel, com um sorriso que não escondia a ironia, estendendo a mão.Mesmo ainda chocada, apertei a mão dele, tentando manter a compostura.— Seja bem-vindo, irmão...Minha voz vacilou. Não sabia como chamá-lo. Agora que ele fazia parte da equipe, nosso relacionamento era profissional, e chamá-lo de "irmão" parecia inadequado.— Pode continuar me chamando de irmão. — Miguel sorriu com aquel